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História Um Estudo em Vermelho - Capítulo XXXI.


Escrita por: opstrice

Notas do Autor


Oi gente! MUITO MUITO OBRIGADA PELO CARINHO E OS COMENTÁRIOS, VOCÊS SÃO TUDO PRA MIM!
Eu quis dar alguns capítulos de sossego para vocês, como nosso delena se desenvolvendo e conquistando o coração de vocês. MAS, o tempo de sossego acabou e as coisas estão voltando a ficar tensas!
Prestem atenção nos detalhes dessa capítulo e deixem suas deduções nos comentários.

Boa leitura!

Capítulo 31 - Capítulo XXXI.


23 dias depois.

Quase um mês havia se passado desde o encontro com Damon. Desde então, tenho valorizado muito mais a companhia de Emma e me certifiquei de compensar o tempo em que estava longe da minha amiga com algumas aventuras e investigações simples das quais Emma passou a gostar.

Para minha surpresa, Damon e eu continuamos mantendo o contato. Muito contato, na verdade. 

Vez ou outra saíamos para uma simples volta na West End, ou para um jantar mais elaborado, mas Damon fazia questão de minha presença em seu dia de alguma forma, fosse pessoalmente ou por uma ligação ou mensagem. Mesmo relutante, era inevitável confessar que também gostava de sua presença em meus dias.

Ele me visitou algumas vezes, sendo a primeira delas em um almoço dois dias depois de nossa chegada, em que Damon se entrosou com Emma e Amélia em poucos minutos. A cena não poderia ter sido mais improvável e irônica: o mesmo homem que invadia minha casa e meu terraço para me ameaçar meses atrás, estava sentado em minha mesa de jantar, se alimentando da minha comida, conversando e rindo com minha melhor amiga. 

Mesmo sob efeito de drogas e alucinógenos, eu jamais poderia prever tal episódio.

"— Você estava certa, Elena. Sua comida é uma das melhores que já experimentei. Está mais do que aprovada em meu conceito culinário." Damon admitiu logo depois da primeira garfada.

"— E o quanto sabe sobre culinária?" pergunto e ele dá de ombros.

"— O suficiente para me gabar."

Estou a caminho da clínica de reabilitação de Jeremy para a visita diária. No dia posterior ao encontro em Bulington, liguei para a clínica em que meu irmão estava internado e expliquei a situação, questionando sobre a possibilidade de uma transferência para Londres. Na tarde daquele mesmo dia, o funcionário encarregado pelas transições e liberações de pacientes me retornou com a resposta definitiva de que tinham encontrado uma clínica compatível em Londres e que atendesse as necessidades de Jeremy. Apesar da exaustiva burocracia do processo, logo Jeremy estava em um avião com Damon e eu com destino à minha casa.

Adentro a recepção e minha chegada é anunciada para Jeremy que me aguardava em uma área descoberta, muito semelhante à antiga clínica. Caminho até ele e, assim que me vê, se levanta sorrindo.

— Você está oito minutos atrasada. — Se pronuncia.

— Um pequeno charme, eu diria — rebato e ele ri.

— O que trouxe para mim? — pergunta, apontando para o pacote em minha mão.

— Bem, faltam apenas dois meses para que termine seu tratamento e por fim saia daqui. — Digo e ele concorda, ainda curioso. — Então decidi lhe trazer algo que te ajude a ver esse tempo correr.

Lhe entrego a embalagem e Jeremy a abre, tirando de lá um relógio de pulso antigo.

— Isso é...

— O relógio do papai. — Completo e ele me olha. — O guardei por muitos anos, incerta do que poderia representar para mim, mas na verdade ele sempre foi seu, Jer. Sei que nosso pai o daria a você, é uma herança dos homens da família Gilbert.

— Eu... eu não sei nem o que dizer, Lena — seus olhos encontram os meus e prendo a respiração para evitar as lágrimas diante do silêncio significativo. — Muito obrigado.

— Não precisa me agradecer. — Disse e meu irmão ajustou o relógio em seu pulso.

Depois que contei a Jeremy que a ideia de o transferir havia sido de Damon, meu irmão simpatizou um pouco mais com ele. Conversamos e definimos melhor a situação pendente entre Jeremy e eu e, desde então, estávamos focados e ansiosos para sua saída.

