História Um encontro nas luzes de Tokyo - Capítulo Único.

A grande Tóquio. Um lugar movimentado independente da hora do dia. E em como cada encontro de Kisa Shouta e Yukina Kou, chamar a atenção destas pessoas não era algo surpreendente e muito menos raro. Não, não pelo fato de serem homens e certas vezes andarem de mãos dadas por insistência de Yukina que se recusa a soltar a mão de Kisa de jeito algum, e sim pela beleza estonteante do mais novo.
- Sabe, eu já estou cansando de sair com você desse jeito. – Exclamou Kisa, num tom irônico.
- Eh? Kisa-san! Por que? – Yukina apertou mais a mão do mais velho, que a cada toque sentia seu corpo ferver.
- Não em público... Poderia soltar a minha mão?
- Não, não posso,  Kisa-san! Nós só nos vemos de noite, e é muito pouco tempo! Mesmo morando juntos, não temos um tempo para brincar! Kisa-san pode parar de me amar desse jeito! – Gritou no meio da rua o escandaloso Yukina, soltando  enfim a mão de seu namorado.
Kisa, envergonhado pelo companheiro dizer a palavra “amor” tão facilmente e ainda mais envergonhado por saber que era dessa maneira que Yukina pensava. Então, achava que Shouta poderia parar de amá-lo quase instintivamente? Isso apenas provava que ele realmente não conhecia seus verdadeiros sentimentos.
- Eu preciso ir trabalhar hoje ainda, você sabe. – Mudou de assunto, com sua face ligeiramente corada.
- Não irei deixar. – murmurou Yukina, abaixando sua cabeça. – a não ser que você odeie estar comigo. – parou de andar, e mesmo parecendo infantil proferindo tais palavras, assim o fez - Kisa-san, você ainda não disse que me ama. E está sempre fugindo de mim. O que eu devo pensar sobre isso?
Fora pego de surpresa. Realmente, ainda não tinha dito que o amava. Nem mesmo quando começaram a namorar foi ele quem falou as palavras. Yukina descobriu sozinho os sentimentos de Kisa, que não precisou abrir a boca para se confessar, apenas confirmar de forma relutante o que o outro dizia. Aquele que deveria ser mais experiente no assunto “amor”  por ser o mais velho, era obviamente aquele que era controlado. 
Seria este o momento para se confessar? Não... Definitivamente não seria no meio da rua com várias pessoas olhando. Mas também não podia deixar tudo desse jeito. Puxou o maior pelas mãos, levando-o até um lugar com menos movimento: atrás de um prédio de karaokê. Encostou-o na parede do mesmo e sentindo-se ridículo por ser mais velho, mas ao mesmo tempo mais baixo que o garoto, disse com suas bochechas coradas e cabeça baixa, com suas mãos colocadas na parede atrás de Yukina.
- Você precisa parar de pensar nessas coisas. Se eu não gostasse de você, não passaria por tudo isso para poder passar mesmo que pouco tempo com você. É difícil ter o olhar de todas as pessoas sobre nós, na verdade, sobre você. Eu acabo sendo o centro das atenções também. Eu tenho medo da opinião das pessoas também. É difícil olhar para seu rosto, que parece ser simpático com todo mundo, e que parece que vai desaparecer assim que eu olhar para o lado. – Quase se arrependendo de ter começado, recebeu um incentivo ao desviar o olhar para o garoto, que exibia uma expressão de surpresa e expectativa, e então continuou. “Mais tarde, não vou conseguir tocar no assunto novamente” pensou.
 - Não há, de nenhuma maneira, um jeito de eu deixar de pensar em você. – Calou-se, sentindo suas bochechas esquentarem ainda mais. Kisa se virou para o lado, tentando evitar agora o contato visual com Yukina, querendo esconder sua expressão que estava provavelmente, constrangida. 
- K-Kisa san... isso poderia ter sido uma confissão? – Pôde ouvir a voz tremula do garoto.
- Ehhhh? Não... não foi isso... eu só... – antes que pudesse terminar de pensar numa desculpa, sentiu mãos quentes o envolverem num abraço. Logo, as mesmas mãos posicionaram-se em seu rosto, que lutava para não ter que encarar o dono destas.
- Olhe pra mim, ou não vou poder entender o que você disse.
Kisa, sentindo-se perdido, deixou-se levar por Yukina que gentilmente virou seu rosto para encará-lo. Este, parecia prestes a chorar, e mesmo assim mantinha um sorriso caloroso. No brilho de seus olhos, o mais velho conseguia ver-se refletido.
- V-você está bem? – Perguntou o inseguro Kisa-san.
- Mais do que nunca. – E aproveitando a chance, colou seus lábios no de Kisa, que havia surpreendentemente permitido o beijo. Fazendo uma pausa, as palavras “eu te amo, Kisa-san” eram facilmente ouvidas.
- Idiota, não diga coisas assim nesse lugar.