O ar romântico havia se esvaído e o que restava agora eram apenas quatro bêbados que não falavam nada com sentido completo e os demais que tentavam guiar os que exageraram no álcool — Jimin, Hoseok, Manila e Jungkook.
— Nossa, como vocês são baixinhos — gritou Jimin, atraindo a atenção de todos, inclusive S/n, que tentava levantar o Jeon que acabara de cair após tentar saltar sobre as costas de Hoseok, que estava tão bêbado quanto Jungkook e recebia ajuda de Joe para sair do chão.
Até os que mal conseguiam processar a cena corretamente por conta do álcool se chocaram ao ver o Park no topo de uma árvore. Como diabos ele foi parar ali?
— Park Jimin, desce já daí! — Sua noiva soou como sua mãe com tal fala.
— Para um bêbado você tem bastante equilíbrio. — Joe zombou, recebendo de sua irmã um tapa na nuca.
— Ajudem ele a descer! — gritou nervosa.
Carregando a maior calma do mundo em sua face, Jimin desceu se segurando nos galhos; mesmo não sendo tão alta, cair de um lugar como aquele seria no mínimo doloroso.
— Não se estressa, meu amor. — Beijou a testa da garota docemente.
Suas pernas fraquejaram e ele acabou por cair de joelhos; algo tão simples o fez gargalhar incontrolavelmente. De repente parou, arregalando os olhos e colocando a mão sobre a boca. Sem pensar duas vezes, a jovem correu para uma direção qualquer, fugindo do que veio logo em seguida.
— Que nojo, Jimin! — Taehyung coçou a cabeça inquieto ao ver o que se encontrava no chão sorrindo enquanto limpava o canto da boca. O cheiro insuportável se espalhou pelo ar.
— Boa sorte em beijar essa boca amanhã, S/n. — Sehun brincou, causando uma revirada de olhos de sua ex.
— Ele vai escovar os dentes um milhão de vezes se necessário, mas eu nem chego perto dessa boquinha se estiver com cheiro de vômito.
— Ai S/n, eu achei que você me amava. — Fez um biquinho.
— Eu te amar não significa que eu vá enaltecer qualquer tipo de líquido que sair de você — proferiu de forma inocente, sem notar o duplo sentido de suas palavras.
O Park sorriu de forma maliciosa e após pensar um pouco no que havia dito, ela se deu conta do teor sexual que sua fala carregou.
— Você é estranho! — disse envergonhada pelo que acabou dizendo em meio aos seus amigos.
— Sinto que qualquer piada que eu acabe fazendo sobre o ocorrido possa ser mal interpretada devido ao nosso passado — referiu-se à S/n, citando o relacionamento que ambos tinham.
A namorada de Taehyung observou a cena completamente confusa, seriam necessárias algumas conversas para entender o que aconteceu entre todas aquelas pessoas. Sehun namorou S/n e anos depois a traiu; antes do relacionamento com ele, a garota namorou Joe, que mais tarde se tornou seu irmão adotivo; outro que teve sentimentos românticos pela noiva de Jimin, foi Hoseok, o que não resultou em muita coisa além de um beijo... Parando para pensar, cinco das treze pessoas — se é que no estado em que Jimin esteva ele poderia ser considerado um humano —ali presentes já se apaixonaram pela futura esposa do Park. Claro, sem contar com o própria S/n, que convenhamos, era uma mulher tão incrível que nem ela resistia a si mesma. Oh céus, que mulher!
Olhando ao redor, a jovem suspirou a notar o quão longa seria a noite que antecede seu casamento. A pobrezinha pediu ao universo que a ressaca do Jimin não o destruísse na manhã seguinte. Um noivo cambaleante e com dor de cabeça definitivamente não traria um ar bom à cerimônia.
Foi necessário S/n piscar por um segundo e o Park simplesmente foi de encontro ao chão, desmaiando de forma dramática. Antes que ela pudesse surtar de preocupação, Joe e Sehun cataram o corpo molenga do chão, apoiando os braços do adormecido sobre seus ombros.
— Vamos deixar vocês em um táxi e levar os outros nos carros. Certo? — Joe sugeriu.
— Só por favor, não deixa ele vomitar no carro alheio. — Sehun alertou sua amiga.
