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História Um faz de conta que acontece - E viveram felizes para sempre


Escrita por: VMatespjct e Jujuu_martins

Capítulo 2 - E viveram felizes para sempre


Fanfic / Fanfiction Um faz de conta que acontece - E viveram felizes para sempre

A viagem até o reino vizinho foi tranquila. O sol estava perto de se pôr, portanto podiam ver a cor alaranjada começar a pintar o céu aos poucos, através da abertura das cortinas de seda. 

    O rei acabou adormecendo, sentado ao lado do filho, e apoiou a cabeça no encosto do assento, deixando os dois um pouco menos envergonhados, ainda que se mantivessem em silêncio. Jimin porque estava observando a paisagem, completamente sorridente, e Taehyung porque estava admirando a forma como o brilho do sol tornava o rosto do príncipe ainda mais belo, começou a sorrir encantado antes mesmo de perceber.

    Já o Park, pelo contrário, reparou, e logo parou de encarar o esplêndido céu alaranjado, dando mais importância ao visitante que tinha ali. Aproveitou a distração alheia para abaixar o olhar, espiando, curioso, o que ele fora buscar no quarto, e sentindo seu fôlego falhar quando identificou aquele pequeno casaco.

    — Sabe, eu nunca achei que a vida fosse ser tão boa comigo outra vez. Acho que precisava de alguma prova real, por isso o casaco — explicou, chamando a atenção de Jimin para seu rosto mais uma vez, sentiu-se corar por ser pego espiando.

    — Ah... Pensa que sou de mentira, então? — brincou, cruzando os braços e sorrindo travesso. Taehyung se perguntou como conseguiu duvidar daquele menino, sendo que seu sorriso traquina nunca sumira, ao contrário, apenas se fez mais instigante com o passar dos anos.

    — Às vezes, sim. Quando acordava de manhã e sentia o peso da solidão caindo em mim, questionava se realmente já tive um amigo algum dia, ou se foi tudo fruto da minha imaginação cansada — respondeu, contendo sua vontade de jogar algum charme, era melhor que fosse pela área de amizade até ter certeza do que o Park pensava, de fato, a respeito de si.

    — Solidão? — questionou, parando de sorrir. Não gostava daquela palavra.

    — Sabe que eu só tinha meu irmão mais novo de amigo, mas, agora que ele viajou para ser diplomata, não tenho mais companhia há um bom tempo. O dia inteiro, apenas eu e o enorme castelo — informou, não se vitimizando, até porque não se achava em uma posição de pena. Em verdade, até se acostumara com a própria companhia. 

    — Tae... Posso te fazer uma pergunta? — pediu, um tanto receoso por utilizar o mesmo apelido de quando eram menores, porém, sem conseguir chamá-lo de outra maneira.

    — Pode — permitiu, já curioso.

    — Se estava tão sozinho, por que não ficou feliz ao descobrir que eu brincava com você quando éramos mais novos? Eu achei que gostasse de mim... — murmurou, encarnado suas próprias mãos e brincando com seus anéis de prata.

    — Pareci decepcionado? — questionou, olhando para fora da pequena abertura, sem saber bem como explicar o motivo de sua reação um pouco mais hostil. 

    — Não é isso... Você só... — Tentou falar, mas logo suspirou, assumindo que era melhor se manter calado, já que ele não gostava daquele assunto. — Deixe. 

    — Tenho medo que você vá embora outra vez justo quando eu começar a me apegar, então não quis deixar chegar a esse ponto — respondeu, sabendo que tinha o olhar de Jimin em si. — E, é claro que eu gosto de você, eu só falei aquilo na janta porque nunca me direcionaram a palavra casamento, é normal se assustar. 

    Taehyung não saberia, já que se recusava a encarar o príncipe, mas um pequeno sorriso surgiu sem permissão em seus lábios ao ouvir a última parte. Estava com muita vontade de provocá-lo por aquela confissão, assumindo um caráter menos inocente para ela, contudo resolveu aproveitar o momento e se permitiu admitir o que pensou durante anos:

    — Eu não fui a lugar algum, você é quem foi embora. Mas, se eu soubesse aonde ia, teria te procurado. O que te faz pensar que eu vou embora agora? — confessou, em tom baixo, esperançoso de que seria, em algum momento, encarado de volta. 

Alguns minutos se passaram em silêncio. Todavia, quando finalmente aconteceu, quando finalmente teve aqueles orbes fixos nos seus, a voz de seu pai impediu que Taehyung respondesse qualquer coisa:

    — Oh, eu adormeci. Estamos chegando já, filho? Sua mãe vai ficar brava se nos atrasarmos — perguntou, um pouco preocupado e ajeitando seu cabelo que se embaraçou pelo sono. Jimin precisou juntar muita força para conter um suspiro frustrado, estava tão perto!

