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História Uchiha: Boku no Hero. - Kureha pt3


Escrita por: Canjik

Capítulo 34 - Kureha pt3





O silêncio entre os dois durou apenas alguns segundos, mas parecia eterno. O olhar selvagem de Mirko encontrou os olhos frios e sádicos de Kureha. O sorriso dele nunca vacilava — era perturbador, quase demoníaco. Ele inclinou a cabeça levemente para o lado, como se estivesse analisando um brinquedo novo.


– Você veio sozinha… que erro grave. – disse ele com um tom calmo e quase debochado.


Mirko rosnou, os músculos tensionados ao máximo. – Se eu precisasse de ajuda pra acabar com um lixo como você, não merecia esse uniforme.


Antes que qualquer palavra fosse dita, ela desapareceu num salto, partindo como um raio branco em direção a Kureha. O chão rachou sob seus pés com a força do impulso. Um chute certeiro foi lançado contra o rosto dele, mas Kureha desviou com um giro suave, como se estivesse dançando.


Ele respondeu com um movimento ágil do braço, puxando uma pequena adaga que parecia brilhar com uma estranha energia púrpura. Mirko sentiu a lâmina passar perto demais, rasgando um pedaço de sua manga.


– Rápida... mas você não é a única. – disse Kureha, girando o corpo e tentando cortar de novo com um golpe baixo.


Mirko saltou para trás, pousando com os joelhos flexionados e um sorriso de desafio nos lábios.


– Então você também quer brincar.


Kureha apenas estendeu os braços, como se estivesse recebendo-a de braços abertos. – Mostre-me a fúria do coelho branco. Vamos ver se é digna de carregar o nome de herói.


Mirko avançou novamente, seus chutes como tiros de canhão, enquanto Kureha os bloqueava com uma leveza quase cruel. A cada golpe trocado, os dois mediam forças e intenções, testando limites.


Mas havia algo estranho no ar. Kureha estava calmo demais… como se estivesse apenas distraindo. Como se estivesse esperando algo.


Ou alguém.


O chão tremia com cada passo de Mirko, seus instintos de heroína e caçadora em alerta máximo. Ela não estava ali apenas para confrontar um vilão — estava ali para esmagá-lo.


Kureha desviava dos golpes com uma agilidade quase antinatural, os olhos sempre fixos nos movimentos dela. Mas Mirko era imprevisível. Depois de uma sequência de chutes velozes que o obrigaram a recuar, ela fingiu mais um salto, mas em vez disso girou o corpo e desferiu um poderoso soco direto no rosto dele.


CRAACK!


O impacto ecoou como um trovão seco. A cabeça de Kureha virou com violência, cuspindo sangue e dando dois passos cambaleantes para trás. O sorriso se desfez por um momento. Mirko pousou no chão em seguida, ofegante, olhos cravados no inimigo.


– Gostou dessa? – ela grunhiu, sacudindo os punhos.


Kureha levou a mão ao rosto, limpando o sangue que escorria do nariz e da boca. Ele gargalhou — uma risada baixa, gutural, que parecia crescer conforme o gosto metálico do sangue tomava sua língua.


– Você me quebrou o nariz... – ele murmurou. – Faz anos desde que alguém conseguiu isso…


Mirko arregalou os olhos por um instante. Ele não parecia bravo. Pelo contrário… ele parecia animado. Empolgado.


– Talvez você realmente valha a pena.


Num piscar de olhos, ele avançou, a adaga tilintando na mão direita, o outro braço vindo num golpe rápido contra o pescoço dela. Mirko se abaixou, rolou para o lado e tentou mais um chute em rotação, mas Kureha saltou por cima, como se soubesse o que ela faria.


Os dois se afastaram por alguns metros, trocando olhares pesados. Mirko estalou o pescoço.


– Você aguenta mais alguns desses?


Kureha sorriu, mostrando os dentes sujos de sangue. – Espero que sim.


A luta estava só começando — e nenhum dos dois pretendia recuar.


Mirko se preparava para avançar novamente, os músculos tensionados como molas prontas para o ataque, quando Kureha limpou mais um filete de sangue do canto da boca e arqueou a cabeça para o lado, os olhos brilhando com uma perversidade quase teatral.


