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História TWILIGHT (bellice) - Conversa e a Verdade (lua nova)


Escrita por: trwstan

Notas do Autor


A seguir, trata-se de um remake da história de crepúsculo no ponto de vista de Bella, mulher lésbica, e seu emblema será a presença de Alice.
Se você curtir, deixa um favorito e um comentário para ajudar no engajamento da história, para que outras pessoas também possam ler.

Oi gente, cheguei hoje com um capítulo grandinho, espero que vcs gostem.

Estamos em uma nova fase da história, mas se vcs sentirem que algo poderia mudar, ficar melhor, sintam-se livres para deixarem nos comentários. E obrigada para quem é super atencioso e deixa comentários me ajudando <3

Música do capítulo: Lamp Lady, Sevdaliza.

Capítulo 28 - Conversa e a Verdade (lua nova)


Meus olhos se abriram com o medo, apesar de eu estar tão exausta e confusa, que eu nem tinha certeza se estava acordada ou dormindo.

Alguma coisa arranhou a minha janela de novo com o mesmo barulho alto, fino.

Confusa e lerda com o sono, eu me arrastei pra fora da cama e fui para a janela, piscando no caminho com as lágrimas que permaneceram nos meus olhos.

Uma enorme sombra escura se moveu erraticamente do lado de fora da minha janela, se lançando na minha direção como se fosse se jogar pra dentro. Eu me inclinei pra trás, aterrorizada, minha garganta se preparando pra gritar.

Victória.

Ela veio pra me pegar.

Eu estava morta.

Charlie também não!

E aí uma voz familiar, rouca chamou vinda da figura escura.

-Bella. – Ele assobiou. – Ouch! Droga, abra a janela!

Eu levei alguns segundos pra me livrar do horror antes de conseguir me mexer, mas depois eu corri para a janela e abri o vidro. As nuvens deixava uma luz fraca passar por entre elas, luz suficiente pra que eu pudesse identificar as formas.

-O que é que você está fazendo? – Perguntei quando vi a cena.

Jacob estava se pendurando cuidadosamente no topo da árvore que crescia no meio do pequeno quintal na frente da casa de Charlie.

O peso dele havia feito a árvore se curvar na direção da casa e agora ele estava se balançando, as suas pernas estavam se balançando a vinte metros do chão, a menos de um metro de mim.

-Eu estou tentando manter... – Ele bufou, inclinando seu peso enquanto o topo da árvore balançava com ele – Minha promessa.

Eu pisquei com os meus olhos molhados e turvos, enxugando-os com a ponta do meu casaco.

-Quando foi que você prometeu se matar caindo de uma árvore na frente da casa da Charlie?

Ele bufou, sem se divertir, balançando as pernas pra manter o equilíbrio.

-Saia do caminho, vou entrar.

-O que você quer? – Perguntei, dura, eu queria saber que merda ele estava planejando, eu ainda estava magoada.

-Conversar. Direito dessa vez.

Ele balançou as pernas de novo, pra frente e pra trás, aumentando o ritmo. Eu me desviei para o lado, porque já era tarde demais.

Com um grunhido, ele se lançou em direção a minha janela aberta. Pra meu choque, ele se balançou agilmente pra dentro do meu quarto, aterrissando nos calcanhares com um estrondo baixo.

Nós dois olhamos para a porta automaticamente, segurando a respiração, esperando pra ver se o barulho havia acordado Charlie.

Mais um breve momento se passou em silêncio, e depois nós ouvimos o som abafado do ronco de Charlie.

Eu chorei até dormir por causa desse garoto.  Pior que isso, mesmo a chegada dele tendo sido estranha e barulhenta, ela me lembrou do jeito como Alice costumava se enfiar pela minha janela de noite, e essa lembrança cutucou maldosamente nas minhas feridas não curadas.

Tudo isso, acumulado ao fato de que eu estava cansada feito um cão, não me deixou com um humor muito amigável.

-Se você veio aqui para me invalidar igual seu pai eu te convido a ir embora. – Eu assobiei, colocando tanto veneno no sussurro quanto pude.

Ele piscou, o rosto dele ficando apático com a surpresa.

-Não. – Ele protestou. – Eu vim pra me desculpar.

Eu estava tão brutalmente cansada que eu pensei que podia cair bem ali no chão. Eu balançava instável, e lutava pra manter meus olhos abertos.

-Bella? – Jacob sussurrou ansiosamente. Ele agarrou meu cotovelo quando eu balancei de novo, e me guiou de volta para a cama.

Minhas pernas desistiram quando eu alcancei a beira, e eu me deixei cair com tudo no colchão.

-Ei, você tá bem? –  Jacob perguntou, a preocupação começou a crescer no rosto dele.

Eu olhei pra ele, as lágrimas ainda não haviam secado nas minhas bochechas.

-Por que motivo eu estaria bem, Jacob? Por que minha namorada me deixou ou por que o cara que jurei que seria meu melhor amigo foi um pau no cu? Ou adivinha! Eu estava flertando com uma garota e ela agora faz parte da sua seita!

-O que? Você estava com Leah? – Ele perguntou, impressionado.

-É, estava. – Enfatizei o verbo no passado.

A angústia foi substituída por um pouco de acidez no rosto dele.