Minhas visitas eram regulares e diárias, tendo permissão para passeios curtos com meu irmão três vezes por semana. No início, Damon me acompanhava para mostrar apoio e segurança, mas atualmente suas visitas são consequência da amizade que passou a surgir entre os dois.

Por algum motivo, eu me sinto em paz diante de tudo isso, como se minha vida estivesse sendo remontada e reorganizada de modo que o resultado fosse a minha felicidade.

— Oh, estava quase me esquecendo — exclamo animada e vasculho minha bolsa. — Chegou uma correspondência diretamente do Canadá para você.

Entrego um envelope para Jeremy que me olha desconfiado. Ao ler o nome do remetente, desata a rir.

— Não acredito que Cassian me mandou uma carta — disse rindo. — Juro que se for uma declaração de amor, mato vocês dois.

— Minha participação foi apenas como mensageira e pombo correio.

— Leio quando estiver em meu quarto. Não quero chorar em sua frente.

— Como quiser.

Depois de mais um tempo conversando, me despeço de meu irmão e volto para casa. 

Damon me convidou para jantar em sua casa e me encontro um tanto quanto receosa, visto que é a primeira vez que vou conhecer o lugar onde mora. É a propriedade da família em Londres, onde sei que passou algum tempo desde criança, com os pais e o irmão, e penso se vou me sentir sufocada ou desconfortável pelas lembranças dos atos ruins de sua família. Não entendo esse pensamento e tento tratar a ocasião com tranquilidade.

Cheguei em casa e chamei por Emma, escutando sua resposta na cozinha. Caminho até lá e, quando adentro o cômodo, me deparo com minha amiga em uma conversa animada com Matthew. O que ele está fazendo aqui? 

— Até que enfim, Lena! — disse Matt. — Não aguentávamos mais comer tantos cookies de chocolate sozinhos!

— Oi, Matt. O que faz por aqui? — pergunto, pegando um dos biscoitos.

— Conhece aquele provérbio grego? "Se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé".

— Então você é a montanha? — perguntei sarcástica, com uma sobrancelha arqueada e ele assentiu.

— E você Maomé. — Completou e tento acompanhar seu riso. — Bem, não nos víamos desde aquele encontro em que você foi embora correndo. De novo.

— Já conversamos sobre esse drama — digo, revirando os olhos. — Desculpe pela ausência, tenho andado ocupada.

— Ocupada com Damon? — pergunta sugestivo e o olho severa.

— Como sabe sobre Damon?

Matthew desvia seu olha para Emma e a olho, incrédula.

— Sobre isso... — começa ela e cruzo os braços, aguardando. — Ele me perguntou se estava saindo com alguém e acabei deixando escapar. Desculpe, Lena.

— E foi assim que descobri que você está namorando com Damon Salvatore. Por que eu acho isso tão contraditório?

— Primeiramente, isso não é da sua conta, Matt — respondo ríspida. — E não estamos namorando. Estamos apenas saindo e apreciando a companhia um do outro, nada demais.

— Você ao menos o conhece? O histórico familiar dele é algo que deveria ser levado em conta em uma situação dessas...

— Até o momento em que verifiquei, Matthew, sou uma mulher adulta, experiente, que sabe se cuidar muito bem e livre para sair com quem bem entender. Se veio aqui para arrancar informações ou palpitar em minha vida, a porta está bem ali.

— Não, eu... desculpe, Lena. — Sua garganta oscilou quando ele engoliu em seco. Estranho... isso está estranho demais. — Não queria te chatear e nem ultrapassar nenhum limite.

— Pois ultrapassou. O que realmente veio fazer aqui?

— Apenas vim ver como estava. Já estou de saída. — Disse, levantando-se. — Muito obrigada pelos biscoitos e pela conversa, Em.

Acompanho Matthew pela sala de estar em direção a porta, mas ele para no meio do caminho ao encontrar meu bloco de anotações no aparador. A página a mostra era um esboço feito por mim do anel de Stefan.

— Você quem fez? — pergunta, pegando o caderninho.

— Sim. Conhece? — franzo o cenho.

— Ahn... não, é claro que não. Por que conheceria? — responde, inquieto. — Apenas achei muito bonito. Guarda um anel assim para você?

