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História Um Infinito de Verão - "Você é a razão e a consequência."


Escrita por: MaylaRocha

Capítulo 4 - "Você é a razão e a consequência."


Dylan

Posso sentir o calor do corpo de Skylar. Ela dorme encolhida bem próximo à mim.

A manhã está quente e resolvo que é hora de levantar.

Pego uma toalha e tomo um banho frio para refrescar o dia. Volto para o quarto e Sky ainda dorme. Coloco uma bermuda verde e camisa azul escura.

O anel que meu doce céu me deu de presente continua no dedo mindinho, mas sua liga elástica de cabelo, tiro diariamente para tomar banho. Volto a colocá-la, porque, fora do meu pulso, ela não fica muito tempo.

Às 9:40 da manhã vou para a cozinha preparar um bom café da manhã para minha esposa.

Esposa.

Às vezes nem acredito que realmente estamos casados. E para ser sincero, no dia 03 de Agosto, quando a pedi em casamento, eu estava com medo, muito mais medo que posso explicar, algo me dizia que ela não aceitaria. Graças à Deus eu não ouvi a voz na minha mente dizendo: "Não faça essa tolice, Dylan. Você vai fazer papel de trouxa."

Ela disse "sim" e apesar de esperar por isso, eu realmente fiquei surpreendido.

Preparo café quente com leite e pão com queijo e manteiga para ela. Tomo apenas um copo de leite. Não sinto fome. Hoje não.

- Bom dia... ____ ela entra na cozinha e para na entrada com um sorriso sonolento.

- Bom dia, bela dama.

Caminho até ela e lhe dou um beijo em sua boca.

- Venha. Seu servo preparou café da manhã para você. ____ Ela sorri novamente e puxo ela pela mão até nossa nova mesa de quatro lugares.

- Que cheiro bom... ____ ela fecha os olhos e fingi saborear o cheiro.

- Dormiu bem? ____ Pergunto-lhe

- Muito bem... E você? Como está?

Como estou?

Meu único irmão morreu à três anos atrás, e amanhã ele completaria vinte e três anos...

Mas apesar disso, me sinto... bem?

Estou diante da mulher que amo. Sexy e doce como só Skylar pode ser. Estou casado com ela, temos uma boa vida e minha família está saudável. "Pelo menos o que restou dela..."

É. Acho que estou bem. Apesar de tudo...

- Estou bem...

- Mesmo? E... sobre ontem? Como se sente.

- Estou bem, amor. Não se preocupe. ____ Pisco os olhos para ela e sorrio. Ela não parece acreditar nosso, mas assente.

Ela come em silêncio e pensativa.

Após o café da manhã, Skylar vai para o banho enquanto organizo nossa cozinha.

Depois de um tempo, confesso que estou de certa forma entediado. Vou para o quarto e me jogo na cama.

Skylar entra enrolada em uma toalha branca, ela molhou os cabelos.

- Dylan?

- Sim?

- Como ele era?

Ela para na minha frente e me olha.

- Ele quem? ____ Alex...

- Seu irmão...

Sky caminha até o closet e pega um vestido branco e amarelo solto.

Ela tira a toalha e seu corpo fica exposto na minha frente. Não consigo tira os olhos. Ela pega uma calcinha e veste, logo em seguida é a vez do vestido.
Depois dessa visão, respiro fundo. Sim, acho que chegou o momento de contar à Skylar sobre Alex. Eu sei de seus segredos, de seus medos... Da sua história com aquele...
Apesar de ter levado tempo, ela acabou me contando tudo. Foi sincera comigo e acho que chegou o meu momento de ser com ela também.

- Se você acha que Johnny, meu pai e eu somos a cópia exata de um do outro, Alex era totalmente o oposto. ____ ela se vira para mim e se senta na beira da cama penteando o cabelo. ____- Ele... era um pouco mais baixo que eu, tinha o cabelo como o da minha mãe. Castanho escuro. O único Evans homem que não era loiro. Ele era muito parecido com Jennifer. Os olhos castanhos e... ele amava ler, e escrever também.

"Todas as suas cartas..." lembro.

