História Um Namorado de Presente?! (em correção) - Have you Ever Tried? Part 2

Eu estava dividindo um quarto com HoSeok, que era em tons de azul claro e branco. Simples, porém, aconchegante. O quarto tinha duas camas de solteiro, uma em cada canto do cômodo, além de uma escrivaninha compartilhada e um guarda-roupa. O lugar não chegava a ser dos mais luxuosos e sei que isso foi proposital, já que os meus pais me conhecem o mínimo para saberem que eu prefiro daquela forma.

Era a nossa primeira noite lá e foi um tanto complicado me acostumar a não estar em chão firme. Ficamos conversando por horas durante a madrugada e chegamos num tópico ruim, que era a Tzuyu. Mesmo que o meu amigo insistisse que estava tudo bem, não parecia ser verdade, mas aquele era o jeito dele e resolvi respeitar.

— Você está com sono? — Ele perguntou me chamando de volta para a conversa. Só então notei estar distraído.

— Não.

Notei que nós dois sussurrávamos, como se não pudéssemos falar mais alto do que aquilo, o que não era bem verdade.

HoSeok se virou na cama, deitando de barriga para cima e encarou o teto, pensativo.

— Nesses últimos dias eu só tenho pensado em uma coisa que está me incomodando…

— No quê? — Incentivei para que ele prosseguisse.

— Em você… — Confessou e passei a encará-lo. — Eu estou preocupado porque você tem reclamado pouco. E você adora reclamar por qualquer motivo, Tae. Aconteceu alguma coisa?

— Bom, eu estou fazendo aquilo que você me recomendou fazer. Ir em um psicólogo, quero dizer.

— É mesmo? — Ele pareceu surpreso e deitou-se de lado, na direção da minha cama. Assenti. — E como foi?

— Foi bem legal. Obrigado por me dar a ideia. — Eu sorri levemente.

Mantivemos um tom baixo de conversa.

— Sempre que precisar. — Riu. — Bem que eu estava sentindo falta de você vir me encher com seus problemas. — Suspirou teatral.

— Nem vem! Você tem que ficar feliz porque agora não vou mais te encher com eles.

— Mas eu quero que você conte comigo. Sem ser com a ajuda profissional, quero que você procure somente a mim para desabafar.

Sua voz parecia um pouco mais alarmada, parecia estar falando sério.

— E por quê?

— Porque sim…

— HoSeok? — Antes que eu o perguntasse o que tanto queria perguntar, ele se virou para a parede, me dando as costas.

— Conversamos amanhã, estou cansado agora. Boa noite.

— Boa noite.

(…)

Na manhã seguinte recebi uma ligação de JungKook durante o café. Atendi assim que vi o nome do garoto na tela do celular.

— Alô?

— TaeHyung, onde você está? — Ele perguntou com variações no tom de voz, deveria estar andando enquanto falava comigo.

— Caramba, eu me esqueci totalmente de te dizer! Eu estou num cruzeiro com os meus pais.

— Um cruzeiro? Eu vim até a sua casa e ninguém me atendeu, fiquei preocupado.

— Sinto muito, acabei me esquecendo. Espera só um segundo, o HoSeok está me irritando.

Afastei o celular do rosto e olhei sério para o meu amigo.

— Fique quieto por dois minutos, HoSeok! Estou falando no telefone.

Ele parou de me cutucar e mostrou a língua, logo voltando a comer como se nada tivesse acontecido.

— O HoSeok também está aí? — JungKook perguntou do outro lado da linha.

— Sim, meus pais resolveram trazer ele.

— Quem me dera se eu pudesse ir para um cruzeiro também. — Ele deu uma risada curta. — Enfim, liguei porque queria ter certeza de onde você estava e queria falar com você. Sobre o Jimin.

— Pode falar, estou ouvindo. — Coloquei uma torrada na boca, mastigando devagar.

— Eu não sei se o seu plano vai dar certo… Não acha que eu deveria estar bolando alguma coisa para ele me perdoar?

— Mas é claro que deveria, seu idiota! — Revirei os olhos, mesmo que ele não pudesse ver. — Só estou falando que você precisa esperar um tempo antes de ir pedir perdão, deixar a mente dele esfriar. Enquanto o momento não chega, você precisa ter em mente o que vai fazer para que ele perdoe você.

Ele demorou algum tempo na linha antes de responder inseguro.

— Tudo bem… E o que eu faço?

