1. Spirit Fanfics >
  2. Um lado diferente da palavra AMOR >
  3. As mudança continuam

História Um lado diferente da palavra AMOR - As mudança continuam


Escrita por: Ninicky

Notas do Autor


Depois daquele meu erro de capítulos, volto com um certo para compensar ^^
Estou a ver os capítulos a voar! É suposto terminar no 30... já estamos quase nos 20!
Espero que estejam gostando ^^

Boa leitura! <3

Capítulo 17 - As mudança continuam


 

Sentado no chão da sala, para além de me sentir um pouco atacado pelas alergias da primavera, sendo que estávamos a meio de Abril, observava o pequeno Omega andar às voltas nervosamente. Tivera a manhã toda a cantar e só estava calado agora porque o avisei de que se continuasse assim ainda perdia a voz e então não poderia participar mesmo do Showcase.

- Estou a ficar gordo… Estou não estou? A culpa é tua, Chanyeol sua besta. As pessoas vão reparar, quando eu subir ao palco, que estou mais gordo!

- Respira Baek… Não se nota nada. Estás de um mês… Isso ainda é um feijão!

- Isso? É uma pessoa! Como ousas chamar de ‘isso’!? – Reclamou. Revirei os olhos. Ele andava ainda mais temperamental do que o costume.

- A criança! Pronto, satisfeito?

- Muito. – Empinou o nariz e saiu à procura do que comer. Ele já andava mais esfomeado, e com os nervos a sua fome só aumentava.

Voltou para a sala com uma tigela (lê-se banheira) de cereais. Espalmei a mão na cara e não quis comentar. Mas as palavras simplesmente saíram-me. Ele estava a comer como um porco!

- A comer a sim, sim. Vais estar gordo para a apresentação. – Escusado seria dizer que fui esganado com um simples olhar. Baek fulminou-se por ter dito aquelas palavras.

- Estou a comer por dois, sabes!

- Sei, e sei que hoje temos a consulta para conhecer aí o segundo elemento. – Relembrei-o.

- Importaste de o tratar como pessoa? Ele é um erro, mas é uma pessoa!

- Importaste de te acalmar? Sabes como isso faz mal à criança? – Reclamei como ele, para ficarmos em pé de igualdade.

- Aigoo. Não me irrites! Estou nervoso o suficiente por no próximo fim-de-semana. – Resmungou, bebendo o leite dos cereais num gole.

- Nota-se. Estás muito falador.

A sua expressão de preocupado mudou para séria e então sentou-se hirto no sofá, como se ponderasse nas minhas palavras. Não durou nem dois minutos e já tinha começado a tagarelar.

- Eu falo assim tanto? Eu não acho que fale. Acho que estas a imaginar coisas. Porque é que o nervoso me faria falar? Não há motivo para isso…

Revirei os olhos e nem me dei ao trabalho de responder. Porque para além das alergias, outros conflitos internos aconteciam comigo. Sentia o calor dos três tortuosos dias do cio a envolver o meu corpo e o alerta de bebé a impedir que o cio me dominasse. Era muito desconforto para apenas uma pessoa.

Fechei os olhos e aproveitei que estava no chão para me deitar nele. O fresco do azulejo ajudava a baixar um pouco a alta temperatura e a acalmar o meu fogo interior. Nunca pensei ser capaz de não ceder ao desejo físico, mas a criança que crescia dentro de Baekhyun parecia controlar bem o meu impulso.

Mas acabei por me afastar e dormir um pouco. Faltava algumas horas para a primeira consulta. Não havia necessidade de estar ali a sofrer. Baekhyun também não se importava, porque a minha presença ainda o deixava mais exaltado.

Deitei-me na sua cama e, sentindo o seu perfume, adormeci pelo resto da manhã.

 

 

Fui apenas acordado por volta da hora de almoço, por Donghae, que disse que já tinha a comida pronta e que não podíamo-nos atrasar.

Baekhyun estava mais calmo, a devorar o almoço como se não houvesse amanhã. Temia que passasse mal, mas se passasse, ter muita ou pouca comida no estômago, não faria grande diferença… A culpa era do seu corpo estar a habituar-se ao novo bebé.

Sentei ao seu lado mas apenas petisquei. Eu era o oposto. Sentia a ânsia de conhecer algo sobre o feijãozinho, que a fome parecia passar-me ao lado. Era como se a minha garganta se fechasse num nó e não deixasse a comida descer com naturalidade.

