História Two hearts in one home - Kim Jinhwan - 16 - Sweet Creature

Doce criatura

Eu sei quando começamos

—Sweet Creature - Harry Styles

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(Jinhwan)

Descemos do carro juntos e quando alcançamos a calçada na frente de casa disse:

 -Até mais cara, obrigada mais uma vez pelo presente - balancei a sacola em minhas mãos.

 -Até hyung! - disse contente e dei as costas a June pegando as chaves no bolso.

 Ao subir os degraus que levavam a porta percebi que Junhoe ainda estava ali, na verdade o mais alto estava a alguns centímetros longe de mim.

 -O que estava fazendo? - perguntei vendo-o encarar a porta como se esperasse que eu abrisse. Ele tirou os olhos dela me encarando.

 -O que?

 -Perguntei o que está fazendo. Acabamos de nos despedir.

 -Pensei que, me convidaria para entrar - colocou os braços para trás.

 -Você… quer entrar? - apontei o polegar para a porta. Junhoe nunca tinha entrado em casa.

 -Eu queria apenas saber se posso usar o banheiro - respondeu após alguns segundos, parecia pensativo. Deu um sorriso aberto após me ver balançar a cabeça enquanto pensava no que diria.

 -Ah, tudo bem então - me virei para a porta novamente enquanto a destrancava - que situação mais estranha - murmurei. Abrindo a porta notando que o andar de baixo estava todo apagado e silencioso - Amy deve estar no and…

 -SURPRESA! - várias vozes gritaram da cozinha me assustando. Ao ver as velas iluminando a cozinha em cima de um bolo. Meus olhos captaram primeiro as feições da pirralha - Parabéns pra voceee - iniciaram cantando todos juntos. Após alguns segundos me acostumando com a pouca luz, percebi as pessoas que estavam ali presentes. Olhei para trás, ainda boquiaberto e vi Junhoe com um sorriso enorme no rosto cantando parabéns também, ele sabia de tudo.

 Andei alguns passos até chegar perto de todos. Estava realmente surpreso com esse encontro não planejado por mim. Não sabia o que a garota prepararia para mim, além do que foi feito hoje pela manhã, em partes era difícil saber pois Amy era um tanto imprevisível. Por um segundo, me preocupei com o fato dela conhecer os membros, eu não havia contado a ninguém -além de Junhoe e B.I- que Amy não sabia sobre o Ikon e quem sabe eles poderiam sem querer mencionar o grupo para ela. Torcia para que Hanbin tivesse contado a eles e controlado a situação, o que parecia ter acontecido, pois ao olhar para Amy, que estava do outro lado da bancada, ela me deu um sorriso animado, parecia feliz - coisa que eu sei que ela não estaria se soubesse da minha mentira.

 -Uau, vocês me enganaram direitinho - coloquei as mãos na cintura olhando para o bolo, depois para os membros e por último para Junhoe atrás de mim - você estava me distraindo. - falei para ele e o vi dar uma gargalhada e depois dar os ombros, erguendo as mãos abertas - isso foi tudo um plano seu? - apontei para a garota que estava entre Hanbin e Yunhyeong.

 Amy havia até se arrumado para esse pequeno "evento": usava uma saia jeans clara apertada que marcava seu quadril, uma blusa branca que tinha uma parte para dentro da saia e o casaco xadrez habitual por cima. Ela havia trançado seu cabelo na lateral e tinha passado maquiagem, sabia disso pois suas olheiras estavam cobertas e os lábios ganharam uma coloração avermelhada pelo lip tint.

  -Não mesmo, foi tudo ideia de Hanbin - apontou com o polegar para o garoto do seu lado.

 -Foi um trabalho em equipe - maneou a cabeça explicando - somos como a Liga Da Justiça.

 -Hyung - Chanwoo que estava sentado na banqueta próximo a parede me chamou, ao olha-lo percebi que ele segurava a filmadora de Amy e a apontava para mim - está feliz com a surpresa? - perguntou atrás da câmera.

 -É claro que estou - dei um sorrisinho e todos comemoraram. Pelo canto dos olhos vi Amy e Song trocarem um toque de punhos enquanto riam - mas confesso estar morrendo de fome. O que vamos comer? - perguntei sorrindo e ouvi todos falarem alto ao mesmo tempo. Não entendia direito mas parecia que eles se preocuparam em preparar algo para o jantar.

 (...)

