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História Um café, por favor. (Minsung . Changlix . 3in . YoungChanK) - . I Still Love You


Escrita por: mikarawr

Notas do Autor


Oie pudinzinhos do meu kokoro 🍮💖

Como estão? Se cuidando direitinho? Nada de ir pra praia viu! Precisamos ficar em casa e evitar a propagação do COVID-19 hein

Hehehe, boa leitura! ♥

Capítulo 27 - . I Still Love You


Fanfic / Fanfiction Um café, por favor. (Minsung . Changlix . 3in . YoungChanK) - . I Still Love You

O filme que escolheram para assistir tinha um pouco mais de uma hora e meia de duração.  Quando terminou, eram quase onze horas da noite. Depois daquele encontro inesperado com Hyunjin, e daquela notícia no mínimo “bombástica” sobre o relacionamento à três, os garotos – no caso, Seungmin, Jeongin, Felix, Jisung e Younghyun – se reuniram na praça de alimentação do shopping.

Os dois irmãos optaram por pegar cada qual um sanduíche natural; Jisung já partiu para algo doce logo de cara, no caso um cheesecake de chocolate; Felix ficou com seu hambúrguer caprichado e cheio de bacon; e Younghyun com certeza passou bem longe do Burger King porque já basta os apelidos que recebe por conta disso, então para ele uma batata grande recheada com peito de frango e queijo cheddar foi o suficiente.

Eles comeram devagar, conversando sobre vários assuntos durante esse tempo. Claro que o principal deles foi a relação de Seungmin e Jeongin com o Hwang, mas também conversaram sobre a aliança de namoro que Jisung ostentava no anelar direito; a casa nova onde ele em breve iria morar com Minho e também acerca de Younghyun e seu trabalho. Aliás, outra coisa que também foi objeto de conversa entre aquele grupo de garotos, fora a semelhança física entre o Kang e o Han. Felix chegou a colocar os dois lado a lado para comparar, e podia jurar que eram pai e filho ou no mínimo irmãos mais velhos.

Sobre Younghyun mais especificamente, Jisung novamente insistiu em saber porque ele estava tão para baixo recentemente, e apesar de o Kang não querer falar muito sobre aquilo, no final a companhia de seus amigos lhe fez ceder à insistência do esquilo preocupado e acabou desabafando com eles. Digamos que foi uma baita surpresa para Jisung, Seungmin e Jeongin descobrir acerca do passado que Younghyun tinha com Chan, e teriam dado vários beliscões em Felix – o único que sabia acerca disso – por não lhes ter contado antes, não fosse o Kang mais velho dizer que foi melhor o ruivo ter mantido boca de siri até agora.

Younghyun era o mais novo integrante – não em idade, é claro – daquele círculo de amigos, e apesar de já conhecer Felix há uns anos, nunca teve uma relação verdadeiramente próxima com ele. Somente agora se tornaram amigos de verdade, ao ponto de conversar sobre assuntos pessoais e do cotidiano, se importando como foi o dia um do outro e coisas do gênero. Logo, Felix não sair por aí contando para todo mundo sobre o passado do Kang e do Bang foi mais uma questão de respeito e decência. E bom, a razão pela qual Younghyun estava triste e para baixo nos últimos dias era exatamente por isso: Christopher Bang.

Depois daquela conversa dias atrás que Younghyun e Chan trocaram na cafeteria do hospital, em que o Kang não só pediu perdão à ele, como também revelou que ainda o amava, os dois não mais se falaram. Por diversas vezes Younghyun se pegou encarando a tela do celular no contato aberto do Bang, sem coragem para ligar ou mandar uma mensagem. Em verdade, depois daquelas palavras ásperas – para dizer o mínimo – do mais novo, Younghyun sentiu-se morto por dentro, mais do que já esteve nos últimos anos de sua vida desde que se separou de Chan.

Foi bom para ele desabafar isso com os meninos, algo que já vinha trancando dentro de si nas últimas semanas e que estava lhe fazendo cada vez mais mal. Não conseguia dormir direito; se esquecia de comer porque não sentia fome alguma; focou apenas no trabalho e deixou de se preocupar consigo mesmo e com seu bem-estar.

Enfim. Younghyun estava com o coração despedaçado e aquela noite de cinema com seus amigos – que passou a ver praticamente como filhos – era exatamente do que ele precisava para se animar um pouco. De longe, teve a melhor noite de sono desde o reencontro inesperado com o Bang no dia em que Jisung chegou no hospital com aquele corte na testa por conta do desmaio na cafeteria de Changbin.