— Não — minto. — Apenas sonhei com ele uma vez, mas nunca o vi pessoalmente.

— Ah, sim, entendo. — Murmura, me olhando desconfiado. — Por que não inicia uma busca para achá-lo? Poderia mostrar esse esboço para o capitão Gregson, tenho certeza de que ele a ajudaria a encontrar. E depois, quem sabe, vender para mim?

— Tentadora sua proposta, mas não estou interessada. Obrigada pela visita. — Digo e o guio até a porta.

— Te vejo outra hora, Elena.

— Mal posso esperar — murmuro baixo em ironia.

— O quê?

— Tchauzinho!

Fecho a porta um pouco mais forte do que pretendia e subo as escadas até meu quarto. Ouço a voz de Emma me chamando, mas minha cabeça não está em seu melhor estado para uma conversa.

Minha relação com Emma é e sempre foi extremamente tranquila e honesta, por isso os conflitos e desentendimentos não são nem um pouco frequentes. Mas é impossível não ficar chateava. Emma nunca fui de se abrir sobre seus assuntos pessoais com qualquer um, muito menos sobre os meus, então por que isso agora?

Minha mente voltou para todas as conversas mais recentes com Matt. Suas insistências suspeitas, suas perguntas disfarçadamente diretas, a maneira que tentava manipular as respostas e direcioná-las para suas perguntas. Tão astuto e articuloso.

Talvez eu devesse ser menos rigorosa com Emma. Tenho minha mente forte e desconfiada para tudo, por isso não caí no jogo de Matt, mas minha amiga não tem esse mesmo escudo mental tão resistente. Resolvi chamá-la para conversarmos e esclarecermos as coisas.

Assim que adentrou meu quarto, sua expressão de puro arrependimento confirmou meus pensamentos.

— Você tem todos os motivos para ficar brava comigo, mas por favor, Lena, não fique — pede, olhando em meus olhos e meu coração amolece. 

— Apenas me explique o que aconteceu, está bem? Conte-me tudo, com detalhes.

— Certo, vou contar desde o começo. — Disse e parou para pensar. — Minutos após sua saída para a clínica, Matthew apareceu aqui. O convidei a entrar e...

— Com detalhes, Ems — interrompo-a. — Lembre-se de cada gesto e movimento.

— Certo. — Emma retoma a cena. — Quando abri a porta, parecia que Matt já esperava que eu atendesse. Lembro-me de estranhar a forma com que ele olhava para os lados, como se temesse alguma coisa ou estivesse tentando encontrar alguém. Assim que o convidei a entrar, ele começou a mexer repetidas vezes na parte interna da gola de sua blusa e pensei que poderia ser alguma etiqueta incomodando. Quando me ofereci para cortar ou ajudar, ele rapidamente respondeu um "não precisa! Está tudo bem".

— Essa inquietação aconteceu mais vezes? 

— Ah, depois que comentei sobre isso, diminuiu. Mesmo assim, vez ou outra ele levava a mão até o colarinho.

— Como começou a conversa?

— Sinceramente? Bem incomum. — Responde franzindo a testa. — Depois de dizer "esses biscoitos estão maravilhosos", ele me perguntou se você estava saindo com alguém. Eu não pensei muito antes de responder sobre Damon, porque pensava que Matt ainda sentia coisas por você. Eu apenas achei que, de alguma forma, conseguiria impedir que continuasse nutrindo esses sentimentos. Mas agora percebo que fui muito idiota, desculpe, Lena.

— Está tudo bem, Em, eu já esperava algo do tipo. — Digo, segurando sua mão. — Mais algum coisa estranha que tenha percebido?

— Acho que não... Ah, espere. Tem algo sim. Ele questionou diversas vezes sobre o anel de Stefan.

Olhei-a com o cenho franzido, juntando algumas peças espalhadas desse confuso quebra cabeça.

— Mas dessa vez me esquivei de todas as suas perguntas. — Continuou. — Respondi que não sabia de nada e que nunca havia ouvido falar de tal anel. Mesmo insistido um pouco mais, aparentemente ele acreditou.

— Certo, já tenho o suficiente. Parece que um novo caso acaba de se iniciar.

