Capítulo 04:🥀
Taehyung, Luan
Dias depois.
Sala de estar, apartamento do Taehyung, Morumbi, Zona Sul, São Paulo, Brasil.
17 de maio; 13:08 p.m.
Pois é, já fazem seis dias que o doido do José veio aqui e tentou… vocês sabem.
Após isso, iniciei o projeto! Mas vai levar muito, mas muito tempo para termos resultados, meu trabalho agora é visitar constantemente Paraisópolis e rever as plantas para decidirmos com maestria todos os detalhes.
Quem está amando a minha presença por lá é o José, vive aparecendo igual a um fantasma para me ver. Ele sempre me trás sorvete ou um pedaço de bolo divino da confeitaria da sua tia.
São muito bons, eu recomendo.
Sem contar as cantadas e selinhos roubados que o indecente me tira sempre. Ele é louco, mas muito companheiro e me ajudou a esquecer bem o traste do Hoseok.
Tal criatura que não vejo a um bom tempo… porém não faz a mínima diferença.
Ah! Quase esqueço, minha irmã chega amanhã e os meus tios ligaram que estão voltando de Nova York.
Nunca estive mais feliz, todos viriam para o meu falecido casamento, porém agora eles vem para rever a família e meu tio Seokjin fofocar sobre o povo lá de fora. Ele ama isso. Por causa das visitas, mamãe decidiu dar um jantar para a recepção de todos.
Dito isso, estou agora, após minha sessão de yoga, decidindo que roupa irei usar na comemoração.
— Já disse que o ter branco é lindo. — IU disse apontando para o conjunto branco sobre o sofá.
— Ainda prefiro o verde lodo… mas o preto também é uma opção. — A mesma revirou os olhos.
— Oh meu dengo, assim fica difícil. — Soltou os cabides no braço do estofado escuro. — Você é pior que eu. Santo Cristo!
— Se reclamar mais, vou com um dos seus vestidos!
— Fique longe dos meus bebês… — Apontou o dedo na minha direção. — Mas sério, escolhe logo… sabe que vai ficar gato com qualquer um.
— Vou com o preto! Coloco um top de renda branca aqui e pronto. — Peguei o paletó preto e estendi sobre o meu corpo. — Vai ficar bonito…
— Ótimo! Vou arrumar essa bagunça agora. — Fez uma trouxa com todas as minhas roupas e subiu as escadas. — Faz o café!
— Eu acabei de fazer minha sessão, não quero ficar inchado Yasmin. — Olhei minha silhueta no espelho enorme que tínhamos na sala. — Já estou com muito peso.
— Não vou nem falar nada… — Subiu a escada apressada.
Adoro ver ela bravinha assim.
Caminhei até a cozinha e rapidamente o Yeontan veio atrás.
— Está com fome, filho?! — O mesmo latiu e subiu na minha perna. — Certo, certo. Já entendi.
Peguei uma pequena vasilha de alumínio e despejei a quantidade de ração. Coloquei a mesma no chão e o peludo rapidamente atacou tudo.
— Bom apetite! — Fui até a geladeira pegar uma das minhas garrafinhas de água com gás.
E sério, vocês já experimentaram a com saber de limão?! Meu deus que maravilha dos deuses.
Mas quase engasguei com a campainha sendo tocada freneticamente. Soltei a garrafa sobre a pia e corri até a porta.
Mas assim que abri não achei ninguém.
— Oh Deus! — Me surpreendi ao baixar a visão e dar de cara com um buquê grande de rosas vermelhas escorado na parede ao lado.
Peguei o mesmo e fechei a porta rápido.
— Quem era?! — A morena perguntou descendo as escadas e paralisou ao ver o buquê na minha mão. — Não me diga que aquele verme…
— Não são do Hoseok! — Disse me aproximando. — São do Jeon.
Ela arregalou os olhos surpresa.
— Mandou cartão e tudo. — Sorri bobo abrindo o pequeno envelope.