Agora, Younghyun acordava com os raios de sol carinhosamente tocando seu rosto pelas frestas da persiana. No relógio, marcava seis e meia da manhã de um sábado. Ainda não estava quente, em verdade o clima parecia bem agradável, fresquinho e ideal para uma caminhada no parque.

O Kang se levantou da cama, sentou-se na beirada e se espreguiçou vagarosamente. Olhando para o lado, viu na tela do seu celular sob o criado mudo a notificação de uma mensagem no correio de voz e de uma ligação perdida. Por hora resolveu deixar aquilo de lado e apenas saiu da cama para higienizar-se.

Tomou um banho simples; escovou os dentes e vestiu uma roupa confortável, que se resumiu à uma bermuda de malha cinza escuro com uma listra larga em cinza claro em ambas as laterais; uma camiseta preta e não muito colada no corpo; e é claro uma cueca boxer. Younghyun não era como certas pessoas – vulgo Lee Minho – que dormem ou até mesmo saem de casa sem cueca. Lembra-se que quando Jisung lhe contou acerca disso em uma tarde na cafeteria do Changbin quase se engasgou com o chá que tomava, mas que isso lhe rendeu boas risadas era inegável.

Depois de se trocar e escovar os dentes, ele foi até a cozinha tomar um café da manhã não muito carregado. Contentou-se com duas fatias de torradas na manteiga e um copo grande de suco de laranja. Comeu devagar assistindo ao jornal da manhã que passava na televisão. Teria limpado a bagunça que fez para comer antes de sair, mas morar sozinho por tantos anos deixou ele um pouco desleixado quanto à esse tipo de coisa.

Olhando para o relógio digital na parede, viu não passar das sete e vinte da manhã. Aquele era um dos raros sábados em que conseguiu uma folguinha do hospital, e como o clima estava agradável, Younghyun decidiu sair para caminhar. Assim, calçou um par de tênis confortáveis da Adidas; pegou as chaves do apartamento; uma garrafinha de água não muito grande e saiu porta à fora.

O Parque Ecológico não ficava muito longe de onde morava. Em pouco menos de dez minutos de caminhada e já havia entrado pelos portões da Área Leste e tomava o caminho de cascalho por entre as árvores. Se quisesse, poderia ir pela pista de corrida atlética, onde ciclistas e outros pedestres transitavam, mas hoje Younghyun queria se isolar um pouco e apenas aproveitar a calmaria do bosque e da brisa.

As árvores não eram amontoadas, havia uma boa disposição entre elas então não dava aquela sensação de floresta densa e apertada. Além disso, pela época do ano os tons de verde misturavam-se com as pétalas coloridas das flores que também enfeitavam alguns pontos do caminho. A cada quinhentos metros aproximadamente havia um conjunto de bancos sob a sombra dos galhos mais frondosos, onde os visitantes costumavam sentar para descansar.

Depois de andar por meia hora – o que daria metade da extensão daquele trajeto, considerando o tamanho do parque –, Younghyun decidiu dar uma parada e descansar em um destes bancos. Assim que se acomodou, tomou o restante da água que tinha em sua garrafinha, franzindo o cenho ao ver que não era o suficiente para matar sua sede, mas tudo bem... A vista que tinha dali compensava isso: Um extenso gramado verde que ia até onde os olhos alcançavam, com diferentes árvores preenchendo os espaços e desenhando sombras no chão sob os raios de sol. Para melhorar, uma brisa calma atravessava entre os galhos das árvores e lhe alcançava, esvoaçando levemente seus cabelos negros.

Younghyun respirou profundamente aquele ar puro, esticando os braços para os lados e apoiando-os no encosto de trás do banco. Inclinou a cabeça para trás também, fechou os olhos e aproveitou aquela sensação de paz muito bem-vinda. Ainda segurava a garrafinha de plástico agora vazia em uma das mãos, e uma vez ou outra batia ela distraidamente contra a madeira do banco, relaxando sob o som das folhas ao vento e dos pássaros mais ao longe.

– Uh-grum... Posso me sentar?