 

 

Já estou devidamente vestida e pronta para o jantar na casa de Damon. Optei por uma saia que se atêm antes dos joelhos na cor salmão e uma blusa de alcinha branca frente única, coordenando com acessórios e uma maquiagem leve. 

Meu estômago começou a dar voltas agitadas e minhas mãos não estão obedecendo meus comandos para não suarem com o nervosismo crescente. 

A situação é comumente diferente. Eu não terei que conhecer seus pais e esperar a aprovação deles; não estou prestes a conhecer a avó super protetora e ciumenta; não vou me encontrar com seus amigos e ter que me enturmar; e não vou ter que conquistar as filhas da esposa falecida. Será apenas Damon e eu, mas parece que as circunstâncias carregam certa formalidade e tensão de qualquer forma.

Dou mais duas borrifadas do perfume e escuto Emma à porta.

— Pelo amor de Deus, você vai matar o cara sufocado desse jeito — ela entra espalhando o ar e solto um grunhido em resposta.

— Estou quase vomitando e colocando essa inquietação para fora.

— Você sabe o motivo, querida — cantarolou, brincando com os detalhes de minha bolsa.

— Se disser que estou apaixonada mais uma vez, eu te tranco para fora — respondo e ela ri.

— Mas é a verdade, Lena. Vocês estão sempre em contato de alguma forma; não consegue completar assuntos sem mencionar o nome dele; ele já conquistou Amélia e eu e mesmo assim insiste em ser incrivelmente simpático conosco como se tivéssemos que aprová-lo; você tem sorrido e gargalhado mais, aparenta estar mais feliz, amiga. Ele até te mandou lindas flores...

— Ele me mandou flores? — pergunto em sobressalto e me arrependo assim que um sorrisinho aparece em seus lábios.

— Não — responde rindo. — Mas viu só sua reação? Por que é tão difícil admitir?

Respiro fundo, tentando buscar algum argumento sólido e plausível, falhando miseravelmente.

— Não sei, Ems. Eu não quero me decepcionar. Sei como funciona essas coisas e não quero que meu trabalho, meu desempenho e minhas obrigações sejam afetados por decepções.

— Você deveria conversar com Damon e falar o que está sentindo. Não é fraqueza ter sentimentos e ser honesta com eles. — Aconselhou e eu assenti. — Damon mudou muito desde o acontecimento com o sr. Wilson e o negócio de vingança. Sei que é mais complicado para você, mas talvez seja a hora de começar a ouvir mais seu coração do que sua cabeça.

— Talvez.

Assim que entro no carro de Emma, recebo uma mensagem de Damon.

"Esperando meu prato principal."

Rio com suas palavras, mas percebo um arrepio percorrendo minha coluna e estremeço. 

"No caminho"

— Está pronta? — pergunta Emma no banco do motorista e respiro fundo antes de concordar.

Seguimos o trajeto conversando sobre diversos assuntos, nos permitindo ouvir algumas músicas com o intuito de me descontrair. Ao chegarmos no endereço indicado, me deparo com uma grande e antiga mansão.

— Boa sorte! E lembre-se do que eu falei, está bem? — disse e assenti.

Desci do carro e assisti Emma partir. Caminho até a porta de entrada e, hesitante, toco a campainha. Segundos depois ela se abre, revelando um Damon bem vestido e incrivelmente sexy.

— Bem na hora — diz, me olhando da cabeça aos pés. — Tudo isso para mim?

— Se tudo isso for para mim... — digo, apontando para suas roupas e resistindo ao rubor que brigava para colorir meu rosto.

Damon recua alguns passos, me dando espaço para entrar. Observo sua casa, cada detalhe. O ambiente é aconchegante e bem decorado, o que me surpreende por ser um lugar onde apenas um homem vive. Também fico surpresa por não ver nenhum objeto, quadro ou rastros de seus pais e irmão. Certamente deve haver um cômodo apenas para isso.

— Sua casa é muito bonita — comento, ainda observando. — E que cheiro maravilhoso é esse?

— Está com fome? — pergunta sorrindo, caminhando até a cozinha e o sigo.

— Morrendo — respondo e rimos.