    — Acho que ainda vamos demorar mais uns dez minutos, já consigo ver as casas daqui — avisou, apontando para fora da abertura da carruagem. 

    De fato, não demoraram muito a chegar ao belo castelo da família Park. O rei puxou alguns assuntos com Taehyung, todos sobre suas expectativas para com a carreira real, o que permitiu ao príncipe Park ficar quieto, pensando sobre o que faria para tentar obter as respostas que queria.

    Ao saírem da carruagem, a rainha já estava de pé no jardim, e com a filha no colo. Pelo que ela explicou, estavam aprendendo os nomes dos passarinhos, e resolveram dar um passeio para ver quais deles encontravam nas árvores. 

    — Ji, seu príncipe vai morar com a gente? — Dahyun perguntou animada assim que foi para o colo do irmão, permitindo que os pais conversassem com Taehyung e andassem à frente para lhe apresentar o castelo.

    — Meu príncipe? Dahyun! Com quem está aprendendo essas coisas? — reclamou, embora soubesse que era, em parte, culpa sua. Um de seus grandes amigos, seu empregado particular, era um dos únicos que sabia sobre Tae, e, durante uma conversa sobre a visita de Jimin à família Kim, pode ser que tenham usado aquele termo... E a garotinha escutou tudo enquanto fingia dormir no colo do irmão.

    — Ji, vocês deviam dormir no mesmo quarto. Você quer conversar com ele, não quer? — perguntou, desviando o assunto da pergunta que recebeu, o Park cerrou os olhos.

    — Park Dahyun, onde aprendeu a ser tão espertinha? Não mude de assunto. — Fez cócegas em sua barriga com um dedo, ouvindo a risada infantil preencher o corredor até então só tomado pelas vozes dos pais. Tanto é que, em seguida, sua mãe parou de falar e se virou, instigando os outros dois a fazerem o mesmo.

    — Meus filhos, já estão aprontando? — questionou com um suspiro, fazendo com que ambos parassem de sorrir.

    — Mamãe, eu ‘tô cansada, a senhora prometeu que ia me ajudar no banho! Deixa o Ji mostrar a casa ‘pro TaeTae, eles são amigos! — pediu, manhosa, ganhando mais cócegas na barriga e se mexendo enquanto ria. 

    — Ai filha... — Começou a dizer, trocando olhares com o marido que apenas deu de ombros e sorriu. 

    — Vai lá cuidar dela, amor. Acho que não faz mal — avisou, chamando a garotinha com uma mão. — Você prefere que meu filho te acompanhe? Podemos nos encontrar de novo no jantar, daqui há uns trinta minutos, o que acha? — perguntou, olhando para Taehyung enquanto Dahyun corria em direção aos braços da mãe. 

    Entretanto, o príncipe Kim não sabia o que responder. Era óbvio que preferia caminhar com Jimin, mas não tinha certeza de que essa resposta soaria boa, e não queria ser rude com a família que lhe acolheria por uma semana. Para sua sorte, não precisou responder por conta própria.

    — Parece uma ótima ideia, pai. Deixem comigo, ajude a mãe a preparar Dahyun para jantar e se arrumem também com tranquilidade, eu cuido do que ele precisar — avisou, parando ao lado de sua visita e sorrindo confiante para seus pais. Estava ali uma ótima oportunidade, não queria desperdiçá-la.

    — Certo, se preferem assim. Pode lhe emprestar um quarto ao lado do seu, e não se esqueçam de descer para jantar às sete — reforçou o aviso, tomando a mão da esposa e acenando para os dois antes de andarem em direção ao quarto da filha.

    Taehyung nem mesmo percebeu quando seu olhar caiu para a mão pequena e adornada ao lado, questionando-se como seria segurá-la depois de tantos anos. “Pelo visto, a textura ainda deve ser a mesma…” pensou, não notando que era observado por olhos travessos. 

    — Algum problema com minha mão, alteza? — brincou, estendendo-a em frente a ele, analisando sua reação. 

    Pelo que lembrava, imaginou que ele fosse ficar tímido e recusar aquele gesto mudando de assunto, e foi o que ocorreu. Desviou o olhar e, com uma voz baixa, resmungou:

    — Seus pais disseram que temos meia hora, é melhor andar logo.

    — Tão rabugento... — murmurou, abaixando a mão e balançando a cabeça em reprovação. — Vamos, vou começar com o salão de festas. Nossos empregados normalmente transitam bastante pelos corredores, mas acho que estão tímidos hoje, então somos só nós dois.


[...]