Foi o pigarrear de alguém que trouxe sua mente de volta – seja lá para onde tenha ido –, e assim que seus ouvidos reconheceram aquela voz, seu corpo mais do que imediatamente reagiu a ela. Seus batimentos cardíacos aceleraram; os olhos se abriram e sua cabeça virou-se na direção do interlocutor. Custou a acreditar na imagem familiar que via na sua frente, mas logo se ajeitou no banco para dar espaço àquele homem de cabelos loiros.

(...)

Não era comum para ele acordar sem ter que imediatamente começar a trabalhar. A solução para os problemas mais pessoais da sua vida sempre foi, durante muitos anos, se sobrecarregar de trabalho e tentar esquecer todo o resto – ou pelo menos aquilo que não tinha força de vontade para enfrentar –. Não tardou a chegar em um ponto em que nem mesmo ele sabia o que fazer com seu raro tempo livre quando não tinha que se preocupar em agenciar seus atores e modelos.

No dia anterior, chegou em casa tarde da noite como sempre, e cansado é claro. Nem mesmo pensou em tomar banho antes de dormir, só foi direto para a cama e se deitou. Contudo, assim que colocou a cabeça no travesseiro seu sono sumiu de repente e ele ficou horas a fio olhando para o teto, pensativo. Não sabe exatamente por quanto tempo ficou desse jeito, mas em um dado momento ele decidiu apanhar seu celular e abrir o contato daquela pessoa – algo que vinha fazendo muitas noites seguidas – e ficou encarando a sequência de números enquanto decidia o que fazer. Se devia ligar; mandar uma mensagem; ou o que fosse. Das outras vezes, simplesmente desistiu e deixou o aparelho de lado, mas por algum motivo aquela noite foi diferente.

Ele clicou, e ligou. Ligou até chamar, mas ninguém atendeu. Tentou mais uma vez até finalmente se tocar de que era madrugada e provavelmente aquela pessoa estaria dormindo, mas quando seu cérebro finalmente raciocinou isso o correio de voz estava ativo há uns dez segundos. Como já tinha ligado mesmo e o recado seria gravado de qualquer jeito, ele decidiu por fim deixar uma mensagem – bem importante, diga-se de passagem – no correio de voz e depois disso tentou dormir, ao menos um pouco.

Pela manhã do dia seguinte notou que seu primo novamente não estava em casa, provavelmente dormiu no apartamento do namorado de novo, então Chan estava sozinho, para variar. Acordou bem cedo, graças ao seu relógio biológico – infelizmente –. Tomou um banho longo; vestiu-se com uma calça moletom fresquinha em um tom claro de verde musgo, junto de uma regata branca e uma cueca de igual cor. Não comeu nada, por não estar com fome, e ficou na sala assistindo o noticiário.

Achou que com isso já teria se passado pelo menos umas duas horas, mas ao olhar o relógio viu ser apenas sete e meia da manhã. Em um suspiro entediado levantou-se do sofá, decidido a sair e fazer alguma coisa útil. Assim, calçou um par de tênis confortáveis de cor marrom escura; apanhou as chaves de sua Range Rover; pegou uma garrafinha generosa de água dentro da geladeira; trancou tudo e saiu pela garagem, já dentro do carro.

Foi dirigindo meio sem rumo, ainda pensando no que fazer exatamente com aquela manhã, e foi quando passou em frente ao Parque Ecológico da cidade. Neste instante, lhe pareceu uma boa ideia parar por ali e dar uma caminhada, espairecer ao som de suas músicas. Podia correr também, algo que gostava de fazer, mas optou por tomar a trilha de cascalho que levava ao bosque, era mais calma, menos movimentada e ali ele poderia pensar.

Durante o percurso que fazia em passos não muito rápidos, mas também não tão lentos, Chan não conseguiu afastar sua mente de um único pensamento: Younghyun. Depois daquela manhã na cafeteria do hospital, ou melhor, depois do primeiro reencontro que teve com o único amor da sua vida no fatídico dia em que foi de atrás de Minho no hospital quando Jisung esteve lá pela primeira vez, ele simplesmente não conseguiu esquecer e deixar aquilo de lado.

Ele tinha sido grosso e um tanto estúpido com o Kang, isso era fato. Mas ele tinha motivos para agir assim. Chan não conseguiu controlar a raiva e o rancor que por tantos anos carregou consigo. Quer dizer, não era fácil para o Bang ter sido trocado, abandonado por quem jurou amor eterno, e ainda por cima depois de ter atravessado um oceano inteiro por ele.