— Então vai gostar de experimentar o meu prato favorito. — Damon diz, retirando do forno um recipiente com conteúdo incrivelmente delicioso aos olhos.

Caminhamos até uma sala de jantar separada, com uma grande e comprida mesa de doze lugares. Imediatamente imaginei o quão triste e deprimente devia ser se sentar sozinho todos os dias em uma mesa que costumava ser ocupada na maior parte desses lugares. Livrei-me desses pensamentos quando reparei em todos os alimentos dispostos ali.

— É, acho que isso pode bastar para saciar minha fome — brinco, fingindo indiferença, arrancando uma risada gostosa de Damon.

— Espero que sim. Minha última esperança é te ganhar pelo estômago, já que só meu charme não bastou.

— Pois então é melhor cruzar os dedos — rebato e ele puxa uma cadeira para mim.

Reparo que, apesar da formalidade que a sala proporciona, nossos pratos estão organizados em lugares de frente um para o outro, propiciando um ar mais descontraído e leve.

Damon serve meu prato e depois o dele, mas me encara ansioso.

— O que foi? — pergunto e ele sorri.

— Quero ver sua reação

Dou risada e experimento o prato de Damon. Na primeira garfada, sinto que os melhores sabores do mundo estão concentrados ali. Podia sentir a serotonina e a endorfina sendo liberadas do meu corpo.

— Meu Deus! — exclamo.

— O que achou?

— Não acredito que vou dizer isso, mas... é uma das melhores comidas que já comi! — admito, dando mais uma garfada. — Tem certeza de que foi você quem fez?

— Tenho meus segredos — Damon se gaba e então começa a comer.

— É uma receita de família ou o que?

— Definitivamente não — responde rindo. — Ninguém em casa sabia cozinhar. Quer dizer, minha mãe acertava a mão uma vez ou outra, mas esse dom é exclusivo meu. — Damon me manda uma piscadinha e reviro os olhos.

— Você é um homem cheio de truques na manga, hum? — comento entre outra garfada.

— Tive que ampliar meu arsenal para tentar conquistar uma mulher terrivelmente complicada.

Dessa vez não consegui conter o rubor em minhas bochechas e desviei o olhar, arrancando uma risada de Damon. 

— Então de onde vem? — tento mudar de assunto.

— Não faço ideia — ele dá de ombros. — Na verdade, é uma tentativa de reproduzir um prato típico da Grécia — responde e levanto uma sobrancelha, curiosa.

— Já foi à Grécia?

— Viajávamos quase todos os anos para lá. — Conta dando de ombros.

— Nunca fui a nenhum outro lugar que não fosse Inglaterra e Canadá. — Penso um pouco a respeito. — Já visitei a China há alguns anos para um estudo, mas durou poucos dias. Essa viagem me foi útil para o caso do sr. Wilson há alguns meses.

— Sério? — pergunta antes de apoiar os talheres na borda do prato. Assinto. — Mais um coisa que lhe julguei errado.

Franzo o cenho e limpo a boca com o guardanapo.

— O que quer dizer?

— Quero dizer que imaginei que Elena Gilbert fosse uma viajante curiosa que gostasse de se gabar dos lugares exóticos que já colocou os pés. — Ele balança a cabeça rindo.

— Oh, me perdoe se minha vida sem graça te decepcionou — provoco-o com humor.

— Ah, Elena, nada sobre você poderia ser sem graça.

— Me lembro muito bem de você dizendo que eu era chata e  sem graça naquele café no dia em que concordamos em trabalharmos juntos e você plantou a ideia de viajarmos para o Canadá — rebato para conter os rodopios em meu estômago.

Os olhos cheios de humor de Damon assumiram um brilho predador. 

— Naquela época eu não fazia ideia do que você era capaz de fazer. — Ele sorriu malicioso. — E não estou me referindo à investigação. 

Sua voz rouca despertou partes do meu corpo e de repente se tornou impossível desviar o olhar daqueles azuis agora escuros.

— Deveria ter aparecido com uma placa de "perigo", então — sorrio.

— E eu teria perdido toda a diversão que é te descobrir, Elena? — Ele nega sem quebrar o ardente contato visual. 

Pensamentos da boca de Damon por todo o meu corpo, seus beijos molhados e os sussurros vulgares me fazem estremecer. Engulo em seco e finalmente desvio o olhar para o meu prato, contendo a vontade de contrair minhas pernas.