-Certo. – Ele concordou, e respirou fundo. – Merda. Bem... Eu lamento muito, Bella. – As desculpas foram sinceras, sem dúvida, apesar de ainda haverem algumas pontas de raiva espalhadas pelo rosto dele.

-Porque você veio aqui? Eu não quero desculpas de você, Jacob.

-Eu sei... – Ele cochichou. – Mas eu não podia deixar as coisas do jeito que estavam essa tarde. Aquilo foi horrível. Me desculpe.

Eu balancei minha cabeça cautelosamente.

-Eu sei. Eu quero explicar... – Ele parou de repente, quase como se alguma coisa tivesse cortado o ar dele. Então ele sugou o ar com força. – Mas eu não posso explicar, eu queria poder.

Eu deixei minha cabeça cair nos meus braços. Minha fala saiu abafada pelo meu braço.

-‘Tá. – Eu admito que eu não me importava muito agora, realmente só queria deixar isso pra lá.

Ele ficou quieto por um momento. Eu virei minha cabeça para o lado, cansada demais pra segurá-la pra cima, pra ver a expressão dele.

Ela me surpreendeu. Os olhos dele estavam apertados, seus dentes trincados, a testa dele enrugada com o esforço.

-Olha, Bella, será que você nunca teve um segredo que não podia contar pra ninguém?

Eu ri.

-Advinha?

-Alguma coisa que você sentia que tinha que esconder de Charlie, da sua mãe...? – Ele pressionou. E eu continuei sorrindo. – Uma coisa que você não falaria nem comigo? Nem mesmo agora?

Eu senti meus olhos se estreitarem. Eu não respondi a pergunta dele, apesar de saber que ele consideraria isso uma confirmação. Agora eu lembrei dos Cullen.

-Será que você pode entender que talvez eu esteja na mesma... situação? – Ele estava lutando de novo, parecendo batalhar pra encontrar as palavras certas. – Às vezes a lealdade fica no caminho das coisas que você quer fazer. As vezes, nem é o seu segredo.

Então, eu não podia discutir com isso. Ele estava exatamente certo, eu tinha que guardar um segredo que não era meu, e mesmo assim era um segredo que eu me sentia inclinada a proteger. Um segredo sobre o qual, de repente, ele parecia saber tudo.

Eu ainda não via como isso se aplicava a ele, ou Sam, ou Billy. O que era isso pra eles, agora que os Cullen haviam ido embora?

-Eu não sei o que você veio fazer aqui, Jacob, se você só faz enigmas ao invés de me dar respostas.

-Me desculpe. – Ele sussurrou. – Isso é tão frustrante.

Nós olhamos para os rostos um do outro na escuridão por um longo momento, os dois rostos sem esperanças.

-A parte que me mata. – Ele disse de repente. – É que você já sabe. Eu já te contei tudo.

-Do que é que você tá falando?

Ele sugou o ar alarmado, e então se inclinou na minha direção, o rosto dele passou de angustiado para brilhante de intensidade em um segundo. Ele me olhava penetrantemente nos olhos, e a voz dele estava mais rápida e mais ansiosa. Ele falou as palavras diretamente no meu rosto, o hálito dele era tão quente quanto sua pele.

-Eu acho que vejo um jeito de ajeitar as coisas, porque você já sabe disso, Bella! Eu não posso te dizer, mas se você adivinhasse! Isso não estaria me envolvendo!

-O que você quer que eu adivinhe? Adivinhar o que?

-O meu segredo! E o de Leah! Você consegue, você sabe a resposta!

Eu pisquei duas vezes, tentando limpar minha cabeça. Eu estava tão cansada. Nada do que ele dizia fazia sentido.

-Você é gay? – Perguntei.

Ele riu.

-Não... Quer dizer, eu acho que não.

Uau. Eu realmente não esperava aquela resposta.

-Vocês estão transando? Você e aqueles homens? Você e Leah? É a única explicação para vocês estarem sempre juntos, semi nus e no meio da floresta.

Ele riu, e um pico de felicidade apareceu em mim, pareciam com os velhos tempos.

-Faz sentido, mas não.

Ele viu minha expressão vazia, e o rosto dele ficou tenso com o esforço de novo.

-Caramba, deixa eu ver se consigo te ajudar...

-Ajuda? – Eu perguntei, tentando acompanhar. Minhas pálpebras queriam se fechar, mas eu forcei elas a ficarem abertas.

-É. – Ele disse, respirando com força. – Como pistas.

Ele sentou-se ao meu lado na cama, a sensação quente era boa. Ele me olhava nos olhos enquanto cochichava, como se estivesse me comunicando algo além das palavras que dizia.

-Se lembra do dia em que nos encontramos, na praia em La Push, logo quando você chegou?

-Sim.

-Me fale sobre ele.

Eu respirei fundo e tentei me concentrar.

-Você me perguntou sobre a minha caminhonete...

Ele balançou a cabeça, com pressa de que eu continuasse.

-Continue.

-Nós fomos andar pela beira da praia...

Ele estava balançando a cabeça, ansioso por mais.

Minha voz estava quase sem som.

-Você me contou histórias assustadoras... lendas Quileute.

Ele fechou os olhos e os abriu de novo.

-Sim.

A palavra era tensa, fervente, como se ele estivesse a beira de alguma coisa vital. Ele falou lentamente, tornando cada palavra distinta.

