História Um mundo fora do meu - Lets dance!

“Porque eu o quero. Agora. Aqui. Em qualquer lugar. Sem nada entre nós”.

- Aurora! – Gritou Pattie entrando na sala. Era de tarde. Os meninos tinham ido ao estúdio gravar uma musica. Uma que eu e Jus tínhamos composto. Então fiquei a tarde inteira na frente da TV. Vendo filmes antigos.

Minha mãe tinha melhorado um pouco, mas estava internada. Joana e eu ficamos trocando SMS a cada minuto. Mas nada me fazia me sentir melhor. EUA podia ser perto do Brasil, não? Seria melhor se fosse do lado da minha casa!

- Fala Pattie!

- Vamos ao cabeleireiro? - Sugeriu. Reprimi uma careta. 

- Sem dinheiro. – Torci a boca, era uma desculpa esfarrapado, pois tudo o que ganhei quando chegue aqui foi dinheiro.

- Não se preocupe com isso – Claro que eu não devia me preocupar. E minha desculpa foi ralo abaixo.

Sheila, Pattie e eu fomos rumo ao cabeleireiro. Ele nos colocou em uma sala privada. O que foi ótimo, podíamos tagarelar sobre tudo e ninguém iria anotar isso e por em um jornal.

Cortei o meu cabelo e fiz californiana. Na verdade, não foi ideia minha, foi das meninas. Elas deram a ideia ao cabeleireiro e ele fez tudo sem que eu soubesse de nada, só no final.

Tinha ficado bom. Meu cabelo estava mais curto, em um corte em V e repicado, as pontas loiras, mas dava impressão que eram minhas, o que eu adorei.

- Eu nunca gostei de cabeleireiros! – Admito – Mas está sendo tão divertido estar aqui vocês!

- Somos divertidas amor! – Fala Sheila, nos fazendo rir.

- Eu gosto de você! – Fala Pattie. Olhei para ela. O que ela queria dizer com isso?

- Obrigada, também gosto de você – Falo – Você lembra um pouco a minha mãe.

- É mesmo?

- Não de aparecia, mas de personalidade! Gosto disso

- Que bom - Ela sorri sincera.

Entramos na casa, os rapazes já tinha chegado. As meninas subiram para tomar banho e eu fui a cozinha, pegar um refrigerante. Estava com vontade a tarde inteira, mas as garotas não deixaram eu tomar. Quero ver elas me impedirem agora!

- Olá! – Cumprimentou alguém da porta. Guardei a coca na geladeira e me virei. Esse menino era muito familiar: Cabelos castanhos escuros, arrepiado, uma blusa regata azul, mostrando que fazia academia, calça jeans preta caída na cintura e tênis azul. Ele era muito bonito na verdade e era um pouco estranho ver alguém que não tivesse tatuagens no corpo, sendo que até agora as pessoas que conheci tinham pelo menos uma tatuagem.

- Oi! – Respondi, me encostando na bancada e tomando coca no meu enorme copo. Porque tinha enchido tanto? Ele ficou me olhando, esperando alguma coisa.

- Desculpa – Falo – Eu devia te conhecer? – Pergunto.

Ele soltou uma risada e foi até a pia da cozinha, e lavou a mão. Não tinha notado que sua mão estava cheia de barro. Se ele estava aqui ele só podia ser famoso, ou amigo do Justin. Mas ele tinha alguma semelhança, alguma coisa que me fazia me lembrar dele, mas não totalmente.

Ele secou a mão na toalha e se virou para mim

- Nunca esperei que realmente iria me apresentar, sem que alguém me conheça! – Ele riu – Estou magoado!  - Meu rosto queimando da vergonha.

Ele chegou perto e esticou a mão:

- Sou Austin Mahone!

Esse nome... Meu Deus! Não posso acreditar que não tinha reconhecido Austin Mahone,além da paixonite que minha irmã tinha pelo Justin, ela também era louca por esse Austin.

- Ah você é aquele cantor!

- É, sou aquele cantor! – Ele riu mais uma vez. Pelo menos eu o divirto.

Sai de perto dele e me sentei na baqueta. Encarando meu copo de coca, já me sentindo estufada demais. Eu devia ser menos gulosa.

- Estou fazendo uma musica com o Justin - Comenta

- Você está cantando com ele, porque a música foi eu quem fez!

Ele me olhou, só que dessa vez me olhou atentamente, como se me avaliasse. E seus lábios se alargaram em um sorriso, muito bonito também. Ele jogou uma mão no ar e disse:

- Ah, eis a Aurora. Justin me falou de você – Ele balançou a cabeça – Disse também que você era bem difícil de lidar.

Levantei uma sobrancelha. Meu estomago queimando. Justin tinha falado de mim?  Eu podia ter pensando em varias coisas, por exemplo: Como assim difícil de lidar? Ou Como assim, eis a Aurora?! Mas minha mente logo vagou para: Justin me falou de você.

- Ele não é umas das melhores pessoas, não acredita em tudo que vem dele. – Tomei mais um gole da minha coca, esquecendo que não entrava mais nenhuma gota, fiz uma careta e pus o copo no balcão, criando um baque que ecoou pela cozinha vazia.

- E vice-versa! – Fala Justin da porta. Olhando-nos atentamente.

- Refrigerante? – Levanto o copo, tentando distrair ele. Eu não estava com cabeça para uma discussão divertida hoje.

- Pode ser. – Ele sorri e caminha em direção a geladeira.

- Não, toma no meu, não quero mais! – Aviso.