— Aguenta isso, coelhinha?


Do fundo da escuridão atrás dele, passos pequenos começaram a ecoar. Primeiro suaves, depois se multiplicando, se acelerando. Mirko estreitou os olhos, os sentidos em alerta, até que as figuras começaram a surgir da penumbra.


Crianças.


Várias.


Seus olhos arregalaram ao vê-las — com roupas rasgadas, olhos vazios e movimentos trôpegos. Mas... não eram apenas marionetes. Não inteiramente.


— P-por favor… me ajude… — uma delas implorou, com lágrimas nos olhos.


— Ele tá me controlando… me tira daqui… por favor… — chorou outra, enquanto corria em sua direção, os pequenos punhos erguidos para atacar.


Mirko travou. O instinto dizia para se defender, mas o coração… o coração gritava. Aquelas crianças não estavam ali por vontade própria. Cada soco, cada chute que vinham em sua direção era acompanhado por um grito de socorro, um pedido desesperado por salvação.


Ela saltou para trás, desviando, se recusando a machucar qualquer uma delas. Sua respiração estava pesada, seu olhar preso nas expressões de puro pavor nos rostos pequenos e inocentes. O desespero delas era mais forte que qualquer ataque físico.


E atrás de tudo aquilo, Kureha ria.


— Isso é o verdadeiro terror, Rumi Usagiyama. Não é sobre força. É sobre fazer você duvidar do próximo golpe… é sobre fazer você hesitar.


Mirko cerrou os dentes, os olhos se enchendo de raiva e impotência. Ela era uma heroína. Ela precisava encontrar uma saída. Machucá-los não era uma opção. Mas deixar Kureha continuar… também não era.


Ela só precisava pensar. Rápido.


O caos parecia desacelerar por um segundo — o tempo entre uma batida do coração e a próxima.


Mirko estendeu o braço para impedir uma das crianças de avançar, quando percebeu. A garotinha, talvez com não mais que sete anos, parou à sua frente. Seus olhos tremiam, cheios de medo… e lágrimas escorriam por suas bochechas sujas de sangue.


— Por favor… acaba logo… — ela sussurrou.


E antes que Mirko pudesse reagir, a garotinha cravou a pequena adaga, trêmula, bem no próprio coração.


— NÃO! — Mirko gritou, correndo para segurá-la, mas já era tarde.


O corpinho desabou em seus braços. Leve. Frágil. Sem vida.


O silêncio foi cortado por uma risada áspera.


— Tsc, tsc, tsc… — Kureha balançava a cabeça, com aquele mesmo sorriso insano nos lábios. — Você é rápida, forte, impetuosa… Mas no fim, não passa de uma espectadora. Não salvou ninguém, heroína. Nem ela.


Ele apontou casualmente para o corpo da garotinha, como se falasse de um boneco quebrado.


— É claro, fui eu quem moveu os "fios". Ela jamais teria coragem sozinha. Mas você hesitou. E agora uma criança morreu nos seus braços.


Mirko apertou os dentes, o corpo tremendo — de raiva, dor, impotência. Aquilo não era uma luta justa. Não era uma batalha entre iguais. Era um jogo cruel, no qual Kureha manipulava vidas como se fossem peões descartáveis.


Ela pousou o corpo da garota com cuidado no chão, os olhos cobertos por sombras. Quando se levantou, seu olhar não era mais só de fúria — era determinação pura, crua, viva.


— Você vai pagar por isso. — sua voz saiu baixa, mas firme como aço.


Kureha apenas abriu os braços, zombando:


— Então me mostre, coelhinha… Me mostre o que a verdadeira heroína faz… quando o mundo desmorona bem diante dela.


As crianças voltaram a cercá-la. Olhos arregalados, movimentos trêmulos e assustados — mas ainda controlados. Adagas nas mãos pequenas, chorando enquanto avançavam.


Mirko não as via como inimigas. Não podia.


Mas naquele momento… ela também não as via como barreiras.


Seus olhos estavam fixos em Kureha. Ele sorria. Provocava. Acreditava ter vencido.


— Você acha que me quebrou? — ela murmurou.


E num instante, desapareceu do lugar onde estava. Um salto. Rápido demais para qualquer um acompanhar.