-Você se lembra do que eu disse?

Mesmo no escuro, ele deve ter sido capaz de ver a mudança na cor do meu rosto. Como eu poderia esquecer aquilo? Sem se dar conta do que estava fazendo, Jacob me contou exatamente o que eu queria saber naquele dia, que Alice era um vampira.

-Sim, eu me lembro...

Ele inalou com força, lutando.

-Você se lembra de todas as histó... – Ele não conseguiu terminar a pergunta. A boca dele se abriu como se alguma coisa houvesse agarrado a garganta dele.

-Todas as histórias? – Eu perguntei.

Ele balançou a cabeça, mudo.

Minha cabeça se agitou. Somente uma história me importava de verdade. Eu sabia que ele havia me contado outras, mas eu não conseguia me lembrar do prelúdio inconsequente, especialmente quando minha mente estava tão nublada de exaustão. Eu comecei a mexer a cabeça.

-Jacob... Eu estou muito cansada.

Ele deu um respiro pra se acalmar e balançou a cabeça.

-Talvez as coisas voltem pra você. Eu acho que posso entender porque você só se lembra de uma história. – Ele acrescentou num tom sarcástico, ácido. Ele se sentou de volta no colchão perto de mim. -Você se importa se eu fizer uma pergunta sobre isso? – Ele perguntou.

 

-Uma pergunta sobre o que?

-Sobre os vampiros da história que eu te contei.

Eu encarei ele com olhos reservados, incapaz de responder. Ele fez a pergunta do mesmo jeito.

-Você honestamente não sabia? Fui eu quem te contou o que ela era?

Como é que ele sabe disso? Porque ele havia resolvido acreditar, porque agora? Meus dentes se apertaram. Eu o encarei de volta, sem nenhuma intenção de responder. Ele podia ver isso.

-Não há nenhum jeito de você e Leah se libertarem? – Perguntei, ignorando sua pergunta, sentindo o cansaço.

As mãos dele começaram a tremer.

-Não. Eu estou nisso pra vida inteira. Uma sentença de vida. – Uma risada vazia. – Mais longa, talvez. Leah sabe mais que eu, ela é mais experiente, ela sabe mais.

-Jacob, inclusive, como fomos para a casa dela naquele dia sendo que você odiava a seita de Sam?

-Ela sempre foi mais neutra.

Agora os ombros dele estavam tremendo também. Ele respirou fundo.

-Olha, eu tenho que ir.

-Ok. – Falei.

Ele fez uma careta.

-Eu vou ter que escapar, eu não tenho permissão de ver você. Eles devem estar imaginando onde eu estou. – A boca dele se contorceu. – Eu acho que devo ir e contar pra eles.

-Se você acha que é o melhor... Mas não gosto deles.

Jacob olhou pra mim com os olhos arregalados, surpreso.

-Não, Bella. Não odeie os caras. Não é culpa de Sam e nem de nenhum dos outros. Eu já te disse antes, sou eu. Sam é na verdade... bem, incrivelmente legal. Leah é um gênio, ela é muito gente boa. Jared e Paul são ótimos também, apesar de Paul ser meio... e Embry sempre foi meu amigo. Nada mudou aí, a única coisa que não mudou. Eu realmente me sinto muito mal pelas coisas que eu costumava pensar sobre Sam...

-Sam é incrivelmente legal. – Eu olhei para ele sem acreditar, mas deixei passar.

-Bella, você também é minha melhor amiga... Você me ensinou tanto, sabe? Eu de verdade quero continuar, eu vou fazer de tudo, e o mais breve possível vou voltar para conversarmos, quando você estiver descansada. – Ele sorriu, ficando em pé e batendo levemente em meu ombro. – E quando você acordar de manhã, pense em todas as charadas que te fiz. Venha e me diga assim que você descobrir. Eu estarei com Leah. – Alguma coisa ocorreu a ele nessa hora, alguma coisa que fez as mãos dele tremerem. – Isso se... isso se você quiser, se você tiver me perdoado. Pelo menos me ligue, se não quiser me ver de novo. Me deixe saber se for assim.

-Ao contrário do que você fez comigo? – Perguntei, provocativa.

-É... Durma um pouco, Bella. Você precisa fazer sua cabeça trabalhar. Você precisa entender. Eu não vou te perder, Bella. Não por isso. – Ele estava na porta num piscar de olhos, abrindo-a quietamente, e então desaparecendo por ela. Eu escutei pra ouvir ele pisar no primeiro degrau da escada, mas não houve nenhum som.

Eu fiquei na minha cama, com a cabeça rodando. Eu estava cansada demais, desgastada demais. Eu fechei meus olhos, tentando entender o sentido de tudo aquilo, apenas pra ser tragada pela inconsciência tão rapidamente que fiquei desorientada.

Não foi o sono em paz, sem sonhos que eu havia pedido, é claro que não. Eu estava na floresta como sempre, e eu comecei a vagar como sempre fazia.

Eu rapidamente me dei conta de que esse não era o mesmo sonho de sempre. Pra começar, eu não sentia a compulsão em continuar a minha procura, eu estava simplesmente vagando por hábito. O cheiro era diferente, e a luz também, eu estava em outra floresta.

Cheirava, não como o chão molhado das matas, mas como a brisa que vinha do oceano. Eu não podia ver o céu, mas ainda assim, me pareceu que o sol estava brilhando.

