História Um amor silencioso (Gaara) - Sentimentos

Ao acordar continuei a sentir um certo desconforto pelo meu corpo.

Por que estou tão dolorida? Eu nem lutei. 

Ao abrir os olhos, sinto uma mão apertar a minha e eu retribui, apertando-a de volta. 

— Gaara. — o chamei, sem nem mesmo ver seu rosto, eu sabia que era ele. 

— Que bom que você está bem. — falou me fazendo sorrir. — O Sasuke fez isso? — neguei. 

— A marca da maldição. Ela ficou forte demais e... — como posso contar a ele que quase fui junto com o Sasuke? — Foi igual aquele fez, pareceu que era impossível respirar. 

— Ainda assim conseguiu trazer o Naruto a salvo. — ele sorriu. — Você é bem forte sabia? — tocou meu pescoço. — Será que não tem uma maneira de se livrar disso? Essa marca só tem dificultado a sua vida e feito você sofrer. 

— Eu acho que só o Orochimaru pode tirar a marca e convenhamos, ele não irá fazer isso. — ou o Itachi, ele descobriu como tirar a marca do Sasuke. Mas eu duvido que ele me ajudaria nisso. 

Isso se eu o encontrar. E ele não me torturar em seu genjutsu para manter a posse de vilão. 

— E como estão o Naruto e os outros? — perguntei e Gaara coça a nuca. 

— Naruto ainda está fraco, mas está se recuperando rápido. Eu acho que ele está mais deprimido por ter falhado do que pelos ferimentos. — contou-me. — Kiba deve alguns ferimentos não muito graves e está se curando, Shikamaru e Lee só sofreram alguns leves arranhões. 

— E quando ao Neji e o Choji? — certo eu já sabia que eles ficavam bem, mas ainda assim me preocupava. 

O que me deixa agonia, é que aqui as coisas acontecem como no anime, com certas diferenças. Minha presença bagunça tudo e eu tenho medo que isso faça com que pessoas que não deveriam morrer morram. 

— Ainda não sei dizer, pelo que ouvi eles irão passar por uma cirurgia, estado grave. — aperto sua mão. — Eles vão ficar bem. — tenta me consolar. 

— Eu sei, eles são fortes. — forço um sorriso. 

— E quanto a você? — perguntou preocupado. 

— A dor está sumindo. — todo o pescoço. — Nem cheguei a lutar, mas quando me aproximei do Sasuke a marca da maldição, mesmo selada me tomou. Acho que era Orochimaru me impedindo de deter o Sasuke. — fazia sentido, pois quando eu quase fui com o Sasuke, a dor cessou e só voltou quando eu decidi ir contra ele novamente, a marca voltou a me infernizar com aquela dor. 

— Ainda acho que deve ter uma maneira de livrar você dessa marca. — murmurou Gaara. — Odeio ver você fraca assim, eu fico desesperado. — admitiu. 

— Eu espero que não aconteça de novo. — murmurei. — Aliás, agora que somos aliadoa da Folha de novo, podemos ir ao Ichiraku né? — ele ri. 

— Você está internada e a primeira coisa que pensa é comida? 

— Não é qualquer comida, é lamen! — ele sorri. 

— Prometo que assim que receber alta vamos ao Ichiraku, mas não exagere. 

— Pode deixar. — levo a mão a testa em sinal de respeito, ele ri. — Aliás, você já pensou? 

— Pense o que? 

— Na proposta dos ministros. — ele desvia o olhar. — Você não quer?

— Eu nunca quis ser o kazekage, nunca nem cogitei isso. Admito que é uma oportunidade única e acho que não seria tão ruim assim. 

— Mas... 

— Mas a vila me odeia. Quais a chances de dar certo um kazekage que a vila desaprovaria?

— Mostre a eles que estão errados, que você é digno do cargo mais do que qualquer um deles. Mostre a eles quem realmente é Gaara Sabuko. Ou Gaara do Deserto, o que preferir. — ele sorri. — Ou o Quinto Kazekage Gaara. 

— Não sei não... 

— Eu ainda acho que você seria o maior kazekage da história. 

— Kazekage? Prevendo o futuro de novo Millie? — Kankuro entrou no quarto acompanhado de Temari. 

— Prefiro minhas previsões as suas! — digo me lembrando da possível paixão do Gaara por mim. 

Ah! A tensão da missão me fez esquecer disso por um instante. 

— As minhas previsões fazem total sentido, Princesa do Gelo. — ele piscou para mim. 

— Precisões? — perguntou Gaara. 

— Bobagem do Kankuro, nada demais. — me apressei. 

— Você está melhor? — para meu alívio Temari perguntei e afirmei. 

— Que cara emburrada é essa? — perguntei a ela. 

— Tive que dar um choque de realidade em um bebê chorão. — disse Temari. 