“ Tudo que eu faço me lembra você, denguinho. Espero que goste das flores…
Ass: Seu José.”
— Que romântico… — Sorri pegando o buquê e levando até a mesa.
— Não sabia que o chefão era romântico assim. — Ela disse enquanto lia o cartão.
— Certeza que não foi ele, Jeon não é romântico. — Gargalhei alto. — Ele queria me coisar no balcão Yasmin, nada romântico. Sorte que não rolou.
— Ainda bem né, nem terminei de pagar esses móveis ainda. — Sua expressão de desgosto surgiu. — Mas vem cá, isso de vocês não tá meio rápido não?!
— A gente não tem nada de mulher, ele é divertido, beija bem e é uma ótima companhia… só isso.
— Hum… — Cruzou os braços. — Me engana que eu gosto. Agora falando sério, Taehyung, o Jeon não é essa simpatia toda, segundo as palavras do Yoongi, ele é perigoso…
— Eu não acho! — Arrumei as flores no vaso e voltei para a sala. — Não ligo para o que ele faz ou deixa de fazer. Ele foi bom comigo, e isso é o que importa.
— Tae… eu só não quero que você se machuque de novo. — A mesma disse cruzando os braços.
— Relaxa, agora vou me vestir.
— Aonde você vai?! — Me acompanhou com o olhar.
— Agradecer às flores! Beijo. — Subi as escadas rápido para não dar tempo dela brigar.
Eu não acho ele perigoso, Jeon é uma pessoa incrível.
Nesses poucos dias que dividimos ambientação, ele se mostrou o mais gentil possível. Sempre sorrindo e me fazendo sorrir toda hora.
[...]
Praça do campinho, Paraisópolis, Zona Sul, São Paulo, Brasil.
17 de maio; 15:10 p.m.
Desci do táxi, pagando a moça de meia idade, e seguindo em busca do senhor Jeon.
Avistei o mesmo de costas próximo a entrada do campinho, conversando com alguns caras.
Segui de fininho e assim que me aproximei tampei seus olhos.
— Qual foi tio?! — Disse surpreso.
— Nervoso, senhor Jeon? — Ele sorriu e levou as mãos até às minhas costas.
Se virou rápido e me encarou sorrindo.
— Tá fazendo o que na quebrada num sábado?! — Seus mãos foram de encontro a alguns fios que estavam cobrindo meu rosto, os levando para trás das minhas orelhas.
— Vim agradecer pelas flores… eram lindas. — Sorri. — Rosas vermelhas são minhas favoritas.
— Eu suspeitei, você é delicado e cheiroso igual a uma. — Sorri bobo.
Ele sabe ser fofo às vezes, bem às vezes mesmo.
— Veio só pra isso ou ficou com saudades do Jeonzinho… hum? — Puxou minha cintura com força contra o seu corpo.
— Para com essas coisas! — Empurrei seu peito me afastando. — Foi só um agradecimento, não confunda.
O moreno ergueu as mãos e sorriu sacana.
— Já que tá na área, que come um pedaço de bolo na minha tia?! — Coçou o queixo me encarando.
— C-Conhecer sua tia?!
Meu deus, meu deus… eu vou conhecer a tia dele…
Nossa senhora, devia ter me arrumado melhor.
Aí vocês me perguntam, mas Tae, você já conhece a metade da família dele. Inclusive uma delas é a tua cunhada.
Sim eu sei, mas do jeito que ele fala da tia ela deve ser muito importante pra ele e não quero fazer feio.
— Tu tá bem magrelo?! Tá branco que nem papel. — Segurou meu ombro me encarando preocupado.
— Sim! Eu estou bem. — Sorri para disfarçar meu pânico mental. — Vamos logo, tá quente aqui.
O mesmo concordou e segurou minha me puxando rua acima.