Essa era a floresta que havia em La Push, perto da praia que havia lá, eu tinha certeza disso. Eu sabia que se encontrasse a praia, eu seria capaz de ver o sol, então eu me apressei e segui em frente, seguinte o som fraco das ondas a distância.

E então Jacob estava lá. Ele agarrou minha mão, me puxando de volta para a parte mais escura da floresta. Leah estava já correndo.

-Jacob, o que há de errado?

O rosto dele era o rosto assustado de uma criança, e o cabelo dele estava lindo de novo, colocado pra trás num rabo de cavalo, bem acima da sua nuca.

Ele me puxava com toda a sua força, mas eu resistia, eu não queria ir para o escuro.

-Corra, Bella, você tem que correr! – Ele sussurrou, aterrorizado.

A abrupta onda de dejá vú foi tão forte que quase me acordou.

Agora eu sabia porque reconhecia esse lugar. Era porque eu já tinha estado lá antes, em outro sonho

Destacada do sonho agora, eu esperei as coisas acontecerem. Uma luz estava vindo na minha direção da praia.

Em apenas um momento, Alice sairia das árvores, seus olhos pretos e perigosos. Ela me chamaria e sorriria. Ela estaria tão linda quanto um anjo, e seus dentes seriam apontados e afiados...

Mas eu estava ultrapassando a mim mesma. Alguma coisa tinha que acontecer antes.

Jacob soltou minha mão e ganiu. Tremendo e se contorcendo, ele caiu no chão a meus pés. Leah, mais na frente, em meio a sua corrida, se contorceu em um lobo cinza, branco, e ela continuou correndo.

-Jacob! – Eu gritei, mas ele havia desaparecido. – Leah!

Em seu lugar, havia um enorme lobo marrom avermelhado com olhos escuros, inteligentes.

O sonho mudava de direção é claro, como um trem saindo dos trilhos.

Eles eram os grande lobos, o cinza e o ruivo que haviam ficado a meio metro de mim na clareira, a apenas uma semana atrás.

Esses lobos eram gigantes, monstruosos, maiores do que um urso.

O par de olhos olharam atentamente pra mim, tentando me dizer algo vital com seus olhos. Os olhos pretos amarronzados, os olhos familiares de Cleawater e Black.

Eu me lembrava agora, todas as palavras que Jacob havia me dito naquela tarde na praia, mesmo da parte antes de ele falar sobre "os frios". Especialmente aquela primeira parte.

As memórias latejavam na minha cabeça, eram as únicas coisas que eu conseguia pensar.

-Veja, os frios são naturalmente inimigos dos lobos, bem, não dos lobos exatamente, mas dos lobos que se transformam em homens, como nossos ancestrais. Vocês os chamariam de lobisomens.

-Lobisomens têm inimigos?

-Só um.

Havia alguma coisa presa na minha garganta, me sufocando. Eu tentei engolir, mas estava preso lá, sem se mexer. Eu tentei cuspir.

-Lobisomem. – Eu asfixiei.

Que espécie de lugar era esse? Será que realmente poderia existir um mundo onde lendas anciãs vagavam nas fronteiras das cidades pequenas, insignificantes, se deparando com monstros míticos? Será que absolutamente todos os contos de fadas impossíveis eram de alguma forma presos na mais absoluta verdade?

Havia alguma coisa sã e normal, ou tudo era simplesmente mágica, histórias de fantasmas?

Mas Jacob? Jacob, que era só Jacob, e nada além disso? Jacob, meu amigo? Jacob, o ser humano que me ajudou incondicionalmente... E meu novo romance, Leah, ela também?

E eles nem eram humanos.

Eu lutei contra a urgência de gritar de novo.

O que isso dizia sobre mim?

Eu sabia a resposta pra essa. Isso dizia que havia alguma coisa profundamente errada comigo. Porque outro motivo minha vida estaria tão cheia de personagens de filmes de terror? E porque outro motivo eu me importaria tanto ao ponto de meu peito ficar cheio de buracos quando eles seguissem com os meus caminhos míticos?

Na minha cabeça, tudo rodava e mudava, se reestruturando de um jeito que as coisas que um dia significaram alguma coisa, agora significavam algo mais.

Não havia nenhuma seita. Nunca houve uma seita, nunca houve uma gangue. Não, era muito pior que isso. Era um bando.

Um bando de seis lobisomens incrivelmente gigantes, multicoloridos, que havia passado bem ao meu lado na clareira de Alice...

De repente, eu estava com uma pressa frenética. Eu olhei para o relógio, era cedo demais e eu não me importava. Eu tinha que ir a La Push agora. Eu tinha que ver Jacob e Leah pra que eles me dissessem que eu não havia perdido a cabeça de uma vez por todas.

Eu me vesti com as primeiras roupas que consegui encontrar, e desci as escadas dois degraus de cada vez. Eu quase esbarrei com Charlie enquanto corria pelo corredor, a caminho da porta.

-Onde você está indo? – Ele me perguntou, tão surpreso por me ver quanto eu estava por ver ele. – Você sabe que horas são?

-É. Eu tenho que ir ver Jacob.

-Eu pensei que a coisa com Sam...

-Isso não importa, eu tenho que ir falar com ele agora mesmo. Eu vou voltar logo, ok?