— Acho que ele já vomitou o suficiente pelos próximos cinquenta anos. Não se preocupem.
Após minutos demorados o automóvel chegou, aliviando os que carregavam Jimin em seus ombros. Assim que a porta foi fechada, os olhos atentos do garoto se dirigiram a sua noiva, a surpreendendo pelo repentino acordar. Sua cabeça logo se endireitou sobre as coxas semicobertas pela saia que ela usava, e um suspiro inocente antecedeu a fala que provou o quão bobo Jimin poderia ser quando bêbado.
— Suas pernas são fofinhas. — A forma que as palavras saíram mostraram que não era uma tentativa de soar engraçado; ele realmente falou a primeira coisa que veio em sua mente.
— Certo, Jimin. Fica quietinho para dormir. — Sorriu enquanto acariciava os cabelos do garoto.
Observou todo o trajeto pela janela, variando o olhar entre as casas que preenchiam as ruas e a face serena de seu amado. O carro parou em frente à casa alugada e S/n anunciou a chegada:
— Amor, já voltamos. — O salto inesperado do Park causado pela esquisita animação que sentiu por voltar ao local casou uma tontura, e antes que um desesperado “não!” saísse dos lábios da garota, um forte xingamento foi proferido pelo motorista.
— Droga, Jimin! — gritou, fazendo o corpo do outro se encolher. — Já íamos entrar, não podia esperar para fazer tamanha sujeira lá dentro? — O odor azedo se alastrava pelo ar, e a face petrificada do taxista apenas deixava a situação ainda mais tensa.
Os demais chegaram logo em seguida, estranhando o fato de ainda estarem dentro do táxi. Joe foi até o automóvel, se deparando com a face imunda do motorista.
— Subam, eu resolvo tudo. — Abriu a porta para a irmã e seu cunhado saírem.
— Mas...
— Sobe e cuida do Jimin. Tenta não perder a paciência com ele, certo?
— Eu vou... tentar. — Ajudou seu noivo a rumar à casa, mesmo que parcialmente contra sua própria vontade.
Já no quarto, o silêncio seria perturbador se não fosse pelas vozes no andar abaixo.
— Eu vou tomar banho. — O Park teve sua fala ignorada por S/n, que mantinha os pensamentos fixos na situação que ocorreu minutos atrás.
Os passos incertos entregavam que manter o equilíbrio estava difícil para o que exagerou no álcool. Ao cair de joelhos por conta de seus passos descoordenados, ele sentiu sua cintura ser abraçada por sua noiva.
— Nunca mais exagere na bebida, ouviu? Ou te deixo tomar banho sozinho.
Assentiu com um sorriso bobo nos lábios.
— Sim, capitã!
[...]
Adormecendo rapidamente, o garoto mal viu seu filho pelo resto da noite. Já S/n passou horas com o pequeno que decidiu atrair a atenção de sua mãe com expressões fofas pelo resto do dia.
[...]
— Jimin! — O grito de quem o Park imaginava ser Hoseok ecoava dentro de sua cabeça, causando-lhe uma terrível sensação. Era definitivo: aquela era a pior ressaca de sua vida.
— Para de gritar — sussurrou se revirando na cama na tentativa de voltar a dormir.
— Seu idiota, sabe o que vem depois da despedida de solteiro louca que você teve ontem? — Jimin sentiu um lado da cama afundar — O seu casamento! — gritou irritado por seu amigo ainda estar de olhos fechados.
— Que casamento? — Fez uma careta por conta da dor, ainda de olhos fechados e deu as costas ao Jung.
— Sabe a garota que trabalha na PZ? Aquela que é mãe do Myung, que por acaso, é seu filho. Então, hoje é seu casamento com ela.
— Ah... — Se sentou na cama calmamente, ao contrário de Hoseok que estava prestes a deixar uma marca roxa no rosto de Jimin.
— Você tem 30 minutos — Se levantou da cama e poucos segundos antes de fechar a porta, o Park se pronunciou.
— Pra que?
— Se arrumar pro seu casamento com a S/n.
Ouvir o nome de sua amada foi o suficiente para Jimin dar um pulo da cama, descendo as escadas apressado.