No caminho ele foi me contando mais sobre a rotina de Paraisópolis, as patrulhas e os problemas que ele tem que lidar, principalmente quando rola invasão ou policiais pela área. José odeia a polícia, ele sempre resolve tudo do seu jeito para nunca envolver os Homi, como ele chama.
Agora eu entendo o porquê dele negar a presença deles quando o carro da IU foi roubado.
No mesmo dia ele mandou devolver pra ela, e ficou por isso mesmo.
— O que aconteceu com o cara do carro?! — O moreno que caminhava à minha frente, parou e me encarou com os óculos escuros rentes ao nariz.
— Nada demais… só demos um corretivo. — Cruzou os braços.
— Que tipo de corretivo Jeon?
Ele suspirou e voltou a caminhar.
— Eu estou falando com você! — Apressei o passo e parei a sua frente. — O que você fez com ele?!
— Isso não te interessa, não acha? — Retirou os óculos os posicionando na nuca. — Devolvi o carro da tua amiga certo?! Morreu assunto.
Desviou do meu corpo e entrou na confeitaria.
— Estranho… — Arrumei a minha postura e o segui.
Fiquei encantado com o lugar, a decoração simples porém chamativa na medida certa e sem contar o cheiro delicioso das massas que tinha no local.
— Fala Bocão! — Falou para o rapaz do outro lado do balcão que sorriu. — Minha tia tá por aí?!
— Ela saiu pra comprar umas coisas, mas logo ela volta. — Pegou um bloquinho de notas e deu a volta no balcão de vidro.
O moreno concordou e me levou até uma mesa perto da janela.
— O que vocês vão querer?! — O rapaz disse se aproximando.
— Me traz um pedaço de bolo de chocolate e uma água com gás, por favor.
— O meu é igual a o dele. — Jeon disse jogando o corpo para trás.
O rapaz assentiu e caminhou até uma portinha com cortina de pedrinhas.
— Menino gente boa! A mãe tava preocupada que ele desse pra ruim, igual a o irmão. — Me encarou. — Falei com minha tia e ela deu o emprego pra ele.
— O que houve com o irmão dele?! — Perguntei curioso.
— Seguiu o desgraçado do Jay Zika, ele trabalhava comigo, mas depois sumiu do mapa levando o irmão dele e outro que trabalhava pra mim. — Disse jogando o cabelo pra trás. — Fiquei sabendo agora que estão no comando de outra quebrada…
O mesmo parou de falar quando o jovem apareceu com nossos pedidos. Colocou os pratos na mesa e se retirou desejando uma boa refeição.
— Ele não gosta do irmão ou da forma que ele abandonou a família. — Deu uma garfada no bolo. — O Johny é um babaca e é bom que fique bem longe do meu território.
Suspirei e comecei a comer o meu pedaço. E como sempre estava divino.
— Que delícia, meu senhor! — Jeon sorriu satisfeito. — Sua tia tem mãos de fada.
— O negócio é bom mesmo. — Abriu a garrafa dando uma golada generosa.
— E os seus pais?! Sente falta deles?
— Às vezes… mas do meu velho. Minha mãe só sabia beber e me bater. — Sorriu fraco. — Por causa disso eles brigava muito… Era doideira.
— Nossa… eu sinto muito por você ter passado por isso. — Segurei sua mão por cima da mesa, mas logo ele afastou sua palma e voltou a comer.
— Vamo comer mais e fala menos, certo?. — Concordei e voltamos a comer.
Ele é uma pessoa muito fechada e detesta parecer fraco. Talvez seja pelo instinto de alfa ou só tenha medo mesmo… medo das pessoas acharem que ele é só um coitadinho e perderam a confiança que depositaram nele.
Ficamos conversando um pouco mais e desfrutando da ótima culinária da sua tia.
Que até então não tinha aparecido.
— Acho melhor nós ir… quero te mostrar umas coisas ainda. — Ele levantou e acertou a conta com o rapaz de apelido engraçado, que sorriu ao se despedir de nós dois.
O moreno colocou os seus óculos e estendeu a mão na minha direção.
