− JÁ DISSE QUE NÃO! EU AMO O ANDRÉ – João Pedro encerrou e desligou o celular na cara do ex-namorado. Depois de dois anos, aquele traste tentava tê-lo de volta. – E depois de tudo o que fez... Maldito! – Olhou para o celular e pensou em ligar para André. – Falta apenas um mês e meio para o término das aulas. Depois vou atrás dele e o conquistarei novamente, nem que precisa dar minha vida por isso.
*
A tarde de domingo estava agradável, o clima ameno. André e Ingrid sentaram-se a uma mesa na sorveteria, esperando a moça atendê-los. Como ela não veio, André se levantou e dirigiu-se ao balcão. Pediu para ele e Ingrid. Enquanto esperava, um homem se aproximou dele. Seus cabelos em corte militar eram pretos, usava óculos escuros, a face era quadrada, com uma barba rala subindo para formar costeletas. Usava uma camisa justa que marcava o peito forte e o abdômen trincado e uma calça jeans com rasgos nos joelhos.
− Oi – sorriu.
− Oi – André respondeu, casualmente.
− Prazer, William.
− Ah, prazer... – ele estranhou. – André.
− Sabe, eu estava te observando há um tempo, e resolvi chegar em você. Eu me interessei em você – e mordeu o lábio inferior.
− Obrigado, mas tudo que eu menos quero é me relacionar com homens. Mesmo que seja só sexo.
William sorriu.
− Ora, posso fazê-lo mudar de opinião – replicou, segurando o rosto de André e beijando sua boca. Afastou o rosto.
− Escuta, eu... – André vacilou. A moça chegou com seus pedidos e lhe entregou. – Eu vou voltar para minha mesa. – Ele deu as costas, mas William o segurou pelo braço.
− Espere. Ao menos, passe-me seu número. – E emendou: − Para conversarmos por WhatsApp.
− Hmm... – André só queria sair dali, e por isso fez o que William pediu. Buscando uma caneta no balcão e um guardanapo, ele escreveu seu número e o entregou ao moreno.
− Obrigado. Mais tarde te chamo.
− T-Tá – gaguejou e saiu.
Ao sentar-se à mesa, André olhou para trás e viu William deixar a sorveteria.
*
Filipe chamou Yann para sair.
Não desistiria de seus sentimentos tão facilmente. E, naquela noite, Filipe pretendia algo a mais. Nem que fosse só aquela noite, ele iria para a cama com Yann Carlos. Os dois foram a um parque, onde jogaram, ganharam alguns prêmios e comeram pipoca, algodão doce e picolé.
− Estou me sentindo uma criança – admitiu Yann.
− Somos dois.
− Estou me divertindo pra caramba! Faz tanto tempo que não vinha ao parque.
− Eu também. – Os dois sentaram-se num banco de frente a um lago. – Estava pensando. Em menos de um bimestre, acaba nosso ano escolar. Adeus, Ensino Médio. Olá, faculdade. O que você pretende cursar, Yann?
− Contabilidade. E você?
− Agronomia. Negócio de família.
− Mas você curte?
− Muito. – Filipe resolveu perguntar: − Vamos continuar nos falando, caso formos para universidades diferentes?
− Nos falando, sempre. Contudo, nos vendo é que não será tão frequentemente. Vai cursar onde?
− Ainda não sei. Quero uma Federal.
− Ah.
− Ou! Bora jogar lá em casa? – Filipe convidou.
− Seus pais não ligam? – Yann olhou o relógio do celular. – É quase meia-noite.
− Eles foram viajar e o Thiago está na casa de amigos. Tenho a casa toda para mim.
− Ué, bora então!
Enquanto Filipe e Yann iam embora, encontraram-se com Léon e Thomaz sentados em um banco. O mais velho abraçava o menor pelos ombros, acolhendo-o com seu perfume, enquanto Thommy alimentava os patos do lago.
− Gente, que casal mais romântico – brincou Yann.
− Bom encontrar vocês também – retrucou León. – Agora, se nos dão licença, estamos num momento íntimo. Custei fazer o João Pedro deixar o Thommy passar a noite toda comigo.
− Calma, Leo – pediu Thomaz, deixando seu saquinho de pedaços de pão no banco. – Boa noite para os dois. Noite bonita para se divertir com quem se ama, né?
− Uhum – concordou Yann, e Filipe devaneou. – Estamos indo jogar na casa do Filipe agora – riu. – Já nos divertimos muito por aqui. Não querem ir? Er... Se o Filipe não se importar!
− Não – mentiu. – Topam?
− Ué, por que não? Eu... Ai! – León olhou para Thomaz, que lhe dera um beliscão no braço.
− Não, obrigado. Vamos ficar mais um pouco.
− Ah... Então, tchau – disse Yann.
− Tchau.
Quando os dois já estavam longe, Thomaz olhou para León com um sorriso no rosto.
− Já entendi. E também acho.
− Hihi! Os dois são fofinhos juntos.
− Só espero que ambos sejam versáteis. Sei que o Yann é ativo.
− Como você sabe disso? – Thomaz fechou a cara.
− Sabendo.
− Bom, esquecendo a vida deles na cama, que tal focar na nossa? – Thomaz permitiu-se um sorriso lascivo e León estremeceu.
*
“Eu sou muuuito ridículo”, André pensou. Enquanto assistia a uma série na Netflix, aguardava a mensagem do tal William, que disse que o chamaria “mais tarde”, e até então nada. Uma e vinte dois da madrugada e o celular apitou.
− É ele! Mas... por que estou tão eufórico?
William: Eai, gato?
André: Oi, tudo bem?
William: Tudo sim. E com vc?
André: Também.
De repente, André recebeu uma foto. Baixou a imagem e engasgou ao ver um pênis ereto. Uma nude? O que faria agora? O que deveria dizer? Se é que havia algo a ser dito.
William? Mandei meu pacote, agora envia o seu. Uma foto desse traseiro gostoso que to a fim de foder! Vai... Manda nudes!
O que André deveria fazer? Estava atônito. Nunca havia acontecido algo assim antes. E então? Ingrid não atenderia o telefone a essas horas e João Pedro nem se importava mais com ele. Perguntar uma coisa dessas a seus pais também estava fora de cogitação.
E agora?
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