Charlie fez uma careta.

-Direto para a casa de Jacob, certo? Sem paradas no caminho?

-É claro que não, onde é que eu ia parar? –  Minhas palavras estavam saindo todas juntas com a minha pressa.

-Eu não sei... É só que... bem, houve outro ataque, os lobos de novo. Dessa vez foi bem perto do resort, perto das piscinas quentes, houve uma testemunha dessa vez. A vítima só estava a doze metros da pista quando desapareceu. A esposa dele viu um enorme lobo cinza apenas alguns minutos depois, enquanto ela estava procurando por ele, e correu pra pedir ajuda.

Meu estômago se mexeu como se eu tivesse batido num corvo numa montanha russa.

-Um lobo o atacou?

-Não havia sinal dele, só um pouco de sangue de novo, os patrulheiros estão saindo armados, e levando voluntários armados. Tem um monte de caçadores que estão loucos pra se envolver, tem uma recompensa sendo paga pela carcaça de lobos. Isso significa que vão haver muitos disparos na floresta, e isso me preocupa... Olha, querida, não deixe que isso te assuste. Só fique na cidade ou na estrada, sem paradas, ok?

-Ok... Eu tenho que ir.

Jacob era meu melhor amigo, mas ele era um monstro também? Um de verdade? Um mal? Será que eu devia avisá-los se ele e os seus amigos fossem... fossem assassinos! Se eles estivessem matando mochileiros inocentes a sangue frio?

Se eles realmente fossem criaturas dos filmes de terror em todos os sentidos, seria errado protegê-los.

Era inevitável que eu comparasse Jacob, Leah e seus amigos aos Cullen. Eu passei meus braços ao redor do peito, lutando com o buraco, enquanto pensava neles.

Eu não sabia nada sobre lobisomens, claramente. Mas isso não podia ser pior do que o que os Cullen tinham que suportar na sua tentativa de serem bons. Eu pensei em Esme, as lágrimas apareceram quando eu pensei em seu rosto gentil, adorável, e em como, mesmo sendo maternal e amorosa como ela era, ela teve que segurar o nariz, toda envergonhada, e correr de mim quando estava sangrando. Não podia ser mais difícil do que isso. Eu pensei em Carlisle, nos séculos após séculos que ele havia lutado pra se ensinar a ignorar o sangue, pra que assim pudesse salvar vidas como médico. Nada poderia ser mais difícil do que isso.

Se fosse qualquer um menos Jacob, eu pensei comigo mesma, balançando a cabeça enquanto dirigia pela pista cercada de floresta a caminho de La Push.

Eu parei na frente da casa dos Black com os lábios pressionados numa linha dura. Já era ruim o suficiente que meu melhor amigo era um lobisomem. Será que ele tinha que ser um monstro, também?

A casa estava escura, não haviam luzes nas janelas, mas eu não me importava de acordá-los. Meu punho bateu na porta com a energia da raiva, o som ecoava nas paredes.

-Pode entrar. – Eu ouvi Billy chamar depois de um minuto, e uma luz se acendeu.

Eu girei a maçaneta, ela estava destrancada. Billy estava inclinado na abertura de uma porta bem do lado de fora da cozinha, um roupão de banho nos ombros, ainda não estava na sua cadeira. Quando ele viu quem era, seus olhos se arregalaram brevemente.

-Bem, bom dia, Bella. O que é que você está fazendo acordada tão cedo?

-Oi, Billy. Eu preciso falar com Jake, onde ele está?

-Humm... eu realmente não sei. – Ele mentiu, a cara dura.

-Aham... – Eu murmurei por baixo do fôlego enquanto me mandava pelo corredor. Billy suspirou.

O pequeno armário que era o quarto de Jacob era o único quarto que havia no corredor. Eu não me importei de bater. Eu abri a porta, ela bateu na parede com um estrondo.

Jacob, ainda usando apenas as calças pretas que estava usando na noite passada, estava jogado na diagonal da cama que tomava todo o espaço no seus quarto deixando apenas alguns centímetros. Ele estava dormindo pesado, roncando suavemente com a boca aberta.

O som da porta não fez nem ele se mexer.

O rosto dele estava em paz com o sono pesado, todas as linhas de raiva haviam se suavizado. Haviam círculos embaixo dos olhos dele que eu não havia notado antes. A despeito de seu tamanho ridículo, ele parecia muito jovem agora, e muito cansado. A piedade me chocou.

Sai do quarto, eu seria uma filha da puta se o acordasse, então fui até a sala, onde Billy estava.

-Eu vou ficar na praia por um tempo. Quando ele acordar, diga que eu estou esperando por ele, Ok?

-Claro, claro.

Eu me perguntei se ele realmente diria. Bom, se ele não dissesse, eu tentei, não foi?

Eu dirigi até a praia e estacionei no estacionamento vazio e sujo.

Ainda estava escuro e quando eu desliguei os faróis ficou difícil de enxergar. Eu deixei meus olhos se ajustarem antes de poder encontrar a trilha que guiava pela alta cerca de ervas. Estava frio lá, com o vento vindo das ondas pretas, e eu afundei minhas mãos no fundo dos bolsos da minha jaqueta de inverno. Pelo menos a chuva havia parado.

