1. Spirit Fanfics >
  2. Um amor de contrato >
  3. A esperta e forte Rose

História Um amor de contrato - A esperta e forte Rose


Escrita por: AndyeGW

Notas do Autor


Boa noite, galera. Antes de tudo, quero agradecer a leitura e os comentários dos que vieram até aqui. Agradeço a receptividade de vocês para essa fanfic! Fico feliz de estar de volta a uma das coisas que mais gosto: escrever!
Então, sem mais delongas, vamos ao capítulo e espero que gostem do que vem daqui para a frente!

Capítulo 7 - A esperta e forte Rose


— Por que você fez isso com a gente, Lilá? O que aconteceu para chegarmos até aqui?

Rony estava sentado no sofá da sala, os cotovelos apoiados nos joelhos, a cabeça baixa, o semblante abatido. O apartamento havia sido comprado por ele poucos meses atrás, impulso do vão desejo que nutria em seu coração de casar e fazer daquele amontoado de concreto um lar. Conhecia Lavander havia anos, através de seus pais, que eram amigos de longa data, e sonhou, por anos, viver uma linda história de amor com ela.

Os dois sempre apresentaram muitas diferenças de pensamento e estilo de vida. Rony sempre foi uma pessoa centrada, já Lavander, era agitada desde a infância. Rony tinha sonhos de casar, construir uma família, ter filhos... Para Lavander, essa ideia sempre pareceu distante e lhe causava aparente desânimo.

Rony não gostava de locais agitados, de eventos barulhentos ou aglomerados de gente, todavia, sua namorada aproveitava a vida como se fosse seu último dia. Ele mantinha-se fiel em tudo o que o envolvia, independentemente da situação e, agora, tinha descoberto que a namorada também divergia dele naquele aspecto.

— Rony... eu realmente sinto muito — ela começou a sua fala — Eu não imaginei que as coisas terminariam dessa forma, eu... eu realmente não esperava por isso e...

— Você sente muito? — ele levantou o olhar em direção ao dela depois de algum tempo — Você não esperava por isso?

— Não é isso... eu me expressei mal, eu...

— Você sente muito por ter me traído com um cara que acabou de conhecer?

— Eu já disse que não é isso...

— Então? Você sente muito por eu ter descoberto?

— Para com isso... — ela aparentou nervosismo, virando-se.

— Quantos outros caras você teve antes desse? Enquanto estava comigo? Por quanto tempo você me fez de idiota?

— Rony, o mundo não é cor de rosa como você imagina! — ela voltou-se para ele e começou a falar claramente mais exaltada — Nem todas as mulheres do mundo nasceram para ter um cara com elas dizendo o que deve ou o que não deve fazer... Lavando, cozinhando e parindo. Você acha mesmo que é isso o que eu quero pra minha vida?

— Quantos caras você teve antes desse? — a voz baixa, rouca, irritada — Me fala, Lavander? — seguida de um aumento de tom descontrolado.

— Muitos! — ela respondeu com altivez — É isso o que você quer saber? É isso o que te incomoda? Muitos, Ronald — ela praticamente gritava — Muitos caras.

— Como você pôde?

— Eu nunca te prometi amor eterno, muito menos te prometi seguir nesse relacionamento que você planejou sozinho — seguiu acusando — Foi você quem insistiu pra ficarmos juntos porque todo mundo dizia que a gente combinava. Você nunca me deu atenção ou me ouviu. Quantas vezes eu te disse que era melhor terminar? Quantas vezes, Ronald? Quantas vezes eu te disse que não queria continuar, que as coisas não eram mais como antes? Quantas vezes você pediu e eu aceitei continuar mesmo te dizendo que eu não estava bem? Quantas vezes você praticamente chorou pra que eu não fosse embora?

— Eu te amei...

— Mas eu não te amei! — ela explodiu — Eu não nasci pra isso.

— Por que...? — ele se levantou e caminhou, desorientado, para distante dela.

— Eu não nasci pra ficar em casa, não nasci pra um homem só... Eu até entendo sua devoção por mim, afinal, nosso namoro começou na adolescência e, mesmo com tantas idas e vindas, eu sei que você nunca ficou com mais ninguém... Que sempre foi fiel... Mas aquilo que você nutria não era o que eu queria pra mim, entende? Eu não estava feliz mantendo um relacionamento que só era bom pra você!