— Tão galanteador — murmuro e bebo do vinho que sequer percebi que me fora servido.

Damon ri, voltando a comer. Lentamente voltamos à conversa normal e as chamas em meu corpo foram se acalmando.

Quando terminamos o jantar e a sobremesa, tiramos a mesa e comecei a ajudar Damon com as louças sujas, separando-as para colocar na lava-louças. Comecei a passar os pratos para ele que estava próximo à máquina e ele os guardava.

— Damon? — chamo-o e ele me olha. — Posso te perguntar uma coisa?

— Manda ver.

— Se Stefan ainda estivesse vivo — hesito, temendo a resposta. —, onde estaria agora?

Ele cessa seus movimentos, piscando com as sobrancelhas franzidas, pensando.

— Eu não sei. — Responde. — Talvez eu estivesse ajudando-o com seus "trabalhos", mas duvido que estaria fazendo as tarefas sujas. Ou teria ido embora para outro lugar, teria começado a vida do meu jeito.

Damon me olha, os olhos em um azul intenso e vejo um lampejo de um sorriso.

— Mas eu também não teria te conhecido, Elena. — Diz e se aproxima, tocando meu rosto, observando cada centímetro. — E então, talvez, não teria encontrado meu lugar.

 

Damon acendeu a lareira da sala de estar enquanto peguei duas taças e um vinho, nos servindo um pouco. Estávamos sentados no sofá com nossas pernas entrelaçadas e  já me sinto extremamente confortável em sua casa.

— Matthew esteve em minha casa hoje — digo e Damon levanta o olhar para mim.

— E como foi? — pergunta, segurando minha mão.

— Muito suspeito. Ele sabia a hora que eu tinha saído e começou a interrogar Emma sobre com quem eu estava saindo e sobre o anel de Stefan. Ele estava usando um microfone ou um gravador na gola da camisa.

— O que ele poderia querer com o anel do meu irmão? E por que gravar a conversa?

— Ainda não sei, mas ele realmente quer muito o objeto. Na hora de ir embora, encontrou um desenho que eu fiz dele e pediu para eu encontrar e vender para ele.

— Ele está desesperado — pondera. — O que tem em mente?

— Talvez tenha que entrar um pouco no jogo dele. Deixar que ele pense que estou apaixonada demais para usar meu lado desconfiado e investigativo. Mas não sei ainda.

— Então está apaixonada? — pergunta, e sinto meu rosto esquentar.

— Nem um pouco.

— Está certa disso?

— Hum... existe apenas uma coisa de que estou certa no momento — respondo numa tentativa de mudar de assunto e me inclino levemente. — Tem algumas coisinhas que quero fazer com você — digo com malícia e ele sorri de lado.

— Ah é? — assinto e sua boca me atrai. — E o que acha de passar a noite aqui? Tenho camisetas de sobra para você dormir. — Diz e começa a acariciar minha perna, subindo sua mão por meu corpo, fazendo a pele se arrepiar com o toque. — E então eu teria a chance de tirar toda essa sua roupa bem devagar — sua mão entra por baixo do pano da saia — e eu faria questão de me demorar em alguns lugares.

Minha respiração irregular me denuncia enquanto suas palavras fazem cócegas no ponto entre minhas pernas e as contraio involuntariamente.

— Tenho uma ideia melhor — digo em seu ouvido com dificuldade. — O que acha de um banho? Não era isso que queria desde o primeiro dia naquele hotel?

Damon respira fundo, os olhos pesados.

— Vou preparar a banheira. 

Solto uma gargalhada quando Damon saí correndo e some nas escadas. Aproveito o momento para ligar para Emma e avisar que passaria a noite ali.

— Céus! Você pelo menos está vestida adequadamente por baixo?

— Emma! — exclamo em um cochicho. — Estou.

— É assim que se faz, garota! — comemora e rio. — Agora vai logo, não desperdice seu tempo precioso falando comigo.

— Até amanhã, Ems. — Nos despedimos e logo escuto os passos de Damon.

Caminho até ele e o mesmo segura minha mão, me guiando até seu quarto. Quando entro no cômodo, fico mais surpresa ainda. Seu quarto é elegantemente masculino e organizado.