Eu caminhei na praia no caminho da parede marinha do norte. Eu não conseguia ver St. James e nem as outras ilhas, só a vaga forma da beira da água. Eu segui o meu caminho cuidadosamente pelas rochas, prestando atenção em alguma onda que pudesse me derrubar.

Eu encontrei o que estava procurando antes que eu me desse conta de que estava procurando. Eu materializei por entre a neblina quando estava a apenas alguns metros de distância: Uma longa árvore de salgueiro branca feito osso que estava enfiada no fundo das rochas.

Ver Jacob daquele jeito, inocente e vulnerável quando dormia, havia roubado toda a minha repulsa, dissolvido toda a minha raiva.

Eu ainda não podia me fingir de cega para o que estava acontecendo, como Billy parecia fazer, mas eu também não podia condenar Jacob por isso.

Quando você se importa com uma pessoa, você já não podia mais pensar nela usando a lógica.

Jacob era meu amigo quer ele matasse pessoas ou não. E eu não sabia o que ia fazer em relação a isso.

-Oi, Bella. – A voz de Leah vinda da escuridão me fez pular. Ela estava macia, quase tímida, mas eu estava esperando alguma espécie de som nas rochas que me servisse como aviso, e então isso me assustou.

-Oi.

Ela ficou a vários passos de distância, mudando seu peso de um pé para o outro ansiosamente.

-Fui na casa de Jacob e Billy me disse que você apareceu, não te levou muito tempo, não foi? Eu sabia que você ia descobrir.

-Como você sabe disso? – Perguntei.

-Nós temos meio que uma rede compartilhada de pensamentos...

Houve alguns segundos em silêncio.

-É, eu me lembro da história certa agora. – Eu sussurrei.

Tudo ficou quito por um longo momento, e mesmo estava escuro demais pra ver o seu rosto direito, minha pele fez cócegas com se ela estivesse vasculhando o meu rosto.

Leah começou a andar pelas rochas.

-Porque você veio?

-Eu achei que um cara a cara seria melhor.

-Você tem medo de mim?

Eu virei a cabeça da expressão hostil dela. Ela parecia estar esperando uma resposta, então eu balancei minha cabeça.

-Aí está você, aterrorizada de medo de mim... Como é que isso pode ser justo? – As mãos dela tremiam, mas sua expressão ainda era neutra. Ela deu dois passos na minha direção, se inclinando pra mim.

Eu pulei pra ficar de pé e encarei de volta.  

-Não é o que você é, é o que você faz.

-O que é que isso significa? – Ela grunhiu.

Eu fui pega inteiramente de surpresa pela voz de aviso de Alice.

-Tome cuidado, Bella. – Sua voz aveludada me preveniu. – Não a pressione demais. Você precisa fazê-la se acalmar.

Nem a voz na minha cabeça estava fazendo sentido hoje.

No entanto, eu ouvi ela. Eu faria qualquer coisa por aquela voz.

-Você realmente, honestamente não se importa que eu me transforme num cachorro gigante? – Ela perguntou, a sua voz estava alegre no meu ouvido.

-Acho que não.

-Eu não sou uma assassina, Bella. Nem Jacob.

Eu estudei o rosto dela, e estava claro que era verdade. O alívio pulsou pelo meu corpo.

-O que está acontecendo na floresta? Os mochileiros desaparecendo, o sangue?

O rosto dela ficou sério, preocupado na hora.

-Nós estamos tentando fazer o nosso trabalho, Bella. Nós estamos tentando protegê-los, mas estamos sempre um pouco atrasados.

Eu a encarei com uma expressão vazia até que eu entendi. Então o sangue foi drenado do meu rosto com um horror sem palavras.

Ela balançou a cabeça.

-Laurent. – Eu cochichei. – Ele ainda está aqui.

Leah piscou duas vezes, e deixou sua cabeça cair pro lado.

-Quem é Laurent?

Eu tentei dissolver o caos na minha cabeça pra poder responder.

-Você sabe, você o viu na clareira. Você estava lá... – As palavras saíram em um tom de imaginação enquanto as palavras começavam a fazer sentido. – Você estava lá, e você o impediu de me matar...

-Oh, a sanguessuga de cabelo preto? – Ela sorriu, um sorriso apertado e largo. – Esse era o nome dele? Foi tão fácil, quase nem foi divertido!

-Você... matou... Laurent?

Ela balançou a cabeça.

-Bem, foi um esforço de equipe. – Ela qualificou.

-Eu estou... tão aliviada. Eu pensei que ele fosse me encontrar, eu estive esperando por ele todas as noites, só rezando pra que ele me encontrasse e deixasse Charlie em paz. Eu estava tão assustada, Leah... Felizmente você fez algo.

-É pra isso que somos feitos, Bella. Nós somos fortes também. Eu queria que você tivesse me dito que estava com tanto medo. Você não precisava.

-Você não estava por perto. – Eu murmurei, perdida em pensamentos.

-Oh, certo.

-Como ocorre a transformação? – Perguntei, curiosa, observando as ondas do mar se quebrarem na areia.

-Ocorre na maioria das vezes em uma situação grande de estresse.

-Você não precisa de uma lua cheia. – Falei, rindo.

Ela rolou os olhos.

