História Um Amor de Verdade - Capítulo 1

Os dias estão frios. Em essa época do ano em Seul há de se agasalhar bem. Ando com meus pensamentos longe, apenas com meu fone de ouvido sem me importar com o meu redor. Caminho léguas em destino à cafeteria de meus pais, pois os ajudo quando finalmente bate aquela vontade de sair de casa. 

Com o frio intenso, coloco minhas mãos dentro dos bolsos de meu casaco e caminho com um pouco de dificuldade, e sem olhar para a frente sinto esbarrar em alguém, não me dou o trabalho de olhar quem seja, mas percebo que é um homem quando ouço sua voz reclamar. 

-How! Olhe por onde anda garota! - Sinto que está me olhando, talvez esperando que eu peça desculpas, mas nem me dou o trabalho e apenas sigo com o meu trajeto. 

Por alguns minutos chego na cafeteria, minha mãe rapidamente se aproxima. 

-Filha, você veio! - Diz com muita animação. 

-Sim. - Respondo monossilábica. 

-Querida, que bom que veio. Sabe? Veio um CEO de uma agência hoje aqui no café, diz que conhece demais o seu grupo(4Minute) e que lamentou a forma trágica do disband, ele quer.... 

-Não, Oma! Já disse que não quero mais saber. - Interrompo-a bruscamente. 

Minha mãe me olha terna apesar de eu ter sido grossa. Não era minha intenção agir daquela forma porque sempre fui amável com meus pais, mas devido aos últimos acontecimentos não consigo evitar agir grosseiramente, é como se o rancor tomasse de conta de meu ser e me transformasse em outra pessoa.  

-Filha... 

-Vou me trocar. - Corto-a outra vez, saindo de seu campo de visão. 

Desde que rompi com as meninas por causa de um idiota, nunca mais quis saber de nada que relacionasse com a música, dança, algo que era o meu sonho, era agora meu pesadelo. Por causa de um falso romance, meu grupo se dissolveu, pois confiei em um cara que me apunhalou na cara limpa a troco de ter sucesso à minhas custas. O pior é que ele conseguiu o sucesso, passando por cima do meu trabalho de anos com as meninas. Com o disband, entrei em depressão, me isolando de tudo, apenas hoje consigo sair de casa ainda com muita dificuldade, pois ainda me sinto culpada de tudo que aconteceu com meu grupo.... 4Minute. 

Feedback on 

Tudo aconteceu quando estávamos no ápice de nossa carreira com o estouro do nosso music video Crazy, no início de 2015, foi tanto sucesso esse comeback que nos trouxe de volta ao mapa. Devido a isso estávamos muito felizes, pois finalmente havíamos conseguido uma visibilidade enorme no âmbito do kpop, repercutimos tanto na coréia como fora dela, e eu simplesmente estraguei tudo. 

Em uma de nossas promoções para Crazy, acabei conhecendo a minha destruição, mais conhecido com JB um dos integrantes de boy group GOT7. Enquanto estava à espera de nos apresentar, ele se aproximou e me derrubou com o seu olhar sério e sorriso sedutor, quando vi já estava perdida. Conversamos, enquanto esperávamos o nosso momento de apresentar. E ali nos conhecemos. 

Nos dias que se seguiram, acabamos nos encontrando diversas vezes. Acabamos nos apaixonando, bom somente eu porque o único interesse dele era me apunhalar. Ele me pediu em namoro, mas não podíamos contar a ninguém porque não era permitido que integrantes de determinados grupos se relacionassem dessa maneira, era contra as regras de contrato. No início fiquei receosa, mas ele me encorajou, disse que nos protegeria e pela inocência e emoção de estar amando pela primeira vez, acabei aceitando. 

E foi em nosso comeback em 2016 com o mv Hate, que tudo começou a desandar. As promoções seguiam firmes e a nossa visibilidade não fora abalada, mas no início de Junho desse mesmo ano, descubro que fui enganada e usada todo esse tempo por ele quando fotos minhas e dele foram expostas, mas apenas meu rosto fora visto, o dele estava borrado o que dificultava saber quem estava namorando comigo. 