Chan nasceu em Sydney, na Austrália, e morava lá quando conheceu Younghyun, quem fazia um intercâmbio de inglês para melhorar sua pronúncia no idioma – apesar de nascido no Canadá, Younghyun passou a maior parte da sua infância e adolescência na Coréia do Sul, então se quisesse estudar fora precisava melhorar seu inglês –. Foram seis meses que o Kang passou por lá, tempo suficiente para o Bang decidir que valia a pena atravessar o oceano e ir para a Coréia do Sul somente para ficar com ele.

Era difícil se manter em um país completamente diferente, mas poder ver o sorriso de Younghyun e dormir em seus braços todos os dias já valia muito à pena. Logo, não ter a mesma, digamos, consideração por parte do Kang, que sequer pensou em discutir com Chan se ele deveria ou não ir para os Estados Unidos estudar Medicina, ou ainda cogitar a possibilidade de manter um relacionamento à distância, foi como uma traição para o Bang.

Não era fácil apagar uma mágoa dessas assim da noite para o dia. Mesmo após tantos anos terem se passado, ela ainda estava ali presente, torturando ele. Na verdade, ter descoberto com aquela conversa na cafeteria do hospital que Younghyun não só havia lhe deixado em segundo plano, como também voltado para a Coréia do Sul há aproximadamente dois ou três anos e nunca sequer pensou em lhe procurar, tornou sua mágoa ainda maior. Quando se deu conta, já tinha falado todas aquelas palavras... “Ásperas” para o mais velho.

Arrependia-se disso agora? Bom, era exatamente isso que estava lhe dando ainda mais insônia e durante todas essas semanas não teve coragem de ligar para o Kang ou ao menos mandar uma mensagem por sentir vergonha demais de si mesmo. Vergonha pelo que disse; por não ter controlado seus impulsos; e por tê-lo magoado com aquelas palavras. E isso durou até a noite anterior, quando finalmente decidiu ao menos deixar aquela mensagem no correio de voz.

Enfim. Perdido no meio desses pensamentos ele caminhava pela trilha de cascalho, sentindo a brisa fresca contra seu rosto bagunçando suas mechas loiras. Naquele momento, um feixe de sol atravessou pelos galhos de uma árvore e mirou diretamente em seus olhos. Aquilo fez ele sair de seu transe e instintivamente levar a mão ao rosto para protegê-lo da luz e assim que deu mais um passo à frente, saindo da mira daquele raio, sua visão normalizou, e foi neste exato momento que ele viu aquela pessoa sentada em um banco.

Sua expressão era serena, tranquila e pacífica. Seus fios tão negros como a noite mais escura pareciam brilhar sob os raios de sol, e a pele aveludada refletia a beleza característica que somente ele tinha. Chan sentiu seu coração pular dentro do seu peito como se o mandasse ir até lá, e foi exatamente o que ele fez. Não hesitou, não pensou na vergonha que sentia, nem na mágoa. Ele simplesmente foi até lá.

(...)

– Ah... Sim, claro. Pode se sentar... – Respondeu Younghyun, um pouco sem jeito e um tanto desconfortável. Surpreso também, pois de todos os lugares nunca pensou que encontraria Chan justamente naquele parque e por completo acaso. Tentou ao máximo virar o olhar para outra direção, mas não conseguiu manter os olhos desviados por mais do que alguns poucos segundos.

Chan sempre teve o poder de travar sua atenção nele, e Younghyun não tinha defesas contra isso. Ficaram apenas se encarando por longos segundos, como se apreciassem a visão um do outro, até que Chan finalmente quebrou o silêncio. Ele não sabia se Younghyun havia ou não escutado aquela mensagem de voz que deixou para ele na noite anterior, porém ainda assim decidiu conversar com o mesmo.

– Está com sede? – Apontou para a garrafinha vazia que ele segurava em mãos e então sorrindo ofereceu a dele, bem maior e ainda cheia de água. O Bang estava tão aéreo pensando em Younghyun que ainda não havia tomado um gole sequer. – Pega, pode tomar. Está fresca.

– Ok. – O mais velho assentiu e estendeu a mão para apanhar a garrafa, nisso seus dedos encostaram ligeiramente nos de Chan, quem ainda sorria para ele. Younghyun estaria mentindo se dissesse que aquela situação não estava um tanto estranha, porque na verdade estava sim. Bom, considerando que no último encontro deles o Bang deu a entender que ainda o odiava e nunca o perdoaria, seu comportamento agora simpático estava deixando o Kang bastante confuso.