-A versão de Hollywood não é muito verdadeira. – Então ela suspirou, séria de novo. – Jake passou pela transformação recentemente, por isso o sumiço. Você não precisa ficar nervosa. Nós vamos cuidar disso. E vamos manter os olhos especialmente em Charlie e nos outros, não vamos deixar nada acontecer com eles. Confie em mim.

-Há quanto tempo você se tornou? – Perguntei, curiosa.

-Há mais ou menos um ano...

Havia algo muito, muito óbvio que eu devia ter reparado na hora, mas eu estava tão distraída com a ideia de Leah, Jacob e seus amigos brigando com Laurent que eu deixei passar na hora.

Isso me ocorreu agora, quando Leah usou o tempo presente de novo.

“Nós vamos cuidar disso.” Não estava acabado.

-Laurent está morto. – Eu asfixiei, todo o meu corpo ficou frio feito gelo.

-Bella? – Leah perguntou ansiosamente, segurando meus ombros

-Se Laurent morreu... a uma semana atrás... então outra pessoa está matando as pessoas agora.

Leah acenou com a cabeça, seus dentes trincados, e ela falou por entre eles.

-Haviam dois deles. Nós achamos que a parceira dele ia querer lutar com a gente, nas nossas histórias, eles geralmente ficam fora de sério quando matam os parceiros deles, mas ela só fica correndo da gente, e depois volta de novo. Se nós pudéssemos descobrir o que ela está procurando, seria muito mais fácil de rastrear ela. Ela fica escapando pelas beiradas, como se estivesse testando as nossas defesas, procurando por um jeito de entrar, mas entrar onde? Onde é que ela quer ir? Sam acha que ela está tentando nos separar, pra ter uma chance melhor... – A voz dela foi sumindo até que ficou parecendo que ela estava falando de dentro de um túnel, eu não conseguia mais individualizar as palavras.

Minha testa grudava com o suor e o meu estômago girava como se eu estivesse com a doença do estômago de novo. Era exatamente como se eu estivesse doente.

Eu me virei pra longe dela rapidamente, e me inclinei no tronco da árvore. Meu corpo estava sofrendo convulsões com suspiros inúteis, meu estômago vazio se contraía com uma náusea aterrorizante.

Victoria estava aqui. Procurando por mim. Matando estranhos na floresta. A floresta onde Charlie estava procurando...

Minha cabeça revirou doentemente.

As mãos de Leah me impediram de rolar nas rochas. Eu podia sentir o hálito quente dela na minha bochecha.

-Bella! Qual é o problema?

-Victória. – Eu asfixiei assim que consegui juntar ar suficiente entre os meus espasmos de náusea. – Ela não era parceira de Laurent, eles só eram velhos amigos...

-Você ‘tá com medo dessa Victória?

Eu balancei a cabeça, tremendo.

-Victória é a fêmea de cabelos vermelhos? – Eu tremi de novo e me arrepiei.

-Sim... Como é que você sabe que ela não era a parceira dele?

 

-James era o parceiro dela. – Eu automaticamente toquei a cicatriz com as pontas dos meus dedos.

Ela me olhou atentamente nos olhos.

-Ele te disse mais alguma coisa, Bella? Isso é importante. Você sabe o que ela quer?

-Ela quer a mim.

Os olhos dela se arregalaram, e depois se estreitaram.

-Porque? – Ela quis saber.

-Alice matou James. – Eu sussurrei. – Ela realmente ficou... fora de sério. Mas Laurent disse que ela achava que era mais justo matar a mim do que a Alice. Parceiro por parceiro.

Leah ficou distraída com isso, o rosto dela dividido entre várias expressões.

-Isso é importante. – Ela disse de novo, seu rosto era todo negócios agora. – Isso é exatamente o que precisamos saber. Nós precisamos contar para os outros imediatamente.

Ela se levantou, me colocando de pé. Ela manteve as duas mãos na minha cintura até que tivesse certeza de que eu não ia cair.

-Vamos lá.

Nós fomos em direção a caminhonete.

-Pra onde estamos indo? – Eu perguntei.

-Eu ainda não tenho certeza. Eu vou convocar uma reunião.

Victória já estava me caçando. Eu apenas tinha sorte que ela ainda não havia me encontrado, sorte e seis lobisomens adolescentes.

Não me importava o que Leah dizia, o pensamento dela chegando em algum lugar próximo de Victória era aterrorizante. Eu não me importava com o que ela podia virar quando estava com raiva. Eu podia ver ela na minha cabeça, seu rosto selvagem, seu cabelo que parecia feito de chamas, letal, indestrutível...

Mas, de acordo com Leah, Laurent estava morto. Isso era realmente possível?

Ela disse que eles manteriam um olho especialmente em Charlie, que eu devia confiar nos lobisomens pra manter meu pai a salvo.

-Você realmente está com medo, não está? – Ela perguntou enquanto deslizava pra dentro do carro.

Eu balancei a cabeça.

-Nós vamos tomar conta de você, e de Charlie também. Eu prometo.

Eu assenti.

-Como você vai marcar a reunião com os rapazes? – Perguntei.

Ela riu, envergonhada.

-O lance de rede compartilhada de pensamentos... Eu meio que já avisei a eles.

Olhei para ela, rindo quase desacreditada.

-Você também é muito boa lidando com o estranho. Eu achei que isso ia te incomodar.