    — E, por fim, seu quarto. Ele fica ao lado do meu, então, caso precise de alguma coisa, ou só queira minha companhia, pode dar uma batida na porta — avisou, abrindo a grande porta enfeitada e adentrando o local, dando a Taehyung a visão de um quarto chique e aconchegante, que continha uma enorme cama de casal e alguns móveis de madeira que já conhecia bem, eram parecidos com os de sua casa. — Tem algumas roupas ali, são peças feitas sob medida, mas meu pai achou que te serviriam, já que as minhas claramente não caberiam — informou, com um discreto riso, e apontou para o móvel com as roupas. — Deve estar um pouco cansado, então vou deixá-lo descansar e tomar um banho, uma empregada já deixou preparado. Venho te avisar quando for a hora de descer.

    Ainda observando o quarto, Taehyung apenas assentiu, só percebendo de fato o que ele falara por último quando ouviu os passos em direção à porta. No mesmo instante, virou-se, estendendo a mão de forma quase inconsciente.

    — Espe— Parou de falar ao ver que a porta já tinha sido fechada, abaixando a mão. Suspirou, lembrando-se das palavras de Hoseok e colocando o casaco, com o bloco dentro, em cima da cômoda. — Tomar banho rápido, ir falar com Jimin, certo — repassou o que faria em voz alta, procurando uma toalha antes de adentrar o banheiro luxuoso, sorrindo ao ver a banheira cheia e a espuma saindo, além de sentir um aroma maravilhoso de lavanda.

    Tomou um bom banho, ainda que não quisesse demorar demais, arquitetando um plano para abordar Jimin. Seria mais fácil se pudesse só falar o que queria logo, mas tinha escolhido levar a situação com mais calma, então não o faria.

    Por isso, escolheu uma blusa social branca em conjunto com a calça preta, ambas típicas da realeza, e parou à porta do quarto ao lado, demorando alguns segundos até conseguir reunir coragem para bater. A resposta foi imediata, apenas um “pode entrar e feche a porta” em tom baixo. 

    Assim como lhe fora permitido, abriu a porta, adentrando o quarto e fechando-a antes de tirar o olhar do chão, ainda formulando o que falaria quando escutou outra vez a voz de Jimin:

    — Oh, Tae. Achei que fosse algum de meus pais — disse, fazendo-o lhe encarar e perceber, com espanto, que ele estava apenas com uma calça branca, secando seu cabelo e se olhando no espelho. — Então, algum problema?

    Por mais que tivesse passado o banho inteiro se preparando, não conseguiu falar nada, apenas observar de cima a baixo aquele corpo muito mais bonito do que um dia imaginou que se tornaria. Seu olhar foi notado pelo Park, que tentou segurar a risada, se Taehyung já não falava nada quando estavam em ambientes mais sociais, imagine daquele jeito.

    — Espere um pouco, vou me vestir, antes que você esqueça o que veio fazer aqui — avisou, deixando a toalha no ombro enquanto abria seu armário.

    — Eu posso voltar depois — disse, sem pensar, apontando para a porta e se virando para ela. Entretanto, não conseguiu dar nem um passo sem que Jimin falasse de novo:

    — Ei, fique aqui, por favor. Olhe, já estou com uma blusa na mão, dê-me um segundo.

    Taehyung virou-se, conferindo que ele falava a verdade e se permitindo observar uma última vez aquele corpo antes que fosse coberto pela blusa azul-escura. Até mesmo fechou seus punhos com calma, contendo a vontade que teve de tocá-lo, apenas não sabia se era para garantir sua realidade ou por pura curiosidade. Mentiu para si mesmo que era apenas pela primeira razão.

    — Pronto, estou vestido. Podemos conversar agora. Venha aqui — pediu, dando tapinhas ao seu lado na cama, em um pedido indireto para que se sentasse ali. Após relutar um pouco, ele finalmente cedeu e sentou-se, arrancando um pequeno sorriso vitorioso de Jimin. — Agora, quer me dizer o motivo da visita? 

    — Meu nome é Kim Taehyung, tenho vinte e sete anos, faço vinte e oito em dezembro. Tenho um irmão mais novo chamado Kim Namjoon, que tem vinte e cinco anos e é diplomata, agora está no reino da família Ahn, onde conheceu sua noiva. Meus pais são Kim Jisoo, chamada de Jihyo, e Kim Daniel, ambos herdeiros do trono dos Kim’s, reino onde eu moro. Agora você sabe como me encontrar se quiser me ver — comentou, esperando não ter soado impaciente.

    — Park Jimin, tenho vinte e sete anos, faço vinte e oito em outubro. Tenho uma irmã mais nova chamada Park Dahyun, que tem seis anos e é meu bebê. Meus pais são Park Jisoo e Park Jinyoung, ele um herdeiro direto dos Park’s e ela a cozinheira mais famosa do reino, por quem meu pai se apaixonou — informou também, recebendo o olhar curioso de Taehyung. — Oh sim, não me encontro comprometido, acho que vou ser rei sozinho... — completou, sorrindo travesso.