– Como... Você está? – Chan tentou manter o diálogo com o outro, mesmo ele próprio estando hesitante e um pouco envergonhado agora. Quer dizer, quando o viu sentado ali como se fosse, nestas exatas palavras, uma miragem da mais deslumbrante possível, não perdeu tempo raciocinando se seria uma boa ideia ou não ir até lá. Porém agora, a lembrança daquela manhã na cafeteria do hospital vinha à sua mente e o Bang não pôde evitar que um semblante triste se formasse em seu rosto. Buscou desviar o olhar para a relva verde, evitando assim que Younghyun percebesse seus sentimentos.

O outro, por sua vez, terminou de beber um gole da água fresca que o mais novo lhe ofereceu antes de responder. – Bem, na medida do possível. – Estendeu a garrafa para ele, agradecendo. – Obrigado. – Tentou sorrir simpaticamente, mas era uma tarefa difícil, então o máximo que conseguiu foi esboçar um sorriso de canto fraco. – E você... Como vai?

Chan apanhou a garrafa e bebeu dela também, buscando de alguma forma aliviar a garganta que sentiu ficar cada vez mais seca. – Estou bem, apesar de todo o trabalho.

– Hum... Pelo visto temos rotinas bem puxadas. – Comentou o Kang, ainda desconfortável com aquela situação.

Os dois tinham o olhar baixo focado em qualquer ponto do chão, com um silêncio estranho aprofundando-se cada vez mais entre eles. Younghyun não falava nada, então Chan concluiu que ele realmente não tinha escutado aquela mensagem de voz que foi para sua caixa postal, ou do contrário ele já teria dito algo, uma vez que não seria do seu feitio ficar quieto frente a isto, ainda mais considerando o teor daquela mensagem.

Eram somente os dois naquele banco, acompanhados pelo barulho do vento contra os galhos e as folhas das árvores. Nem mesmo outros pedestres transitavam por ali naquele momento. Embora o silêncio, o que sentiam era mútuo; os dois queriam dizer alguma coisa e quando Younghyun levantou a cabeça pronto para falar, Chan fez o mesmo e por ter sido um milésimo de segundo mais rápido, o Kang nem interrompeu, apenas o deixou se pronunciar.

– Bri- – Iria chamá-lo pelo nome canadense – Brian –, mas logo se corrigiu. – Younghyun eu... Queria te pedir desculpas pela forma como me comportei na cafeteria do hospital aquela manhã. – Começou ele em um tom de voz claramente arrependido, sem cessar o contato visual com o mais velho. – Você foi gentil e educado ao ter me convidado pra comer e durante toda a nossa conversa eu me comportei como... Um adolescente ignorante. – Um suspiro nasalado seguiu-se à esta afirmação. Afinal, para um adulto ele realmente tinha se comportado assim. – Acabei te magoando com isso, ainda mais depois de você ter dito que ainda me am- – Ele não terminou esta última parte ao se tocar do que iria dizer. Ficou um pouco envergonhado e desviou o olhar, coçando os cabelos da nuca. – Er... Então... Me desculpe, sim? Quero que saiba que não tenho mágoas em relação à você.

O Kang estava, digamos, sem reação. Quer dizer, ouviu tudo prestando bastante atenção em cada palavra, e o tempo todo sua expressão facial se manteve a mesma; calma e tranquila, mas não porque era assim que ele estava se sentindo, longe disso. Por dentro, sua mente trabalhava a mil por hora e seu coração parecia que iria explodir dentro do peito.Era algo tão importante para processar que seu cérebro simplesmente se esqueceu de mandar o comando para seu rosto expressar o que ele realmente estava sentindo.

No entanto, ouvir aquelas palavras... Aquilo vindo de Chan, foi como um remédio, ou melhor, como uma cura.

Se a noite anterior em que foi ao cinema com os amigos lhe serviu de curativo; e aquela manhã relaxante no parque estava lhe servindo de remédio; com certeza agora Chan havia acabado de lhe dar a cura, pois sentiu todo o peso de seus ombros desaparecer e finalmente um sorriso realmente sincero se curvou nos lábios de Younghyun, o mesmo sorriso que fez Chan se apaixonar perdidamente por ele anos atrás.

Ele não o odiava, afinal.

– Tudo bem Chan, eu entendo você. Entendo porque disse aquilo, realmente. Então não se preocupe, eu aceito seu pedido de desculpas. 

