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História Um amor imprevisto: De Hogwarts para a vida - Você sabe como eu me senti, Granger?


Escrita por: BellCA90

Notas do Autor


Boa madrugada, pessoal!! Estou aqui novamente, com mais um capítulo da nossa história!!

Ai, estou adorando escrever essa nova fase! Teremos cada vez mais momentos Dramione agora, hein?!?!?!!

No mais, gostaria de agradecer de novo todo o carinho! Os comentários, os favoritos, as listas de leitura! Eu adoro ver a fic crescer e a interação de vocês!!

MUITO OBRIGADA!

Boa leitura!

Capítulo 27 - Você sabe como eu me senti, Granger?


Pov. Draco

Eu estava de volta a Londres faziam poucas horas, ainda não tinha me costumado com o novo horário. Minha mãe e Tia Andrômeda haviam feito um almoço delicioso para me receberem. Fiquei surpreso com o tamanho de Ted. Era um garotinho crescido agora! Muito inteligente e conversado. Iria fazer o que? 9, 10 anos? O tempo realmente passava muito rápido. Então, Hermione passou em minha cabeça. Como será que ela estava? Será que estava solteira? “Não, Draco. Ela é passado. Deixa disso!”. Me obriguei a não pensar na castanha. Voltei minha atenção pra minha família. Como eu estava com saudades de Londres. Mesmo vindo regularmente, como estava fazendo nos últimos anos, sentia falta daquele lugar. Quando estava entardecendo, recebi uma ligação de Blás.

- Fala Draco! Já está em terras londrinas?

- Sim, cara. Cheguei pouco antes do almoço...

- Já descansou? Porque hoje nós vamos.... celebrar!!

- Nem fudendo, estou de jet lag ainda...

- Não tem A nem meio A, já falei com Pansy. Nós vamos!

- Seu filho da puta! O que planejou?

- Tem um pub legal aqui no centro, ele lembra muito o Três Vassouras. Algo suave, prometo. Só pra você tomar uma boa cerveja londrina.

- Tudo bem, te encontro lá então! Me manda o endereço e horário por mensagem, que antes preciso tirar um cochilo.

- Tudo certo, cara! Nos vemos mais tarde.

Desliguei e fui direto pro quarto que era meu e me joguei na cama. Estava exausto. Acordei algumas horas depois, percebendo que já estava na hora de me arrumar para ver meus amigos. Tomei um banho demorado e sequei meu cabelo de qualquer jeito com a toalha. Estavam mais curtos que na época de escola, mas eu gostava da leve bagunça que se formava quando secavam naturalmente. Coloquei uma calça jeans escura e uma camisa qualquer, a que estava menos amarrotada. Desci, chamei um Uber e me despedi da minha família.

Chegando no pub, logo avistei meus amigos. Foi ótimo revê-los. Pansy não tinha mudado quase nada. Estava um pouco mais encorpada. Apesar de conversarmos todos os dias durante todo meu tempo nos EUA, só nos vimos pessoalmente umas três vezes. Quando eu vinha, era tão corrido, que não conseguia sair com ninguém. E ela só conseguiu ir aos EUA três vezes. Era tão melhor ouvir da vida deles pessoalmente. Blás era um galanteador. Estava saindo com várias garotas ao mesmo tempo. Havia se tornado um cara boa pinta... Quem estou enganado, o filho da puta ficou bonito mesmo. E Pansy, ela estava apaixonada... E conseguiu manter um relacionamento a distância, já que seu amor estava estudando nos EUA. Voltei a pensar em Hermione. Ela não se dispôs a fazer isso comigo. Voltei a me obrigar a não pensar nela.

Com o passar da noite, senti necessidade de ir ao banheiro. Quando estava voltando do toalhete, meus olhos avistaram algo que eu não podia crer. Era ela. Eu tinha certeza. Fui me aproximando, como um imã de polos opostos que não podem jamais mudar seu curso, a não ser se atrair. Caralho, não estava pronto pra isso. Ela estava ainda mais bonita. Seus cabelos estavam mais domados agora, mas ainda lindos e cheios. Seus cachos enormes se perdiam para baixo dos ombros. Suas feições delicadas ainda conservavam seu rostinho como o de uma garota de 18 anos. Ela não envelhecia? Quando estava quase chegando que percebi que ela estava com dois homens. Potter e... Weasley? De novo? Mas que... Então eu percebi. Merda, merda, merda. Eu não esperava por essa. Um enorme anel em seu dedo. Ela estava noiva? Senti uma fúria enorme crescer em mim. Não pensei, quando percebi, já estava na mesa do trio, encarando a castanha profundamente.