Sorri e segurei forte entre seus dedos e logo estávamos colados caminhando de mãos dadas recebendo vários olhares junto a alguns cochichos das pessoas. A maioria eram de ômegas da região, que não foram muito com a minha cara, principalmente por estar junto do alfa lúpus mais desejado da região.
No fundo, surge uma sensação de orgulho. Tipo, eu consegui, risada de vitória e no final mostra o dedo do meio.
Tá, esquisito. Vamos pular essa parte.
— Burrr~ — Um arroto escapuliu da minha boca sem querer.
Paralisei por alguns segundos e senti meu rosto queimar de vergonha.
Mas fui tirado do meu transe mental com uma risada alta de Jeon ao meu lado.
— BURRR~ — O mesmo soltou um mais alto me tirando risadas. — Oh que porco cê é.
— Você que é, besta. — Rimos alto e continuamos a nossa caminhada.
Tá vendo o porque que eu aprecio a companhia desse doido. Se fosse em outra ocasião ou até mesmo com o traste do meu ex noivo, eu teria murchado de vergonha e chorado no banho. Mas o José me faz rir até com uma coisa nojenta dessas.
— Jeon, meu filho… — Uma senhora cadeirante parou na nossa frente toda sorridente.
— Opa dona Creuza! Minha bença. — Ele se ajoelhou na frente da senhora que beijou a sua testa e segurou firme suas mãos.
— Muito obrigado pela cadeira nova, você me deu o melhor presente do mundo. — Ele sorriu e beijou os dois dorsos da senhora.
— Que isso, foi de coração pra senhora. — Levantou e beijou o topo da cabeça grisalha dela.
— Que deus te abençoe meu filho! — A moça cacheada que a acompanhava começou a guiar a cadeira para longe de nós.
Ele pegou novamente a minha mão e voltou a me guiar pela rua.
— Então você também ajuda as pessoas?! — Perguntei enquanto caminhávamos na direção de uma feira de rua.
— Nos faz o que pode, tá ligado? — Ele falava enquanto comprimentava alguns moradores com acenos. — Eu sou o responsável pela área e principalmente pelo pessoal.
Soltou a minha mão e caminhou um pouco na frente.
— Era o que o meu pai fazia, e eu sigo o exemplo dele e tento fazer melhor. — Retirou os óculos os erguendo na direção da luz, checando se estava sujo. — É isso que eu sou.
Cruzei os braços e fiquei o encarando por alguns segundos.
Senti meu coração palpitar mais rápido só de vê-lo fazendo simplesmente nada. Eu sinto orgulho, orgulho do ser bom que ele é.
A forma como ele ajuda os outros sem medir esforços é mágica.
O moreno me encarou de volta e fez um sinal com a cabeça para continuarmos.
Andei até ele e agarrei firmemente o seu braço tatuado e musculoso.
[...]
Subimos mais um pouco e após me mostrar seus lugares favoritos de ir e também me apresentar a quase todo mundo de Paraisópolis.
Chegamos num local cheio de carros velhos espalhados, que mas parecia uma oficina abandonada.
— Ali na frente é o Patachoca, que você já conhece. — Apontou para o clube que estava vazio por conta do horário.
E sim eu me recordo muito bem daqui.
Momentos inesquecíveis.
— Mas aqui é meu cantinho, sabe, meu cafofo. — Adentrou numa construção semelhante a um galpão, só que com acabamentos de um mini apartamento na parte superior. Interessante. — É aqui que eu mexo com o que eu gosto, carros. A gente arruma os carros que parecem sucata e vendo pra fora e as vezes pro pessoal daqui também.
Adentrei naquele lugar observando tudo ao redor, os grafites nas paredes grandes, os móveis espalhados por todo lugar, uma parte aberta onde tinham pessoas bebendo e conversando e alguns carros espalhados por quase toda parte.
— Olha meus parabéns José Jeon! Você é um empreendedor. — Me virei encarando ele, estendendo minha mão para um aperto.