    — Não era você quem estava cobrando meu compromisso de vinte anos atrás? — questionou, não se preocupando em segurar daquela vez.

    — Oh, então devo dizer que estou comprometido com Sua Alteza, príncipe Kim? — perguntou, em pura provocação, e ergueu uma sobrancelha, na esperança de tê-lo encurralado.

    — Vamos chegar atrasados ao jantar, é melhor descermos logo — disse, levantando-se e ficando ao lado de Jimin. A provocação lhe pegou de surpresa, e precisava de um tempo para pensar em como responder sem cair naquele joguinho. 

    — Sempre desviando do assunto... Como você é chato — resmungou, também ficando de pé e aproximando seu rosto até estar a milímetros da orelha alheia. — Saiba que, se quiser pegar minha mão, é só pedir. Ficar olhando não mata vontade — sussurrou, andando à frente antes que o Kim brigasse consigo. Mas, a verdade era que, ele apenas ficou parado, tentando compreender o que acontecera e sentindo-se envergonhar por ter sido pego mais uma vez. Apenas o chamado de Jimin lhe fez voltar à realidade: — Gostaria de me acompanhar, alteza?


[...]


    Após o jantar, o rei Park convidou seu convidado para conversar um pouco, contando-lhe sobre a vida que levou e também pedindo opiniões em relação a alguns problemas que precisava resolver em seu reino, mais para treiná-lo do que para conseguir orientação, tudo feito a pedido do rei Kim. 

    Quando Taehyung retornou ao seu quarto, já era tarde e se sentia sonolento, então resolveu que seria melhor se trocar e dormir. Ainda parou por alguns instantes antes de entrar, observando a porta ao lado e se perguntando onde estaria aquele príncipe, ou o que estaria fazendo. “Dormindo, acho” pensou, abrindo sua porta e seguindo o que estabelecera. Em menos de dez minutos, já estava deitado.

    Sentia-se um pouco inquieto por, ao se ver sozinho, analisar os acontecimentos do dia. Queria ter agido diferente, e temia estar jogando a chance que Hoseok lhe dera fora, mas não sabia como mudar seu comportamento. Ainda nesse dilema, estava quase adormecendo quando uma fresta de sua porta foi aberta e Jimin colocou um olho e parte do rosto por ela.

    Seu olho estava vermelho e o rosto inchado, o que preocupou o Kim que se sentou no mesmo instante em que a voz trêmula saiu:

    — Posso entrar? — pediu, quase em um fio de voz, e logo Taehyung percebeu que ele tinha chorado.

    — Claro — respondeu, ajeitando-se e esperando até que ele fechasse a porta e se aproximasse, sentando ao seu lado. Sem pensar muito, cobriu suas pernas com a colcha grossa que usava para não ficar com frio. — O que houve? — perguntou, encarando-o e se surpreendendo ao ver que ele apoiara a cabeça em sem ombro, virando o corpo para se apoiar no seu.

    — Tive um sonho horrível. Eu costumo ter pesadelos todas as noites, mas esse foi um dos piores — sussurrou, temendo parecer infantil demais, porém sem saber onde mais buscar consolo.

— Quer falar sobre? Se preferir, pode dormir aqui, eu não me importo — ofereceu, um pouco receoso ao levar uma mão ao rosto alheio, secando uma lágrima que quase caía pelo olho esquerdo. Não sabia porque, mas um desespero enorme lhe apossou assim que bateu os olhos naquele rostinho avermelhado, não gostou de vê-lo assim.

    Ele não respondeu, mas Taehyung sentiu quando apertou os olhos e mais lágrimas caíram. Em um instinto protetor, que até então só usara com Namjoon, afastou a coberta, envolvendo o corpo pequeno em um abraço e fazendo carinho em seus cabelos, enquanto sussurrava que tudo ficaria bem em seu ouvido. 

    Quando percebeu que a respiração de Jimin estava mais calma, abaixou o rosto para vê-lo, percebendo que ainda escondia a cara em seu pescoço. Levou uma mão até seu rosto, secando as lágrimas mais uma vez e parando em seu queixo, levantando-o um pouco para que lhe encarasse.

    — Estou aqui, certo? Olhe para mim, não há nenhum mal aqui — pediu em sussurro, vendo-o, enfim, abrir os olhos. Suas íris cintilavam pelo choro, mas aparentava estar mais calmo, aquilo deixou o Kim um pouco aliviado.

    Ficaram em silêncio por um tempo, apenas se encarando, e Taehyung perdeu a noção de onde estava ou que horas eram. O rosto infantil de que se lembrava ainda era visível nos traços mais simples, como a boca rosada ou os olhos brilhantes, mas de uma forma mais adulta e instigante que lhe fez se aproximar sem perceber, atraído por algo que nem sabia explicar. 