- Ora,ora! O que vejo aqui... Se não é o famoso trio de ouro!

            Sim, definitivamente ela ficou surpresa. Todos ficaram, pela cara de taxo que ficaram me olhando.

- M-Malfoy... Quando foi que... Você... Você... Está.... Voltou.... – Ela balbuciou, mas não conseguiu terminar de falar.

- Voltou pra Londres? – Harry interrompeu a castanha e quis mata-lo por isso. Estava gostando de vê-la sem jeito.

- Sim, voltei. Cheguei hoje mesmo.

- Definitivo? – Weasley me perguntou. Olhei pra ele e não contive minha cara de descontentamento.

- Sim... Estou abrindo um escritório aqui em Londres, em parceria com meu chefe dos EUA. Digo, ex chefe.

- A Riddle? – Ela perguntou me surpreendendo. Como ela sabia que estava trabalhando lá?

- Não sabia que vocês tinham conhecimento que eu estava na Riddle... – Alfinetei e observei ela corar.

- Neville nos contou... – Harry foi em defesa da amiga novamente. É Granger, parece que tem um bom amigo.

- Eu e ele ampliamos a Riddle. Aqui em Londres será Black Riddle associados. – Comecei a explicar, mas Harry me interrompeu.

- Como você advoga aqui? Seu diploma não é americano?

- Eu formei em direito aqui também... Sabe, eu nunca quis morar nos EUA, foi apenas uma... necessidade... – Falei, olhando para Hermione. – Então, quando me formei, me apliquei para direito aqui. Como boa parte do curso tinha a mesma base, eu precisaria cursar em apenas dois anos. Ai, confesso, usei dos meus contatos e consegui fazer o curso em três anos, mais lento, semipresencial. Vinha uma vez por mês.... Formei na mesma universidade que vocês. Então, sou advogado regular nos dois países.

- Uau, é muita dedicação! – O ruivo falou, surpreso e observei que o três estavam. Mas Hermione, ela além de surpresa... estava com raiva. Eu conhecia aquela expressão! Conhecia aquela forma de franzir a sobrancelha. Me senti satisfeito por isso. Eu queria atingi-la. Eu sei que era um adulto, mas céus, eu queria atingi-la. Estava magoado com ela. Não havia a perdoado ainda. Pelo contrário, vê-la ali, tão linda, mas tão distante de ser minha, me deixou ainda mais irritado.

- Eu... Eu não tinha raciocinado que a Black Riddle era você.... Digo, que o Black era você... Estava habituada ao Malfoy... – Ela finalmente falou e percebi uma mágoa em sua voz. Ignorei. Precisava ignorar.

- Você não tinha Black no nome! – O Weasley constatou.

- Sim, eu acrescentei depois... Bom, Malfoy não é um sobrenome exatamente louvado em Londres né? Sem contar que meu pai não merece essa honra. Minha mãe merece. Mas eu ainda respondo por Malfoy... Tem coisas que não mudam... – Falei isso e sem perceber, meus olhos cruzaram os da garota novamente. Senti meu peito apertar. “Merda, se controla”.

- Malfoy? – Ouvi uma voz chamando meu nome e percebi Hermione abaixando sua mão rapidamente e colocando debaixo da mesa. Estranhei aquilo, mas não dei importância. Quando vi, era Gina. Era estava muito bonita. A garota me cumprimentou com educação e se sentou ao lado de Potter.

- Pelo visto as coisas não mudaram muito por aqui, né? Ainda estão juntos? – Não me controlei e perguntei a ruiva. Era uma deixa pra tentar perguntar do noivado de Hermione e Ronald.

- Sim, ainda juntos! E felizes! – A garota respondeu e mudou de assunto. – Que surpresa encontra-lo por aqui.

- Foi uma surpresa pra mim também, Weasley.

- Nós moramos aqui, sabe? Não em outro continente. – Ela me alfinetou. Não sabia que a irmã do sonso do Ronald era esperta desse jeito. 

- Eu moro aqui agora, Gina. Estava contando para os seus amigos agora a pouco, antes de você chegar.