Ele sorriu e segurou firme minha mão. Ficamos nos olhando por alguns milésimos de segundos e logo o moreno começou a se aproximar de mim.
Levou sua outra mão a minha cintura e me puxou quase abraçando o meu corpo. Nossos rostos foram se aproximando aos poucos, e os sorrisinhos sinicos de canto dele eram dados a todo tempo.
Eu me sentia preso a ele, como se o seu corpo me controlasse e me fizesse o desejar loucamente.
Mas nunca nada é perfeito assim.
— JUNGKOOK! — A voz alta e desesperada foi ouvida na porta.
Me afastei rápido pelo susto e Jeon rosnou raivoso se virando na direção do moreno iluminado que corria na nossa direção.
— Espero que seja de muita importância, porque se não... eu capô você! — O cara parou de correr e cobriu a genitália rápido.
Soltei um riso baixo por ver a cara do rapaz, coitado.
— Papo reto! — O moreno cruzou os braços raivoso.
— Eu só queria saber se você resolveu o lance da gasolina… eu não quero ficar com o nome sujo de novo chefia. — Jeon arregalou os olhos e partiu pra cima do cara.
— Youngjae meu irmão… olha as visita. — Desviou os olhos nervosos pra mim.
— Olha… eu vou continuar dando uma olhada por aí. — Caminhei até ele acariciando de leve um de seus ombros. — Depois você me encontra.
— Mas magrelinho… — Fez um bico fofinho.
Eu sorri e beijei a sua bochecha saindo rápido de perto dos dois. Ainda consegui ouvir algumas broncas e tapas que o pobre do moreno iluminado sofreu do Jeon.
Sai por uma porta na lateral e continue olhando as coisas por ali.
Na verdade não tinha muito o que ver, só carros e mais carros espalhados e por ventura alguém passava e me comprimentava rápido.
Estava um pouco distraído olhando a estrutura do lugar. Relevem, manias de arquiteto.
Quando senti algo gelado relar na minha minha panturrilha. De imediato meu corpo parou e meu brilho foi sumindo.
— Minha nossa senhora… que não seja um rato… que não seja um rato. — Fiquei repetindo a frase enquanto me virava lentamente para encarar o que estava se esfregando em mim.
Só não sei se fico calmo ou ainda mais apavorado com o que vi.
Assim que me virei, dei de cara com um Pitbull preto enorme me encarando sentado.
— Ah! Olá criatura. — Disse nervoso recebendo um olhar julgador do cão. — Você não vai me comer né?! Eu mal tenho carne, só osso… NÃO!
O cão se assustou com o meu grito e se pôs de pé.
Osso não, pelo amor de Deus.
Mas diferente do que eu achava que iria acontecer, tipo eu sendo achado todo estraçalhado, o cachorro gentilmente se aproximou e deitou nos meus pés.
— Não é pegadinha não né?! — Me agachei devagar e ainda com muito medo aproximei minha mão da cabeça do animal.
O cachorro fechou os olhos escuros como seus pelos e ficou aproveitando o carinho trêmulo.
Sorri um pouco aliviado por saber que aquele touro gigante tinha ido com a minha cara e não iria me matar, eu espero.
— O Kiko gostou de você, magrelo. — Levantei a vista e vi o moreno sorrindo. — Ele só deixa eu fazer isso com ele.
— Sério?! — Encarei o cão que me olhava fixo com os olhinhos brilhando. — Own! Você é tão fofo, nem parece que pôde matar um...
Ele levantou rápido e me deu uma lambida bem no centro do rosto.
— Para Kiko! — Jeon disse firme e o cachorro rapidamente correu até ele, sentando ao seu lado. — Tá tudo bem magrelo?!
Assenti sorrindo e ergui meu corpo, enxugando o excesso de saliva na manga da minha blusa.
— Então esse é o menino que você me falou naquele dia?! — Perguntei me aproximando dos dois.
