Capitulo 31: O balão e a âncora
P.O.V.S Magali
Depois daquele dia que mais parecia um sonho entrei em casa e fui me preparar para dormir. Meu pai passou por mim algumas vezes me olhando estranho e quando finalmente disse que iria dormir ele se pronunciou:
John: Maga, antes de dormir – pausa – quer me contar o que esta acontecendo com esse garoto? – disse não em tom de ordem, mas sim de receio. Acho que ele teve medo de invadir minha privacidade, fiquei feliz por ele perguntar.
Magali: Se eu te disser vai ficar bravo?
John: Depende – disse sorrindo – Você já é crescida. Fico feliz que esteja com alguém, desde que isso não te afete.
Magali: Afete? Como assim? – perguntei curiosa
John: Sabe filha, existem pessoas que te puxam para cima, como – pausa – como um balão. Essas pessoas serão aquelas que não te atrapalharão na vida, vão respeitar seu espaço e te deixar crescer. – ele me olhou para ver se estava prestando atenção, como não poderia? Há tempos que não conversamos desse jeito. – Mas, existem aquelas que te puxam para baixo. Como uma âncora. Que apesar de gostarem muito de você, te privam da vida incrível que você pode ter. Não respeitam seu espaço e chegam a ser invasivas. – pausa – O que quero dizer, é que você precisa aprender a distinguir o que é certo e errado independente dos sentimentos. Entende? – balancei a cabeça, o olhei e sorri, depois o abracei com carinho.
Magali: Obrigada! - exclamei, dei um beijo em sua bochecha e fui em direção a meu quarto. Depois de entrar, apagar as luzes e me deitar fiquei observando a janela por onde uma luz fraca entrava. Comecei a digerir tudo o que me pai havia mencionado. Não tenho como saber o que o Cas é, mas com tudo o que passamos tenho quase certeza de que só me faria bem. Por outro lado, tem o Cumulus que sem duvida é uma âncora. Meu pai não sabe sobre ele, se soubesse na época teria enlouquecido, ele costumava ser mais ciumento. Fico feliz que esteja mudando. E tenho a sensação de que sou um dos motivos.
Acordo com a luz sobre meus olhos, lembro da noite passada e me arrependo de não ter fechado as cortinas. Levanto e saio do quarto, vejo meu pai ainda em sonhos, então troco de roupa, pego um casaco e saio para caminhar em volta. Já eram nove da manhã.
Depois de um tempo resolvo voltar para casa, mas ao virar em uma esquina encontro alguém familiar.
Magali: Maria Mello? – pergunto sem ter certeza
Maria M: Magys fofis! – disse e me lembrei desse apelido ridículo, depois se aproximou e me deu um abraço – Quanto tempo amore!
Magali: Pois é - pausa – O que faz por aqui? Achei que esse tipo de bairro “não era para gente como você” – disse com aspas e repetindo algo que ela já havia mencionado.
Maria M: Ah, sabe como é. Meu novo namorado mora por aqui. – disse apontando para uma casa que ficava uma rua abaixo da minha. – balancei a cabeça entediada – Ei, por que não me ligou?
Magali: Acho que você sabe muito bem o porquê.
Maria M: Ah, qual é? – pausa - Ainda esta brava por aquele comentariozinho de um ano atrás?
Magali: Sabe que eu estou? – disse sarcástica
Maria M: Bom, não pode me culpar por dizer a verdade. – a olhei com raiva, mas me controlei.
Magali: Tanto faz. Você não faz mais parte da minha vida mesmo. – disse passando a sua frente para ir embora.
Maria M: Olha, essa gentinha te mudou mesmo. Parece que aqui os bons modos estão fora de moda – disse provocando.
Magali: Vejo que você não mudou nada – ela ia se pronunciar mas a interrompi – continua a mesma fresca ao extremo, preconceituosa com tudo que é diferente e novo. Uma hora dessas seu mundinho perfeição vai afundar. Afinal é o que as âncoras fazem e é exatamente isso que você é. – disse e sai. Escutei alguns ruídos, mas nem liguei, meu pai estava certo. Algumas pessoas realmente passam pela sua vida para tentar te afundar, mas fico feliz de ter pessoas para me puxar de volta.
Cheguei em casa e meu pai já estava acordado, perguntei se podia chamar duas pessoas para virem aqui em casa e ele me olhou estranho novamente. Disse que eram amigas e que elas iriam embora ao final do dia. Ele concordou. Tirei meu celular do bolso e fiz algumas ligações. Queria desabafar e nada melhor do que amigas de verdade para me ajudar.
Depois do almoço ouvi a campainha e corri para abrir a porta.
Denise: Cheguei, cheguei chegando bagunçando tudo! – cantarolou e me deu um abraço, logo atrás dela Mônica entrou.
Mônica: E ai? O que eu perdi? – perguntou me abraçando. Meu pai as cumprimentou e subiu as escadas nos deixando sozinhas.
Magali: Sentem. – disse sentando no sofá – Tenho tanta coisa para contar para vocês.
Denise: Já vou sentar que lá vem babado – disse rindo e se sentando
Mônica: Quer conversar sobre o que? - perguntou se juntando a nós.
Magali: Sobre minha escola antiga.
Denise: Tranquila more, sabemos sobre o Cumulus.
Mônica: Ela ta se referindo as amizades. - disse olhando a maluquinha
Denise: Ih, né que é verdade? Você nunca comentou nada a respeito. - disse olhando para Mônica e depois para mim.
Sinceramente? Não achava e nunca achei necessário, mas com elas paradas logo ali, finalmente senti que tinha em quem confiar.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.