— Você quebrou foi a última linha que me prendia às suas regras. — ela pensou.


Kureha sequer teve tempo de se mover.


CRACK!


O som seco do impacto preencheu o ambiente quando o pé de Mirko encontrou o rosto dele com brutalidade. O corpo de Kureha voou como uma boneca de pano, arremessado contra a parede com tanta força que rachaduras se espalharam por todo o concreto.


As crianças pararam no mesmo instante. Como se algo dentro delas tivesse desconectado.


Mirko caiu de pé. Ofegante. A mandíbula cerrada. Não havia mais sorrisos. Não havia mais zombarias. A máscara de Kureha se partira no impacto, revelando o sangue escorrendo pela boca e o olhar atordoado.


Ela caminhou até ele.


— Você se alimenta do sofrimento… manipula os fracos, distorce tudo o que é puro…


Ela se agachou na frente dele, sangue escorrendo do seu próprio braço por um pequeno corte. Mas ela nem sentia mais dor.


— E ainda se acha digno de respirar o mesmo ar que as vítimas que matou?


Mirko puxou o punho para trás. Só parou porque, atrás dela, ouviu um soluço. Um dos garotos havia caído de joelhos, livre do controle.


Ela fechou os olhos, respirou fundo… e recuou.


Por agora.


Mas ele sabia. Naquele chute, Mirko deixou claro: ele não sairia dali inteiro.


E se fosse preciso quebrar todas as regras para acabar com aquele monstro, ela o faria.


Kureha caiu de joelhos, sangue escorrendo do nariz e da boca, rindo enquanto cuspia dentes partidos. Mirko já se afastava, tentando manter o controle — não por ele, mas pelas crianças, que ainda choravam confusas.


Mas então ele ergueu o olhar ensanguentado para ela, com um brilho de insanidade nos olhos.


— Tola... — ele sussurrou, antes de gritar — VOCÊ É UMA TOLA!


Mirko virou-se de volta, os olhos atentos.


Kureha, com dificuldade, levou a mão à própria boca e cuspiu um pouco do sangue... o sangue que havia escorrido do braço de Mirko quando ela fora ferida minutos atrás. Ele lambeu os dedos como um predador doentio, um sorriso se abrindo novamente em seu rosto ferido.


— É assim que funciona, heroína... — ele sibilou. — É assim que eu controlo as pessoas... com o sangue... Com o sangue daqueles que carregam força, dor, medo, vontade.


Ele se levantou, cambaleando, mas de alguma forma... algo estava mudando.


— O seu sangue... — ele disse, sentindo o gosto — é diferente... selvagem... instável... perfeito.


Os olhos dele brilharam de forma anormal. Veias saltavam por seu pescoço, seu corpo estremecia com um tipo de energia distorcida. E atrás dele... as crianças começaram a gritar novamente. Algumas seguraram a cabeça, outras começaram a tremer descontroladamente.


Mirko sentiu algo errado. Muito errado.


Kureha agora parecia maior. Mais forte. Como se algo estivesse sendo libertado de dentro dele, algo ativado pelo sangue dela.


Ele abriu os braços como se recebesse uma bênção do caos.


— Agora você me deu mais do que um motivo pra continuar, Mirko. Me deu o combustível. Me deu... a arma perfeita.


O sorriso dele cresceu. Mas Mirko não recuou.


Ela cerrou os punhos. Se ele achava que um pouco de sangue bastava para derrotá-la, então aquele idiota ainda não havia aprendido quem era a maldita Mirko.


Kureha sorriu, os olhos ardendo com aquele brilho lunático e triunfante. Ele observava Mirko com calma, como quem contempla uma obra prestes a se completar.


— Você ainda não entendeu, né...?


Mirko franziu o cenho, os músculos prontos para o próximo movimento.


— Você é rápida. Forte. Selvagem. — Ele deu um passo à frente. — Mas é burra. Muito burra.


De repente, o corpo de Mirko parou. Ela arregalou os olhos, tentando mover os braços... mas não conseguia. Nem as pernas. Nem a mandíbula. Nada. Apenas os olhos podiam se mover, e agora encaravam o inimigo à sua frente com uma mistura de fúria e incredulidade.


Kureha começou a rir baixo, como se saboreasse aquele momento.