    Tinha em seus braços o amigo de quem mais sentiu falta, com quem mais sonhou acordado, e ele se tornou um homem encantador, então seu encantamento era justificável, pelo menos assim explicaria a si mesmo no dia seguinte. Entretanto, naquele momento, a única coisa com que se importava era apreciar a beleza que via, por isso, nem mesmo se surpreendeu quando ouviu um pedido ser feito baixinho: 

    — Me beije... por favor. 

    Questionou em seus pensamentos se estava sonhando, ou até mesmo julgou-se por acatar aquele pedido, sendo que Jimin estava fragilizado e não devia deixar seus impulsos serem maior do que os cuidados de que ele precisava. Todavia, nada daquilo impediu que se abaixasse, observando os pequenos olhos se fecharem em expectativa, e tocasse, enfim, aqueles lábios tão bonitos para si.

    Esquecendo-se por completo de qualquer outro detalhe que não fosse aquele ósculo calmo que iniciou, Taehyung segurou com mais firmeza na cintura coberta, em um ato instintivo. Podia escutar ambas as respirações conforme sentia o roçar de seus narizes, e também sentia seu coração bater tão rápido que duvidou se seria possível aquele som ritmado não estar ecoando por todo o quarto. Já Jimin poderia afirmar o mesmo em relação ao seu, não se sentia tão vivo há muito tempo.

    Quando se afastaram, a contragosto, nenhum dos dois soube o que dizer para expressar aquela sensação boa, portanto, apenas sorriram, cada um preso aos seus próprios pensamentos. Entretanto, bastou um olhar para que se beijassem mais uma vez, até que Jimin acabou adormecendo tranquilo nos braços de Taehyung. 

    Naquela noite, não teve mais pesadelos. 



[...]



    — Papai, será que eu poderia tomar o príncipe Kim do senhor por algum tempinho hoje? Quero lhe mostrar uma coisa — pediu, comendo mais uma garfada de seu bolo favorito e esperando a resposta de seu pai. Dahyun estava ao lado da mãe e sorriu animada quando escutou o pedido de seu irmão. 

    — Dahyun me pediu para fazer a leitura hoje, no lugar de sua mãe. Por favor, faça companhia a ele durante esse tempo — avisou, como uma resposta indireta, indicando Taehyung com um aceno.

    A conversa foi desviada para o que leriam, o que permitiu ao Kim pensar um pouco sobre o que Jimin queria lhe mostrar. Depois da noite anterior, acordou sozinho no quarto, e era a primeira vez que se viam, por isso estava curioso. Nem mesmo conversaram desde que o café foi servido. 

    O tempo pareceu passar muito devagar. Enfim se despediu dos adultos, acompanhando o príncipe Park pelo corredor, embora ele estivesse andando rápido demais em comparação a si, afinal, estava um pouco sem jeito. Em sua cabeça, havia apenas um temor martelando sem parar: “será que ele vai achar que me aproveitei da sua fragilidade emocional? Mesmo ele tendo pedido, eu não deveria ter feito sem ele estar em um estado normal de consciência. Talvez só estivesse carente e precisasse se distrair com algo…”

    Os pensamentos irritantes continuavam lhe tomando a atenção, fazendo com que o caminho fosse silencioso, pelo menos até pararem. Taehyung logo percebeu estar de frente para a porta do quarto ao lado do seu, encarnado o dono dele um pouco confuso enquanto era convidado para entrar com um gesto. Só quando estavam sozinhos, com a porta do quarto fechada e Jimin parado à frente dela, que pôde ouvir algo.

    — Tae, eu queria pedir desculpas. Hoje de manhã eu sumi e ontem eu apenas me apoiei em você sem nem saber se estava incomodando. Eu caí na real quando acordei e percebi que quase te forcei a me beijar e a cuidar de mim, com todo o choro e o desespero, então não tive coragem de te encarar outra vez, por isso voltei para meu quarto antes que você acordasse — confessou de uma vez, segurando a maçaneta da porta para conter seu nervosismo. Não suportava a ideia de ter estragado tudo entre eles justo quando estavam voltando a se dar bem, esperava conseguir ao menos voltar atrás. 

    Enquanto isso, Taehyung apenas escutava em silêncio, surpreso pela justificativa. Jamais passou por sua cabeça que fora forçado a cuidar dele, e muito menos beijá-lo, pelo contrário, praticamente seguiu seu instinto. E, estava feliz por tê-lo feito, já que descobriu que ele não estava bravo.

    — Jimin — chamou, após vários segundos sem falar nada. Não teve resposta, mas ele se virou para si, dando-lhe a visão de sua expressão culposa e envergonhada. Naquela vez, Jimin não olhava em seus olhos. — Eu cuidei de você porque quis, e beijei porque queria também. Não me forçou a nada. 

