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História Um final feliz - Capítulo 04


Escrita por: flowers_lk

Capítulo 5 - Capítulo 04


Ela não queria ficar mais ali, estava começando a se sentir mal, conhecia bem aquela angústia. Olhou ao redor e tudo que ela via a assustava, caminhou de volta até o pai e os outros homens.

– Eu quero ir embora – disse, de súbito.

– Está tudo bem?

– Não me sinto bem.

Heitor se aproximou tentando tocá-la mas a mesma não permitiu, se afastando.

– Ela está pálida, vou pegar um pouco de água – Maria saiu.

– Bonner – chamou –, me leva embora – pediu, chorosa.

– Claro, vamos.

Ele a segurou e caminhou com ela para longe dali, saindo sem deixar respostas, antes de entrar no carro, ela correu para um canto reservado e colocou todo o almoço para fora, chorando e tremendo.

– Tá tudo bem – ele tirou um garrafa de água do carro e lhe deu, a abraçando logo em seguida.

– Preciso sair daqui.

Ela se esforçou e caminhou até o carro, William se encarregou de tirar a mulher dali, não sabia para onde iria levá-la, somente iria tirar ela de perto de tudo.

– Me leva para a casa da minha irmã, Bonner, por favor.

Só ela sabia o quanto doía, encostou seu corpo no banco do carro e virou o rosto para o lado, deixando seu pranto correr pelo seu rosto. Machucava demais ter perdido a mãe, ter presenciado o fato, e ainda não saber quem era o responsável por toda a desgraça de sua vida.

Ela sentiu a mão de Bonner em sua mão, o homem avaliava o estado da amiga, sentia tanta pena dela, a jornalista era apenas uma menina cheia de traumas e dores. William sentia que tinha a obrigação de protegê-la, por tudo que passaram juntos.

Bonner e Renata mantém a amizade desde quando entraram na pré escola, estavam juntos no dia do ocorrido, ele lhe tirou de toda a confusão a chamando para se esconder debaixo da mesa, ele a abraçou e tampou seus ouvidos para que ela não ouvisse os gritos desesperados de seu pai, foi ele quem secou a primeira lágrima que correu de seus olhos.

Na adolescência, ele foi seu guarda costas, ele viu a amiga virar mulher, viu ela ficar mais bonita, percebeu cada diferença em seu corpo, ele foi seu acompanhante nos bailes da escola, ele a protegeu dos meninos mal intencionados, viu ela se apaixonar e a viu chorar de desilusão, quando o menino a rejeitou.

William foi seu príncipe na festa de quinze anos dela, celebração essa na qual Renata não queria de jeito nenhum, mas ele o convenceu, então eles dançaram juntos a valsa, foi ele quem lhe deu seu primeiro beijo, mesmo que desajeitado e rápido.

Foram os dois, juntos, que descobriram o prazer dos corpos, foi ele quem a fez descobrir o poder de seu corpo e o quanto ela era linda, Bonner foi o primeiro homem que pôde vê-la nua.

Foi com ele que fizeram várias viagens, foi ele que chorou a sua partida, foi ele que durante anos viajou uma vez ao ano para vê-la em outro país.

Ele é o seu melhor amigo.

Ele sempre esteve com ela, em todas as situações.

– Tem certeza que não quer que eu fique? – ele perguntou, assim que estacionou na porta da casa de Lanza.

– Tenho – sussurrou, tirando o cinto –, obrigada, Bonner – sorriu, levemente.

Ele puxou seu rosto e beijou sua testa, depois colou a dele, fecharam os olhos.

– Vou estar aqui sempre que precisar, duquesa, acredite – sorriu.

– Eu sei que vai, eu também não vou sair nunca de perto de você.

Ela abriu a porta, antes de descer disse:

– Te amo, grandão – saiu.

Ele a observou entrar na casa da irmã, respirou fundo e saiu dali, olhou para seu celular e viu inúmeras ligações de sua namorada.

[...]

– Oi Tata – disse, Natuza.

Renata passou por ela e sorriu simpática.

– Oi Tuza, minha irmã está?

– Está no banho, deve estar saindo, sente-se – elas se sentaram –, está tudo bem?

Natuza estava se formando em jornalismo, estava no último semestre da faculdade, e era a namorada de sua irmã, elas namoravam desde a adolescência, o namoro no começo foi terminantemente proibido por seu pai, Renato era totalmente contra a filha mais nova se envolver com uma mulher, Natuza era um ano mais velha que Lanza, quando começou a namorar com a menina, ela tinha dezesseis anos e a estilista tinha somente quinze, o relacionamento só foi permitido quando Natuza conseguiu conquistar a confiança do pai de Lanza. A um ano e meio, ela faz estágio na rede Globo e mesmo antes de se formar já conseguiu conquistar seu espaço na área com seu blog de notícias, aonde opina sobre a política local.