— É por isso que eu gosto do sangue. Ele é honesto. — Ele tocou o próprio peito com dois dedos ensanguentados. — Você me feriu. Você me enfrentou. E agora... está na palma da minha mão.


Ele se aproximou mais, ajoelhando-se diante dela.


— Seu corpo pode ser uma arma, mas agora é uma arma minha.


Mirko tentou resistir, tentou mover qualquer parte do corpo, forçar qualquer fibra muscular... mas era como estar presa dentro de si mesma. Como se o sangue tivesse virado veneno. Como se algo estivesse controlando cada nervo contra a sua vontade.


Kureha levantou o rosto dela com um dedo debaixo do queixo, gentilmente.


— A partir de agora, heroína... você também dança ao som da minha música. — disse ele, com um sussurro sujo e vitorioso.


E então, ele se virou para as crianças, como um maestro prestes a começar sua próxima sinfonia de horror — agora, com uma das heroínas mais fortes do país sob seu comando.


Mirko, ainda paralisada, reuniu todas as forças que tinha para forçar as palavras a saírem. Sua voz saiu arrastada, rouca, mas cheia de raiva:


— Como... sua maldita individualidade funciona...?


Kureha parou, arqueando uma sobrancelha com interesse. Depois, sorriu.


— Boa pergunta. Gosto quando a presa tenta entender a armadilha. — Ele começou a andar lentamente ao redor dela, como um predador satisfeito.


— É semelhante ao que aquele velho conhecido de vocês fazia... Stain, não é? — Sua voz era mansa, quase suave demais para o conteúdo que dizia. — Mas diferente dele, eu não preciso apenas paralisar. O sangue... me dá tudo.


Ele então ergue uma adaga fina, fez um pequeno corte superficial em seu próprio braço, e o sangue escorreu vagarosamente.


Mirko não entendeu de imediato. Até sentir a ardência repentina no próprio braço. Exatamente no mesmo lugar.


Ela olhou, o máximo que conseguiu, e viu: o mesmo corte, feito milimetricamente igual, havia surgido em seu corpo.


Kureha sorriu largo, os olhos brilhando com prazer perverso.


— Eu não só controlo... eu copio. Cada gota de sangue me permite brincar de ser deus por alguns segundos. Faço o corpo de quem bebo obedecer... e sentir. — Ele ergue o dedo ensanguentado. — Dor... prazer... medo. Posso fazer você se esfaquear sozinha, e ainda sorrir enquanto faz isso.


Ele se abaixou novamente, sussurrando contra o ouvido dela:


— E agora que tenho você... uma das heroínas mais fortes do país... o caos vai começar.


Mesmo paralisada, Mirko forçou um sorriso de canto, os olhos ardendo com raiva e uma faísca de desafio. Ela falou com dificuldade, mas sua voz carregava firmeza:


— Sabe... sua individualidade é nojenta... mas como toda maldita habilidade, tem um ponto fraco...


Kureha parou de sorrir por um instante, curioso. Mirko continuou, o sorriso crescendo:


— Se você perder muito sangue... o efeito some, não é?


Os olhos de Kureha se estreitaram. Ele deu um passo para trás, o sorriso vacilando brevemente.


— O corpo entra em colapso... perde o controle sobre o que consumiu. Seu vínculo com o sangue se rompe... — ela disse, trincando os dentes enquanto lutava contra o controle. — E você fica... só... um lixo qualquer... sangrando no chão.


Kureha a encarou em silêncio, então riu, mas dessa vez com um leve tom de nervosismo por trás.


— Então você sabe mais do que parece... Mas ainda está nas minhas mãos, coelhinha. E mesmo sangrando... ainda posso fazer você se ajoelhar.


Mirko estreitou os olhos, murmurando baixinho:


— Quero ver tentar... enquanto te faço sangrar até secar.


..

..


Sasuke caminhava pelas ruas silenciosas da cidade, o frio da madrugada raspando contra sua pele. A espada repousava em sua mão, envolta por um pano velho, mas ainda assim... ele sentia.


Cada passo parecia mais firme. Cada respiração mais precisa. O mundo à sua volta parecia desacelerar, como se ele enxergasse tudo com mais clareza. Era como se aquela lâmina pulsasse com ele. Como se ela entendesse seus pensamentos antes mesmo que ele os formasse.


