História Um Diário Nem Tão Querido - Discussões e mais discussões

Ótimo. Quando acordei esta manhã, não imaginei que acabaria numa floresta correndo como louca para não ser atingida por ma saraivada de balas. Mas também, isso era de longe a pior coisa que me acontecera naquele dia. Ter que lidar com o ar presunçoso do Vincent e o olhar macabro do Arthur depois daquela cena isso sim, era um problema.

-Fiquem perto de mim – disse Vincent. Ele não usava toda a sua velocidade para que pudéssemos acompanhá-lo. Ele tampouco parecia preocupado com ossos perseguidores, apenas aborrecido.

-Quem são essas pessoas? – perguntei ofegante

-Humanos. Bem estúpidos por sinal.

-E porque estamos fugindo? – indagou Arthur – se são só humanos podemos lidar com eles facilmente.

-Podemos? – disse Vincent – bom eu sou o único capaz de resistir a balas por aqui. Não faz sentido arriscar um enfrentamento direto.

Arthur parou de correr e cruzou os braços fazendo uma careta.

-E você está preocupado com nossas vidas?

Vincent mostrou os dentes num sorriso sem humor.

-Com a sua não imbecil. A dela. Você pode muito bem ir para o inferno.

Arthur ia responder, mas eu cortei aquela discussão inútil.

-Posso saber por que paramos de correr? Vão nos alcançar a qualquer momento.

Vincent me olhou de lado.

-A cabana fica a poucos metros daqui. Sigam pelo leste e avisem o Ciprian.

-E você – eu perguntei mesmo que eu não quisesse perguntar de verdade.

Vincent arqueou uma sobrancelha

-Preocupada comigo querida? Não fique. Posso cuidar de mim mesmo. Agora vá e deixe os adultos cuidarem do assunto.

Essa última parte ela falou fitando Arthur que ficou vermelho na hora. Por uns instantes achei que ele ia explodir. Porém, ele apenas me puxou pelo braço para que voltássemos a correr como loucos.

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Não demorou muito para que nós encontrássemos a cabana. Ao entrarmos encontramos Kate e Ciprian sentados um pouco próximos demais. Ela se afastou rapidamente quando nos viu enquanto Ciprian apenas continuou olhando-a.

O que será que aconteceu aqui? Eu pensei que esses dois se odiavam e agora isso? Mas decidi não pensar naquele assunto visto que tínhamos coisas mais importantes para tratar.

-Fomos atacados na floresta – fui logo dizendo.

Ciprian finalmente voltou sua atenção para mim enquanto franzia o cenho.

-E Vincent?

-Bancando o herói – respondeu Arthur com um bufar

O vampiro moreno se levantou na mesma hora.

-Eu vou atrás dele – depois ele chamou – Christine!

Ela apareceu momentos depois.

-Cuide deles.

Ele não disse mais nada e saiu tão rápido quanto era possível.

-Eu nunca vou me acostumar com isso – disse Kate. Depois, ela olhou para Arthur. Acho que até então ela ainda não tinha notado sua presença.

-O que você está fazendo aqui? – perguntou ela intrigada

-O meu trabalho – foi a resposta seca do bruxo que se sentou em um dos bancos, mas não antes de me lançar outro olhar irritado.

Era só o que faltava, pensei. Porque ele estava tão irritado?

-Você quer parar com isso? – eu disse não aguentando mais aquela situação.

As sobrancelhas dele subiram.

-Parar com o que?

-De ficar me olhando desse jeito! – esbravejei.

Ele deu de ombros.

-É como eu olho para todo mundo que eu considero estúpido. Porque para se envolver com um vampiro. Com AQUELE vampiro tem que ser muito estúpida.

Senti os olhos de Kate me fitando com curiosidade. Pronto. Ele tinha que atirar isso na frente da Kate.

-Eu não estou me envolvendo com ninguém! – disse com veemência .

-Não foi isso que pareceu lá atrás – retrucou ele.

Visto que aquilo não ia funcionar eu mudei de tática.

-Isso não é da sua conta!

Ele se levantou jogando o banco para trás com o movimento.

-Então você admite que aconteceu né? A única coisa que você esquece é que o seu “envolvimento” pode trazer problemas para todo mundo. Não acha que já nos deu problemas o suficiente? A sua tia está fazendo de tudo para te proteger e você não dá a mínima!

A culpa me atingiu em cheio. Eu não queria que nada disso estivesse acontecendo. Eu também sabia que todo mundo estava se esforçando ao máximo para me ajudar, principalmente a minha tia.

-Ei! – disse Kate levantando-se num salto – não é culpa dela se ela nasceu uma mistura de bruxa e vampiro seu idiota. Você não tem o direito de falar assim com ela!

-Não importa – retrucou Arthur virando-se e caminhando em direção a porta – você pode não ser culpada por ser quem é, mas as implicações disso sempre vão cair sobre você.

Ele deu uma última olhada para trás antes de sair e eu vi em seus olhos algo que eu só poderia definir como uma dor crua.

-Todos nós nascemos com a nossa parcela de culpa.

Eu fiquei lá, de pé sem conseguir fazer nada além de fitar a porta fechada.

-Sue? Você está bem – perguntou Kate colocando uma mão sobre meu ombro.

-Pobre alma perturbada – disse Christine. Eu nem tinha percebido que ela ainda estava lá.

-Ela não está perturbada coisa nenhuma – respondeu Kate entre dentes.

Ela balançou a cabeça de leve

-Não é da menina que eu estou falando.

-Porque você simplesmente não para de encher o saco? – disse Kate.

Christine riu mostrando seus dentes caninos pronunciados demais para o meu gosto.

-Você é muito esquentadinha sabia? Devia... – ela parou no meio da frase.

-O que foi? – indaguei. Geralmente quando seres sobrenaturais ficavam desse jeito sempre aparecia algum visitante.

-Intruso – respondeu ela estreitando os olhos.

-Você só pode ser louco de aparecer aqui – ouvi Arthur dizer lá fora.

Corremos todas para ver quem havia chegado. Vi Arthur segurando alguém pela gola da camisa e reconheci na hora quem era. Eric.

-Mas que droga de missão secreta é essa! – murmurou Kate – todo mundo sabe onde a gente está?

Andei na direção dos dois rapazes já pedindo pra o Arthur soltá-lo, o que não aconteceu, é claro.

-Ele pode dizer o que quiser assim – disse ele.

-Oi ruiva – disse Eric com um sorriso amarelo – será que nós podemos conversar?

Ele deu uma olhada no Arthur antes de terminar.

-Sozinhos?