— E eu vou saber? Quem fez a merda foi você, JungKook. Agora trate de pensar num jeito de consertá-la! — Gritei e olhei para as outras pessoas na mesa do café. Felizmente meus pais não estavam ali, mas sim vários estranhos, além de HoSeok. — Desculpem.

— Está tudo bem, você só está falando a verdade. — JungKook falou para me confortar.

— Não estou falando com você e sim, é a verdade. Trate de pensar num jeito de fazer isso e aproveita pra tentar arrumar esse cabelo.

— Tudo bem, não precisa agredir. A minha mãe ficou maluca quando me viu ontem. Ela quer ter uma conversinha com você quando chegar.

— Ha ha. Vá sonhando. Eu não tenho coragem de enfrentar a sua mãe, prefiro viver em paz. — Peguei outra torrada. — Vou comer agora, até mais Kook.

— Até!

Encerrei a chamada e coloquei o celular sobre a mesa. HoSeok parecia curioso sobre a conversa, mas não perguntou nada, apenas voltou a comer.

(…)

— O que acha de jogar alguma coisa? — HoSeok sugeriu de sua cama enquanto eu tentava ler o folheto de atividades do cruzeiro. Eles tinham coisas bem divertidas para se fazer.

— Tipo o quê? — Tirei meu olhar no papel e o direcionei para o mais velho.

— Não sei. Qualquer jogo. — Ele pensou por uns instantes. — Que tal verdade ou consequência?

— Ah, isso é muito idiota. E só estamos nós dois aqui. Eu sei tudo sobre você, não teria graça alguma.

Ele fez uma expressão chateada.

— Para com isso, vai ser legal! E você não sabe tudo sobre mim.

— É claro que eu sei. — Me sentei na cama.

— Garanto que não. — Deu risada da minha cara, que provavelmente era bem irritada.

— Nós somos melhores amigos, pensei que você me contasse tudo.

— Eu conto quase tudo pra você, TaeHyung.

— Então vou aceitar esse jogo, mas só porque eu quero descobrir o que é isso.

Me levantei da minha cama me sentei na de HoSeok, de frente para ele.

— Eu começo! — Ele pareceu empolgado. Me arrependo de ser tão curioso.

— Espera! — O interrompi antes que ele fizesse uma pergunta. — Já que somos só nós dois e isso é um pouco chato, por que não deixamos o jogo mais interessante? — Sorri de lado.

— Como?

— Que tal a gente fazer assim: se um desconfiar que o outro está mentindo, pode fazer um desafio pra ele?

— Parece justo. Sua primeira pergunta! — Ele ficou animado novamente e sorriu malicioso. — Se eu te der dez maçãs você vende quatro pra mim?

Eu pensei na pergunta. No começo não entendi o porquê de ele estar fazendo aquela cara, mas então fez sentido. Eu quis morrer com o humor péssimo do garoto. Era obrigado a responder?

— Não vou responder isso! — Reclamei.

— Se você não responder vou te dar um desafio ainda pior. — Deu risada.

— Tá bom, tá bom! Eu sei lá, HoSeok. Não?

— Isso foi uma resposta?

— Eu acho que sim. Não é minha culpa que você é idiota. Vou acabar com você na próxima pergunta.

— Fique à vontade. — Ironizou.

— Tudo bem… — Pensei no que diria. O que poderia deixá-lo constrangido? — Você… Já beijou outro garoto?

Ele ficou um pouco sem reação no primeiro momento, mas então passou a rir bem alto, não ligando para o horário.

— Você bem que gostaria, né HoSeok? — Dei risada também.

— Aposto que quem gostaria mesmo é você. — Me olhou malicioso, mas falou em tom de brincadeira e resolvi continuar com ela.

— Então te desafio a me beijar.

Ele ficou calado, mas eu gargalhei com vontade. Do que nós estávamos falando?

Depois de uns segundos rindo, abri os olhos e encarei o mais velho. Ele estava me olhando de um jeito estranho e em um movimento repentino, se aproximou o bastante para que seu rosto ficasse de frente para o meu. Gelei e mantive a posição. Sem aviso, HoSeok fechou os olhos e me beijou. Foi só um selar prolongado, mas ele me segurou pela nuca e se aproximou o máximo que conseguiu. Fiquei paralisado. Nós éramos dois garotos. Melhores amigos. Mas eu estava de certo modo gostando daquilo.