A partir daí minha empresa começou a tentar encobrir tudo e a me culpar pelo o acontecido, e eu não tinha outra reação a não ser chorar por ter sido tão boba, as meninas sempre me deram apoio e não me abandonaram em um momento como esse, estiveram ao meu lado me dando força. JB, havia sumido, havia conseguido o queria que era derrubar um dos girl group que ofuscava seu grupo, sendo que havíamos ganho a vitória competindo com eles. Para isso se aproximou de mim a mando do CEO de sua agência para falir 4Minute e devido a isso fui proibida de ter contato com qualquer cara de outros grupos, o que facilitava para ele fugir, via ele sorrir cinicamente em suas apresentações enquanto havia me destruído. Os haters caíram em cima de mim e isso afetou a visibilidade do meu grupo, as meninas estavam tristes por não termos mais conseguido nos apresentar para ganhar os prêmios, e aí nossa decadência só se aproximava. 

O CEO da minha empresa, havia nos convocados para uma reunião, a pior de toda a minha vida. 

-É o seguinte, devido à quebra de contrato de uma das integrantes e devido a isso não termos conseguido abafar o caso e seguir adiante, cheguei a seguintes opções: desfazer o grupo ou retirar Kwon Sohyun do grupo. 

As meninas entraram em choque, inclusive eu, não queria ter que sair do grupo, mas muito menos prejudicar as meninas. 

-Mas, porquê? Podemos pensar em outra solução. - Atalhou Hyuna unnie. 

-Nos dê mais algum tempo. - Interviu Jihyun Unnie. 

Eu via o desespero das meninas em não acabar com o grupo, elas amavam o que faziam e eu também, mas eu simplesmente coloquei tudo em risco quando aceitei a namorar com aquele idiota, uma vez que nessa indústria musical não era aceitável namoros entre idols. 

-Não tem mais o que pensar, uma das integrantes foi leviana trazendo grandes problemas para empresas, estamos caindo nas ações, os haters querem o fim de 4Minute e para diminuir isso somente das duas uma ou 4Minute acaba de vez ou Sohyun sai do grupo. -  Falou o CEO irritado. 

As meninas continuaram dando sugestões para que não apelássemos para nenhuma das sugestões que havia dado o CEO, mas era em vão porque ele estava irredutível. Baixei minha cabeça, e procurei pensar, cheguei à conclusão de que a culpa era minha por ter chegado nessa situação e que a única solução era cortando o mal pela raiz. 

-Eu vou sair do 4Minute. - Digo com voz embargada, mas com cabeça baixa para que as meninas não vissem as lágrimas que saiam dos meus olhos. 

-O quê? Não, Sohyun, vamos dar um jeito. - Disse Gayoon unnie segurando minha mão. 

-Ótimo, reunião terminada! Sohyun, seu contrato será cancelado na próxima semana com a data de contrato. - O CEO disse friamente e saiu daquela sala, e assim eu caí em lágrimas. 

-Kwonsso, porque fez isso? - Jiyoon unnie, perguntou afagando meus cabelos. 

-Eu.... eu não quero prejudicar vocês unnie, já foi horrível da minha parte ter entrado em um relacionamento falso que atingiu nosso grupo, então se saindo pode diminuir os haters eu sairei. 

-Soso, então se você vai sair, também sairei – Kim se prontificou. 

-Não unnie, fique, eu sair é o mais perto que posso fazer depois de ter causado todo esse caos. - Digo. 

-Não foi culpa sua Soso, foi culpa daquele inseto que só queria ganhar visibilidade. 

-Verdade, Namji Unnie tem razão. Se ao menos tivesse como destampar o rosto dele, seu grupinho de nada também ia à falência. -Disse Jiyoon vingativa. 