Ele parou no centro de uma rua deserta, olhando para os prédios, para os becos, para o céu encoberto.


— Isso é... — murmurou, apertando o punho da espada. — Como se o mundo estivesse... aos meus pés.


Ele não havia sequer desembainhado a lâmina. Não lutou. Não correu. Não a utilizou.


Mas algo dentro dele havia mudado.


Era como se aquela espada, designada a ele... finalmente estivesse no lugar certo.


Não sou mais só um herói... — ele pensou. — Sou o legado de algo muito maior.


E no fundo, uma pequena voz ainda ecoava:


“Cuide-se, querido neto.”


Sasuke estava imerso em seus próprios pensamentos, sentindo a energia da espada que segurava. A cidade ao seu redor parecia vazia, mas algo começava a mudar. Uma sensação estranha o envolvia, uma pressão que se formava nas sombras ao seu redor.

De repente, ele ouviu passos. Pequenos, apressados, mas inúmeros. Sasuke levantou os olhos e viu uma figura que o fez parar no lugar, os olhos se estreitando. Crianças, todas com facas nas mãos, mas seus olhos estavam marcados por um pavor imenso. Suas expressões eram de desespero, de dor.

Elas estavam cercando-o, e Sasuke pôde ver em seus olhos que não eram ameaças. Não eram inimigos. Eram vítimas.

Uma das crianças, com os olhos marejados, se aproximou, a faca trêmula em sua mão.

— Por favor... — a criança sussurrou, sua voz quebrada pela tristeza. — Nos salve... Nós... não conseguimos parar. Não podemos controlar isso. Eles... eles nos fazem fazer coisas horríveis...

Sasuke olhou para elas, uma por uma. Seus rostos estavam cheios de medo. A lâmina nas mãos delas parecia mais um peso do que uma arma. Ele não sabia o que estava acontecendo, mas sabia que algo muito errado estava por trás de tudo aquilo. Algo que ele não podia ignorar.

Outro menino, com a faca erguida, olhou diretamente para Sasuke.

— A dor... é insuportável... — ele tremia, a lâmina quase caindo da sua mão. — Ele nos controla... Nós... não queremos fazer isso!

A pressão no peito de Sasuke aumentou. Ele não sabia de quem ou do que aquelas crianças estavam falando, mas podia sentir a intensidade do medo. A tortura. A dor que elas estavam carregando.

Com um movimento rápido, ele usou sua individualidade para se afastar um pouco, seus olhos procurando a origem dessa manifestação.

— Quem está por trás disso? — Sasuke murmurou, mais para si mesmo. Ele sabia que não era uma coincidência. Sabia que havia algo mais profundo e sombrio acontecendo ali.

As crianças não se afastaram. Pelo contrário, se aproximaram mais, como se implorassem. Seus corpos estavam frágeis, seus rostos desfigurados pelo terror. Sasuke sentiu um calafrio. Não era um inimigo convencional que ele estava enfrentando, mas algo mais sinistro.


— Nos ajude... — a voz de uma menina soou, mais alta agora. — Por favor, nos tire daqui!


Sasuke estava com os olhos fixos nas crianças ao seu redor, suas mãos suadas pela tensão. De repente, antes que pudesse reagir, uma voz alta ecoou pelo ambiente, cortando o ar com urgência.


— Cuidado!


A advertência chegou tarde demais. Sasuke foi forçado a se esquivar rapidamente, sentindo o impacto do que parecia ser um golpe forte e direto. O som de uma explosão ecoou ao seu redor, seguido por uma enorme cratera que se formou no chão, espalhando destroços por toda a área.


Ele se afastou, seu corpo se movendo de forma ágil, as mãos firmes na espada. Ao se reposicionar, seus olhos caíram sobre a figura que havia gritado. Mirko estava ali, ao longe, seu corpo tenso e preparado para qualquer movimento. Mas o que chamou sua atenção não foi o fato de ela estar ali, mas sim sua expressão.


Mirko parecia… diferente. Ela estava pálida, com os olhos vazios e marcados por um medo profundo. O que mais o chocou foi que ela parecia estar... no mesmo estado das crianças.