Acabo sorrindo. Shikamaru ficou mesmo desesperado em achar que tinha perdido seus amigos. 

— Por que está sorrindo? — perguntou Temari. 

— Você está falando do Shikamaru, não é? — ela afirma. — Eu acho que vocês combinam. 

— Oi? — os três irmãos Sabuko dizem juntos. 

— Nem pensar, a Temari não tem nada haver com aquele cara. — disse Kankuro. 

— Exatamente! Ele é um bebê chorão preguiçoso e irritante. — recrutou Temari. 

— Você foi um pouco longe dessa vez Millie, a Temari e o Shikamaru... Não tem nada haver. — disse Gaara e eu quase ri. 

Aiai, esperem uns anos... Esperem mais alguns anos... 

— Viu? Ninguém concorda com você. — Kankuro resmungou. 

— Engraçado é que eu você tá doido para casar e a Temari não? — cruzo os braços. 

— É diferente, você e ele tem tudo haver. — Kankuro se defendeu e eu ri. 

— Ele? Ele quem? — Gaara perguntou confuso. — Você quer casar a Millie? Tá ficando maluco? 

— Eu é que estou cercada de malucos. — resmungou Temari. — Eu não disse para você deixar ir naturalmente, Kankuro? — perguntou Temari. 

— Eu não fiz nada demais. — deu de ombros, antes de levar um soco da Temari no topo da cabeça. — Ai! 

— Não se intrometa nisso Kankuro! 

— Por que eles estão brigando? — Gaara sussurrou para mim. 

— Eles são irmãos, ainda não percebeu? — brinquei com ele. — Irmãos brigam o tempo todo. 

— Eu nunca brigo com eles. 

— Você não briga com eles por dois motivos: Primeiro, você é o bebê deles. Segundo, você tem medo de que uma briga ou algo do gênero faça eles se afastarem, tem medo da rejeição. — ele cora. 

— Como é? — Temari pergunta se afastando do Kankuro. — O que faz você pensar que nós te largariamos se ouvesse uma briga? 

— Eu... 

— Ora Gaara, não existe motivo para se preocupar com isso. Quando vai entender que é nosso irmãozinho e irmãos não são descartáveis? — perguntou Kankuro com mãos na cintura. 

— Certo que as vezes irmãos são irritantes, como certas pessoas. — disse Temari entre olhando para Kankuro. — E as vezes da vontade de matar, mas é assim mesmo. Você quer matar seu irmão, mas se outra pessoa tocar nele você vira uma fera. — Temari puxou Gaara pela gola da camisa. — Então não pense que vai se livrar da gente, entendeu? 

— Sim... — ele afirmou e ela o largou. 

— Acho bom! — Gaara sorriu e vi seus olhos marejados. 

Mesmo com o passar dos anos, ele ainda se assusta com demonstrações de carinho. E nesse momento, Temari foi fofa como nunca. 

Bom... Ela foi fofa ao estilo Temari de ser. 

Ficamos alguns minutos conversando até um médico entrar no quarto e não demorou para eu ser liberada do hospital. 

Percebi que Gaara não contou aos irmãos sobre a proposta de ser o próximo kazekage. 

Enquanto caminhavamos, meu estômago roncou. Eu corei e meus amigos riram. 

— Eu prometi para a Millie que daríamos uma passada no Ichiraku. — contou Gaara. 

— Certo, vamos lá. — disse Temari. 

— Não vai dar. — disse Kankuro. 

— Ué, por quê? — Temari cruzou os braços. 

— Você prometeu que iríamos as fontes termais. E eu tô sem fome. 

— Quando foi que eu prome... — ele chutou de nele o pé da Temari e olhou de uma maneira nada discreta para mim e para o Gaara. 

Temari então revirou os olhos. 

— Ah é, como eu pude esquecer disso. — falou ela entrando no jogo. — Vão sem nós, vou levar o Kankuro as fontes termais, já que o bebezão aqui não consegue ir sozinho. 

— Vocês querem... 

— Queremos que vocês pegam uma tigela de lamen para a viagem. — disse Kankuro e acena, puxando Temari. — Nos vemos para tarde. 

Essa definitivamente foi a tentativa mais idiota - e indiscreta - de me deixar sozinha com o Gaara. 

Me pergunto se o Gaara percebeu as intenções de Kankuro. 

E pelo seu rosto corado, sim, ele percebeu. 

— E então... Vamos? — perguntou Gaara veio envergonhado. 

— Vamos. E no caminho você me conta o porquê não contou aos seus irmãos sobre a proposta dos ministros.

— Eu sei lá... É que eu acho que não vou aceitar e se eu contar a eles, Temari e Kankuro diram que eu preciso aceitar. — disse Gaara cabisbaixo. 

— Igual eu estou fazendo? — ele afirma envergonhado. — Desculpa se você se sente assim, mas você realmente não consegue ver um lado bom nisso? 