- Oh, isso sim é uma surpresa.... – Falou com uma entonação exagerada e olhou para Hermione. Acompanhei seu olhar e percebi que Hermione estava sem graça. Eu não estava pronto para isso. Tratei de me despedir e voltar para meu grupo.

- Quem morreu? – Pansy perguntou, vendo minha expressão derrotada.

- Como é? – Perguntei, saindo do meu transe.

- Draco, parece que você viu um fantasma... – Blás perguntou e eu dei uma risada pelo nariz.

- Quase isso. Vi o Trio de Ouro.

- Granger ta aqui? – Pansy perguntou, já varrendo o local com os olhos de forma nada discreta.

- Ela e seu noivo... – Me demorei na palavra noivo.

- Noivo? Eu não sabia que ela estava noiva... – Blás comentou chocado.

- Você por um acaso tem notícias constantes dela? – Malfoy rebateu.

- Não... Mas essas notícias correm... Eu sabia que ela tinha passado na defensoria... – Pansy falou, tentando entender a novidade.

- Eu não sei... as vezes é recente também... Ela estava mostrando o anel pro Harry quando os vi...

- Autchhhh... – Pansy falou. – Você está bem?

- Estou, claro que estou. Eu coloquei Hermione como passado em minha vida há dois anos quando.. Bom, vocês sabem...

– Quem é o cara? – Blás perguntou. Eu não queria falar em voz alta. Fazia tudo parecer ser mais real.

- O mesmo de sempre. O idiota do Weasley.

- Mas que caralho... Esse cara não larga o osso! – Pansy falou e eu tive que rir. Era verdade, eu tinha que tirar o chapéu pra ele. Ele era perseverante. Bom, deu certo né? Estava com ela.

 

Pov. Hermione

Ele voltou. Ele voltou. Ele voltou. Ele voltou. Era só o que meu cérebro pensava enquanto eu via Draco virar as costas e sumir do meu campo de visão. Percebi que Gina, Harry e Rony conversavam sobre algo, mas não conseguia me focar. Tudo o que eu pensava era. Ele voltou. Ele voltou pra Londres. Aquele filho de uma rapariga voltou para Londres e não me falou nada. Pior, aquele filho de uma senhora da vida estava vindo em Londres durante três malditos anos e eu sofrendo por ele. Eu imagino como as veias do meu pescoço devem ter crescido, por que ouvi Gina me trazer para realidade.

- Mi, porque não vamos ao banheiro?

- Perdão? – Perguntei, ainda fora do ar.

- Banheiro. Me acompanha?

- Oh sim! – Fiz que ia me levantar e me lembrei do anel. – Só um minutinho. – Peguei minha bolsa, como se estivesse procurando algo e tirei o anel discretamente. Peguei meu celular e um batom. Deixei o anel dentro da bolsa e a bolsa em cima da mesa. No caminho, digitei discreta para o celular de Harry.

Hermione

O anel está na bolsa. Guarde!

Harry

Obrigado! Desculpe por isso!

Hermione

Sem problemas

            Quando entrei no banheiro, Gina verificou se tinha alguém e, percebendo que estava vazio, trancou a porta e falou:

- Ok, vamos lá. Coloque pra fora!

- Ahhhhh, Gina!! QUE ÓDIO MORTAL QUE EU ESTOU DESSE GAROTO!! – Comecei a falar, andando de um lado para o outro do banheiro, enquanto ela ficava escorada na bancada.

- É isso ai, expurgue, garota! – Ela me incentivou.

- Quem ele pensa que é pra voltar do nada, com aquele sorriso cafajeste, aquela pompa toda? Com aquele ar de perfeição? QUE DIABOS! Porque ele não ficou nos EUA?! “Eu fiz dois cursos”, “eu sou foda”, “eu sou o melhor advogado do mundo”! Se fuder! Enfia no cu e roda esses seus dois diplomas!

- OW.....

- É sério Gina! Dois anos, eu fiquei dois anos sofrendo porque ele me deu um fora! Sofrendo que ele não ia voltar, e o filho da puta estava aqui o tempo todo?

- Pelo que Harry me falou enquanto você voava na mesa, ele vinha uma vez por mês.

- Já era alguma coisa! Dava pra gente se ver bastante, ele vindo uma vez por mês. Caralho!

- Mas Mi, posso ser advogada do diabo?