As mãos dela estavam trêmulas, sua postura desconexa, como se estivesse lutando contra algo dentro de si. Sasuke sentiu seu estômago apertar. Algo estava errado, muito errado.


— Mirko? — ele chamou, com a voz baixa, mas firme. Ela não respondeu imediatamente. Seus olhos estavam embaçados, e ela olhava para as crianças ao redor dele, como se estivesse presa em um transe.


O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. A única coisa que Sasuke podia ouvir era o som do vento e o eco das suas palavras.


— O que aconteceu com você? — Sasuke se aproximou lentamente, mantendo a espada firme em suas mãos, pronto para qualquer movimento. Ele sabia que ela não parecia ser ela mesma. Algo estava controlando sua mente, assim como havia acontecido com as crianças.


Mirko finalmente levantou a cabeça, encarando Sasuke com uma expressão confusa e assustada.


— Sasuke... eu... — Ela hesitou, sua voz trêmula. — Eu não... eu não queria fazer isso... não sabia...


A verdade caiu como uma pancada em Sasuke. Ele não podia mais ignorar. Aquela força que manipulava as crianças, a que estava por trás de tudo isso, não era apenas uma ameaça. Era algo capaz de controlar até mesmo heróis de renome, como Mirko.


Ele olhou para a espada em suas mãos. Talvez agora fosse o momento de usá-la de verdade.


Kureha apareceu das sombras, seus passos ecoando suavemente no chão enquanto ele saía lentamente, suas palmas se batendo com um som abafado. Ele sorria, um sorriso largo e quase sarcástico, como se estivesse assistindo a um espetáculo.


— Finalmente, nos encontramos novamente... — ele disse, sua voz tranquila, mas carregada de um prazer maligno. Seus olhos brilharam, parecendo se divertir com o caos ao seu redor.


Ele então virou seu olhar diretamente para a mão de Sasuke, onde a espada reluzia à luz da lua. O sorriso de Kureha se alargou ainda mais, como se finalmente tivesse encontrado o que estava procurando.


— Ah, essa espada... — ele murmurou com uma expressão satisfeita, seus olhos brilhando de interesse. — Parece que o destino realmente gosta de brincar, não é mesmo? Você e essa espada... Como se tudo estivesse levado a este momento.


Sasuke, de olhos fixos em Kureha, sentiu a tensão aumentar. Ele sabia que aquele homem era perigoso, mas agora, com a espada de Nana Shimura em suas mãos, ele sentia uma conexão com algo maior. Era como se a espada em si estivesse comunicando algo, sua presença ampliando sua força, sua percepção.


Kureha continuou a observar Sasuke, seu sorriso se tornando um pouco mais macabro à medida que ele se aproximava, sem pressa, como se estivesse apenas curtindo o momento.


— Você não faz ideia do que está segurando, não é? — Kureha continuou, sua voz sussurrante e cheia de um prazer quase incontrolável. — Eu já estive à procura dessa espada por muito tempo... mas olha, quem diria que o destino a traria até um garoto como você...


Sasuke não respondeu, mas podia sentir a presença de Kureha crescendo, como uma sombra ameaçadora. Ele não iria deixar o homem tirar vantagem, não agora que ele tinha aquilo que o ligava a Nana e todo o seu legado.


Kureha então olhou para Mirko, que ainda estava imóvel e perdida em seu próprio sofrimento.


— Ah, e você... — disse ele, com um tom quase indiferente, como se estivesse desinteressado. — Uma heroína forte, que agora está apenas sendo mais uma peça no meu jogo. Não é mesmo fascinante? Como uma pessoa pode ser tão poderosa, mas tão fácil de manipular?


Ele deu um passo em direção a Mirko, mas seus olhos nunca deixaram a espada de Sasuke.


— Você é mais do que eu imaginava, garoto... Mas não pense que isso vai ser fácil. — Kureha então fez uma pausa, seu olhar se tornando sombrio. — Eu sempre soube que o verdadeiro poder estava aqui. Agora, você tem uma escolha a fazer, Sasuke. Deixe a espada ser sua... ou me enfrente.


Com um último sorriso, Kureha se preparou, como se estivesse aguardando a reação de Sasuke, e todos ao redor pareciam sentir a tensão no ar, como se o mundo estivesse prestes a desabar.