– Descobri algumas coisas sobre a morte da minha mãe, coisas que eu nem imaginava.

– Mentiram para você?

– Sim, Natuza eu estou cercada de mentiras esse tempo todo.

– Seu pai deve esconder muita coisa de você.

Renata a olhou.

– Você sabe de algo? Trabalha esse tempo todo ao lado do meu pai.

– Infelizmente não, esse é um assunto no qual seu pai não gosta de tocar, de jeito nenhum, diversas vezes presenciei Lanza tentar argumentar com ele sobre isso, mas a resposta é a mesma, ele diz para deixar aquilo de lado, que remexer o passado não é bom.

Lanza apareceu na sala, olhou as duas conversando e se aproximou.

– Tudo bem, Tata?

– Não – a abraçou –, por que eles mentem tanto para nós, Lanza?

– Do que está falando? – perguntou confusa.

– Hoje fiz uma visita a Maria, mãe de William, e ela me contou que o homem que foi preso, até então, por ser o responsável da morte da mamãe, foi inocentado, ele não cometeu o crime, ou seja, o papai mentiu, o crime segue impune.

A expressão no rosto de Lanza era de choque.

– Ah Meu deus, Renata, eu nem sei o dizer.

– Tá vendo, papai nos engana, não quer mostrar nada, não quer falar nada.

– Talvez seja porque ele queira nos proteger...

– Não Lanza – se alterou –, para de ser ingênua –, papai quer esconder de nós o real culpado e o motivo.

– Não sou ingênua – se irritou –, nem o papai sabe quem é o culpado disso tudo.

– Será?

Silêncio.

Silêncio total, as três mulheres encaram objetos diferentes, ambas sabiam que era verdade, doía saber a verdade, tentavam a todo custo esconder delas, culpado, motivos, envolvidos.

– Vamos investigar então, por conta própria – disse, Lanza, em um sopro de coragem.

Renata que encarava o chão, a olhou, pensou por alguns instantes.

– A Lanza tem razão, se querem tanto descobrir e ninguém lhe contarão, vamos investigar, nos juntar.

Natuza se pôs de pé, foi até a cunhada que estava ao lado da namorada.

– Somos duas jornalistas, você vai estrear no maior telejornal do país, vai se tornar conhecida, o caso da sua mãe deve ter arquivos guardados por toda aquela redação, seu pai era apresentador do jornal na época, com certeza noticiaram algo.

Ao ver a cunhada certa e confiante, ela se encorajou ainda mais.

– Certo, vamos juntas? As três então.

– Juntas, Tata – Lanza sorriu.

Os próximos passos a tomar seriam importantes, agora estavam juntas por um propósito.

– Eu posso procurar arquivos, matérias sobre o acontecimento, depois vamos juntando as informações.

– Podemos procurar o homem que foi preso e depois inocentado – sugeriu, Lanza.

– Isso, Maria me disse quando chegou a festa com William, ela viu o homem, eles pareciam convidados normais, disse que tinham nome na lista e tudo.

– Seria impossível recuperar a lista de convidados – lamentou, Natuza.

Cada uma se sentou em um canto do sofá.

– Tem a Melinda – Renata lembrou.

– Melinda nossa babá?

– Sim, ela pode saber algo.

– Mas a gente nem sabe como encontrar ela, Tata.

– Talvez o pai de vocês saiba – Natuza falou.

– É, talvez, papai não pode ficar sabendo disso, aliás, mas ninguém além de nós três – Lanza concluiu.

– Nem o William?.

– Talvez, mas agora não.

Natuza correu até o quarto, depois voltou com um bloco de notas e uma caneta.

– Precisamos anotar tudo.

– Sabe o que precisamos mesmo – Renata falou –, era de alguém que tivesse acesso a delegacia, aos inquéritos, depoimentos.

– Acho que está cedo demais para irmos atrás dos arquivos da polícia, fora que a investigação segue em segredo de justiça, para termos acesso vamos ter que lutar.

– Se meu pai estivesse do nosso lado tudo seria mais fácil – lamentou, Renata.

– Não precisamos dele, Tata, vamos conseguir sozinhas.

Sorriram uma para a outra, Natuza deixou um beijo na bochecha da amada.