- Seu cu, Gina! Agora você tem que tacar fogo no nome do Malfoy junto comigo!!! – Gritei. Eu estava realmente possessa. Saber que ele tinha planos de voltar, estava me matando por dentro. – Ele brincou comigo, Gina! Ele falou na porra do e-mail que ele não tinha planos de voltar. Aquilo foi há dois anos! DOIS MALDITOS ANOS!! ELE TEM VINDO E VOLTADO HÁ TRÊS!!! PORRA!!

- Acha que ele estava aqui quando respondeu ao e-mail?

- PORRA!!! AGORA EU ACHO!! FILHO DA PUTA! – Senti meus olhos marejarem de ódio. - Gina, quando eu não aceitei namorar com ele a distância, eu menti sobre Rony, mas eu fui sincera quanto aos meus sentimentos. Nunca menti dizendo que o amava, sem realmente amar. Ele brincou comigo, Gina!

- Pode ter sido vingança... – Gina jogou lenha na fogueira novamente. Essa minha amiga sabia destilar um veneno quando era a hora.

- Porra! Será possível? – Perguntei, um pouco abalada e visivelmente confusa.

- Pera, é pra eu falar o que eu penso mesmo ou ainda queimar o nome do Malfoy? – Gina me perguntou brincalhona, mas percebi que ela perguntou séria. Suspirei, derrotada. Me encostei ao lado dela.

- Pode falar agora.

- Mi, você esperou ele por dois. Por quantos ele esperou você?

- O que quer dizer?

- Você realmente esperava que depois 9 anos da formatura de vocês de ensino médio, depois de você terminar com ele, depois dele ir pros EUA e ficar sem notícias suas por 6 anos... – Percebi o ponto de Gina e a interrompi.

- Esperava. No fundo eu esperava, Gina. Esperava que ele ainda sentiria algo por mim. Porque eu claramente sinto por ele.

- Você tá muito fodida. – Gina falou, rindo da minha cara.

- Você está certa, entendo o que quer dizer. Ele tá no direito dele de não me amar mais. Só acho que... Ele me deu esperanças...

- Sim ele deu... E não sabemos porque ele fez isso... E realmente acho que ele foi um babaca por isso. Mas... Você pode ficar bufando nesse banheiro por mais 30 minutos.. Ou você pode ignorar isso e seguir com sua vida. Você não queria encerramento? Talvez você tenha tido. Só não foi exatamente o final que você queria.

            Suspirei profundamente ouvindo as palavras de Gina. Ela estava certa. Mas eu não estava conseguindo alcançar paz em minha cabeça... Muito menos em meu coração. O resto da noite fiquei com aquela péssima sensação no peito. E a sensação piorou quando chegou domingo a noite. Bom, pra ser sincera, esse sentimento ruim no domingo já era recorrente pra mim. Não sei quando isso começou, mas por incrível que parece, eu estava me tornando uma daquelas pessoas que sonhava com a sexta e odiava os domingos. Isso me deixava aflita, principalmente quando eu via como Rony, Harry e Gina amavam seus empregos. Eu adorava a defensoria... Adorava trabalhar, mas só não era aquela coisa que pensei que seria.

            Na segunda pela manhã acordei ainda mais desanimada. Era o baque da volta de Malfoy e, pra completar, teria uma audiência para tentar um acordo no caso do Magnata rico contra a esposa pobre. Não estava com saco para lidar com aquele caso. A mulher claramente não estava me entregando todas as cartas de sua vida, e seu marido, de acordo com minha pesquisa, era um salafrário. Já estava com uma antipatia gigantesca do caso, e logo pela manhã teria que olhar para cara daquelas pessoas e para o advogado que representaria o marido. Odiava aquele tipo de profissional. O tipo que aceitava representar alguém tão nojento. Eu estava claramente com um péssimo humor. Mas, como não existe nada que não possa piorar, Merlin esfregou na minha cara que tudo sim, era possível tudo piorar. Percebi isso quando entrei na sala da audiência e dei de cara com uma das duas causas da minha infelicidade matutina de segunda: Draco. Ele era o advogado do marido.

- Eu não acredito nisso... – Falei no automático, ao ver o loiro sentado ao lado do homem que estava em embate com minha “cliente”.

- Granger! – Ele falou e não parecia assustado. De certo que já sabia que eu era a defensora responsável pelo caso.

- Malfoy. – Falei, tentando parecer apática.