— Um deles, ainda tem mais dois. — Sorriu enquanto acariciava a cabeça do cão. — Normalmente o Kiko fica por aqui, enquanto os irmãos dormem. Espera um minuto.
Ele tirou um pequeno apito pontudo no bolso levando até a boca e soprando rápido.
— Pra que isso serve?! — Ergui a sobrancelha meio confuso.
— Tu vai ver! — Sorriu.
Fiquei ao seu lado né, vai que ele tenha chamado um tigre com esse troço. José Jeon é imprevisível.
Mas ao invés de tigres, surgiram mais dois cachorros enormes correndo na direção dele.
— Misericórdia… — Disse levando a mão até a boca.
Os cães sentaram à sua frente o encarando com as línguas para fora.
— Formação pessoal! — Fez um sinal com a mão e rapidamente os três cachorros estavam sentados em fila bem quietos. — Olha, esse aqui você já conhece, o Kiko, o branco é o Floquinho e o outro é o Coração. Meus filhos.
— É… olá pessoal. — Acenei para os animais que latiram juntos na minha direção. — O meu bebê se perde mesmo no meio deles.
— Trás ele aqui um dia, eles vão se comportar, confia no pai. — Sorriu me puxando para mais perto.
— Está certo! — Ele sorriu satisfeito.
— Vem! Falta você conhecer o meu lugarzinho.
Ele me puxou novamente para dentro e subiu comigo pelas escadas.
Abriu uma pequena porta de madeira e me deu a passagem.
— Bem vindo a minha humilde residência. — Disse sorrindo.
O lugar era bem arrumado para um marmanjo daquele tamanho. Tinha uma salinha, uma cozinha bem enxerida no estilo cozinha americana e ao fundo o quarto e um banheiro.
Bem convencional para ele que vive sozinho.
— Sua casa é linda! — Sorri enquanto olhava os detalhes da simples decoração. — É você aqui?!
Apontei para um porta retrato posto no pequeno centro na sala.
— Olha que gracinha…
— Sou eu e meu pai. — Me abraçou por trás e sorriu ao ver a foto. — Ele amava esse lugar, vivia me trazendo antes da construção da oficina para ver as estrelas. Aí eu resolvi que tinha que morar aqui, pra sempre lembrar dele.
— É muito lindo você pensar assim. — Virei de frente para ele passando meus braços em volta do seu pescoço. — Você é cheio de surpresas, José.
— Esse nome feio até que fica chave quando você fala. — Se aproximou do meu rosto deixando um selinho rápido no meu lábio superior e outro no meu nariz.
— Eu acho um nome bonito… e o dono dele também não é de se jogar fora. — Ele sorriu e voltou a me beijar.
Me sinto realmente seguro quando estou em seus braços e super confortável no ambiente que ele vive, com tudo que é de seu respeito.
— Tá com fome?! — Afastou seu rosto e me encarou. — Come alguma coisa antes de voltar pra casa.
— O que você sugere?! — Me afastei dele colocando o porta retrato de volta no lugar e o segui até a cozinha.
— Tem uns biscoitos aqui e café feito de manhã… topa?! — Disse enquanto coçava a nuca.
— E porquê não? — Ele sorriu e puxou a cadeira para mim.
Pegou duas xícaras e o saco de biscoitos colocando tudo sobre a mesa.
— Me conta mais sobre o lance do jantar. — Ele disse sentando ao meu lado.
— Não é nada demais, mas como minha mãe é extremamente comemorativa, então a chegada dos membros da família foi a desculpa perfeita pra isso. — Me servi colocando um pouco do café e alguns biscoitos para molhar no líquido.
— Esse povo aí estava longe a muito tempo?! — Disse num tom de curiosidade.
— Bastante, principalmente meus tios, eles casaram e já se mudaram para Nova York. — Só de falar neles já me bate uma saudade enorme.