 -Eai nanico como Junhoe te distraiu? - perguntou Amy quando parei ao seu lado no balcão da cozinha, ajudando-a a pegar os potinhos com acompanhamentos.

 Os garotos estavam levando as bebidas e a pequena churrasqueira improvisada para a sala, onde tinha mais espaço e era mais confortável para todos.

 -Ele me levou para o shopping dizendo que queria ajuda para me comprar um presente - ri me lembrando da situação e das vezes que tentei ir embora e ele não deixou.

 -Vamos logo já deixamos tudo na sala - Junhoe entrou na cozinha com os braços abertos.

 -Acho que pegamos tudo - Amy disse com as mãos ocupadas assim como eu.

 -Falta esses copos e essa garrafa de soju - June pegou os dois copinhos e a garrafa pela metade.

 -É meu - a garota anunciou - pode levar para mim por favor, estou meio ocupada - deu um sorriso de lado um tanto sem graça por pedir algo para Junhoe.

 -Claro - responde antes da garota sair na nossa frente levando as coisas até a sala.

 -June - o chamei tendo sua atenção - seja gentil com ela, por favor. - pedi apenas. Eu sabia como Junhoe tinha dificuldade com pessoas novas e eu não queria que ele tratasse apenas Amy com indiferença só porque não a conhecia.

 -Está bem vou tentar. - disse sem jeito - Você deve ser importante para ela fazer uma festa surpresa pra você. Sabe essa decoração não parece ter sido ideia dos meninos - olhou ao redor, referindo-se aos balões grudados na parede e até mesmo ao próprio bolo que estava cortado. Tinha uns detalhes fofos e estava escrito "Feliz Aniversário Nani!". Essas coisas realmente pareciam ter sido preparadas pela pirralha.

 Dei apenas um sorriso ao reparar cada detalhe do que havia sido preparado para mim, não sabia se eu era especial de alguma forma para Amy, mas de qualquer forma a pirralha era pra mim.

 Cheguei na sala por último, vendo Junhoe sentado ao lado da garota, aproximando uma garrafa de soju a ela, ele estava se oferecendo para encher o copo dela e explicando que ela deveria encher o seu. Fiquei feliz por ver que meu amigo se esforçava para conversar com Amy, mesmo que isso fosse difícil para ele, eu sabia que eles se dariam bem, Amy era uma tagarela e raramente não se interessaria em conhecer uma pessoa.

 Enquanto isso, passava o MV de  Red Flavor do Red Velvet e Yunhyeong dançava fervorosamente a música. Amy parecia achar a situação engraçada e constrangedora ao mesmo tempo, tenho a impressão que a garota não era muito acostumada com caras como Yunhyeong.

 Quando me sentei entre Hanbin e Chanwoo no sofá maior, abri uma cerveja para tomar e enquanto conversava com Bobby, que estava sentado na poltrona. Ganhei discretamente alguns presentes dos membros, eles falavam que não era tão importante, mas particularmente achei bem utilitário ganhar um carregador portátil de Chanwoo, o mesmo alegou com um sorriso tímido, ter sido decorado por ele.

 Começamos a fritar a carne e esse foi um momento crucial pois todas as conversas paralelas que aconteciam, foram interrompidas apenas para apreciar o cheiro incrível que vinha da carne sendo assada na pequena grelha.

  -Está uma delícia! - Amy disse alegre quando entreguei algumas fatias de carne enroladas no alface - você cozinha muito bem Song. -o elogio parece ter inflado o ego de Yunhyeong, ele adorava ser elogiado por mulheres.

 Uma conversa se iniciou quando Donghyuk, timidamente, disse que gostava das tranças de Amy e ela contou ter aprendido com sua mãe. O mais novo era naturalmente gentil com as pessoas e isso o tornava cativante. Amy no começo, podia ser um pouco séria, mas isso era só a primeira impressão, ela não era como a maioria das garotas daqui, não tinha vergonha de falar com homens e também não parecia possuir vergonha de si mesma, quando ela sorria, era genuína, não se preocupava em ficar tampando a boca para esconder seu sorriso e as vezes eu até agradecia por ela não fazer.

 No final, Donghyuk como um bom cavalheiro que era, disse que oferecia sua rodada de carne para a garota e em troca ela faria algumas tranças nas laterais de seu cabelo, agora um tanto comprido. Amy sorriu com seu gesto de forma até tímida demais e negou sua carne, dizendo que faria por gosto. Dk se aproximou do sofá onde a garota estava, se sentando no tapete para que ela alcançasse seu cabelo.

