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História Um Livro para Melinda. - Apenas mais uma de amor.


Escrita por: vallient

Notas do Autor


Aviso de conteúdo sensível: Violência física e verbal.

Capítulo 5 - Apenas mais uma de amor.


08 de Agosto de 2015.

Eu gosto tanto de você

Que até prefiro esconder

Deixo assim ficar subentendido

Como uma ideia que existe na cabeça, e não

Tem a menor obrigação de acontecer


Toc toc toc.

Melinda ouviu as batidas na porta do seu apartamento, já aguardava Jasmine, arrumou o moletom que estava vestindo e se preparou para recebê-la.

O clima era frio e chovia muito, estava de tarde, mas não tinha indícios de que o sol iria aparecer já que o céu continuava sendo tomado por um cinza escuro. Mel queria ver a ruiva então a chamou para que ficassem de bobeira em seu apartamento, para conversar ou assistir um filme.

Levou a mão até a maçaneta gelada da porta e abriu, dando de cara com uma Dalia de cabelos encharcados e as roupas úmidas, a pele pálida e o corpo tremendo de frio.

— Meu Deus, eu disse que te buscaria se não tivesse como vir. — A empresária repreendeu a escritora puxando-a para dentro do apartamento que tinha o aquecedor ligado.

— Mas eu já cheguei. — Disse ela balançando as mãos com um belo sorriso.

— E toda molhada né, Jasmine. — A morena correu e pegou duas toalhas, entregando a artista para que se secasse.

Arrastou ela até o quarto, onde entrou no seu closet sozinha e procurou algum traje rapidamente nas peças novas que haviam chegado para sua loja, escolheu um conjunto de langerie e duas peças de roupa.

— Aqui, vou te deixar sozinha no quarto para que vista. — Melinda ordenou deixando as roupas em cima da cama, fechou a porta antes que a outra pudesse dizer algo, sabia que a ruiva estava com muito frio e era orgulhosa para aceitar ajuda, já que tinha negado a carona.

Dalia apressadamente tirou as roupas e se secou, demorou um tempo nos cabelos arrumando-os e definindo suas ondas. Vestiu a langerie e parou por um instante antes de trajar as roupas que faltavam, se olhando no espelho encantada com as peças rendadas na cor preta que tinham dado certinho em seu corpo, Mel havia acertado o tamanho. Passou os dedos pelo tecido confortável e macio que pareciam serem feitos com muito cuidado.

— E ai, coube? — Perguntou do outro lado da porta.

A ruiva então terminou com as outras peças de roupa.

— Perfeitamente. — Saiu de dentro do quarto mostrando a vestimenta que havia caído muito bem no corpo. Deu uma volta enquanto a morena a observava sorridente. — Te devolvo assim que minha roupa secar.

— Não, são seus. Estou te dando. — Respondeu negando.

— Não é preciso, Melinda. De verdade. — Recusou com educação, eram peças que pela qualidade provavelmente custavam bem caro.

— São seus, não irei aceitar caso queira devolver. — A moça repreendeu a atitude de Jasmine. — Esse ficou lindo em você. — Elogiou o conjunto de short e blusa, apanhando as vestimentas molhadas dela. — Agora sim, tudo bem com você? Fica à vontade, viu. — Foi até a lavanderia e jogou as peças molhadas na máquina de lavar.

— Tudo ótimo e com você? — A escritora respondeu observando a mulher morena.

— Tudo bem também, senti sua falta sabia? — Parou de frente a ruiva fazendo com que ela sorrisse.

— Que surpresa, confesso que também senti a tua. — Dalia se aproximou e lhe deu um beijo na ponta do nariz.

— Queria perguntar o porquê desse beijo na ponta do nariz. Longe de mim reclamar, eu adoro. — Melinda expressou em curiosidade, encarando-a.

— É um lugar muito bonito para não ser beijado. — Justificou dando de ombros com as bochechas coradas.

Era uma justificativa válida.

— Quer um café para ajudar a aquecer? — Direcionou-se até cozinha enorme ao notar que a escritora estava arrepiada. — Você toma café? Pode ser um chá também, um vinho...

