Shirayuki POV
As palavras dele e o seu olhar determinado me deram a certeza de que poderia confiar minha vida a esse guerreiro sem pensar duas vezes.
E esse sentimento era tão novo e reconfortante...
Zen: Acho que ainda não fomos apresentados apropriadamente me chamo Zen sou o pri...
Shirayuki!!! – Fomos interrompidos pelo grito aliviado de Ryu, que correu em minha direção me abraçando e seguido pelo casal que estava no acampamento mas que pararam um pouco distante mas visivelmente aliviados quando nos viram. – Eu fiquei tão preocupado achei que tivessem te levado.
Shirayuki: Não querido, está tudo bem. – Ainda abraçados sussurrei em seu ouvido. – Você não contou pra ninguém sobre o meu cabelo não é?
Ryu: Não disse nem uma palavra sobre isso, eu prometi guardar o segredo. – Respondeu igualmente aos sussurros. – Só contei como você me salvou e que fomos capturados e depois fugimos.
Zen: O que é que vocês tanto cochicham aí? – Falou e olhei para ele estreitando os olhos.
Shirayuki: Se quiséssemos que você soubesse falaríamos mais alto.
Ryu: Vejo que já conheceu meu primo, ele não vai deixar nada de mal te acontecer, exatamente como eu disse que faria!
Shirayuki: Então esse é o seu primo? – Falei olhando mais uma vez na direção do rapaz com o qual eu falava a alguns minutos.
Ryu: Sim, Ele se chama Zen e é muito legal. – Zen fez uma reverência exagerada e se ergueu com aquele sorriso lindo e convencido no rosto e estreitei os olhos em desafio.
Shirayuki: Eu já descobri como ele é legal... – Falei ironicamente e o sorriso do desgraçado só fez aumentar.
Zen: Todos me adoram. – Começamos a andar de volta para o acampamento e ele ajudou Ryu a subir um barranco, depois estendeu a mão pra mim, me puxou, se aproximou e murmurou de forma que só eu pudesse ouvir. – Só cuidado para não se apaixonar por mim Shirayuki.
O prazer e o tremor que tomou conta de mim ao ouvir meu nome sendo sussurrado por ele foi...Nunca experimentei nada tão... Desorientador! Essa é a palavra.
Ryu que não percebeu nada, entrelaçou sua mão com a minha e me guiou de volta para o acampamento, deixando-o pra trás.
Zen POV
É estranho, essa garota tem algo que me intriga e me fascina.
Ela é forte e capaz, já vi homens com ferimentos muito menores que os dela chorarem como garotinhas assustadas, mas ela não! Me enfrentou e desafiou.
Deus ela tentou me ameaçar! Sem armas... Sem roupas...
Um sorriso involuntário apareceu em meu rosto, era uma mulher realmente excepcional e mais que isso, não me tratou diferente por ser o príncipe de Clarines. Pra todos, com exceção da família, Mitsuhide e Kiki que eram praticamente da família também, era sempre: Sim vossa alteza, não vossa alteza, como desejar vossa alteza...
Era refrescante encontrar alguém que não visse o titulo acima do homem. Eu queria ser reconhecido por mim mesmo, pelas minhas realizações e pela minha personalidade.
Talvez por isso provocá-la esperando ouvir uma resposta afiada e sentir suas reações espontâneas e não submissas a minha aproximação, era extremamente satisfatório. Todas as outras tendem a se desmanchar com apenas um sorriso ou uma palavra minha, ela não.
Isso é estimulante...Viciante.
Além disso teve a forte compulsão que eu senti por protegê-la quando estava indefesa e desacordada em meus braços e o ódio cru que me percorreu ao ver com meus próprios olhos o quanto a machucaram, mesmo que eu não tivesse dado minha palavra ao Ryu, ainda assim eu morreria antes de permitir que a tocassem outra vez.
Ryu a levou na minha frente e o meu olhar a percorreu de alto a baixo, o vestido que ela modificou não favoreceria a maioria das mulheres, mas nela ficou quase perfeito, e esse “quase” se devia apenas ao fato dele ser das cores do reino de Tanbarun. Sem todas as camadas e enchimentos apenas a sutil leveza da seda lhe cobria o corpo abraçando e valorizando cada uma de suas curvas, inclusive o sutil balançar de seus quadris ao caminhar tinha um efeito quase hipnótico sobre mim.
Eram muitas coisas, muitas reações e sensações misturadas pra eu entender... Mas uma só causa: Ela.
Shirayuki POV
Ryu me levou de volta para o acampamento e me apresentou a Mitsuhide e Kiki, eles eram soldados bem treinados e amigos próximos da família.
Ao fim do café da manhã reforçado com frutas silvestres e pão, a pergunta da qual eu tanto temi finalmente veio a tona.