 Ela, DK e Junhoe que estava ao seu lado, conversavam até que a garota admitiu não estar muito habituada a conhecer garotos que pintavam o cabelo frequentemente, mas disse que já havia percebido que na Coreia isso era normal. Achou incrível o fato de June um dia estar de cabelo preto e no outro tingir as madeixas de branco.

 As músicas que tocavam eram apenas kpop e sabia que isso era um tanto arriscado, mas com tanto que os garotos tivessem cuidado de não colocar Ikon para tocar na playlists estava tudo sob controle. Amy não prestava atenção na televisão, afinal de contas havia mantido uma conversa animada com Donghyuk, Junhoe e agora Bobby, sobre as cores de cabelo que eles já haviam pintado.

 Vez ou outra a garota batia o pé e mexia a cabeça apreciando a música que tocava, independente de qual fosse, ela sempre fazia isso quando se interessava por alguma melodia.

 Sua risada soou alta, quando Junhoe mostrou a ela seu próprio celular. No início não entendi o que tinha tanta graça para os três mas quando ele virou o celular em nossa direção, revelou uma foto minha da época de Rhythm Ta, estávamos dentro de um carro no set de filmagem do MV. A foto em si era bem vergonhosa e confesso que naquele período o cabelo não me favoreceu nem um pouco.

  -Foi difícil acertar o acobreado - ergui os ombros e as mãos - e isso foi a muito tempo! 

 -Está tudo bem Jinan, todos já fizeram coisas vergonhosas no passado - ergueu seu corpinho de soju em minha direção brindando, seu sorriso ainda estava nos lábios inchados.

 Das vezes que sai com a pirralha para beber em bares  eu pude perceber uma coisa, Amy era como uma predadora. Geralmente, alguns caras chegavam nela facilmente e quando ela não os queria, dispensava-os sem dizer nada, apenas com um gesto de mãos. Das poucas vezes que ela se interessou por alguns, foram necessárias apenas algumas trocas de olhares para que o cara chegasse nela, todos eles tinha o mesmo jeito, possuíam o estilo de um badboy. Na minha opinião, nenhum deles parecia prestar.

 Às vezes Amy dava olhares daquele mesmo jeito que eu já conhecia, todos esses olhares direcionados a Bobby. 

 Talvez fosse o jeito despreocupado que Bobby tinha ou o fato dele falar com ela abertamente e às vezes até animado demais, esse jeito dele por incrível que pareça não deixava a garota com vergonha, muito pelo contrário.

 Eu sabia que era só uma questão de tempo. Apenas uma troca de olhares, - daqueles que Amy lhe dirigia às vezes - para que a faísca tocasse a pólvora. Felizmente conhecendo Bobby, sabia que ele não tinha notado o interesse da pirralha nele, ela era bastante discreta.

 De qualquer forma, eu não queria que esse contato entre eles acontecessem. Eu sabia que Amy priorizava de forma crucial as amizades, por isso, ela jamais ficaria comigo ou com Hanbin, por causa da relação que estávamos construindo com ela, mas esses padrões não se aplicavam ao resto dos garotos, imagino que pelo tipo ideal da pirralha, ela não se interessaria por nenhum outro membro além de Jiwon.

 -Amy podia tocar violão para nós - Hanbin falou após beber um gole da cerveja em suas mãos.

 -Você mexeu no escritório - afirmou a garota que parou de sorrir no mesmo instante abrindo a boca um tanto incrédula. Parece que essa era a única forma dele saber que a garota tinha um violão em casa 

 Começaram os comentários enchendo o saco de Hanbin por estar espiando os quartos de uma casa que nem era sua, deixando-o sem graça.

 -Eu não mexi, eu juro - começou a negar balançando as mãos com um pouco de vergonha - estava procurando o quarto do hyung, - colocou a mão em meu ombro e no mesmo instante franzi o cenho, o que Hanbin queria no meu quarto? - só que então abri sem querer a porta errada e vi um violão lá - deu um sorriso amarelo no final de sua explicação essa, que Amy pareceu aceitar - por favor toque para nós - pediu enquanto os outros pediam também. Na verdade até eu estava curioso para ouvir a garota tocar e cantar, não sabia da existência desse violão.