Ele chega perto, pega meu copo e me olha com curiosidade. Eu não sabia o porquê dele estar me olhando daquele jeito.

- Ficasse linda com esse corte de cabelo!

Ah, é mesmo, o cabelo! Senti meu rosto ficar vermelho. Fiquei de pé e olhei pela janela, notando o pessoal conversando lá fora, uma distração para fazer meu rosto parar de ficar vermelho.

- Obrigada!

- Está impressionada? – Perguntou Jus, perto de mim agora. Austin ficou nos olhando com curiosidade, uma sobrancelha levantada. Afastei-me e cruzei minhas mãos atrás das costas.

Soltei uma risada para disfarçar meu desconforto.

- Sabia que diria algo do tipo – Levanto uma sobrancelha.

Ele revirou dos olhos e sorriu, para logo em seguida molhar os lábios com uma passada de língua, fazendo o meu estomago todo vibrar e minha mente voltar para aquele dia do nosso beijo.

- Sou sempre tão previsível! - Fala

Eu ia para o quintal, até ver o pessoal todo lá fora. Eles estavam fazendo algo como churrasco. Serio mesmo que eles fazem isso? Mas parecia divertido. Meu celular vibrou e era uma mensagem da Joana dizendo: Mãe acordou perguntando por você! Disse que você estava bem e que estava com saudades. Queria ter te ligado para falar com ela, mas deram um remédio para ela e ela voltou a dormir.  

Suspirei, era tão doloroso estar longe de casa. Fui para a sala e me deitei no tapete, que era muito macio. Fiquei encarando o teto. O ambiente estava pouco iluminado. Somente a luz do lado de fora entrava, o que era quase nada.

O cheiro de carne no ar me fazia lembrar-se de casa, em um sábado a noite aonde os meus tios iam à minha casa e colocávamos o som no ultimo volume e cantávamos até o amanhecer.

- O que está fazendo ai? – Sussurra Justin, em pé atrás do sofá me olhando.

- Pensando! – Não viro meu rosto para ele, apenas continuou olhando o teto.

- O que está acontecendo? Você está assim há um tempo!

- Desculpa! – Não sabia porque estava me desculpando, talvez seja por ter o deixado apreensivo.

Ele deitou ao meu lado, seu braço tocando de leve o meu.

- Só me diga.

- Se eu disser, vou chorar.

Ficamos em silencio. Só o som da musica no quintal preenchendo o ar.

- Vamos dançar! – Fala.

- Sem essa Justin... – Mas ele já estava de pé e me puxando. Ele colocou uma mão nas minhas costas e segurou uma mão. Começou a andar de um lado para o outro. No escuro, com a música baixa e nossas respirações; a sensação foi tão boa. Tão real. Eu não queria sair dali, não queria que ninguém interrompesse aquele momento.

Eu estava preenchida por um sentimento tão irreal. Apertei-me mais nele e deitei minha cabeça no seu ombro. Nossos corações batiam como se fossem um só. Ambos acelerados.

Ele baixou a cabeça, ficando mais perto da minha. Eu sabia o que ele ia fazer, e eu não ia impedir. Não queria. Ele colou seus lábios no meu. Meu corpo entrou em uma energia enorme. Como se tudo estivesse morto e então quando os lábios dele me tocaram, ele começou a viver. O beijo foi aumentando, ficando mais profundo, mais intenso. Paramos de dançar e eu fiquei na ponta dos pés, agarrando seus cabelos. A mão dele começou a fazer pressão na minha cintura para depois percorrer pela minha coluna de cima para baixo, me causando um arrepiou.

Deixei uma mão agarrada no se cabelo e desci a outra pelo seu braço e pousei na sua cintura, levantando levemente a sua blusa. Ele riu quando notou o que eu estava fazendo, e eu ri também. A mão dele parou no cós da minha calça e começou a circular com um dedo a minha cintura, então ele colocou a mão sob a minha blusa, minha respiração aumentou. Era a primeira vez que eu sentia a mão dele na minha pele.

O ambiente ficou quente de repente. Minha pele começava a ficar grudenta, mostrando o suor, assim como a do Justin. Ele parou de me beijar e desceu seus lábios para o meu pescoço. A mão subindo cada centímetro mais.

- Jus! – Chamo! Não, eu não queria realmente parar o momento, mas apesar das pessoas perderem a consciência nesses momentos, uma parte de mim sempre ficava ligada.

- Hum? – Resmungou.

- Acho melhor nós dois pararmos!

Ele se afastou e me olhou.

- Serio?! – Me encarou por mais um tempo, notando que estava falando serio. Ele se jogou no sofá e passou a mão nos cabelos. Eu fiquei sentada olhando para ele. Depois que já estávamos mais seguros de sis, e mais resfriados, ele pegou a minha mão e me puxou, para deitar ao seu lado no sofá.

- Você sentiu isso? – Perguntei

- Estou sentindo outra coisa agora!

- Credo Garoto! – Bati nele e comecei a me levantar, mas ele me segurou. Deitei de volta e ele começou a rir, a risada dele é tão contagiante que eu acabei rindo também.

Eu sempre quis tantas coisas. Tinha uma lista enorme sobre o que seria quando crescesse, o que faria para ajudar as pessoas, como ajudaria a cuidar do meio ambiente. Mas não tinha na minha lista nada como isso. Eu sempre sonhei grande, mas nada impossível.

Eu sabia o que eu queria; até conhecer ele, e minha lista foi ficando maior, e as coisas que eu pensei que queria não eram mais as mesmas. Nunca mais seriam.