Kiki: Shirayuki, o Ryu nos contou como você o defendeu e tudo o que aconteceu depois, mas não soube explicar o motivo dos soldados terem levado vocês ao castelo de Lorde Raj, uma pobre plebéia e um garoto acusado de roubo, o mais lógico é que eles tivessem apenas se livrado dos dois ali mesmo. Porque não fizeram isso?
Mitsuhide: Ele disse que Raj queria casar com você.
Todos me olhavam na expectativa de uma resposta plausível. Mas eu não me atreveria a contar a verdade, não ainda. Essa coisa de confiar não era algo a que eu tivesse acostumada e não ia despejar todos os meus segredos assim tão fácil, muito menos aos soldados do reino inimigo.
Shirayuki: Casar não! Eles me levaram para o castelo a força para que eu me tornasse concubina de Lorde Raj. – Abaixei a cabeça envergonhada, por hora isso era o mais próximo da verdade que eu ousaria chegar. – Planejavam usar o Ryu pra me forçar.
Zen: Ele abusou de você? – Por algum motivo senti que a voz dele estava tingida de ira.
Shirayuki: Não! Eu me neguei, e por isso ele me bateu. – Fechei os olhos relembrando as agressões e ofensas. - Disse que deixaria ao Ryu e a mim presos sem comer e nem beber até que eu reconsiderasse sua oferta.
Mitsuhide: Sim, isso faz mais sentido que a historia do casamento, Raj não é do tipo que se apaixonaria por uma plebéia, por mais bonita que ela seja... Fico feliz que tenham escapado antes do pior.
Shirayuki: Não tanto quanto eu. – Sorri agradecida pelo elogio.
Ryu: Talvez ao ver como ela é bonita ele tenha realmente se apaixonado, tenho certeza que ouvi ele falar de casamento, mas não importa, agora vai ficar tudo bem, vamos levá-la pra casa onde o Lorde Raj nunca vai poder se aproximar dela outra vez.
Kiki: Faremos isso.
Shirayuki: Sei que estou sendo um estorvo pra vocês, vou aceitar sua oferta apenas por pouco tempo, enquanto me recupero da maior parte dos ferimentos, e planejo pagar pela estadia em sua casa, assim que estiver restabelecida partirei.
Zen POV
Pagar pela estadia? Isso só pode querer dizer que o Ryu não contou nossa posição no reino, Mitsuhide também percebeu, mas com um olhar fiz com que ele se calasse.
Zen: Tem algum lugar pra onde ir? Alguém te esperando em Tanbarun?
Shirayuki: Não. Mas preciso encontrar alguém. – “Alguém” um namorado talvez? Por sorte Mitsuhide fez a pergunta antes de mim.
Mitsuhide: Quem? Se podermos ajudar de alguma forma.
Shirayuki: Essa é a parte difícil. – Negou com a cabeça. - Não sei quem nem onde, mais é meu dever procurar e encontrar alguém que me ajude a cumprir o ultimo desejo de meu pai.
Ryu: Não entendo.
Shirayuki: Não precisa entender, e nem eu posso explicar, é um fardo que tenho que levar sozinha, é minha responsabilidade.
Sua resposta tinha sido propositalmente vaga, mas decidimos não pressioná-la agora, Izana com certeza tiraria dela todas as respostas, ele era um mestre na arte da persuasão e a investigaria minuciosamente. Decidimos desarmar o acampamento e seguir, ainda tínhamos algo em torno de dois dias de cavalgada.
Shirayuki POV
Tudo arrumado para partir, mas só agora me dei conta.
Shirayuki: Só tem três cavalos.
Ryu: É, você monta junto com o Zen e eu com a Kiki. – Um arrepio me percorreu, a idéia de percorrer um longo caminho no mesmo cavalo que o Zen não parecia nada apropriado.
Shirayuki: Hum, talvez pudéssemos trocar, não é?
Ryu: Não! Eu vou montar com a Kiki e o Zen é o responsável pela sua proteção e para isso você precisa estar perto dele.
Shirayuki: Não, eu não preciso, posso me defender muitíssimo bem sozinha, além do mais posso montar junto com o Mitsuhide.
Mitsuhide: Infelizmente não vai ser possível, como achei que a Kiki e o Zen já iriam levar alguém com eles, arrumei todas as outras coisas no meu cavalo, se tivesse me avisado antes... Mas agora perderíamos bastante tempo mudando as coisas de cavalo e temos que aproveitar o sol para avançar o máximo possível hoje.
Sem outra opção tive que aceitar o lugar e sobretudo a companhia que me determinaram.
Como eu estava de vestido o Mitsuhide me ergueu cuidadosamente e me depositou na frente da sela do Zen.
Só que sua proximidade e seu olhar me causam reações e sensações que ainda não me sinto preparada para enfrentar..
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