- Fiquei sabendo agora a pouco que era a representante do caso. – Ele falou em um tom levemente sarcástico e aquilo me irritou. Logo a sessão foi iniciada. Apresentei todos os meus argumentos para um acordo, para tentar uma guarda compartilhada, mas Malfoy estava irredutível. E droga, ele era bom com as palavras. A audiência foi encerrada sem acordo e um agendamento para julgamento do caso foi feito. Iriamos nos enfrentar no tribunal.

            Sai da sala com a Sabrina, a mulher que eu estava defendendo. Lhe expliquei os próximos passos e pedi que ela evitasse confusão. Desde o dia que ela requereu a defensoria, já havia se metido em confusão pelo menos duas vezes. O que não era nada positivo para sua situação. Quando estava para sair, me encontrei com meu antigo chefe, que estava em audiência para outro caso.

- Granger, que surpresa vê-la aqui. – Ele falou, me dando um braço fraternal. Era um senhor bem mais velho e muito simpático. Me tratava com muito respeito e carinho. Gostava muito dele. Ele foi um verdadeiro amigo na época do câncer da minha mãe. – Que emocionante te ver por aqui como defensora. Feliz no cargo?

- É, acho que sim! – Falei, um pouco tímida e sem graça por não ter certeza para aquela resposta.

- Eu li sobre você! Tem se destacado em seu trabalho! Não esperava algo diferente.

- Oh, muito obrigada senhor.

- Senhor Slughorn? – Uma voz familiar interrompeu nossa conversa.

- Oh, senhor Malfoy! – Meu ex chefe falou de forma calorosa ao ver o loiro. – Também estava em audiência por agora?

- Contra a senhorita Granger. – Ele falou com aquele sorriso cafajeste. Senti aquela irritação novamente.

- Não estamos um contra o outro, Senhor Malfoy. Você representa seu cliente, e eu a minha. Mas não temos nada um com o outro. – Falei de forma ríspida para o loiro. Me voltei para o senhor mais velho e dei o meu melhor sorriso – Horácio, foi um prazer revê-lo. Mande um abraço para todos por mim.

- Oh sim, querida. Enviarei! Desejo o melhor pra você.

            Ouvindo as palavras do Sr. Slughorn, me retirei sem olhar para trás. Quando já estava no estacionamento, caminhando em direção do meu carro, ouvi aquela voz novamente.

- Hoje fiquei sabendo mais uma coisa muito peculiar a seu respeito, Senhorita Granger.

            Me virei e vi que Draco me olhava com frieza. Ele tinha chaves em uma das mãos. Provavelmente também de seu carro. Revirei os olhos e voltei pra frente, ignorando o homem. Abri a porta do meu carro para entrar, mas senti uma força a fechando e Draco se posicionando em minha frente.

- Você sempre esconde o status do seu relacionamento? -  Ele perguntou franzindo os olhos e de maneira muito, mas muito sarcástica.

- Posso saber o que você quer dizer com isso? – Retruquei, sem paciência.

- O que? Por um acaso é uma coisa normal noivas retirarem o anel de noivado para trabalhar? Pensei que isso era algo que mulheres gostavam de expor por ai...

Do que diabos aquele garoto estava falando. Minha boca reproduziu quase que a mesma coisa que meu cérebro pensava: - Do que você está falando?

- Seu anel de noivado, Granger. O que? Vai me dizer que tirou para lavar as mãos e esqueceu de colocar?

- Anel de noivado? – Perguntei confusa e então minha ficha caiu. O anel de Gina. Revirei os olhos e falei, no mesmo tom de deboche que ele estava usando comigo.

- Isso não é da sua conta, Malfoy. – Estava com raiva e sem um pingo de paciência.

- Pobre Weasley! – Mais sarcasmo e muita acides por parte de Draco.

- Eu não estou noiva de Rony, Malfoy. Aliás, não estou noiva de ninguém! – Bufei, voltando a tentar abrir a porta do carro. Mas em vão, pois Draco voltou a fechá-la, dessa vez com mais força. Seu tom de voz ficou levemente mais alterado quando ele falou:

- Oh... Não estão? É uma surpresa. – Ele realmente parecia surpreso, mas logo voltou com o sarcasmo. - Achei que tinham voltado, senhorita Granger. – Ele falou sério, ríspido, dando ênfase no “achei que tinham voltado”.

- Voltado? – Perguntei, já entendendo o que ele queria dizer. Voltado. Como ele sabia que o termo correto era “voltado”? Ele ficou sabendo então que eu e Rony terminamos.