-Obrigada unnies, vocês foram as irmãs que nunca tive, me apoiaram, me protegeram, eu agradeço tanto a vocês por terem cuidado de mim... - Fico em silêncio por um momento, quando tudo que sai é choro. - Então, sou eternamente grata a vocês, juntas fizemos histórias e alcançamos o tão sonhado sucesso, pena que estraguei tudo. Quero que fiquem firme, e do lado de fora estarei torcendo por cada uma. 

As meninas me abraçaram carinhosamente e choraram junto comigo. 

-Não, 4Minute não será mais o mesmo sem a nossa maknae, eu sairei também. - Olho espantada para Gayoon unnie. 

-Unnie tem razão, também não ficarei no 4Minute. 

-Sairei também. 

-Estamos dando disband, 4Minute encerra aqui. - Finalizou Namji unnie, em seguida me abraçou. 

Eu não queria que elas dessem disband, não era pra ser assim, mas elas continuaram firme na ideia de que 4Minute são 5 e não 4 então desfazeriam o grupo. Isso me fez sentir mais culpa ainda, meu coração doía só de olhá-las porque sei o tanto que elas amam o grupo assim como eu, eu realmente não conseguia me livrar desse sentimento de culpa. 

4Minute foi dissolvido, e os poucos fãs que restavam viraram contra mim me culpando em todos os lugares pelo fim do grupo, mesmo que as meninas fossem em entrevista explicando que não foi culpa minha, ninguém queria saber, queriam um culpado e este era eu. Com a coréia em peso contra mim por ter acabado com um dos melhores girl group, acabei não aguentando a pressão e me isolei sai de meu apartamento para morar com meus pais em outro bairro de Seul, evitando qualquer contato nem mesmos com as meninas quis falar, eu não me sentia digna, somente queria sumir... 

Flashback off... 

O café estava lotado, eu atendia a todos sem animação alguma. Ouvia uma piada ou outra em relação ao meu ex grupo, e eu fazia de tudo para fingir que não era comigo, mas era inevitável. 

Um cliente se apossou de uma das mesas, faltando poucos minutos para fecharmos o café, confesso que já estava cansada e sem vontade de atendê-lo, mas a mando de meu pai acabei indo. 

-Estamos quase fechando, então por favor faça logo seu pedido. - Digo me aproximando de sua mesa, ele estava de costas para mim. 

Ele olhava minuciosamente o cardápio o que tomava bastante tempo, e aquilo estava me irritando. 

-Moço, não ouviu? Faça logo seu pedido! - Digo mostrando um pouco minha irritação. 

-Hum, você deveria atender melhor seus clientes, eu.... 

Ele vira-se para mim e para sua fala bruscamente me olhando de um jeito estranho, meu coração por alguma razão pulsou forte só com aquele olhar. 

-Espera, eu conheço você! - Diz animado, se levantando em seguida. 

Engulo seco, e procuro fingir que não ouvi, pois sei que falará que me conhece do 4Minute e de todo aquele escândalo. 

-E então, qual o seu pedido? 

-Claro, você é a garota que esbarrou em mim essa manhã! - Fala como se tivesse feito uma grande descoberta. 

Reviro os olhos, nem mesmo lembrava de que tinha me esbarrado em alguém pela manhã. 

-Seu pedido? - Pergunto impaciente segurando o bloquinho de anotações na mão. 

-Não me conhece? - Pergunta olhando no fundo dos meus olhos. 

Ele é um garoto muito bonito, mas não é alguém que me lembraria fácil. 

-Não, não sei quem é você. Se não vai pedir, então retire-se temos de fechar. - Digo seca, e me viro de costas para ele. 

-Me chamo Jackson Wang! - Fala, tentando chamar minha atenção enquanto eu caminhava para a recepção. 

-Não perguntei. 

-É sério que nunca ouviu meu nome? 

Fico então de frente para ele do outro lado do balcão, em seu rosto havia esperança de que eu me lembrasse quem era. A verdade é que não faço idéia, nunca o vi antes, mesmo tendo o esbarrado nele esta manhã não tinha como me lembrar porque não me dei o trabalho de olhá-lo. 