- Alex sempre foi o "queridinho" da mamãe... ____ dou um sorriso ao lembrar desse fato. ____- Minha mãe era apaixonada pelo primogênito dela. Ele tocava piano, era inteligente, alegre e bem humorado... Quando as pessoas vinham em casa nos visitar, minha mãe o arrumava todo, elogiava cada suspiro dele e falava toda orgulhosa que seu filho tocava piano. Fazia ele tocar para visitas. No início ele fazia isso com maior prazer. Ele era com um... pequeno gênio, mesmo quando criança, vivia arrumado o dia todo. Roupas sócias, sapatos, gel nos cabelos... ____ Sky me olha e escuta atentamente. Seus olhos são grandes e curiosos. Duas grandes piscinas azuis profundas. ____- Até... mais ou menos, com quinze anos, Johnny chegou de uma viagem e disse que nosso tio-avô Peter, tinha dado à ele um livro muito interessante, mas que ele não estava interessado em livros. "Apenas garotas são o meu foco no momento" ele disse e jogou o livro para Alex. Meu irmão ficou dias lendo o livro, o objetivo não saía de sua mão nem mesmo na hora das refeições... Uma semana depois, Alex desceu do quarto e foi para a cozinha. Rasgou o livro em pedaços e pôs fogo...

- Por que?! ____ Skylar me interrompe.

- Eu não sei. Nunca soube. Algo naquele livro o fez mudar. A partir desse dia ele nunca mais foi o mesmo. Andava desleixado, não saía do quarto e não tocava mais piano. Eu perguntei à ele milhares de vezes o motivo da mudança repentina. Ele só respondia: "A vida é uma droga, Ben. A vida é uma droga e depois a gente morre..." ____ Suspiro. ____ - Ele era meu modelo de vida, eu sempre quis ser como ele, inteligente como ele, escrever como ele escrevia... Mas depois do livro ele mudou por completo.

- E você não sabia do quê aquele livro se tratava? ____ Ela franze o cenho.

Faço que não com a cabeça.

- Eu nunca soube. Nunca estive com aquele livro nas mãos. Só lembro que o título era algo relacionado sobre "Verão" e que a capa era escura. Apenas isso.

- Tentou ir atrás desse livro?

- Inúmeras vezes... Principalmente depois da morte de Alex. Perguntei à Johnny sobre o livro mas ele diz que nem se lembra dele. Fui à várias vezes em muitas livrarias de todos os lugares que já estive e nunca encontrei. Também, com poucas informações fica difícil...

- E o tio-avô de vocês? Ele saberia do quê o livro fala...

Sorrio.

- Ele morreu alguns meses antes de Alex. ____ Suspiro ao lembrar que talvez nunca saiba o conteúdo daquelas palavras. ____ -Infelizmente, foi só quando realmente me interessei pelo livro. Tentei pela última vez em Maio. Fui na livraria de Matt pela segunda vez mas ele não sabia me informar sobre esse tal livro escuro. Disse nunca ter visto nada parecido.

- Então você estava lá por causa disso?!

- Sim, minha Sky. Estava atrás desse "livro encantado" capaz de mudar irmãos mais velhos da noite para o dia. Não encontrei o que procurava, mas acabei achando o tesouro no fim do arco-íris.

Ela toca meu rosto e me beija.

- Alex não quis ir para a faculdade. Até os quinze anos sonhava com o dia que cursaria medicina e seria o orgulho da família. Mas quando chegou a hora, ele bateu o pé e disse que não iria de jeito nenhum. Você deve imaginar, Jennifer implorou para que ele fosse. "Você quer apenas que eu vá para a faculdade para poder me exibir por aí para seus amigos. Eu não vou e decido o que fazer com minha vida." Jennifer quase entrou em depressão por causa disso.

- Coitada dela. Sempre tendo dor de cabeça com esses filhos. ____ Skylar sorri e percebe algo em meu rosto. ____- O que... Desculpa, eu não...

- Tudo bem...

- Falei algo de errado?

- Não...

- Então?

Penso um pouco e olho em seus olhos.

- Promete não contar nada sobre o que vou lhe falar agora?

- Claro. Não vou contar à ninguém.

- Lembra que eu disse ontem que Alex estava viciado em calmantes? ____ Ela confirma. ____- Dois meses antes do acidente, para ser mais exato em Julho, ele descobriu que Jennifer estava tendo um romance com Paul. O antigo motorista de casa. Quer dizer, ele não era só o motorista. Ele cuidada do jardim da casa e reparo domésticos, pias entupidas, lustres quebrados, essas coisas.

Sky leva a mão até a boca com supresa.

- Parecia que o caso deles era recente. Alex acabou pegando eles no jardim, onde se encontravam. O jardim que meu pai construiu para ela como forma de desculpas.

- Céus, Dylan...

- Sim. Ela foi capaz de transar com aquele cara bem debaixo do nariz do meu pai... Alex os pegou e ameaçou contar tudo à Christian...

- Ele contou à você?