- Oh, sim, Senhorita Granger. Não é isso que os casais que TERMINARAM fazem quando decidem ficar juntos novamente? – Ele estava com raiva. Percebi em sua forma de falar e em como seus olhos eram fogo, mas um fogo de raiva. Engoli seco. – O que? Não esperava que eu fosse saber?! Pois é, eu soube! Há dois anos! Depois que recebi uma certa mensagem sua, falando pra gente se encontrar. Eu me senti o cara mais feliz do mundo em saber que você podia ainda gostar de mim.

Senti meu peito apertar ouvindo aquelas palavras de Draco. Eu vi nos olhos dele como ele estava magoado comigo. Como ele estava, quebrado. Continuei calada, sentindo uma mistura de raiva, indignação e culpa. Ele não parava de falar:

- Granger, quando eu recebi aquela mensagem, de tão idiota que sou, fui, pela primeira vez, sondar sobre você. Você tem noção como eu me senti um idiota quando descobri que eu passei 6 anos tentando me convencer que você havia escolhido o Weasley por motivos que não tangiam a mim? Você tem noção de como minha autoestima ficou destruída quando a menina que eu estava apaixonado, deixou a entender que não ia ficar comigo por causa da distância, mas que estava tudo bem pra ela continuar com outro?! – Ele deu um soco na porta do meu carro que me fez assustar. - Porra, Hermione! Você tem noção de quão idiota eu me senti, quando já tinha um ano que eu estava me matando de estudar, vindo para Londres uma vez por mês, por que eu queria advogar aqui, por que eu tinha enfiado em minha cabeça que eu queria te encontrar, te fazer minha de novo?! Eu pensei em mil maneiras de te reconquistar! Mas tentava manter o máximo de distância possível, porque eu queria ser uma versão melhor de mim pra você, quando chegasse a hora. Eu fugia quando o assunto era seu nome, por medo de ouvir sobre seu namoro. De saber que iam se casar. Caralho, Hermione, quando eu soube do câncer da sua mãe....

Quando ele falou isso, meus olhos se encheram de água no mesmo instante. Ele se virou de costas, passando as mãos pelo cabelo, como se tentasse respirar, se acalmar. Se afastou um pouco. Aproveitei a distância para tentar eu mesma me acalmar. Segurei o choro. Ele virou pra mim de novo e falou, de onde estava mesmo, mais distante. Sua voz estava menos alterada.

- Eu soube por Pansy que Ronald era super prestativo, sem saber que vocês nem eram um casal. Porque nem Pansy sabia... Eu quis tanto ter sido eu quem estava com você esse tempo todo... Tem ideia de como eu quis vir e ficar com você? Fazer mais do que escrever o caralho de um e-mail formal? – Ele se aproximou novamente. - Você tem ideia, Hermione, de como eu me senti, quando pouco depois que eu senti que poderia ter uma chance com você novamente, que na verdade, você esteve livre esse tempo todo?

            Eu não conseguia pensar direito. Algumas lágrimas teimavam em sair, embora eu estava fazendo toda a força do mundo para me manter digna, quando na verdade queria chorar como um neném. Aquilo estava doendo muito. Eu tinha estragado tudo. Tentei falar alguma coisa, mas parecia que as palavras estavam fugindo da minha boca.

- Draco... Eu... – Tentei falar.

- Malfoy, Granger. É Malfoy pra você... A gente não tem mais nada o que conversar. – Ele praticamente cuspiu essas palavras e saiu me deixando sozinha.

* * *

Eu já havia enchido a cabeça de Harry e Gina sobre minha conversa com Draco no estacionamento. Quer dizer, não foi exatamente uma conversa. Foi mais para um monólogo do garoto dizendo como tinha ressentimento por mim. Os dois tentaram me convencer de que o garoto precisava de tempo e que eu tinha que entender o lado dele. Então, foi o que eu fiz. Dei tempo ao tempo. Nisso, meu aniversário chegou e eu fui para boate que Gina havia escolhido para comemorar meu aniversário de 27 anos. Estava muito feliz. Claro, tinha seus amigos mais queridos junto. Harry, Rony, Gina, Luna e Neville. Além de alguns colegas da época da faculdade e do escritório. Estava decidida a me divertir. Então, Gina, pra variar, se encarregou disso. Logo fez com que eu tomasse algumas doses de tequila e me lançasse na pista de dança. Puxei Luna comigo e fomos para o meio da boate, deixando os três garotos no balcão.