    Aproximou-se, esperando que ele levantasse a cabeça, contudo, isso não aconteceu. Conseguiu visualizar um pequeno sorriso começar a se formar nos lábios que já amava, e, com isso, sorriu também. Na noite anterior, percebeu que, não importava quantos anos se passassem, não queria vê-lo sofrer por nada. Igual ao dia em que se conheceram. 

    — Mas, se você não olhar para mim, como fica a nossa situação? Você me pediu um beijo porque queria também? — perguntou o que estava fazendo seu coração doer de ansiedade. Queria tanto saber como agir, porém, infelizmente, não sabia. 

    — Você ainda pergunta? — devolveu, arriscando fazer o que lhe foi pedido e encarando Taehyung, mesmo com o rosto vermelho pela vergonha. — Tae, eu espero feito louco por isso desde que você sumiu. Claro, na época eu não entendia, mas agora eu posso afirmar com clareza. A questão é: o que você quer de mim? 

    A pergunta pegou o Kim de surpresa mais uma vez, não esperava que fosse questionado de forma tão direta. Entretanto, as palavras de Hoseok vieram à sua mente, e soube que era melhor agarrar aquela chance. Além do mais, seria um mentiroso se dissesse que não queria o mesmo.

    — Quero de você o que achar que pode dar. Se for amizade, não tem problema. Se for mais que isso, eu ficarei muito feliz — admitiu, rendendo-se aos encantos do rapaz à sua frente e permitindo-se falar a verdade. 

    — O que eu puder dar, é? — questionou, com um sorriso travesso, e só então Taehyung percebeu o outro sentido no que falou, desviando o olhar para o chão e pensando se ainda tinha tempo para sair correndo.

    — Park Jimin, vou fingir que você não existe se ficar de gracinha — resmungou, cruzando os braços. 

    — Certo, certo. Não seja tão rabugento, Taehy — brincou, aproximando-se até ficarem cara a cara. — Agora, o que preciso fazer para poder te dar o título de meu? Mais um beijo? — questionou, sorridente. 

— Você fala como se eu já não tivesse... Mas aceito sua proposta — respondeu, revirando os olhos de brincadeira e sorrindo, deixando-se ter o rosto segurado por Jimin, ainda que precisasse se abaixar um pouco, e tocar mais uma vez aqueles lábios que já se tornavam seu novo vício.


[...]


— Eu ainda acho que poderia ter uma cena de casamento. Hoseok? — perguntou, cruzando os braços enquanto segurava o riso. Não era culpa sua, afinal, Taehyung ficava muito fofo quando tímido. 

— Eu já precisei adiantar o roteiro um monte de vezes durante a produção dele porque o Taehyung ficava me atrapalhando. Vocês dois são o casal perfeito mesmo, adoram reclamar do que eu escrevo. Esse primeiro ensaio foi muito bom, e ele quase morreu só de ter que te beijar, imagine se faço uma cena de casamento?

— Hoseok! — Taehyung reclamou, dando-lhe um olhar feio em repreensão. De fato, teve vários surtos quando recebeu o roteiro final, com as alterações que pediu durante os ensaios, e percebeu que beijaria Jimin duas vezes. Mas, ele não precisava saber daquilo.

— O quê? Você atua bem, mas eu te conheço ainda melhor, mocinho — provocou, sorrindo com o papel e a caneta em mãos. — Já sei, já que querem tanto essa cena, por que não improvisam? Estou curioso para ver como seria... Vou chamar o resto do elenco — propôs, ainda sorridente, e saiu andando, antes parando ao lado do Taehyung para sussurrar em seu ouvido: — Aproveita e confessa para ele logo. Na pior das hipóteses, você diz que entrou demais na personagem. 

Sem ter como responder, Taehyung arregalou os olhos. Era muito arriscado, contudo, poderia funcionar. Quando estava atuando, sentia uma coragem muito superior a quando era só Kim Taehyung, estudante do último ano do ensino médio e apaixonado pelo ex-vizinho desde pequeno. 

Enquanto mexia em seus dedos, nervoso, e ouvia Hoseok dar o aviso ao longe, não percebeu que era observado por Jimin, que fingia reler o roteiro para não ser incomodado. Quando fora convidado para aquela peça, achou interessante, porém, quando descobriu que Taehyung estava no elenco, fez de tudo para que ficassem como o casal principal, combinando com o Jung para que o Kim fizesse o teste e sendo um dos jurados. Inclusive, ficou surpreso ao perceber que ele, na verdade, era perfeito para o papel.

Logo, toda a equipe já estava a postos, combinaram que começariam dando a notícia aos pais durante um jantar.  


[...]