Deviam ser duas da tarde quando terminamos de comer e nos arrumamos para sair. Baek vestia uma blusa larga, já cheio de complexos por lhe estarem a aparecer umas gordurinhas nas ancas… Algo que achei super normal e nada notável, mas que ele teimava em achar o maior dos pesadelos. Coloquei-lhe o chapéu na cabeça, não apenas pelo estilo mas para não pegar o sol da tarde directamente e saímos.

Não era longe de casa e, de autocarro, fizemos rapidamente o percurso. Por ser sábado, tínhamos um lugar vago para ambos, o que tornou a viagem mais cómoda. Baek resmungava para ele próprio de tempos em tempos, sem motivo. Os nervos continuavam a ataca-lo e pelo que parecia, não queria dar a parte fraca e provar que era tagarela.

O caminho foi calmo e quando chegámos, apenas esperámos cerca de quinze minutos na sala de espera, onde outros Omegas, sozinhos ou acompanhados, esperavam como nós para serem vistos.

De certeza que éramos os mais novos dali. Vestidos com roupas tão juvenis, sentia-me um pouco desenquadrado. Baekhyun também estava desconfortável, a ponto de roer as suas unhas das mãos mais belas e delicadas que já tinha visto.

Dei um tapa de leve para que parasse com aquilo e, mesmo que me tenha olhado torto, não protestou e acatou a minha ordem indirecta. Por diversas vezes o vi, de esguelha, abrir a boca para falar algo, mas continha-se.

E então fomos chamados. Nós não exactamente, mas sim o número da nossa senha. Dirigidos à sala 8, encontrámo-nos pela primeira vez com o obstetra que iria seguir o nosso caso.

Baek entrou atrás de mim, meio medroso, meio envergonhado. Cumprimentamos o Omega que sorriu amavelmente e nos sugeriu sentar à frente da sua mesa.

- Boa tarde, antes de mais. – Desejou, ainda com aquele semblante animado. – Sou o Dr. Shin e é um prazer conhecer-vos.

- Olá, eu sou Chanyeol e ele Baekhyun. – Avancei, porque sabia que se fosse Baek a falar, gaguejaria.

- Seria idiota perguntar o que fazem aqui, então passo a perguntar, se esta é a primeira consulta que têm ou já tiveram em outro obstetra? – Questionou.

- É a primeira vez, sim. – Baek respondeu desta vez, dando a conhecer ao médico a sua voz. – É recente…

- Estou a ver. Então vamos proceder aos exames de rotina. Tem alguma pasta com todo o histórico médico, isto para os dois. – Ambos esperávamos algo parecido, para ele ver se havia alguma doença hereditária que poderia passar para o bebé. Passou os olhos e não encontrou nada de grave.

- Vejo que nenhum dos dois tem problema algum, que nos faça precisar manter uma vigia mais constante ao bebé. O que é ótimo. Mas é bom saber que seu Omma era um Beta. – Falou para mim. – Isso trás grandes possibilidades de nascer um Beta.

Baekhyun, instantaneamente virou o olhar para mim, espantado. Ele sabia que o meu Omma tinha morrido quando eu nasci, mas não tinha ideia de que era um Beta. Não costumava dizê-lo a muita gente. Ainda havia algum preconceito sobre os Betas, e o meu maior medo era esse mesmo… Que Baek ainda sentisse esse mesmo preconceito.

Mordi o lábio e assenti para o Dr. Shin. Após mais algumas perguntas, Baekhyun seguiu com os exames. Coisas simples, pesar, medir, tirar a tensão e até uma análise ao sangue.

Pelo que entendi, nada estava fora dos parâmetros normais, o que nos deixava descansados. Baek perguntou se tinha de mudar algum hábito e o Dr. Shin apenas disse o que poderia ser prejudicial. Depois de algumas informações úteis, o médico calculou a data de nascimento do bebé a parti do que sabia.

- A previsão dá para 23 de Dezembro. – Informou, mostrando aos dois o calendário pré feito com as futuras consultas e o período de gestação assinalado com outra cor. – Vai ser um presente de Natal.

- Quem diria… - Comentei, sentindo-me feliz por ele nascer numa data tão especial.

- Vamos fazer mais alguma coisa hoje? – Questionou Baekhyun.

- Só o exame de ultra-som e depois estão despachados. – Sorriu, levantando-se e pedindo que Baekhyun e eu fizéssemos o mesmo.