- Não... Mas ele estava agindo estranho antes de sua morte. Ele quase não falava ou mesmo olhava para Jennifer. Vivia com raiva e quebrava as coisas no quarto dele. Jennifer tentava o agradar mas ele só se afastava dela cada vez mais. Johnny, meu pai e eu sabíamos que tinha algo acontecendo, mas nenhum dos dois disse uma palavra sequer. Meu pai já havia o alertado sobre os calmantes que ele tomava, mas ficou pior cada dia que passava...

- Guardar um segredo assim... Sei lá, acho que ele não aguentava. ____ ela dá de ombros.

- Acho que sim... Provavelmente foi isso. Meu tio, meu pai e eu fizemos uma viagem para visitar os outros restaurantes. Alex não quis ir. Eu implorei para que ele fosse, mas ele não foi. Passamos três dias lá e deveríamos ter voltado no dia 19, mas estávamos de carro e teve um problema que meu pai não conseguia resolver. Acabamos nos atrasando dois dias. Quase chegando em casa, o gerente do Freedom que fica no píer, ligou para meu pai dizendo que deixaram o gás ligado e a cozinha quase foi para o ar. Demos meia volta e fomos direto para lá. Johnny ligou para casa e disse que voltaríamos pela noite...

- E Alex foi até vocês?

- Sim... Ele estava indo botar um fim em tudo... Ia contar para Christian sobre Jennifer e Paul...

- Céus... Ele aguentou tudo isso calado? E... como você sabe que era isso que ele estava indo fazer? Você disse que ele não contou nada à ninguém.

- Achei umas cartas dele...

- Cartas? Para quem?

- Ninguém exatamente. Ele apenas escrevia e guardava. Guardava em uma caixa de sapatos dentro do closet. Muitas cartas. Eram uma espécie de "diário" ele escrevia para desabafar. Lá estavam as cartas que ele conta como e quando descobriu sobre Jennifer. Como ele se sentia, o que pensava... Achei isso dois dias depois do acidente. De madrugada entrei em seu quarto e vasculhei tudo. Não para encontrar nada. Queria apenas sentir tudo o que meu irmão tivesse tocado em seus últimos momentos vivo. Então entendi o motivo dele ter parado de chamar Jennifer de "mãe". O motivo de estar tão agressivo com ela... Acabei descobrindo tudo... Pude entender o porquê ele estava indo com tanta pressa para o Freedom...

- Ah, Dylan...

Meu coração aperta. Em ódio e rancor. Dor e angústia.

Se não fosse por Jennifer. Se ela não tivesse que trair meu pai, Alex não estaria do jeito que estava. Ele não precisaria ir ao Freedom e não teria dormido ao volante...

Alex ainda estaria aqui.

Alex ficaria em casa escrevendo ou ouvindo música, voltaríamos para casa e jantaríamos com numa noite qualquer...

- Ele simplesmente se fechou em um mundo só dele. Ele queria e ia contar ao meu pai tudo! Mas não teve tempo...

Olho para cima impedindo que as lágrimas saiam.

- E Christian sabe disso? De Jennifer e esse tal cara?

- Sabe. ____ Digo com firmeza. ____- Na madrugada que descobri as cartas, foi como se uma venda saísse dos meus olhos. Eu entendi tudo e só havia uma única culpada...

- Dylan... ___ Skylar fala em advertência.

- Jennifer tinha a culpa de tudo... Ela foi a causa da morte do próprio filho... Me segurei para não entrar no quarto deles na madrugada e gritar tudo o que sabia, mas aguentei. Passei a manhã toda observando ela. Quando foi a noite, na hora do jantar, peguei as cartas que relatavam sobre Paul e joguei em cima da mesa... Jennifer me olhava assustada. Johnny e Christian não estavam entendendo nada. Comecei a gritar e chorar quando perguntava à Jennifer se ela não sentia remorso...

- Seu pai soube de tudo...

- Sim... Eu fiz questão de dizer cada palavra em voz alta. Mas ele à ama e a perdou depois de um tempo, mas eu não escondi como Alex fez. Não cometi o mesmo erro.

- Foi esse o motivo de você também se referir à ela como Jennifer ao invés de "mãe"?

Confirmo com a cabeça.

- Eu reneguei ela por muito tempo. Quase não parava em casa, passava semanas sem ver meus pais... E foi assim por dois anos...

Skylar me abraça.

- Mas não precisa ser assim agora. Você tem à mim.

- Sim, minha bela donzela. Temos um ao outro. ____ Lhe dou um sorriso. ____ - Mas sabe de uma coisa? Se eu não tivesse ido àquela livraria, talvez eu demorasse mais um pouco para encontrar você...

- Você tem razão... Talvez nunca nos conheceríamos...

- Não, não... Eu daria um jeito de achar você. Nem que demorasse mil anos, eu encontraria o caminho até seu coração...



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