História Um amor por Shakespeare - Treinos e reflexões

O sol entrava pela fresta que a persiana do quarto deixava, sempre detestei o modo em que o sol entrava pelo pequeno buraco que batia justamente em meus olhos,  viro-me para o lado tentando tapar aquela luz incômoda, mas de nada adiantava o sol atrapalhava e minha mente estava um turbilhão de pensamentos. Hoje fizera mais um ano que meu pai morreu, e aquilo me magoava todo ano, repetidamente.

Meu relógio despertou novamente, já era a quinta vez que isso acontecia, impaciente minha mãe bate á porta, me dizendo para levantar rapidamente pois já estava atrasada. Levanto apressada e visto a primeira  roupa que vejo,  desço as escadas correndo com a mochila nas costas, sem querer acabo por tropeçar em Luke e quase cair, mas por sorte seus braços musculosos me seguraram.

-Obrigado meio-irmão favorito. - dou um sorriso e ele lança uma piscadela.

-Já estamos a sair, pegue tudo que precisares, hoje o treino vai até mais tarde... Então você sabe, mais tempo para esperar. - ele grita, devido ao fato de já estar na cozinha. Grito um O.K em resposta e retorno ao meu quarto pegando meu livro preferido, A Megera Domada, simplesmente o melhor, e meus fones de ouvido que tinha esquecido. Visito o lavabo e então sim estou pronta para descer e ir a escola, Luke está a tirar o carro da garagem, então grito apenas um adeus a todos e saio de casa.

Durante todo caminho Luke relata sobre como anda os jogos e eu apenas acinto, afinal nada do que ele fala sobre esse assunto eu entendo, depois de quilômetros andando da casa vitoriana em que moramos no interior da cidade até a nossa escola, e após muitos comentários sobre futebol americano, finalmente chegamos a velha e boa (mentira) escola. Luke estaciona o carro e termina de me contar alguma piada que nem presto á atenção, mas lanço uma risada obrigatória, aponto para um garoto no time de Luke que me lança um olhar desafiador e levanta suas sobrancelhas, dou de ombros e pergunto se não posso ser curiosa.

-Kyle Stenford, um ano mais velho que você, que eu saiba solteiro, mas você não é para o bico dele! - responde enfatizando a última parte.

-Você que está a dizer. - dou a língua, o mesmo pega ela e puxa, grito de dor e Luke diz.

-Que nojo essa língua babada... - e limpa sua mão na camisa do time.

-Está bem! Agora falando sério, o que você quis dizer com, ele não é para o seu bico?

-Ai, como você complica, não vem me perguntar nada sobre ele, a gente é amigo a pouco tempo e você é minha irmã, não é legal falar sobre isso com você, então vamos que você tem aula e eu também. - bufo e ele bate em minha perna, dou um murro em seu braço que nem é sentido por ele ser mais forte que eu, passa pelo time e Mike assovia e olho em sua direção.

-Nem liga mais para os amigos. - ele faz cara de indignado.

-Oi. - reviro os olhos e lhe dou um abraço.

-Meu Deus, cara por que ninguém me disse que Mike está pegando alguém que não é imaginário e ainda por cima é gostosa. - um garoto que não conheço diz.

-Cala a boca... É minha irmã. - Luke ameaça o garoto.

-E ele meu melhor amigo. - reviro os olhos. -Tenho que ir para a aula. - saio do abraço de Mike e coloco meus fones de ouvido, durante todo o caminho  ouço All Of The Stars e cantarolo a música na minha mente. Entro dentro da sala e sento na última classe em silêncio, então do nada surge Melissa, minha segunda melhor amiga.

-Oi megera. - ela da um aceno com a cabeça.

-Oi Mel. - reviro os olhos.

-Você está mal... com... bem... você sabe... seu pai e tudo mais?

Melissa tinha o pequenino problema em ser direta e indiferente às vezes.

-O que você acha?!

-O.K., nada de papos hoje, entendi! - ela vira para frente e passa todo o resto da aula de filosofia assim. Na verdade eu mesma fico quieta durante todas as aulas e na hora do intervalo dou uma desculpa qualquer e vou para uma lanchonete perto almoçar sozinha, eu só precisava refletir, de novo...

Quando bate para o final da aula vou para o ginásio externo e sento em um dos bancos desconfortáveis, MIke acena e eu devolvo, vi que Kyle me encarava nesse momento, mas decidi não prestar á atenção e voltar a meu livro. No final do treino Luke e eu fomos embora, ele sim era o único que me fazia rir, ele transformava meus dias obscuros.