Chris podia afirmar com toda a certeza que quando o Kang sorria de verdade, era como se o sol perdesse todo o seu brilho perto dele. Era lindo e a vontade que tinha era de se afundar contra seu peito e abraçá-lo para sempre, mas sentiu que seria atrevido demais ao fazer isso.

– Q-Que bom... – Esboçou um sorriso amarelo, o qual deixou suas covinhas à mostra. Neste momento, um som de “beep” começou a se espalhar ao redor e Younghyun olhou para o pulso. Era seu Pager. Precisavam dele no hospital, e se estavam lhe chamando pelo aparelho, é porque com certeza não conseguiram contato por telefone. Foi então que o Kang se tocou que deixou o celular em casa. Percebendo seu descuido, ele levou a mão à testa e levantou-se do banco às pressas.

– Tenho que ir... Precisam de mim no hospital. – Podia ser seu dia de folga dentre os poucos que tinha? Sim, podia. Mas quando surgia uma emergência obstétrica era ele quem sempre chamavam. – Estou a pé, então tenho que correr até meu apartamento... – Parou de repente antes de continuar, virando pouca coisa de seu corpo na direção do outro. – Foi bom te ver, Chan. – Disse sorrido, e iria sair correndo dali não fosse o Bang se levantar do banco e chamar por ele.

– Espera...! Eu estou de carro, posso te levar se quiser... – Ofereceu-se de bom grado e Younghyun nem precisou pensar muito para aceitar a oferta, não quando tinha um paciente precisando dele naquele exato momento, então o mais velho apenas assentiu com a cabeça e os dois correram até o portão lateral do parque, onde Chan havia deixado o veículo estacionado.

Dentro de poucos minutos, a Range Rover estacionava em frente ao prédio de Younghyun, quem desceu às pressas do carro, mas antes de correr para dentro do edifício agradeceu a Chan mais uma vez e se despediu.

– Obrigado de novo Chan, me poupou um tempo precioso... – De fato, em se tratando de uma emergência cada segundo contava, e quanto menos ele demorasse para chegar ao hospital, mais chances teria de, quem sabe, salvar uma vida, ou seja lá qual fosse a emergência para a qual estavam lhe chamando. – Então... Até mais.

Ele saiu literalmente correndo, e o Bang tinha quase certeza de que o mais velho não chegou a ouvir o seu “De nada, Younggie”. Apelido este pelo qual Chan carinhosamente tratava ele quando estavam juntos. O mais novo suspirou então, sorrindo sem perceber e assim que a figura do Kang sumiu de seu campo de visão, ele deu a partida no carro e foi para casa.

Já Younghyun não demorou nem 5 minutos dentro do apartamento. Foi só o tempo de trocar de roupa, pegar seu celular, as chaves do seu Cadillac XT5 Luxury e descer pelo elevador até o estacionamento no subsolo. Dentro da SUV branca, Younghyun dava a partida quando decidiu ouvir a mensagem que foi para sua caixa de voz. Talvez fosse Suho, Lay ou até mesmo a diretora do hospital dizendo que emergência seria aquela.

Saia do estacionamento, com o celular entre a orelha e o ombro direito quando clicou no botão para escutar o recado. Primeiro, o que se ouviu foi um silêncio de longos segundos, mas depois o que se seguiu foram estas exatas palavras gravadas com a voz de Chan: “Younggie... Eu... Eu ainda te amo também, e muito. Por favor... Me desculpa por tudo que eu disse.”

Ainda bem que o Kang estava apenas na rampa de saída da garagem quando ouviu isso, porque ele simplesmente largou o volante, jogou as costas para trás no banco e o celular caiu no chão. Um suspiro carregado de sentimentos saiu do fundo de sua garganta e quando se deu conta o sorriso em seu rosto era quase maior do que a boca, e foi somente com o barulho do Pager apitando de novo que ele voltou a si.

Puxou os cabelos para trás, recuperou o fôlego e mais do que depressa voltou a manobrar o carro para fora do estacionamento, tomando o rumo para o hospital. Seu peito? Explodia com uma infinidade de emoções e o sorriso em seu rosto não podia ser maior. Já o seu celular foi parar embaixo do banco e ficaria ali até ele ter tempo ou se lembrar de pegar depois.


Notas Finais


Fiquei muito boiolinha por esse Capítulo, sério mesmo *-*

Até a próxima pudins ♥


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