    — Jinyoung, seu filho disse que queria nos fazer um pedido. Gostaríamos de saber do que se trata — Daniel comentou, alternando o olhar entre Jimin e Jinyoung. Taehyung voltara na semana anterior, e estava encarando o príncipe um pouco confuso. Conhecia-o bem o suficiente para saber do que se tratava, mas ainda estava surpreso por sua iniciativa.

    — Na verdade, Daniel, ele não me contou. Estava cheio de gracinha com a irmã e não falou para ninguém. Filho? — chamou, olhando em sua direção. 

    Com a atenção de todos em si, Jimin sorriu, com uma tranquilidade que era invejada por Taehyung, e abaixou os talheres. Virando-se para os dois Kim’s, não sem antes dar uma piscada para o filho deles, começou a falar:

    — Majestades, eu prometo ser o mais breve possível. A verdade é que, quero lhes fazer uma proposta. Perdoem-me, um pedido. Gostaria de saber se tenho sua permissão para me casar com seu filho, Kim Taehyung. E, pai, mãe — virou-se para eles —, Tae está com vergonha para pedir, mas ele gostaria de pedir a mesma coisa. Vocês quatro nos permitem? — pediu, ouvindo os risinhos baixos de sua irmã, que estava bem animada para poder chamar o príncipe Kim de irmão também. 

    Quanto aos reis, estavam todos em silêncio. Jamais imaginariam um pedido como aquele vindo, e começaram a se perguntar o que se passou entre eles no período em que Taehyung ficou com a família Park. Entretanto, bastou verem a forma como Jimin sorria ao encarar o Kim para que percebessem que era genuíno. Aquilo os deixou, sobretudo os Kim’s, felizes. 

    — Bom, desde que nosso Namjoon saiu do reino, o Tae está tão solitário. Eu percebo que, quando está com você, ele fica mais feliz e sai um pouco daquela seriedade que sempre tem. Isso me deixa contente, não vejo porque impedi-los, se for o que realmente querem. — Jihyo foi a primeira a se pronunciar, fazendo carinho no cabelo do filho, quebrando um pouco a formalidade com a que se portavam, afinal, os Park’s seriam em breve família também. 

    — Concordo com ela. Meu filho vive com a irmã para todo canto, fiquei animada quando soube que estava passando um tempo maior com alguém da mesma idade e ainda de um reino amigo. — Jisoo completou, sorrindo gentil para os dois rapazes. 

    Todavia, os dois patriarcas ainda se mantinham em silêncio. Nunca presenciaram nenhum casamento entre dois príncipes, morariam em qual reino? Como as pessoas os chamariam? Como teriam herdeiros?

    Todos os receios que se passaram em suas cabeças sumiram com o último pronunciamento de Jimin: 

    — Eu esperei por uma chance de revê-lo por mais de vinte anos. Vocês conseguiriam viver por tanto tempo longe de suas esposas? — perguntou, em um ultimato para receber aquela aprovação.

    Ambos suspiraram, trocando olhares antes de finalmente concordarem, usando um aceno positivo para passar a aprovação. Até mesmo Taehyung permitiu um enorme sorriso em seu rosto, tendo sua atenção chamada com o comentário de Dahyun:

    — Olha, papai, você fez o príncipe bonito sorrir grandão, nem os coelhinhos fizeram isso — exclamou, animada. O príncipe Kim apenas arregalou os olhos, ouvindo os risos dos adultos e do próprio Jimin, e voltou a encarar seu prato, comendo uma garfada para disfarçar.


[...]


    — Seus pais disseram que não tem problema dormirmos no mesmo quarto, já que vamos nos casar em breve — avisou, como se fosse uma desculpa por ter entrado. Taehyung estava lendo, e sentado na cama, então só percebeu quando a porta foi fechada.

    — Ah, sim, certo — murmurou, guardando o livro e levantando a cabeça. Jimin sentou-se ao seu lado na cama, virando o corpo para poder deitar a cabeça em seu colo, o que lhe deixou sem reação. 

    — Não precisamos mais ser tão discretos, Tae — avisou, pegando a mão alheia e colocando-a em sua cabeça, para que lhe fizesse carinho. 

    — Como você consegue falar o que sente de forma tão aberta? — questionou, começando a mexer em seus fios e relaxando um pouco. Afinal, ele estava certo.

    — Simples, eu passei muito tempo guardando isso. É como se estivesse entalado em minha garganta, desde quando éramos pequenos. Certo, na época eu pensei que só estava triste porque meu amiguinho favorito foi embora sem me dar uma maneira de encontrá-lo, mas depois eu descobri que não. Foi só bater os olhos em uma versão mais adulta dele e me apaixonei, não vejo porque manter esse sentimento tão bonito só para mim — respondeu, sorrindo a ponto de seus olhos se fecharem. Contudo, não esperava receber uma resposta de volta.

