Já era tarde da noite, e Luca já estava em sua casa. Não conseguia parar de pensar no Franjinha, e os pensamentos o deixavam inquieto. Sentia vontade de se distrair com alguma coisa. Porém, como haviam o deitado para dormir, não poderia fazer nada para esquecer.
Não gostava de sentir aquelas emoções. Ainda era uma criança, tinha apenas 13 anos, e teria todo o tempo do mundo para sofrer por aquilo... mas sabia, desde cedo, que tinha uma mentalidade um pouco mais avançada. Ou ao menos pensava que sim.
Continuou pensando em Franjinha por um longo tempo, até adormecer.
Estando meio sonolento, apenas assentiu. A mãe o carregou até a sua cadeira de rodas, colocou-o sentado e a levou até a cozinha.
Como era de costume, um cheiro agradável de comida caseira emergiu da cozinha. Sua mãe regularmente ia à padaria de Quinzinho e trazia muitos salgados saborosos de lá. Luca pegou um pão e o devorou. Então, lembrou-se de uma das novas modificações que Franjinha havia instalado em sua cadeira de rodas, e prontamente resolveu mostrá-la à sua mãe.
- Olha, mãe! - pressionou um botão laranja, e duas garras mecânicas saíram do meio das rodas. - o Franjinha chamou essa função de "Alimentadora 3000"!A mulher sorriu, surpresa e levemente assustada com a novidade.
- Uau... e ela... ela funciona?Os dois braços tecnológicos pegaram pães da mesa, e os levaram até Luca. Depois, repetiram o ato e entregaram a comida à mãe. Porém, ao invés de entregá-los, eles os jogaram para longe. Em seguida, pegaram mais comida e continuaram arremessando-as para longe, criando um caos na cozinha. Sua mãe cobria a cabeça com os braços, tentando desviar dos ataques, enquanto Luca tentava parar.
- Luca, desliga isso!O garoto pressionava repetidamente o botão, mas isso apenas acelerava a máquina, que continuava fazendo uma enorme bagunça com a comida. Por sorte, a janela da cozinha estava fechada. A mãe se escondeu embaixo da mesa, conforme as mãos começaram a se mexer pelo cômodo procurando por comida. Vendo que apertar não funcionava, ao invés de poucos cliques repetidos, Luca pressionou o botão e manteve o dedo segurando por um tempo. Logo, as garras soltaram duas empadas que haviam pego e caíram ao lado da cadeira de rodas. O lugar, como era de se esperar, estava completamente sujo.
- Mas que história é essa, Luca?! - sua mãe esbravejou, engatinhando conforme saía de baixo da mesa - então, seu amigo fica colocando coisas na sua cadeira para você sujar tudo assim?
- Não, mãe... - sentia uma decepção, somada à uma tristeza, consumi-lo por dentro. Os olhos lacrimejaram, mas Luca não chorou. - era para ser algo legal, não desastroso...
Suspirando fundo, a mulher tentou se acalmar.
- Eu vou dar um jeito de limpar isso tudo. E quanto a você, escove os dentes e saia por um tempo. Dê um jeito de remover isso da sua cadeira de rodas. Entendido?Luca apenas assentiu em silêncio, novamente. Saiu da cozinha, cabisbaixo, escovou os dentes e saiu de casa. A caminho do laboratório, encontrou Mônica.
- Ei, Luca...E como um passe de mágica, o sorriso alegre se tornou melancólico.
- Amigos, Luca?... - olhou para baixo e deu uma risadinha abafada - sou a sus amiga... - saiu de perto dele, cabisbaixa.Chegando ao laboratório, Luca encontrou Franjinha mexendo na máquina do tempo.
- Franjinha? O que está fazendo? - entrou, deixando a porta aberta.Uma tristeza consumiu Franjinha, que tentou esconder com um sorriso fraco.
- Entendi... bom, irei removê-la para você. Espere só um segundo...Franjinha foi até Luca e colocou seus braços ao redor da costa e nas pernas, preparando-se para levantar o garoto. Porém, no exato momento, ouviram uma voz muito familiar:
- VOCÊ VAI VER, SEU MOLEQUE!!!Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
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