O tio Namjoon sempre foi um exemplo pra mim, a sua pose durona e a dedicação extrema a tudo que faz e linda. Ele conheceu o tio Jin numa festa bem aleatória que ele foi convidado e lá rolou o tchan dos dois.
Lembro até hoje do dia que o tio Jin foi conhecer a nossa família, ele e a cunhada, minha mãe, viraram melhores amigos rapidinho. Mas é quase impossível não gosta dele.
— Vai ser um reencontro e tanto. — Sorri. — E só de imaginar que eu não vou ter aquele imbecil ao meu lado, fingindo ser o noivo perfeito, já me deixa aliviado.
— Eu concordo! — Deu um gole do café.
— A única pessoa que gostava realmente dele era a minha avó, mas ela está com Alzheimer, então acredito e espero que tenha esquecido dele. — Terminei o meu café e fiquei encarando o moreno que comia igual a uma criança, se sujando todo.
Não me julguem, ok?!
Mas não sei o que me levou a fazer esse convite inusitado.
— Jeon… você quer ir comigo no jantar?!
Ele soltou o biscoito que estava em sua boca e me olhou surpreso.
— C-Como?! — Sorri da forma que suas bochechas ficaram infladas.
— Eh! Eu não quero ficar sozinho lá, e se quiser pode levar o Yoongi também, a Yasmin vai está lá.— Disse desviando o olhar do rosto dele. — Não é um evento que você está acostumado a frequentar, mas eu queria muito que você fosse.
Ele ficou de joelhos apoiando os cotovelos na minha coxa.
— Você está me convidando para conhecer a tua família?! — Os olhinhos dele brilhavam como estrelas.
— Meio que é… então, você topa?!
Ele levantou rápido e me levantou da cadeira me colocando em seu colo.
— É claro que eu vou! — Começou a me girar e gargalhar junto a mim.
— Tá, tá, já chega. — Bati no seu ombro e o mesmo me colocou no chão.
Antes de falar alguma coisa o mesmo me agarrou pela cintura e me deu um beijo.
Era um beijo com necessidade, porém, dava pra sentir um sentimento envolvido.
— Obrigado… — Encostou a sua testa na minha e fechou os olhos.
Meu coração estava batendo muito rápido naquele momento, eu só queria proteger ele e colocar num pote.
Acariciei seus fios e beijei a sua testa.
Ficamos ali por um tempo curtindo o momento e ele me puxou de volta para terminarmos de comer.
[...]
Porta da frente, apartamento do Taehyung, Morumbi, Zona Sul, São Paulo, Brasil.
17 de maio; 17:59 p.m.
— Está entregue! — Sorriu de canto.
— Muito obrigado pelo dia de hoje… — Passei meu polegar pela sua bochecha e beijei rápido seus lábios. — Nem vi a hora passar.
Ele sorriu e me puxou para um abraço.
— É só colar quando sentir minha falta. — Piscou para mim e se afastou.
— Combinado! Então, até amanhã, José. — Assentiu, me beijando novamente e correndo na direção do elevador.
— Até, magrelo. — As portas se abriram e o mesmo adentrou.
Suspirei bobo e me virei para abrir a porta.
Assim que adentrei o apartamento, notei que tudo estava muito silencioso.
— Será que a Yasmin teve outro plantão?! — Fechei a porta, tirei os sapatos e caminhei até a sala.
Vi que o meu pequeno estava deitadinho no sofá e assim que sentiu a minha presença abanou o rabinho peludo.
Caminhei até ele o pegando no colo e recebendo uma conferida com o pequeno focinho escuro, por causa dos outros cachorros.
— Tudo bem, eles são legais. — Yeontan latiu e começou a me lamber.
— Quando você ficou tão bonito assim?! — Ouvi uma voz feminina vinda das escadas e sorri ao reconhecer de longe aquela voz linda.
— Jisso! — Me virei rápido e encarei a mesma sorrindo escorada no corrimão.
Não acredito que ela esteja mesmo aqui, meu deus.
Minha irmãzinha está de volta!
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