-Não é... bem, você não é primeira pessoa que eu conheço que pode fazer isso. Então isso não me parece tão estranho. Mas de qualquer forma, isso me deixa bastante ansiosa.

-Mesmo? Espere, você está falando dos bebedores de sangue?

-Eu queria que você parasse de chamar eles assim.

Ela riu.

-Que seja. Os Cullen, então?

-Só... Só Alice. – Passei o braço rapidamente ao redor do meu tórax.

Leah pareceu surpresa.

-Eu pensei que eram só histórias. Eu já tinha ouvido lendas sobre vampiros que podiam fazer... coisas extras, mas eu pensei que fossem só mitos.

-Será que ainda existe alguma coisa que seja só mito?

-É, você tem razão. Agora nós vamos encontrar Jacob, Sam e os outros nos lugar onde você e Jake costumavam andar com as motos.

Eu liguei a caminhonete e comecei a voltar para a estrada.

Leah balançou a cabeça parecendo envergonhada.

-Eu tentei encurtar as coisas, na realidade, Jake pensou mais, eu pensei não pensar em você pra que eles não soubessem o que está acontecendo. Ele estava com medo que Sam dissesse pra não trazer você.

-Isso não teria me impedido. –  Eu não conseguia me livrar da imagem de Sam como um cara mal. Meus dentes se trincavam toda vez que eu ouvia o nome dele.

-Bem, isso teria nos impedido. – Leah disse, sombrio agora. – Se lembra como o Jacob simplesmente não conseguia terminar as frases ontem? De como ele simplesmente não conseguia te contar a história toda?

Assenti.

-Sam disse que eu e nem ele não podíamos te contar. Ele é... o cabeça do bando, sabe. Ele é o Alfa. Quando ele nos diz pra fazer uma coisa, ou pra não fazer alguma coisa, quando ele fala sério, bem, nós não podemos simplesmente ignorá-lo. Mesmo eu sendo a segunda mais importante, ele ainda é o alfa.

-Esquisito. – Eu murmurei.

-Muito... É uma coisa de lobos. Jake ainda está aprendendo. Eu não consigo imaginar como foi pra Sam, tentando lidar com isso sozinho. Jacob diz que já é ruim o suficiente ter que passar por isso com um bando inteiro te apoiando. Eu passei isso tudo apenas com Sam, foi um grande apoio.

-Sam estava sozinho?

-É... – A voz de Leah baixou. – Quando eu me transformei foi a coisa mais... horrível, a coisa mais aterrorizante pela qual eu já passei, pior que qualquer coisa que eu podia ter imaginado. Mas eu não estava sozinha, havia a voz lá, em minha cabeça, me dizendo o que havia acontecido e o que eu tinha que fazer. Isso me ajudou a não perder a cabeça, eu acho. Mas Sam não teve ajuda.

Quando Leah explicava isso assim, era difícil não sentir compaixão por Sam.

-Eles vão ficar com raiva se eu estiver com você? – Eu perguntei.

Ela fez uma cara.

-Provavelmente. Mas você sabe uma tonelada de coisas que podem nos ajudar. Você não é como uma outra humana ignorante. Você é como uma... eu não sei, espiã, ou uma coisa assim. Você esteve atrás das linhas inimigas.

-Você ‘tá me usando ou algo do tipo?

-Claro que não, eu quero andar com você, e isso meio que vai me dar uma autorização.

-Entendi...

Eu queria que Victória fosse parada, preferivelmente antes que ela me torturasse até a morte ou esbarrasse em Charlie ou matasse outro estranho

-Ei, você acha que essa Victoria tem alguma coisa especial?

-Eu acho que não. Ela nunca mencionou nada sobre isso.

-Ela? Oh, você quer dizer Alice... – Ela ficou em silêncio, batendo na sua própria testa. – Ops, desculpa. Eu esqueci. Você não gosta de dizer o nome dela. Ou de ouvir.

Eu apertei o meu centro, tentando ignorar a palpitação nas beiras do meu peito.

-Não, na verdade...

-Desculpa.

Nós estávamos na pequena estrada de terra onde Jacob havia me ensinado a andar de moto.

Eu encostei e desliguei o motor.

Leah sugou o ar com um som cortante.

-Eles estão aqui. Vamos lá.

-Você tem certeza? – Eu perguntei enquanto ela abria a sua porta.

-Eles vão saber lidar com isso. – Ela disse, e depois deu uma risada.

Eu saí da caminhonete, me apressando pela frente pra ficar perto dela. Eu me lembrei rápido demais dos monstros gigantes da clareira.

As minhas mãos estavam tremendo como as de Jacob haviam estado antes, em minha casa, mas com medo ao invés de raiva.

Ela me olhou, dando um daqueles sorrisos de canto.

-Vamos lá.


Notas Finais


Oi gente, espero que vcs estejam curtindo, eu realmente gostaria de um feedback nos comentários, me estimula muito.


Muito muito obrigada para quem sempre se importa em deixar um comentário nos capítulos, me deixa muito feliz <3

Novamente, link de Amor Sangrento, Spin-off desse livro com a história de Edward e Jasper: http://fics.me/21180154
Ela vai ficar ativa, prometo, só tô muuuito focada nessa parte da história, acaba que faço pouco progresso na outra, mas logo menos isso vai mudar.

Até a próxima xx


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