Fechei os olhos para me concentrar melhor nas sensações, deixando a racionalidade para longe. A mão do meu amigo na minha nuca fez alguns movimentos, me acariciando ali. HoSeok pediu passagem com a língua e por algum motivo eu cedi, deixando que ele invadisse a minha boca e me beijasse com uma intensidade quase necessitada. Nossos corpos pareciam ansiar por mais contato.

Ainda me segurando, ele foi com o corpo um pouco para trás e eu fui junto, sem interromper o beijo. HoSeok se encostou na cabeceira da cama e, por instinto, me sentei em seu colo. Segurei o rosto dele com as duas mãos e continuamos a nos beijar, aumentando a intensidade.

HoSeok colocou as mãos na minha cintura e apertou o meu corpo contra o dele. Quando nos afastamos minimamente para respirar, ele passou a beijar o meu pescoço e eu estiquei, deixando a área exposta. Meu amigo chupou a pele sensível dali e eu quase arfei. Ele provavelmente deixaria uma marca roxa em mim.

O mais velho foi subindo o meu pescoço com beijos suaves até chegar na linha do meu maxilar. Antes que ele voltasse para os meus lábios, ouvimos um barulho na porta e eu me afastei dele como um raio. HoSeok se levantou da cama e foi até a porta do quarto. Aproveitei para reparar o meu estado; eu estava respirando muito rápido, ofegante, sentindo formigações por todo o corpo.

Respirei fundo e me ajeitei nervoso. Quem poderia ser naquela hora?

— Oi, HoSeok. Posso entrar rapidinho? — Reconheci a voz da minha mãe.

— Claro. — Ele deu passagem para ela, que entrou e se sentou na minha cama, ficando de frente para nós dois na cama oposta.

— Espero não estar chegando numa hora ruim, mas eu gostaria de falar com você. — Ela olhou para mim com um pequeno sorriso, mas parecia triste. — Vocês já devem imaginar que essa viagem não foi bem pelo motivo que contamos e eu sinto muito por ter mentido.

— Como assim? — Perguntei.

— TaeHyung, o seu pai está… preocupado. Ele quer que você assuma o lugar dele na empresa, mas nós achamos que você não se interessa por isso. Então ele teve a ideia de fazermos um passeio para poder te observar melhor, saber as coisas que você faz e por aí vai.

Fiquei em silêncio, aguardando que ela terminasse de falar e eu sabia que tinha mais coisa ali. HoSeok só ficou alternando seu olhar entre nós.

— Ele vai te chamar para conversar sobre isto amanhã e eu quero que você faça uma coisa, tudo bem?

Concordei com a cabeça.

— Precisa dizer para ele que vai pensar no assunto, não importa se não for a verdade. Não quero que ele se zangue com você, TaeHyung.

— O que ele vai dizer exatamente?

— Não posso te falar, porque infelizmente também não sei, mas seu pai está planejando alguma coisa e você tem que concordar com ele dessa vez. Por favor, me diga que não vai contrariá-lo.

— Tudo bem. Obrigado por avisar, eu acho.

— Sinto muito por ele, TaeHyung. Seu pai me contou sobre… — Ela olhou rapidamente para HoSeok. — Algumas coisas do passado. Prometo que não acontecerá novamente com você.

Ela se aproximou e me abraçou. Algo que me surpreendeu. Não conseguia me lembrar de nenhum momento do qual ela foi carinhosa daquela forma comigo. Sabia muito bem que ela estava falando sobre as agressões do meu pai, mas não entendia bem o que queria dizer com “não acontecerá novamente com você”. Não retribuí o abraço, mas ela logo se afastou, se despedindo e saindo do quarto.

Olhei para o meu amigo e me senti envergonhado por logo me lembrar do que estávamos fazendo antes que a minha mãe chegasse.

— Ahn, boa noite. — Falei baixo e me deitei, de costas para ele.

Eu não podia acreditar que tinha beijado HoSeok, o meu melhor amigo. E ainda por cima tinha gostado e queria fazer de novo. Eu estava namorando e, querendo ou não, aquilo era considerado trair, certo? Com eu poderia chegar na Na Yeon e dizer que eu fiz aquilo? Como eu olharia para o meu melhor amigo depois daquilo? Eu não era gay. De jeito nenhum. Nem o HoSeok. Eu acho. Quero dizer, ele tinha a Tzuyu antes que ela fosse embora, mas pensando bem ele não me respondeu se já havia beijado outro garoto.

Meu Deus, no que eu estou pensando?

C o n t i n u a…