Seguimo-lo até ao canto do seu consultório onde estava uma maca, ao lado do aparelho de ultra-som. Baek, prontamente deitou-se sobre a maca e eu sentei no banco que tinha ao seu lado, oposto ao da máquina. O Dr. Shin sentou-se desse lado, o do aparelho e o ligou, passando o gelzinho na barriga lisa de Baekhyun antes de iniciar a visualização.

Com o objecto agora sobre a barriga dele, deslizou aqui e ali, virando de lado e pressionando de vez em quando, as imagens começaram a aparecer no ecrã. Era difícil perceber as manchas que se moviam no ecrã.

Imagens foram recolhidas, e dados foram estudados. O médico explicava que estava a medir o embrião e a recolher informações importantes. Não tirei os olhos da tela, e Baek estava igual. Esperávamos pacientemente pelas legendas das imagens.

Mas só depois de tudo estar devidamente analisado é que ele virou para nós e explicou. A mancha pequenina, que tinha um contorno bem definido apesar de não se parecer com alguma coisa humana, era o bebé.

Sorri largamente. Não esconderia que estava feliz por ver o bebé de mim e Baekhyun. Já o meu Omega parecia atordoado, de boca meia aberta e olhar esbugalhado.

Doutor Shin felicitou-nos e depois de a máquina imprimir uma imagem clara do pequeno feijão, que nos foi entregue num envelope juntos com os outros exames, despedimo-nos e voltamos para casa.

Estava desejoso de ligar ao meu Appa e contar todas as coisas que aconteceram, mesmo que ele próprio soubesse por experiencia própria o que se faz numa primeira consulta de pré-natal.

Mas Baek tinha ficado silencioso, estranhamente.

 

 

---

 

 

- Eu vou sair hoje, Chanie. – Appa avisou, sentando-se ao meu lado no sofá. Era quarta-feira e eu ainda não voltara à casa o Baek, e cada vez me roía mais por dentro para ir lá de uma vez.

- Outra vez? – Perguntei, cansado de o ver sair, mas sem saber para onde e com quem.

- Tenho me sentido um pouco desanimado, às vezes. Preciso espairecer. – Contou, tristonhamente.

Aproximei-me mais do Appa e abracei-o pela cintura. Automaticamente os seus braços paternais envolveram-me num casulo, acariciando os meus cabelos. Era horrível saber que o nosso progenitor passava por uma fase menos feliz.

- Posso saber com quem? – Perguntei meio a medo, mas ele apenas sorriu e deixou um selinho no topo da minha cabeça.

- Tu conheces. E bem. – Parecia confiante. – Tenho saído com Tao.

- Tao? Zi Tao? – Abri um sorriso esperançoso. Tao era um grande amigo do meu Appa. Vivera a minha infância na sua companhia constante, e como Omega, via nele a quase figura maternal. Cuidara de mim, dera-me carinho muitas das vezes. – Tenho tantas saudades dele. Porque não o convidas para jantar?

- É complicado… As coisas estão diferente.

- Como assim, Appa?

- Nós… - Suspirou. – Espero que não interpretes errado, mas estamos a tentar um relacionamento um pouco diferente de antigamente. Algo mais… Intimo.

- Ah! Porque interpretaria mal? – Sorri-lhe. – Eu sempre adorei Tao. Acho fantástico que estejam a tentar se entender de um jeito diferente. Tu mereces, Appa.

- Obrigado.

- Não tens de agradecer. Fico realmente feliz que tenhas decidido que Tao era uma boa companhia para ti. Não tens de te arrumar? Vão fazer o quê? – Entusiasmei-me.

- Em princípio, jantar fora e depois ver algum filme na casa dele. – O seu abraço carinhoso ainda me envolvia e fiz tensão de sair, apesar de ele não me deixar. – Porque não passas pela casa de Baek. Imagino como queiras lá ir…

- Verdade… Mas tenho medo que ele me aperte o pescoço. Nunca parece muito contente com a minha presença.

- Mesmo assim. Devias manter-te presente, caso ele precise de alguma coisa. – Então largou-me e levantou-se. – Vou tomar um banho.

- Leva as calças pretas, as rasgadas. – Sugeri e ele apenas riu e seguiu para o segundo piso.

 

 

---

 

 

Quando cheguei a casa do meu Omega, tudo parecia tenso. Taehyung parecia mais calado que o costume. Donghae conversava com Baek, que vomitava compulsivamente na casa de banho e Eunhyuk tentava manter a calma em Daehyun e Youngjae, que pareciam preocupados e exaltados demais.