— Parabéns, seu grande idiota, você vai se atrasar logo hoje! — falava, irritado consigo mesmo e fazia uma espécie de massagem em sua cabeça, na tentativa de a dor se esvair do local.
Ao chegar na sala, coçou os olhos sem acreditar no que via.
— Bom dia, amor. — S/n deu um rápido selinho em seus lábios, logo se dirigindo à cozinha.
— Mas... Mas... — Apontava para a garota, sem entender o que ela fazia ali.
— Você realmente conseguiu acordar ele, Hope. — Joe ria da cara confusa do Jimin.
— Jung Hoseok, o que está acontecendo? — falou já sentindo a irritação percorrer seu corpo e a dor de cabeça se fez presente novamente.
— Eu precisava te acordar cedo, ou você acabaria se atrasando de verdade — se levantou do sofá onde estava. — Sabe, — Colocou a destra sobre o ombro do Park. — eu levo essa minha missão de padrinho muito a sério. — Fechou os olhos, sorrindo convencido e balançando a cabeça positivamente.
— Tira essa mão do meu ombro antes que esses seus lindos dentes deem um "oizinho" ao chão. — Sorriu forçado.
— Vocês ouviram? Ele disse que meus dentes são lindos. — Sorriu largamente, expondo seus dentes brancos e alinhados.
Jimin ameaçou dar um passo em direção a Hoseok, mas antes que perdesse a paciência, sentiu sua cintura ser abraçada.
— Você não vai brigar no dia do nosso casamento, né? — O noivo se virou, encontrando a bela face de sua futura esposa.
— Droga! — Suspirou derrotado. — Você é tão linda que até esqueço minha vontade de socar o Hoseok.
— Obrigada... Eu acho — Riu.
— Parem de ser melosos, daqui a pouco eu preciso te levar pro salão. — A voz de Joe se fez presente.
— Eu? — Os noivos falaram em uníssono.
— Jimin, o seu cabeleireiro será o Hoseok mesmo. — O moreno surgiu com uma tesoura em mãos e um sorriso perverso estampado na cara.
— Iremos nos divertir muito hoje, Chimchim. — Por fim, soltou uma gargalhada de vilão.
— Onde você arrumou essa tesoura, seu maluco? — Tentou cobrir todos os fios de cabelo existentes em sua cabeça.
— Ah, essa é uma tesoura de verduras. Vou preparar seu prato favorito. — Saiu da sala, indo saltitante à cozinha.
— Meu melhor amigo é meio maluco. — Cruzou os braços, rindo.
— Boa piada, amor. — Deu uns tapinhas no ombro do garoto, que nem entendeu nada.
— Piada?
— Sim, isso de vocês serem melhores amigos foi engraçado. — Gargalhou, dando de ombros e indo à escada.
— Mas nós somos melhores amigos. — A garota girou o calcanhar com uma sobrancelha erguida.
— Desde quando você é tão iludido?
— Hoseok, traz pipoca que o barraco vai ser dos bons. — Joe riu, se sentando em uma cadeira para ver a briga de perto.
Parecia uma perfeita cena de faroeste, só faltavam as armas para tudo ficar completo. Os olhos de ambos estavam semicerrados, e antes que Jimin pudesse argumentar, a garota afirmou:
— Todos sabem que eu sou a melhor amiga do Hope. É isto. — Deu as costas, ouvindo Jimin rir abafado e logo lançar um "Ah, tá". — Hoseok, quem é seu melhor amigo?
Os olhos agitados miraram no Jung, que só queria fugir dali antes de o cercarem, impedindo sua fuga.
— Não ouse tirar o pezinho da sala, moço.
— Vamos, responda. — S/n o encarava com uma sobrancelha arqueada, inquieta pela demora de uma resposta.
— Meu melhor amigo sou eu mesmo. Sou um anjo. Que melhor amigo eu poderia ter?
E dando uma volta na situação, ele escapou antes de mais questionamentos vindos do casal. Eles se encaravam com confusão e chateados por não ouvirem o que queriam. Caso um dos dois descobrissem quem era o “favorito” de Hoseok, o altar da cerimônia provavelmente precisaria ser substituído por um ringue de luta.
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