— Por que você é assim?

— A vida é minha e eu faço com ela o que eu bem entender, está me ouvindo? — continuou com firmeza — Se eu acho legal ter te traído? Não, eu não acho porque, mesmo sendo um cara previsível, você é legal. Você é companheiro, um amigo para todas as horas e tem tantas qualidades que eu poderia passar uma hora enumerando.

"Você, realmente, não merecia isso, mas eu não sinto mais nada por você há muito tempo... muito tempo, Rony, e foi você que não quis aceitar... Foi você que não ouviu o que eu queria dizer. Daí, agora, do nada, você compra esse apartamento sem nem mesmo me consultar... Isso só prova que você estava envolto em uma bolha e que não via nem ouvia nada além dela.

"Eu só tenho 24 anos, Rony! Você acha que o maior projeto da minha vida é casar depois que eu me formar? Não... Não é."

— Você é uma...

— Sou mesmo! — ergueu o queixo e o olhou de frente, se aproximando com firmeza — E eu estou pouco me lixando pro que você pensa de mim, entendeu? Talvez, um dia, quem sabe, eu sossegue e realmente tenha uma vida pacata, mas, sabe...? Não tenho esse tipo de sonho com você e eu realmente não sei como você descobriu esse cara, mas foi melhor... Me poupa o trabalho de ter de conversar e conversar novamente tentando te fazer entender que não dá!

Ele não conseguiu revidar. Sentia tudo por dentro gelar. A tristeza começou a corroê-lo e tudo o que ele mais queria era gritar. Mas ele não o fez. Voltou para o sofá onde estava instantes atrás e permaneceu ali ainda muitas horas sem saber ao certo o que pensar ou sentir. 

O olhar revezava entre a porta por onde a loira havia saído há tempos e a foto anônima que havia recebido em seu celular. Queria saber quem fez aquilo, quem destruiu a sua vida daquela forma ao enviar aquela foto, mas o número era falso e já não existia. 

No seu interior, entretanto, ele sabia que ninguém destruiu seu relacionamento porque ele nunca existiu. Entendeu que aqueles sentimentos só eram relevantes para ele. Entendeu que foi desatento com a ex namorada, que não a ouviu, mas não conseguiu perdoar.

Ela tinha destruído algo importante. Ela destruiu seus sonhos e a sua capacidade de confiar porque, para ele, nada justificava aquela traição.

 ...

— Oi, moço grande! — ele ouviu uma voz ao longe, familiar, e parecia sair de um transe demoradamente.

— Oi! — respondeu à menina com um sorriso, mas não tinha certeza de seu nome. Rose, talvez?

— Você tá bem? — ela perguntou observando atentamente o homem, com olhos astutos e penetrantes — A bola quase bateu no seu rosto e você nem se afastou...

— Eu estou bem, sim — ele respondeu se achando pouco convincente ludibriar até mesmo uma garota daquela idade. Em seguida, reparou a bola debaixo do braço dela — Parece que esse banco é alvo certo das suas boladas — tentou sorrir.

— É… parece que sim — ela respondeu ainda o observando — Olha, se você está dizendo que está bem, eu vou acreditar — continuou com uma aura adulta — A mamãe sempre diz que a gente não deve insistir em determinados assuntos se a outra pessoa não quer conversar sobre eles.

— Um bom conselho, esse. Sua mãe é muito inteligente.

— É sim! — os olhos da pequena brilharam de entusiasmo — Minha mãe é a mãe mais inteligente do mundo todo!

— Com certeza, ela deve ser — então ele olhou ao redor — Onde ela está?

— Ah... Hoje eu não vim com ela, não. Ela tá fazendo uma coisa importante com o meu tio Harry.

— Tio Harry?

— Sim!

— Sabia que eu tenho um grande amigo chamado Harry também?

— É mesmo? — ela voltou a ter aquela expressão esperta e astuta — Claro que isso é possível. A minha mãe já me falou que não existe só uma Maria no mundo e eu entendi o que é isso quando ela me explicou.

— É verdade — Rony sorriu encantado — Então veio com seu pai? Acho que ele vai ficar preocupado se te vir falando com um tio estranho.