— Um café tá ótimo. — Jasmine a acompanhou.

Mel recolheu duas xícaras no armário e pegou a garrafa, serviu o líquido fumegante nas duas. Empurrou uma delas pelo balcão até a ruiva que aceitou de bom grado bebendo um gole e se deliciando com o sabor forte e açucarado. A morena então apanhou alguns biscoitos e bolachas, fatias de bolos e queijos, colocando em uma bandeja.

— Seu apartamento é lindo. — Elogiou, passando os olhos pelo local grande e espaçoso. Tudo muito bem decorado, os móveis sofisticados conseguiam ser aconchegantes, o apartamento cheirava a lavanda por causa de um aromatizador, o piso era de madeira e as paredes pintadas em cores claras.

— Faz pouco tempo que mudei, ainda não arrumei tudo, preciso colocar algumas plantas por aqui. — Respondeu olhando para as paredes, não havia nada, nem um verde e precisava dar um jeito nisso.

— Posso te ajudar nesse processo. — Se ofereceu, entendia um pouco de plantas, seu pequeno apartamento era cheio delas por todo canto.

— Vou adorar, Jasmine. — Falou Melinda em gentileza, tomou o primeiro gole da bebida quente.

Se sentaram no enorme sofá que tinha na sala, ele virava uma cama, então a dona do apartamento tratou de deixá-lo largo justamente para que se sentissem mais confortáveis. Colocou a bandeja com as comidas em uma mesinha de centro e deitou-se bruços balançando suas pernas que estavam levantadas, a ruiva sentou ao seu lado de uma forma mais contida com as pernas cruzadas.

— Me conta tua aventura pra chegar até aqui. Você veio de quê? — A empresária pediu olhando a escritora com os cabelos molhados e mais escuros por conta da água, seguia belíssima.

— Eu vim de bike, deixei lá na portaria. — Sorriu docemente.

— Com o mundo caindo em chuva lá fora, Jasmine. Eu me ofereci pra ir te pegar. Já vi que você é dona de uma teimosia tamanha... — Insinuou semicerrando os olhos.

— Um pouquinho só... — Dalia comentou depois de uma gargalhada e mais um gole de café, pegou uma bolacha e comeu. — Desculpa a curiosidade, mas o que é isso que tu tem no pé? — Não se conteve e questionou,  pois tentava advinhar desde que Melinda tinha erguido os pés para o alto.

A morena franziu as sobrancelhas em confusão parando de balançar as pernas e procurou, se conformando ao ver a sua tatuagem. Deixou o membro mais visível para que a outra pudesse analisar a tatuagem. A ruiva se esforçou até que conseguiu ler, made in Bahia estava escrito no solado em letras de imprensa, como aquelas etiquetas que colocam em bonecos ou em roupas para informar de onde vem.

A informação clareou toda a mente da escritora, agora tinha entendido de onde tudo vinha. A boniteza na hora de falar com um sotaque que não consguia se esconder diante a fala formal, a tornozeleira de Búzios, a fitinha vermelha da igreja de Senhor do Bonfim que carregava amarrada no mesmo pé. Tudo tornava Melinda ainda mais bonita, carregada da alegria e do encanto que um baiano tem por si só.

— Tu é baiana? — Falou em sobressalto. — Como não consegui identificar teu sotaque? — Uma pergunta retórica foi proferida. — Agora tudo faz sentido.

— Sou de Salvador, banhada por sol e regada por água do mar. — Respondeu gargalhando com a reação da ruiva.

— Eu sou apaixonada por Salvador. — Jasmine declarou encantada.

— Você já foi lá? —  Perguntou animada já prevendo que um bom papo se iniciava.

— Eu não, só vi por foto e vídeo, mas mesmo assim... É muito bonita a cidade, a Bahia no geral né. — A gargalhada de Melinda aumentou de tom contagiando a sua companheira, achava engraçado que ela falasse com tanta animação sobre a cidade, mas nunca tinha ido. — Já foi pro Carnaval? Sofro vendo ele pela televisão.

— Só fui duas vezes e foi na última vez que eu tive um insight. — Respondeu pensativa.

— E qual foi o seu insight? — A ruiva perguntou curiosa.