Pelo que entendera, todo aquele ambiente partira do anúncio que fizeram os dois sobre o noivado de Daehyun e Youngjae, que planejavam casar a meados de Setembro. De certo modo já o esperava. Não era a primeira vez que os via juntos e percebia o quando eles se amavam.

Deram-me passagem e Donghae até me sugeriu que fosse ajudar o Baekhyun. Duvidei que ele fosse aceitar sequer a minha presença com alegria, quanto mais a minha ajuda, mas tentaria.

Mas mesmo assim entrei no compartimento onde ele estava estirado no chão, agarrado à sanita. As suas bochechas estavam pálidas, doentias. Parecia cansando. Agachei-me ao seu lado e acariciei os cabelos da nuca.

- Muitos enjoos? – Perguntei e ele assentiu com um manear de cabeça. Parecia sem forças para falar, e cansado, por esse motivo não bloqueava as minhas investidas. Vi-lhe rastos de lágrimas tocarem-lhe no queixo.

Não lhe cheguei a perguntar porque chorava, porque não seria do enjoo. Já o vira passar por eles e nunca ficará daquele estado. Interiormente sabia o motivo. Ele não conseguia aceitar que em menos de um ano perderia o irmão que mais amava. Primeiro veio a suspeita, e agora a confirmação. Era duro para ele… Segurei-lhe por baixo dos braços ao perceber que mais nada saía do seu estômago, e o tirei daquela posição desconfortável.

Segurando-lhe pela cintura para o manter de pé, lavei-lhe o rosto e fiz com que ao menos bochechasse. Mas mesmo até ao quarto preferi carregá-lo no colo, onde ele se aninhou sem contestar uma única vez.

- Queres falar? – Ele negou, já eu o tinha deitado na cama que pertencia. – Estás triste? – Assentiu.

Encarei-o, mas ele parecia mais entretido com o teto.

- Não devias estar feliz pelo teu irmão? – Perguntei, porque era aí que queria chegar.

- Estou… - Falou com a voz rouca, de não a ter usado há algum tempo. – Mas…

- Eu acho que é uma novidade fantástica. – Tentei animá-lo. – Eles parecem se dar bem. Invejo o relacionamento deles.

Não obtive resposta. Baekhyun fechara os olhos e encolhera-se em posição fetal. Sentia-o tão vulnerável. Se pudesse, confortá-lo-ia de um jeito mais eficaz. Mas ainda me sentia hesitante. Ele era pequeno, frágil, mas resmungão e de personalidade forte. Não queria passar a barreira de gelo que havia entre nós e destruir o pouco que estávamos a alcançar. Depois de me declarar, notei que ele fazia um esforço para não ser rude ou indelicado.

Passei os dedos pelos seus cabelos desgrenhados. Aos poucos foi acalmando e pegando no sono. Acreditava que quando fosse manhã, ele estaria no seu habitual, irritado comigo e impondo a barreira entre nós mais uma vez, dominado pelas hormonas de gravidez que lhe corriam no sangue.

Mas por agora, aproveitava o seu sono. Toquei suavemente com os lábios na sua bochecha e afastei-me. Não queria que ele acordasse com o meu toque.

Desci ao piso inferior apenas para falar com os restantes que se mantinham acordados e preocupados com o Baek. Taehyung já dormia estirado no sofá.

Youngjae e Daehyun acabaram por sair, para a casa do Beta e os restantes foram descansar. Tinha a cama do irmão de Baek para mim, sem ter de realmente o desalojar naquela noite. Aconcheguei-me o melhor que pude e deixei-me ser levado pelo sono.

Depois de dormir, veríamos o que estava guardado para nós.

 


 


Notas Finais


PS – A mordida não funciona com Betas. Lembrem se de Sehun-Luhan. Ele não tinha aquela telepatia que um Alpha-Omega têm.

PS.1 – Queria deixar claro definitivamente como funciona da mordida fora de Alpha-Omega. Quando é entre esses, passam a sentir tudo um do outro com muito mais intensidade, apesar de já sentirem um pouco antes. Com os Betas, eles podem morder ou ser mordidos, dependendo se é um Beta dominante ou não. Mas o efeito é diferente. É como se eles tivessem uma bolha que não permitisse misturar os seus sentimentos com o do seu companheiro. No entanto pertencem a quem marcaram ou a quem os marcou como Alpha-Omega.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...