— Ah, não... Eu não tenho pai.

— Não tem? — a resposta pareceu tão natural que Rony estranhou.

— Não. A mamãe falou que ele não pode me conhecer e que foi embora antes de eu nascer.

— Hmm... Entendo. E com quem você veio? — continuou, entendendo perfeitamente o que aquelas palavras queriam dizer.

— Com o Rick, o vizinho do 206. Mas ele nem está me vendo, olha lá — ela apontou em direção a um rapaz conversando muito próximo de uma garota, do outro lado da praça — Ele gosta da Roxy, aquela garota lá. Às vezes ele se oferece pra me trazer aqui quando a mamãe tá muito ocupada, mas ele sempre fica com a Roxy.

— Mas então, Rose. Você não deveria estar conversando comigo, afinal, eu sou um estranho e poderia te fazer mal.

— Eu sei. Minha mãe já falou sobre isso comigo, mas eu só me aproximei de você porque a mamãe disse que sentiu que você é uma boa pessoa.

— Sua mãe disse isso de mim? Por quê? Você sabe?

— Minha mãe sente essas coisas. Ela diz que só errou uma vez em toda a sua vida... e mesmo que ela seja bem jovem e bonita, a minha mãe já viveu muito e nunca erra. O vovô sempre fala isso quando vem encontrar a gente.

— Rose, vem logo! — um dos meninos do grupo de futebol gritou e ele confirmou o nome da menina — Daqui a pouco a gente vai embora!

— Já vou! — ela respondeu com outro grito, nada delicada.

— Você gosta bastante de futebol, não é?

— Sim... e eu também faço judô — a expressão ficou estranhamente triste — Mas a mamãe vai precisar me tirar porque “as despesas estão maiores que as receitas”.

— Ela te disse isso?

— Não... eu ouvi ela conversando com o vovô por telefone ontem. Ela chorou muito quando disse pra ele. A minha mãe chora muito por causa do dinheiro, sabe? Ninguém deixa ela trabalhar porque ela me tem, mas ela continua procurando sem desistir. Agora o moço que pega o dinheiro do apartamento disse que se ela atrasar as contas de novo, a gente vai ter que ir embora. Então ela me tirou o judô. Mas eu não ligo, sabe? Eu até fico triste porque eu gosto de judô, mas a mamãe chora muito escondida e se isso vai fazer ela parar de chorar, eu não ligo, porque gosto muito mais da minha mãe do que do judô!

— Você é muito esperta e forte, Rose…

— Sim, mas a minha mãe é a mulher mais forte do mundo todo também. Ela é linda e incrível! Eu aprendi essa palavra ontem, na escola: “incrível”.

— Vamos logo, Rose. Vou tomar a bola!

— Já vou — um grito histérico. Por algum motivo ele lembrou do grito histérico da mãe da menina no outro dia — Vou embora, moço grande!

— Rony. Meu nome é Rony.

— Certo, tio Rony. Eu já vou. Tchau! — ela dava tchau enquanto se aproximava dos colegas de jogo. 

— Tchau, Rose!

Rony ficou alguns instantes observando aquele jogo pueril.  O coração parecia mais leve e ameno depois daquela breve conversa com a pequena Rose. Também se pegou pensando na falta de sorte que a sua mãe parecia ter. 

No coração, com toda a sinceridade, desejou com todas as forças que algo acontecesse na vida dela para que a situação das duas melhorasse, para que Rose pudesse realizar seus sonhos, voltar ao judô...

— Oi, Harry — sentiu o celular vibrando no bolso da calça e despertou daqueles pensamentos ao atender — Algum problema?

— Não! Sem problemas.

— Então...

— Você está no escritório agora?

— Não, mas posso ir... O que você está aprontando? Diga de uma vez!

— Eu consegui... Nós conseguimos, meu amigo!

— Tá falando sério? — demorou um segundo para entender o que o outro dizia.

— Sim. Eu vou passar em um local com ela antes e vou em seguida para o escritório. Ela quer resolver algumas coisas com você.

— Tudo bem! Te encontro lá.


Notas Finais


E é isso... desejo uma excelente semana para vocês e fico aguardando os comentários. Beijos no coração!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...