— Que eu não estava vivendo. E eu percebi ali em cima do trio do Timbalada tudo o que estava perdendo... Sabe aquele dia que tudo dá errado? Eu perdi o primeiro trio, pisaram no meu pé que ficou inchado, tomei banho de cerveja, me perdi indo pra avenida, não fui assaltada né porque era só o que faltava, mas também só tinha a roupa do corpo e um copo de bebida. Foi tudo tão incrível. — Falou ela com um olhar distante relembrando do momento, a ruiva olhava suas expressões com um sorriso bobo, era impossível não se contagiar com a alegria em que Melinda falava.  — Nada afetou minha alegria naquele dia, eu percebi que era uma zumbi, só pensava em meu trabalho...

A empresária fez uma pausa organizando seus pensamentos.

— Não que tenha sido ruim, hoje eu sou uma mulher bem sucedida e não tenho como negar, não tenho como dizer que é ruim até porque meu trabalho é o meu xodó, mas a partir do momento em que você vive pra ele, você deixa de viver pra você. — Jasmine deitou-se ao lado da morena, concordando com o que ela dizia, queria que a moça prosseguisse a falar porque era muito bom vê-la se abrir. — Trabalho desde que entendi o que era trabalho, virava noites fazendo apostilas de faculdade, pesquisas para cursos, estudando, tudo para melhorar o meu desempenho. E foi em cima do trio que vi que a vida não é só isso, então eu dei muito duro para conseguir pessoas de confiança e que agora eu pudesse pegar um tempo de férias indeterminado para poder viver. Até porque eu já tenho vinte e nove anos e o amanhã pode não existir...

Fechou os olhos para revelar algo íntimo.

— E sinceramente, se eu morresse naquela época, eu iria embora muito triste por saber que minha vida foi trabalho na maior parte do tempo. — Refletiu a morena.

— Eu entendo você e acho muito bom que agora tenha se permitido viver. Tinha algo que te prendia? — Jasmine perguntou intrigada.

— Minha família... — Respondeu de forma pensativa.

— Não precisa falar mais se não se sentir confortável, tá? — Foi compreensiva pelo modo em que ela respondeu.

— Relaxe. — Melinda se sentia à vontade. — Eu sempre quis ter a minha liberdade, ter liberdade pra ser quem eu sou, porque desde muito nova sempre fui muito presa, era doloroso não poder me expressar, eu sou muito questionadora e crescer dentro dos padrões que a minha família seguia era bastante desconfortável, entende? — A ruiva assentiu. — Com quatorze anos eu descobri minha sexualidade e me mantive dentro de uma caixinha desde então, nem meu cabelo eu podia cortar, sempre fui apaixonada por piercings e tatuagens... — Mostrou sua orelha cheia de furos agora se gabando, o que fez a outra rir. — Eu percebi que não poderia ter isso enquanto morasse sob o teto dos meus pais, sempre quis ser a pessoa que não ligava pra nada, que vestia as roupas que queria, usava o que queria, saía com quem queria, mas era impossível porque eles insistiam em me rotular e me prender. — A de orbes azuis tinha um olhar compreensivo. — Ai eu me revoltei, como era apaixonada por moda, acabei investindo em uma pequena lojinha onde eu quem costurava as peças a mão, era muito cansativo, só que ai o negócio foi crescendo e aos poucos eu fui conquistando minhas coisas. Aos dezoito saí finalmente da casa deles e entrei em uma faculdade, então comecei com as rotinas de cursos atrás de cursos.

— E então foi se afogando nisso? — A escritora parecia entender aquele ciclo.

— Exatamente. Claro que assim que pude me enchi dessas tatuagens, coloquei piercings, cortei meu cabelo, comprei minhas próprias roupas, mas eu continuava me prendendo. Cresci num ambiente tóxico, então me achava uma pessoa ruim por não seguir as ordens que eles insistiam em enfiar na minha guela abaixo, mesmo que já tivesse a minha liberdade.

— Eu sinto muito por isso, Melinda. — E Dalia realmente sentia porque imaginava o quanto era doloroso.