-Hum... - Finjo pensar. - Não, nunca ouvi esse nome. Por que não vai embora, preciso terminar aqui para fechar. - Digo, limpando o balcão. Sinto meus pais me olhando curiosos com esse evento. 

-Eu sou cantor. - Diz procurando meu olhar. 

Porque ele está insistindo tanto nisso? 

-Tem razão, eu não vejo TV. - Digo debochada organizando as coisas. 

-Não acredito nisso. Quem no mundo de hoje não vê TV? 

-Eu! 

-Tudo bem, tenho certeza que com essa você vai saber quem eu sou... 

-Olha... - Interrompo-o irritada com sua insistência. - Qual a necessidade disso? Por que quer tanto que eu saiba quem é você? - O olho fixamente e ele me devolve o olhar na mesma intensidade. 

Jackson On... 

A partir do momento em que ela havia esbarrado em mim e não ter dado a mínima, eu já senti algo muito forte acontecer, seu rosto alvo de bochechas coradas pelo frio intenso, foi o único que pude ver concretamente quando nos topamos ligeiramente. Eu não esqueceria mais aquele rosto. Ela havia me ignorado uma vez e agora descubro que trabalha neste café, ela tem um olhar sério e ao mesmo tempo triste, parece que seu coração está trancado para qualquer emoção. 

Quando percebi que era a mesma garota a qual esbarrei mais cedo, meu coração não só acelerou, mas como sentiu uma enorme alegria em vê-la outra vez. Ela está agindo de forma dura e fria, e realmente me incomoda o fato de não está me conhecendo. É quase impossível não reconhecer um dos integrantes do GOT7, um dos boys groups de mais sucesso em toda a Coréia do Sul. Ela disse que não via TV, o que pode ser relevante seu desconhecimento em minha pessoa, mas GOT7 estar em todos os lugares, a TV seria apenas mais das fontes.  

Eu também não via tv em algum tempo atrás, estava ocupado demais sendo apenas traines na China, até recentemente ingressar no grupo Got7. 

Ela estava irritada pela minha insistência, mas eu não estava sabendo controlar, era como uma vontade de não ter de perdê-la de vista outra vez. 

-Eu apenas acho que você está fingindo não me conhecer, o que acho mesmo muito difícil. - Respondo-a, fitando seu belo rosto. 

Ela dar um risinho irônico, e isso foi o suficiente para me sentir caidinho por ela. Era possível? 

-Por acaso você é o PSY? - Pergunta ironicamente ainda com aquele risinho no rosto. 

-Ah, vai. Olha bem o meu rosto, anda olha aqui. - Falo dando leves tapas em meu rosto. - Já faz um tempo que entrei no grupo, e o grupo é muito famoso, como pode não saber? 

Finalmente consigo sua atenção. 

-De que grupo está falando? - Pergunta arqueando uma sobrancelha, ainda sinto uma pequena ironia em sua pergunta. 

-Sou um dos integrantes do Got7, e... 

Não consigo completar minha frase quando ela deixa cair de sua mão o paninho que usava para limpar o balcão que nos separava. É estranho como me olha agora, muito espantada. 

-Disse algo errado? 

-Saia. - Me expulsa sem mais. 

-O quê? 

-É surdo? Disse para sair daqui. Saia! - Gritou e me assustei com sua atitude. 

-Espera, o que houve? Eu só disse... 

-Não mencione esse maldito nome, saia! 

Não tenho tempo de procurar entender por que havia ficado tão brava, duas pessoas acredito que pais dela pois a nomearam como filha, me pediram com delicadeza que saísse dali, e ainda sem entender fui para fora do café. Fiquei ali tentando absorver tudo aquilo, não havia movimento naquele bairro e então não fui reconhecido, assim peguei o carro e procurei sair dali, mesmo com a garota no pensamento, a qual não deu nem tempo de saber seu nome.  

Voltaria outro dia para entender o que havia acontecido naquela fração de segundos... 

Jackson off...