Sasuke puxou a espada com precisão, sentindo o peso da lâmina como se ela fosse uma extensão de seu próprio corpo. A energia da espada parecia fluir diretamente para ele, alimentando cada célula de seu ser com uma força bruta, uma sensação de poder que ele nunca havia experimentado antes. A lâmina reluzia com um brilho intenso, e Sasuke soubera que agora ele possuía algo capaz de mudar o curso daquela batalha.


Kureha, com aquele sorriso ameaçador, abriu os braços, como se estivesse convidando Sasuke para vir até ele. Seus olhos estavam fixos no garoto, esperando o momento certo, como um predador esperando sua presa se aproximar.


— Venha... — Kureha disse, sua voz calma, mas com uma malícia crescente. — Vamos ver se essa espada realmente é tudo isso.


Sasuke não hesitou. Ele avançou com tudo, a espada cortando o ar com velocidade impressionante. O som do metal cortando a atmosfera parecia quase ensurdecedor. A lâmina se dirigia diretamente para Kureha, uma linha reta e fatal, que prometia terminar aquela luta de uma vez por todas.


Mas antes que o golpe fosse completado, uma voz gritou:


— NÃO!


Mirko, com o olhar de desespero, tentou alertar Sasuke, mas era tarde demais. Sasuke, no calor do momento, hesitou por um segundo. Esse único segundo fez toda a diferença. O impacto da espada não foi fatal como ele planejava, mas ainda assim foi imenso. A lâmina cortou o ombro de Kureha com força, um corte profundo que fez o vilão gritar de dor.


Como se um efeito colateral de seu próprio poder, Kureha sorriu de forma sádica e, com uma calma perturbadora, explicou o que realmente estava acontecendo.


— Você realmente não entende, não é? — disse Kureha, segurando o ombro cortado, a dor evidente em seu rosto. Ele respirava pesadamente, mas seu olhar permanecia firme, como se estivesse se divertindo com a confusão de Sasuke.


Sasuke não respondeu, apenas observava o vilão, com a espada ainda em mãos, esperando o próximo movimento. Mas então algo estranho aconteceu.


Ele viu as crianças ao redor, ainda em estado de pavor, e então, com um som surdo, elas começaram a gritar, todas ao mesmo tempo, como se estivessem sendo atingidas por uma dor indescritível. E o mais perturbador foi que os gritos não eram apenas deles. Sasuke sentiu uma dor aguda, como se as crianças estivessem sentindo exatamente a mesma coisa. Ele viu o corte em seu próprio braço se formando, idêntico ao de Kureha.


Mirko, ainda controlada por Kureha, também se contorceu de dor. Ela caiu no chão de joelhos, as mãos no ombro, como se o corte que Sasuke desferiu nela tivesse se manifestado, mesmo que ele não a tivesse atingido diretamente.


O que está acontecendo?! — Sasuke pensou, sentindo a energia da dor se espalhando pelo ambiente.


Kureha, com um sorriso malicioso, então explicou, em sua voz fria e cínica:


— É minha individualidade. Eu controlo as pessoas a partir do sangue. Não apenas com um simples controle mental... Não, é muito mais do que isso. Eu posso fazer com que a dor, o sofrimento e os ferimentos de uma pessoa se transmitam para os outros ao meu redor. Todos eles são conectados ao meu poder, e você, Sasuke, acabou de se envolver nessa rede.


A revelação deixou Sasuke sem palavras, a angústia aumentando em seu peito. As crianças ao redor ainda estavam com facas nas mãos, mas o sofrimento que estavam enfrentando parecia muito mais intenso agora. Elas estavam sendo forçadas a cortar seus próprios corpos, os gritos se intensificando.


Mirko, ainda em pé, olhou diretamente para Sasuke, com os olhos cheios de dor, tentando resistir. Ela parecia estar em um estado de sofrimento absoluto, não apenas física, mas emocionalmente.


— Sasuke! — ela gritou, tentando recuperar a sanidade. — Não deixe ele fazer isso! Ele controla tudo com o sangue! Ele tem o poder de nos manipular dessa maneira!