— Me afoguei no trabalho e esqueci de todas as metas que eu tinha em mente, fiquei obcecada, usava ele como forma de me esconder para não ter que enfrentar toda a confusão que se fazia em mim, me invalidei por muito tempo. Até que teve esse carnaval e eu larguei tudo de lado, claro que esses assuntos precisaram ser tratados com terapia, mas hoje não ando mais tão insegurasei bem o que sou e dou valor a tudo que conquistei. Foi tudo pelo meu suor e esforço.

— E como é a relação com sua família? — Questionou esperando que tivesse um bom desfecho.

— Complicada, graças ao meu trabalho consegui dar um bom lugar para que eles vivessem e uma boa qualidade de vida também, mas é eles de lá e eu de cánão dá certo quando ficamos muito tempo juntos. Sempre dá conflito. — Melinda expressou triste.

— Já te admiro pela força, parabéns pelas suas conquistas, Melinda. É sempre bom dizer que o diferente também pode ser bom. E que bonito que esse teu acordar foi bem no carnaval, que bom que te conheci bem nessa época em que decidiu viver mais. — Aproximou-se um pouco mais da morena.

— Preciso te levar pra curtir o carnaval comigo, boto você pra correr atrás do trio e só voltar de madrugada. — Ela falou animada espantando toda a sensibilidade que havia trazido ao falar da sua história.

— Eu vou amar ir para o carnaval com você. — Deu asas a imaginação.

— A gente precisa resolver isso, vai ser muito bom. Vou nos hospedar num hotel bem perto da avenida, tenho certeza que iria se encantar com as cores do pelourinho e com a música do Olodum. — A morena abriu um sorriso 

— Assim eu me iludo fácil. — Riu, terminando seu café e colocando a xícara na mesinha.

— Vou te carregar comigo no próximo, eu quem vou colocar a fitinha de Senhor do Bonfim no teu braço. Anote ai. — Melinda prometeu. — Quero saber sua história também. — Pediu para que a ruiva contasse.

— Deixe-me ver por onde começo. — Pensou batendo o dedo indicador na boca, ergueu as sobrancelhas lembrando. — Eu sempre fui muito liberta desde muito nova, descobri minha não heterossexualidade muito cedo, desconfiei ao lembrar que tinha escrito uma carta para uma coleguinha de classe que chorava no colégio porque nunca ia ter um príncipe encantado. Eu na época achava ela muito bonita e tinha vontade de andar de mãos dadas com ela, então eu escrevi que eu queria ser o príncipe encantado dela se a menina quisesse. — A empresária gargalhou com a revelação.

— Que coisa mais fofa, Jasmine, você é adorável desde pequena. — Estava encantada e ficou ainda mais quando viu as bochechas da ruiva corarem.

— Eu tinha uma admiração muito grande pela Floribella e pela Eliana, agora entendo que eram minhas paixonites de infância e pré-adolescencia. Eu dava muito trabalho, confesso, não fazia coisas erradas, do tipo muito erradas como usar substâncias ilícitas, mas fui uma pré-adolescente e adolescente trabalhosa. Eu saía com muita frequência com meus amigos e aparecia dias depois. Sempre fui muito sincera com minha mãe, então ela sabia por onde eu andava.

Falar sobre seu passado lhe causava uma sensação de conforto, ao mesmo tempo lhe deixava ansiosa, então a escritora começou com sua mania de apertar seus próprios dedos.

— Só que eu compensava nos estudos, estudava muito, ai consegui me aprovar na faculdade de medicina, cheguei até a fazer o primeiro semestre, mas percebi que não era pra mim. Durante a faculdade eu escrevi meu primeiro livro e já trabalhava como fotógrafa iniciante, consegui publicar a obra e desde então vi que eu não queria outra vida, resolvi me arriscar nesse caminho mesmo e larguei a história de ser médica. — Suspirou. — Aos dezenove eu ainda morava na casa dos meus pais e foi quando eu tive minha primeira namorada, foi também quando eu sofri o meu primeiro ataque preconceituoso. — A voz de Jasmine ficou mais baixa e saía com dificuldade.

— Como assim? — Melinda perguntou com as sobrancelhas franzidas.