 

Pov. Narrador

As três garotas estavam chamando a atenção. Gina, naturalmente, atraía olhares por sua cabeleira ruiva. Luna, com seu jeito meigo, dançava de uma forma desengonçada, mas divertida de se olhar. E Hermione, embora não percebesse, arrancava olhares por onde passava. E dançando sensualmente, com os braços para cima, com aquela saia curta preta e blusa decotada branca, estava chamando ainda mais a atenção. Jogava os cabelos enquanto dançava, fechava os olhos sentindo a música. Vez ou outra conversava algo com suas amigas ou outros colegas convidados, que também se divertiam no local. Estava concentrada, quando Rony veio dizer que precisava ir embora. O ruivo estava investigando uma quadrilha enorme, então estava trabalhando mais do que o normal. Havia ido a boate mais por consideração a Hermione. Embora a garota tenha ficado triste, entendeu o amigo.

Harry e Neville se juntaram às garotas na pista de dança, dançando de casal com suas respectivas namoradas. Antes que Hermione pudesse sentir estar sozinha, uma companhia desagradável apareceu.  Cormac McLaggen. O garoto surgiu perto de Hermione, assustando a mesma que dançava distraída.

- Você fica linda dançando. – O loiro falou de forma sensual, mas não surtiu nenhum efeito em Hermione. Na verdade, a garota detestava o sujeito. Já havia dispensado o menino diversas vezes, mas ele era sempre muito meloso e narcisista, achava que ela estava apenas fazendo doce. Não sabia o que ele estava fazendo lá. Não o convidara.

-  McLaggen. – Foi tudo o que ela disse, com a cara fechada.

- Você não me convidou, mas eu fiz questão de vir. – Ele falou no ouvido da garota, tentando se aproximar mais. Hermione se esquivou do toque.

- Eu preciso ir ao banheiro. Com licença. – Foi a desculpa que arrumou. Se virou e tentou se infiltrar no meio das pessoas o mais rápido que pode, sem nem dizer nada para seus amigos. Tinha esperança de conseguir dar um perdido no garoto. Estava chegando no bar depois de volta na pista, quando foi surpreendida novamente. Mas desta vez por outra pessoa. Blásio Zabini.

- Hermione Granger! Mas que surpresa! – O moreno falou, sentado na banqueta do balcão, se virando para Hermione.

- Zabini! – Ela respondeu, surpresa. Há séculos não via o rapaz. – Como tem passado? – Ela perguntou, dividindo sua atenção entre o moreno e a pista de dança, com medo de ser encontrada por Cormac.

- Estou bem... – Blásio falou, mas percebeu o comportamento estranho da castanha. – Está tudo bem? Parece tensa. – Ele perguntou, olhando para direção onde a menina estava olhando.

- Oh, me desculpe. Eu só estou fugindo de alguém desagradável... – Ela confessou e o garoto riu. Riu da declaração e de como ela parecia ligeiramente tonta. Ele se levantou e fez um gesto pra ela.

- Aqui, sente-se. Eu te escondo. – Ele a colocou sentada e se posicionou de frente pra ela, de forma que ela ficasse tampada do campo de visão da pista de dança.

- Oh... Muito obrigada, fico te devendo uma! -  Hermione falou de uma forma extremamente gentil, o que fez Blás rir novamente.

- O crush deu errado? – Ele perguntou, divertido.

- Não! – Ela gesticulou teatralmente. - Cruzes! De forma alguma! Um ex colega de serviço que não entende o que é não.

- Esses são os piores. – Ele brincou. – Mas me diz, está aqui sozinha?

- Na verdade estou com Gina, Harry, Luna, Neville... – Ela falou divertida. – Você lembra deles de Hogwarts, certo? E uns outros colegas... Sabe? - ela o chamou, como se fosse contar um segredo: - Hoje é meu aniversário.

- Oh, meus parabéns, senhorita Granger! Não sabia que fazia o perfil de comemorar em boates.

- Não faço! – A castanha riu. - Foi uma escolha de Gina... Resolvi aceitar, pra variar um pouco.. – Ela franziu a testa, como se analisasse o garoto. - E você? Sozinho?

Mal Hermione terminou de falar e aquela voz rouca a fez travar no lugar.

- Cara, Astoria e Pansy sumiram nessa pista de dança. – Draco falou e Zanibi abriu espaço para ele, revelando a castanha sentada no banco. Os dois ficaram brancos ao se virem.