Sasuke, agora com a cabeça cheia de pensamentos conflitantes, percebeu o quão perigoso Kureha realmente era. O vilão não precisava mais de truques simples. Ele tinha o poder de fazer com que cada pessoa ao seu redor sentisse exatamente a mesma dor que ele causava. Ele estava jogando com todos ali, e Sasuke, embora extremamente forte, não conseguia escapar dessa rede de controle que Kureha tinha sobre todos.


Kureha, sorrindo como se estivesse observando uma obra-prima, se aproximou lentamente, aproveitando a confusão e a dor ao seu redor. Ele levantou o dedo, apontando para Sasuke.


— Você já percebeu, não é? — disse ele com um tom de deboche. — Não adianta lutar, Sasuke. Cada ferimento seu será refletido nos outros. Cada movimento que você fizer... será meu. Eu sou o verdadeiro mestre aqui.


Sasuke, sentindo o peso do que estava acontecendo, respirou fundo. Ele ainda segurava a espada, mas a dor pulsando em seu corpo parecia se intensificar a cada segundo. Ele olhou para Mirko, para as crianças ao seu redor e para Kureha, que se aproximava com uma expressão de total controle.


— Você... — Sasuke disse em voz baixa, quase sussurrando, como se estivesse tentando se convencer de algo. — Você não vai sair impune.


Mirko, ainda lutando contra a dor e a manipulação de Kureha, olhou para Sasuke com um misto de gratidão e preocupação. Ela sabia que Sasuke tinha o poder para lutar, mas não sabia se conseguiria lutar contra o controle de Kureha, especialmente agora que a situação estava tão fora de controle.


Sasuke sabia que ele teria que ser mais inteligente do que nunca para derrotar Kureha. Não seria apenas uma luta de força, mas de estratégia. E, mesmo que as crianças e Mirko estivessem sob o controle de Kureha, ele não poderia simplesmente deixar que isso continuasse. Ele precisava encontrar uma maneira de romper com o controle que o vilão exercia sobre todos ali.


— Eu vou acabar com isso. — Sasuke murmurou para si mesmo, sua determinação renovada. Ele precisava pensar em uma maneira de reverter a situação, antes que mais pessoas sofressem.


Mirko, ainda com os olhos fixos em Kureha, tentava entender a complexidade de sua individualidade. A dor pulsava em seu corpo, mas sua mente estava focada em uma questão crucial.


— Eu não entendo uma coisa... — ela disse, ofegante, tentando se recuperar da dor e da confusão. — Eu te acertei antes, Kureha, mas as crianças não sentiram o efeito colateral. Por que agora...?


Kureha sorriu de maneira astuta, como se estivesse se divertindo com a dúvida de Mirko.


— Simples. — respondeu ele, com a voz tranquila, quase desinteressada. — Eu escolho quando o efeito vai agir. Não é como uma habilidade automática que se ativa assim que uma ferida é infligida. Eu controlo quando o sofrimento das vítimas se manifesta, e posso ajustar isso como bem entender. O momento certo... é quando a dor se torna mais eficaz. Quando a pessoa que eu quero controlar está mais vulnerável.


Ele deu um pequeno passo à frente, com o sorriso não se desfazendo de seu rosto.


— Você só fez o que você fez, Mirko, porque não sabia como o meu poder realmente funcionava. Você pensou que a dor se espalharia imediatamente, mas não. Eu sou quem controla o tempo e a intensidade disso.


Mirko, ainda com a mente girando para processar o que ele estava dizendo, não podia deixar de sentir um tremor de frustração. Ela sabia que ele era perigoso, mas o fato de ele poder brincar com as vidas das pessoas dessa maneira... isso a deixava ainda mais enfurecida. O fato de ele ser capaz de controlar o sofrimento das crianças e dos outros, como se fossem peças em um jogo, era algo que não conseguia aceitar.


Sasuke, que ainda observava a cena, não se intimidou. Ele mantinha a espada em mãos, pronto para agir, mas agora tinha mais informações sobre como o poder de Kureha funcionava. Ele não permitiria que isso continuasse.


Mirko, sentindo a raiva crescer, olhou diretamente para Kureha, seu olhar penetrante.


— Você é um monstro. — disse ela, com os dentes cerrados. — Mas isso vai acabar agora.


Próximo capítulo: Kureha pt4

















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