    — Entendo... Queria ter te deixado alguma forma de me encontrar, mas eu não sabia que faria tanta falta, muito menos que me deixaria tão fora de mim só por ter crescido um pouco e se tornado um homem, diferente da criança com quem eu brincava. Se você soubesse o quanto escondi meus desejos até de mim mesmo, com medo de fazer algo proibido ou desagradável. A verdade é que... eu te amo, Jimin — confessou, encarando os olhos, agora abertos, que continham um brilho quase infantil. Nunca haviam falado aquela expressão, direta, forte. 

    — Droga, eu não consigo — sussurrou, sentando-se de uma vez e puxando o queixo do Kim para beijá-lo, embora um pouco mais rápido. — Eu também te amo, Taehyung. Você nem imagina o quanto — completou, segurando o enorme desejo de beijá-lo outra vez assim que ouviram um barulho alto no meio do auditório em completo silêncio.

    A atenção de todos, antes na cena muito bem improvisada, estava agora em Hoseok, que estava de braços cruzados após bater a prancheta na mesa. Já havia adicionado aquelas duas cenas ao roteiro, e estava bastante satisfeito com elas, mas ainda precisava resolver mais um detalhe.

    — Eu não aguento mais vocês dois. Deixei até as personagens com os mesmos nomes, mas agora acho que não devia ter feito isso. Sei que essa última cena não foi só atuação, não ajam como se fosse, então vou dar uma pausa de dez minutos para todos, enquanto arrumo a cena do jantar, e vocês vão se resolver lá atrás. Longe de mim, de preferência — pediu, já imaginando que ambos sairiam do palco ainda sem se resolver caso deixasse a cena chegar ao fim, e a tratariam apenas como mais uma, ainda que falassem o que desejavam há muito tempo.

    Impressionado pela interrupção de Hoseok, Jimin, que não era tímido, apenas lhe lançou um sorriso travesso, pegando a mão de Taehyung e andando em direção ao camarim onde suas coisas estavam. Os demais membros do clube de teatro aproveitaram o intervalo para comer e mexer em seus celulares.

    Pararam de andar somente quando entraram na salinha e Jimin fechou a porta, aproveitando a oportunidade que Hoseok criou para colocar tudo a limpo. 

    — Olhe, desculpa se eu te assustei, mas acho que aquele doidinho ia subir no palco para nos bater com aquela prancheta se eu não tomasse alguma iniciativa. O problema é que, assim como ele disse, eu já te contei tudo, só que com outro pretexto. Eu fiquei louquinho quando você se mudou sem dizer aonde ia. E ficou ainda pior quando eu me mudei para esta escola, no início do ano, e te vi todo quieto. Não sabe o alívio que senti quando vi que era do clube de teatro, já que eu queria entrar nele de qualquer jeito. Só é uma pena que demorou um ano até conseguirmos atuar juntos — confessou, surpreendendo Taehyung. Quando contou sobre Jimin ser seu antigo vizinho e primeiro amor ao Jung, jurou que ele não se lembrava de si e nem sentia nada, portanto, observou-o a distância durante o ano.

    — Jimin... Eu consigo entrar em uma personagem para falar, mas não me faça repetir o que falei lá no palco sendo meu eu normal. É provável que eu desista e saia correndo antes de terminar — pediu, incapaz de encará-lo nos olhos.

    — Não vou fazer isso. Posso te pedir para repetir só uma coisinha? Bem pouquinho, nada demais — perguntou, levantando o dedo para representar o que falava.

    — Pode... O que é? — questionou, sentindo aquele mesmo dedo agora em seu queixo, levantando-o para que ficassem cara a cara.

    — Repete a última frase para mim? Só ela, sem mais nada. — Encarou-o com um olhar pidão para o qual era impossível negar qualquer coisa.

    — Eu... te amo, Jimin — sussurrou, dando-se por vencido, e abaixou o olhar. 

    Arregalou os olhos ao sentir um selinho depositado em sua boca. Ainda que tenha sido beijado por si três vezes no palco, ali eles eram apenas dois estudantes do clube de teatro, e não dois príncipes de reinos amigos.

    — Eu também te amo, Taehyung. Volta comigo hoje? Temos muito a conversar — pediu, dando-lhe mais um selinho antes de ouvir uma confirmação murmurada e deixar um sorriso enorme escapar, apoiando-se no ombro alheio para poder, enfim, dar-lhe um beijo de verdade.

    O primeiro de muitos.


Notas Finais


E é isso,
Gostaria de agradecer a @chanbaekina pela capa doada, ela é incrível e eu estou apaixonada até agora.
E quanto ao plot, eu fiz com base na capa e no antigo plot, mas mudei praticamente tudo, então ele é meu mesmo.
Espero que tenham gostado, fiz com muito carinho.
Até loguinho,
Kisses


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