- Granger! – Draco falou primeiro, surpreso. Sem perceber, seus olhos desceram pelo corpo da mulher, percebendo como aquela roupa evidenciava como ela havia ficado ainda mais bonita com os anos. Sentiu seu peito apertar e logo falou, com aquele tom sério costumeiro: – O que está fazendo aqui?

- O que se faz em uma boate, Malfo? – Hermione respondeu no mesmo tom. Estava tonta demais para ser racional.

- Está tonta, Granger? – Ele perguntou, como se estivesse repreendendo a garota.

- Zabini, muito obrigada pela ajuda, mas vou procurar meus amigos agora. – Ela se levantou e Blás a ajudou.

- Tem certeza? Você pode ser encontrada no caminho... – Ele falou de forma brincalhona e ela riu. Draco ficou olhando sem entender. “Desde quando eles se davam bem?”, o loiro pensou.

- Eu vou sobreviver! Qualquer coisa, Harry está aqui. – Hermione falou, mas novamente, como se sua boca fosse santa, Cormac simplesmente se materializou a sua frente.

- Mione! Onde você estava? Te procurei por essa pista toda!! – O garoto inconveniente falou, forçando uma intimidade. Draco reagiu aquilo na mesmo hora, franzindo a sobrancelha e dando um passo em direção da garota, em um impulso para puxá-la para perto dele. Só não o fez, porque Blásio, discretamente, fez sinal para que ele ficasse parado. Ao ver McLaggen, Hermione suspirou derrotada e soltou baixinho um “cacete” que só Zabini ouviu, que fez o moreno dar mais uma risada alta.

- Com licença, eu vou roubar essa princesa um pouco. – Cormac falou, puxando Hermione pela cintura, sem permissão da mesma. Ela tentou se esquivar, mas ele era mais forte. No mesmo instante, Draco e Zabini avançaram pra cima do ex colega de Hermione. Zabini foi pra cima de McLaggen, o afastando da pequena, enquanto Draco puxava a garota pela cintura, a fazendo colar nele. Tudo aconteceu tão rápido, que Hermione não teve tempo de reagir. Quando percebeu, McLaggen estava se desculpando e sumindo de vista. Sentiu duas mãos envolvendo firmemente sua cintura. Olhou para o dono daquelas mãos e viu o rosto sério de Draco encarando McLaggen indo embora. Ela ficou estática, sem saber como agir. Viu Draco direcionar os olhos para Zabini. Ela fez o mesmo e percebeu o moreno voltando a atenção para Malfoy.

 - Que porra foi essa? – O loiro perguntou para Zabini com uma expressão mau humorada.

- Um idiota que não sabe o que é não. – Zabini falou, voltando a se sentar, olhando para os dois. Draco ainda segurava firme a cintura de Hermione. A garota olhou para ele novamente. Aquilo estava começando a afeta-la. Dava pra sentir o cheiro dele. Era exatamente como se lembrava. Mentira, era ainda melhor. Percebeu os olhos de Malfoy se encontrando com os dela. Ficaram alguns segundos assim. Aquele oceano acinzentado olhando profundamente nos castanhos de Hermione. Até que o loiro se afastou abruptamente, fazendo a castanha sentir falta do toque em sua cintura.

- Você tem que aprender a escolher melhor suas companhias, Granger. – Draco falou de forma ríspida.

- Eu não o convidei, Malfoy. Se é o que está insinuando... -  A pequena respondeu da mesma forma, pois estava voltando a ficar irritada com o loiro.

- Mas ele parecia bem a vontade com você! – Ele respondeu atrevido.

- Isso por que ele é um sem noção! Eu não posso mudar isso.

- Aposto que deu algum tipo de esperanças pra ele! – Draco falou de forma sarcástica, mas logo se arrependeu. Percebeu pela expressão de Zabini que fora longe demais.

- Vai a merda, Malfoy! – Foi tudo o que Hermione falou antes de se virar e sair, deixando os dois garotos para trás.    


Notas Finais


E ai, gente??? O que estão achando??? Esse Draco está sangue nos olhos!! Mas quem ele engana né? O sentimento está lá!!

E a Mi, tadinha! Só lenhada!! Vamos ver o que será daqui pra frente, né??

Fiquem a vontade para comentarem o que acharem! Adoro ler!! Ah, já vou responder aos últimos comentários feitos!!

Um abraço pra todos!


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