— Ser um kazekage que será odiado por toda a vila, precisar ficar olhando documentos o tempo todo, transformar meus próprios filhos em armas vivas e quando achar que eles são uma falha decidir mata-los? Formar alianças com nukenins secretamente para manter a vila forte e exagerar nos impostos para ficar com os lucros ao invés de ajudar as pessoas da aldeia? Não obrigado, ser kazekage não é para mim. 

— Ah, entendi. — enfim chegamos ao Ichiraku, mas paremos na frente antes de entrar. — Você não está com medo de se tornar kazekage, está com medo de se tornar o seu pai. — Gaara suspirou. — Hum... — toquei o queijo pensativa. Então olhou para o monumento dos hokages e apontei para lá. — Está vendo o monumento. 

— Com os rostos do hokages? — afirmei. — Sim, por quê? 

— Primeira Hokage, foi ele que controiu a Vila da Folha e embora nenhum kage de qualquer geração que seja vá admitir, foi por causa disso que as outras vilas foram fundadas. Alguns clãs se inspiraram no Primeiro Hokage para fundar suas vilas. Ele era conhecido como o Deus Shinobi, foi muito poderoso e enfrentou um dos mais perigosos ninjas que já existiu, Madara Uchiha. Ficou conhecido por sua força e sua paixão pela vila da Folha. 

— Tá, mas o que isso tem... 

— Segundo Hokage, irmão do primeiro, fundou a força policial da folha para que os cidadãos possam ser protegidos enquantos os shinobi então fora da aldeia em missões. Morreu em batalha para proteger a vila. — contei a ele, certa eu não sabia muito sobre o Tobirama, só que ele fodeu com a vida dos Uchiha gerando a rebelião mais tarde, que resultou no massacre. 

— Tá mas... 

— Terceiro Hokage, foi noado hokage ainda jovem, treinou os Três Sannins Lendários da Folha. Viveu a vida para proteger sua aldeia e morreu para impedir que o Orochimaru a destruisse. — e andava pela vila fumando seu charuto. — Quarto Hokage, foi quem ficou menos tempo como hokage, mas se mostrou que era digno do posto. No período da Terceira Guerra ficou conhecido como Relâmpago Amarelo, qualquer um que o afastasse tinha ordem de fugir imediatamente. E quando a Raposa de Nove Caudas atacou a Vila da Folha, ele não parou de lutar até que a raposa fosse detida. Deu sua vida pela aldeia da folha. — e é o meu hokage preferido, pensei. — E temos a recém nomeada Quinta Hokage, ela é uma das Três Sannins lendárias! Preciso dizer mais alguma coisa? 

— Como você sabe de tudo isso? — perguntou surpreso. 

— Eu gosto de livros de história. — menti. Espero que ele não me pergunte sobre os kazekages, pois eu só sei que o Quarto Kazekage é um idiota e o Terceiro Kazekage foi morto pelo Sasori. — A questão é que, todos eles são diferentes. Seu pai era um grande idiota, um verdadeiro filho da mãe, mas ele fez o que achou ser certo para a vila. Errou feio? Com certeza, mas fez o que acreditava que o kage deveria fazer. Você vai ser melhor do que ele foi. 

— Eu... — olhou para o monumento e abaixou o olhar. — Eu prometo que vou pensar. Agora, vamos comer? — afirmei. Ele não quer falar sobre isso agora. 

— Tudo bem, vamos. Mas você não foge desse assunto mais tarde. — ele afirmou.

Não demorou muito - na verdade não demorou nada - para que nós esquecessemos disso e de qualquer outra coisa. Ficamos apenas comento e gargalhando por qualquer idiotice. 

E quando eu parei de rir, me peguei olhando para o Gaara rindo e paralizei. Emocionada? Feliz? Eu não sei dizer. 

Mas pensei já sorte que tenho por sermos amigos. Por ele confiar tanto em mim.

Eu o amo, sei disso, sempre foi um personagem que amei muito. Mas... 

Eu ficava desse jeito que estou agora admirando seu sorriso? Eu ficava com as pernas bambas e o coração acelaracelarado em toda cena que ele aparecia?

Quando ele para de rir e me olha com um largo sorriso, eu finalmente percebo. 

Não sei se Kankuro estava certo sobre Gaara ter sentimentos por mim, mas talvez eu tenha sentimentos por ele. 

Acho que meu coração está prestes a me atrair e a única chance de impedir isso é me afastar de Gaara imediatamente. 

Mas como posso fazer isso, se ficar perto dele parece ser a única coisa certa a se fazer?

Desvio o olhar voltando a atenção ao lamen. Será o que estiver acontecendo, vai ser como é para ser. 

Eu não vou me afastar do Gaara. Eu só espero que isso não destrua nenhum coração. 

E espero jamais acordar desse sonho, se aquela ideia do coma ainda existir.