  -Toque uma música para o aniversariante - pedi e parece que Amy finalmente cedeu, pois após meu pedido a garota parou de negar e me encarou por um momento com um sorriso pequeno em seus lábios - por favor pirralha - pedi mantendo o contato visual.

 Amy não disse nada inicialmente, apenas se levantou e disse que já voltava. Entendemos isso como um sim.

 Ao subir as escadas, Yunhyeong foi o primeiro a falar:

 -Por quê não nos contou que mantém essa mentira? Na verdade, por que não contou a verdade para ela de uma vez, hyung?

[Amy]

 Ao descer as escadas com o violão escuro nas mãos todos se calaram, de repente percebi um clima estranho na sala.

 -Qual é o assunto gente? - perguntei ao ver que todos inicialmente ficaram me encarando, mas depois prestaram atenção em outras coisas, alguns na comida outros serviram mais bebida e até preferiram focar sua atenção no clipe que passava na tv.

 -Estávamos tentando adivinhar que música você tocaria - comentou Jinhwan. Seu jeito de falar comigo parecia levemente provocativo, pensava isso pelo sorrisinho de lado ao final de suas frases.

 -Eu não sei se vocês conhecem - iniciei um tanto sem graça. Me sentei na poltrona que Bobby ofereceu para mim, indo se sentar onde eu estava antes - é em inglês. E eu não canto muito bem…

 -Amy - Hanbin me interrompeu, olhando-me do mesmo jeito de hoje cedo, durante nossa conversa - toque logo, estamos ansiosos - deu um sorriso tranquilizante.

 Minhas mãos estavam mais geladas do que o habitual e senti um leve frio na barriga ao perceber que de repente a sala ficou em silêncio, sabia que todos estavam me olhando inclusive Jinhwan, a quem eu dedicava a música que tocaria.

 Meus dedos deslizaram pela corda do violão, fazendo uma melodia atrativa se espalhar pelo local. Precisei fechar os olhos por um momento e ouvir o barulho que o violão fazia ao ser dedilhado por mim, só assim conseguiria cantar sem me sentir menos tímida com tantos olhares sobre mim.

 "Sweet creature

Had another talk about

Where it's going wrong

But we're still young"  

(Doce criatura

Tivemos outra conversa sobre

Onde estamos errando

Mas ainda somos jovens)

 Minha voz começou um tanto baixa, porém isso foi algo que mudou conforme ia me acostumando. Agradeci aos céus por não desafinar, felizmente havia treinado.

 "We don't know where we're going

But we know where we belong" 

(Não sabemos para onde estamos indo
Mas sabemos aonde pertencemos)

 Meu coração se encheu de um sentimento ainda indescritível por mim.

 "No, we started

Two hearts in one home"

(Não, nós começamos

Dois corações em um lar)

 Abri os olhos e foi quase instintivo buscar os olhos de Jinhwan. A mesma sensação correu pelo meu corpo quando nos encaramos, como uma descarga elétrica que me causava arrepios nas costas.

"It's hard when we argue

We're both stubborn, I know

But, oh"

(É difícil quando discutimos

Nós dois somos teimosos, eu sei

Mas, oh"

 Nesse momento Jinan se encontrava inclinado em minha direção, ao ouvir essa parte deu um sorriso pequeno e concordou com a cabeça. Seus olhinhos brilharam por um instante.

 "Sweet creature, sweet creature

Wherever I go

You bring me home

Sweet creature, sweet creature

When I run out of rope

You bring me home"

(Doce criatura, doce criatura

Onde quer que eu vá

Você me leva para casa

Doce criatura, doce criatura

Quando chego ao fim da linha

Você me leva para casa)

 Continuei tocando a melodia, meus dedos deslizavam facilmente pelas cordas do violão. Porém não cantei mais, já havia dito o mais importante da música e também Jinhwan já estava com os olhos marejados.

 Quando parei de tocar, os aplausos pareciam ter nos despertado, quebrando o contato visual que estávamos mantendo. Jinhwan me olhava de um jeito estranho, quando ouviu os aplausos balançou a cabeça parecendo se recompor.

 O nanico se levantou e caminhou em minha direção, por algum momento o barulhos dos meninos comemorando parecia estar abafado, tudo que eu conseguia prestar atenção era nele vindo até mim. Por algum motivo me coloquei de pé e esperei até sentir ele me envolver em seus braços e me apertar contra si, beijou meus cabelos com ternura e sussurrou em meu ouvido:

 -Você é extraordinária, pirralha.