— Eu e minha namorada estávamos em um beco, estava levando ela em casa. Ela sempre foi muito medrosa e eu sempre muito atrevida, então dei minha mão para que ela segurasse por alguns instantes prometendo que nada ia acontecer com a gente. Ela confiou em mim e cruzou nossos dedos, não tinhamos costume de andar assim. No final do beco deserto ela me deu um selinho em comemoração, nessa mesma hora um grupo de homens bêbados virou a esquina e viram o gesto acontecendo. — A artista fechou os olhos sem querer vizualizar a cena que reproduzia na sua cabeça.

— Não precisa continuar, Jasmine. — A mão de Melinda foi até o braço da ruiva acariciando ele em conforto.

— Está tudo bem. — Insistiu. — Nesse momento os palavrões começaram a serem proferidos, eu nunca ouvi tanta coisa ruim em minha vida. Nessa hora minha namorada travou e eu não tive reação a não ser cobrir ela com meu corpo quando começaram a nos jogar pedras, ela não conseguia se mexer e eu aguentei os chutes de todos eles. Fomos apedrejadas até que se satisfizessem e terminassem a diversão, porque faziam tudo rindo da gente. — Se expressava com dificuldade. — Por sorte ela não se machucou muito, não era assumida então não precisou dar explicações aos pais. A maioria das agressões foram em mim, fiquei cheia de hematomas enormes pelo corpo, cheguei em casa com meu rosto sangrando, minha mãe se desesperou e tentou me cuidar, mas o sangue do ferimento não parava de sair. Ai ela me levou no hospital e eu precisei levar pontos na sobrancelha onde uma das pedras tinha acertado. —  Levou a mão até a sobrancelha.

— Posso? — Melinda perguntou antes de tocar a sobrancelha.

A ruiva assentiu e então com todo cuidado ela passou o dedo polegar pela cicatriz sentindo a protuberância, seu coração apertou, visivelmente era quase imperceptível, só se reparasse bem e era algo que a morena havia notado desde o dia em que se conheceram. Dalia realmente tinha sido uma criança danada, mas não era por isso que sua sobrancelha tinha uma cicatriz.

— Você é muito corajosa, Jasmine. — A empresária se esticou deixando um beijo delicado na cicatriz. A artista fechou os olhos para senti-lo bem e Mel conteve a vontade de lhe dar um selinho e ao invés disso deixou outro beijo na bochecha corada. — O que aconteceu depois? — Perguntou querendo saber o desfecho da história.

— O difícil foi contar pro meu pai o porquê que eu estava com pontos no rosto, precisei me assumir e ele falou coisas tão cruéis quanto os homens que me atacaram. Peguei todo o dinheiro que conseguia tirar por mês fazendo alguns trabalhos como fotógrafa e aluguei meu primeiro apartamento, fui morar sozinha, não consegui continuar no mesmo ambiente que ele porque diariamente ouvia insultos.


—  Sei bem como é. — Respondeu compreendendo a situação.

— A menina terminou comigo depois do acontecido, não quis mais olhar em minha cara. Eu até insisti no relacionamento, mas não era pra ser, tentei não julgá-la pois foi traumatizante para ambos os lados e cada um tem seu jeito diferente de lidar com a dor. Quando me vi prestes a ser despejada do apartamento, consegui escrever e publicar outro livro, agora sou fotógrafa profissional e vivo disso, meu pai quase não mantém contato comigo... Ele continua com os mesmos pensamentos, minha mãe se separou dele e ela me aceita, conhece bem a filha que tem. — Riu ao falar a última frase.

— Sinto que tenha que ser assim e sinto também por você ter passado por isso, é triste demonstrar amor e ser recebido dessa forma. — Comentou em pesar, sentiu a cabeça de Jasmine encostar em seu ombro e em um gesto significativo a morena tomou a mão da ruiva pra si e cruzou seus dedos, sem medo.


Notas Finais


A música usada no capítulo foi a Apenas Mais Uma De Amor do Lulu Santos.

Glossário do capítulo:

Enfiar guela abaixo: Impor algo para outra pessoa.

Boto, botar, bote: Coloco, colocar, coloque.


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