— Você é bem... metódico, não? — comento, caminhando pelo quarto.

— Estou começando a ficar com medo de como você imaginou que seria minha casa, Elena. — Diz sorrindo, enfiando as mãos no bolso e se recostando na porta.

— E eu estou começando a achar que você só está querendo me impressionar — rebato em um tom divertido, ainda observando.

— Então eu estou te impressionando? — pergunta e se aproxima.

Não consigo responder quando uma de suas mãos vai até minhas costas, deixando carícias, enquanto a outra puxa a alça de minha blusa para baixo. 

Em segundos, suas duas mãos estão me despindo e não há nada que eu consiga fazer, uma vez que não tenho mais controle sobre meu corpo estagnado por seu toque.

— Adoro quando se arrepia assim quando te toco — sussurra e encontro seus olhos.

Seu olhar recai sobre minha boca e Damon morde seu lábio. Suas mãos descem até o cós de minha saia, abrindo os botões e deixando-a deslizar por minha pena. Quando me dou por mim, estou apenas de lingerie parada em sua frente.

Levo minhas mãos até a barra de sua camisa, puxando-a para cima, deixando seu lindo e bem delineado corpo exposto. Me aproximo dele, tocando a boca em seu peito, roçando-a levemente por sua pele. Percebo que Damon quase estremece e sorrio, descendo as mãos até a fivela de seu cinto, abrindo-o, e tiro sua calça.

— E eu adoro como seu corpo reage a mim. — Sussurro de volta e percebo sua respiração acelerar. — A forma como me diz que é todinho meu.

Damon conduz sua mão até meu rosto, traçando-o com a ponta do dedo. O rastro vai descendo até minha clavícula e descendo até meus seios. Seu dedo os contorna, indo até o meio deles em direção á minha barriga. Sinto os pelos dos meus braços erriçarem e me aproximo mais de seu corpo.

Esse é o efeito que Damon tem sobre mim. Por mais forte e independente que eu seja, embora goste de estar no comando e ter todos os meus próximos passos sempre programados para não falhar, Damon, sem perceber, exerce uma espécie de controle sobre mim e sobre minhas ações.

— A água vai esfriar, vem — sua voz rouca me desperta de meu pequeno transe e sua mão me guia até o banheiro.

Uma linda e espaçosa banheira foi preparada com sais de banho e espumas, a luz fora reduzida à mínima e uma garrada de champanhe com duas taças nos esperava.

— Ok, tenho que admitir que dessa vez você chegou bem perto — brinco, me virando para ele.

— Bem perto? — pergunta, arqueando a sobrancelha. — Eu arrasei nessa!

Damon se aproxima, me virando novamente de costas para ele e desabotoa meu sutiã. Sinto seu corpo quente encostar no meu e inclino levemente a cabeça para trás, apoiando-a em seu ombro e deixando meu pescoço à mostra.

Suas mãos passeiam por minha barriga, exploram meu pescoço e seus dedos reivindicam meus lábios. Mas para minha eterna infelicidade, ele se afasta para entrar na banheira e sinto falta de seu calor.

— Essa água está quase mais gostosa que você, Elena — comenta e rio. — Venha logo.

Tiro minha calcinha e faço menção de entrar na banheira, mas a campainha toca.

— Droga — Damon xinga, se levantando.

— Posso atender se quiser. Você está todo molhado — me prontifico e ele me observa.

— Certo. Só vou me enxugar e já vou até lá também.

Me enrolo em uma toalha e desço até a porta de entrada. Confiro pelo olho mágico e encontro uma mulher loira parada diante da porta. Abro-a minimamente.

— Boa noite — cumprimento e a loira avalia meu estado.

— Boa noite. Damon está? — pergunta e a encaro.

Eu a conheço. Era ela quem estava se atacando com Damon na noite do bar.

— Ah, sim — tento responder. — Vou chamá-lo.

Ameaço me virar, mas trombo com o corpo duro de Damon. Ele está vestido e seu rosto carrega uma expressão de confusão.

— Caroline?


Notas Finais


E então? O que acharam? Me contem o que estão suspeitando, quero saber como está trabalhando a cabeça de vocês!


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