– Você é incrível, amor – Lanza lhe olhou.

– Você também.

Renata sorri ao ver as duas, era tão lindo o amor que sentiam, seu celular vibrou e ela olhou imediatamente a notificação.

– William está nos chamando para jantar, todas nós.

– Com certeza, nós vamos né amor? – Lanza perguntou.

– Claro – confirmou Natuza.

– Então vou confirmar com ele – ela respondeu a mensagem –, as 19:30, vou mandar a localização. Vou para casa.

Ela se levantou, Lanza ficou de pé também.

– A gente te leva.

– Não, não precisa, eu vou chamar um táxi.

– Renata, é melhor que a gente te leve.

– Não, não precisa, gente, não quero incomodar.

Ela pegou a bolsa, Lanza e Natuza não insistiram mais.

– Tchau, vejo vocês a noite.

– Tá bom, veja com o papai, sabe que ele tem vários carros na garagem, talvez ele te dê um.

– Não sei, Lanza, prefiro comprar o meu.

– Para de ser boba – sorriu.

– É sério, beijos, até mais tarde.

Saiu da casa da irmã, Lanza morava a meia hora da casa de seu pai, ela pensou se não seria uma boa ideia ir andando, mas estava quase escurecendo e preferiu chamar mesmo um táxi, o que não demorou muito, e ela chegou em casa rapidamente.

Assim que entrou na casa, reparou que seu pai estava na sala.

– Aonde esteve esse tempo todo, Renata?

– Na casa da Lanza.

– Minha filha, você não pode sair dos lugares daquele jeito, o que te ocorreu?

– Nada papai, só me senti mal, um mal estar qualquer.

Ela sentou no sofá em frente ao pai, colocou sua bolsa de lado, no chão.

– Sua irmã te trouxe? – perguntou, ela negou –, veio de táxi? – ela assentiu –, vou mandar pegarem a chave da Mercedes para você.

– Não quero. – Foi curta e grossa.

– Como é? Não é questão de querer ou não, Renata, você precisa de um carro, não quero você andando de táxi por aí.

– Por que, papai?

– Logo você estará a frente de um dos telejornais mais famosos do país, minha filha é perigoso. Eu só tenho você e sua irmã, filha, só quero o bem estar de ambas.

– Se o problema for o carro, eu compro um amanhã mesmo.

Ela se levantou e andou até o pé da escada, mas seu pai falou novamente.

– Comprei esse carro para você, Renata, ele é seu, minha filha.

Ela respirou fundo.

– Tudo bem, papai, eu vou usar ele. – Começou a subir a escada.

– Filha!? – chamou, ela olhou –, eu amo você, amo sua irmã, vocês são as únicas prioridades, continuo vivo para proteger vocês duas.

Ela lhe soltou um sorriso, continuou subindo as escadas, queria acreditar que o pai estava falando a verdade. Se viu sozinha naquele quarto, olhou no relógio e viu que tinha algumas horas para descansar, ou ao menos colocar a cabeça no lugar.

Ainda estava atordoada com tudo que descobriu.

[...]

A jovem Vasconcellos passou dez anos longe do Brasil, foi para o Canadá quando tinha somente quinze anos, estudou em um colégio interno, fez alguns raros amigos, ficou longe de Lanza por vários anos, somente nos últimos três anos que a irmã foi mais presente com ela, sempre que podiam Lanza iria ver a irmã, Renata cursou faculdade lá, fez alguns trabalhos. Viveu bons momentos, William também sempre esteve presente, várias vezes ele já viajou para vê-la, também se falavam por e-mail, sempre deram um jeito de manter a conexão, e deu certo.

Ela e a irmã sempre foram rodeadas de luxo, sempre não, desde que a mãe se foi, Renato passou a lhe dar bens materiais, fazendo os gostos de ambas, não era difícil arrancar algo do pai, pois ele sempre tentava suprir a falta da mãe com presentes, viagens.

Renata nunca esqueceria do dia em que seu pai as levou para Disney e alugou um avião para ela e seus amigos, somente para eles. Foi em seu aniversário de doze anos, exatamente dois anos após a morte da mãe, nessas datas seu pai sempre tentava esconder a parte ruim.

Mas ela nunca esquecia, era como se a qualquer momento tudo fosse acontecer novamente, não importa o quanto estivesse rodeada de pessoas, luxos, ela nunca esqueceria da mulher que lhe deu a vida.

Isabel Fernandes, tinha duas filhas que iriam lutar para saber a verdade.

[...]



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