História Um Novo Olhar - Sei que quero você.

BETTY COOPER

Reencontrar Juggie foi inesperado, confuso, mas ainda assim, surpreendentemente bom. Conversar como adultos , reconhecer as culpas , pedir perdão, perdoar e finalmente colocar um ponto final na questão Archie, foi extremamente libertador e nos transportou exatamente para o ponto em que estávamos antes de começar a namorar. Somos novamente, bons amigos. — Exatamente onde estavam? E aquela ceninha no elevador? — diz meu inconsciente com sarcasmo. Franzo a testa e penso, bem...pelo menos agora zeramos nossos assuntos mal acabados.

A semana passou bem de pressa, as palestras foram interessantes e nos deram muito no que pensar. O evento estava quase no fim.

— Mal posso esperar pra isso acabar — Diz Lola com desdém revirando os olhos , enquanto nos acomodávamos para assistir a última palestra.

— Lola, dos sete dias de evento você só veio em três, está reclamando do que exatamente?— digo achando graça.

— E ainda assim terei pesadelos o resto do ano. Serial Kille’s... — fala e parece ter arrepios ao pronunciar a palavra. — acho que posso conseguir os créditos para faculdade , frequentando eventos mais leves.

Jughead sorri e balança a cabeça, diante do comentário de Lola. Seu sorriso é espontâneo, verdadeiro, incrivelmente sedutor e eu me perco nele por alguns segundos.

— É sério... Tenho sido assombrada todas as noites por essas histórias macabras. Preciso sair, dançar , beber... Aliás precisamos! — Diz Lola me tirando dos meus devaneios.

— Não sei não... as noites daqui são agitadas demais para o meu gosto.

— Ahh... Qual é Betty! É Vegas! Vamos enlouquecer um pouco! Além disso... Você está me devendo por ter me enfiado nessa furada aqui. — aponta com os dois dedos indicadores para todos os lados , fazendo referência ao evento. — Jughead, o que você acha? — acrescenta.

Olho para Juggie que está atraentemente esparramando em uma cadeira ao meu lado. Ele me olha , inclinando a cabeça para o lado, arqueando as sobrancelhas e encolhendo brevemente os ombros como quem diz: se você topar eu topo. Logo depois volta a me encarar com seus olhos azuis esverdeados intensos e seu sorriso sedutor e eu me sinto derreter — Por que ele está tão irresistível hoje? — interrogo-me mentalmente.

— Ok . Eleonor! A gente vai. — digo meio a contragosto — mas vê se não me enfia nas suas armações.

— Isso!!!! Gracias! — diz passando os braços em volta do meu pescoço, para um abraço de agradecimento. — Dessa vez você não vai precisar que eu arme para você— sussurra em meu ouvido antes de me soltar e olhar para Jughead.

Olho apreensiva  para o lado com medo que Juggie tenha escutado a insinuação de Lola, que parece distraído ligando seu notebook e meu pânico diminui. Ele não deve ter ouvido nada. Faço cara feia para Lola que por sua vez me lança um sorriso malicioso. Não consigo a encarar sem rir, então apenas respiro fundo e reviro os olhos.

Mais tarde aquela noite, Lola está no meio do bar, dançando um com cara que conheceu assim que chegamos, eu estou perto do balcão observando em volta enquanto espero Jughead pegar nossas cervejas. O bar que escolhemos, coincidentemente parecia muito com o bar do serpentes. Balcões, mesas e cadeiras de madeira escura, iluminação baixa, várias luzes pequenas e pôsteres de diversas bandas de rock clássico espalhados, até uma sala com uma pequena janela de vidro coberta por persianas cinzas , igual a que os serpentes usavam como escritório, onde eu e Juggie por várias vezes ficamos juntos. Me perco nas lembranças por um instante e sinto meu corpo flutuar.

— Terra chamando Betty... — brinca Juggie me trazendo de volta do passado. — Aqui. — me entrega a cerveja.

— Obrigada. — agradeço com um sorriso tímido.

— Você estava tão longe, em que estava pensando?

— Em como esse lugar se parece com o bar dos Serpentes do Sul. Fiquei com saudades de casa por um momento.— Juggie olha em volta, sorri e toma um gole de sua cerveja.

— Eu não havia reparado, mas você tem razão. As mesas, as luzes, o balcão até a nossa salinha... quer dizer o escritório — ele franze a testa e encara o chão desconsertado pelo que deixou escapar.

— Você também se lembra não é?

— Não sei se algum dia vou ser capaz de esquecer. — diz levantando um pouco os olhos e me fitando com o rosto ligeiramente inclinado. — Eu também sinto saudades de casa... Sinto saudades de você.

Não consigo responder, nesse momento esqueci até como se fala. Saudades... de mim! Ele sente, saudades de mim. A confissão de Juggie me pega desprevenida e me deixa zonza, apenas pisco os olhos tentando assimilar suas palavras. Minha vida está toda organizada em Harvard, eu já havia decidido deixar nossa história no passado e seguir em frente, além disso tem Rayan... — Ei... Não surta, ele não está te pedindo em casamento, só disse que sente saudades. Nós sabemos que você também sente o mesmo, revival com ex namorados acontece o tempo todo e além disso...isso aqui é Vegas! Vá viver! — diz meu inconsciente tentando me orientar.

— Juggie eu...

De repente começa uma confusão e vemos Lola , que a essa altura já estava bem bêbada, gritando em espanhol com um tarado que passou a mão nela sem seu consentimento.

— Te voy romperé la cara, hijo de la puta. Bastardo! — grita dando tapas no cara alto que vestida uma jaqueta aparentemente de uma gangue de motoqueiros local.

— Merda! — xingo e entro no meio das pessoas para tentar tirar Lola daquela situação. Juggie me acompanha para ajudar.

Vou abrindo espaço entre as pessoas que se aglomeram em volta para ver o show, minha amiga é a atração principal.

— Lola já chega.... Vamos sair daqui. — digo puxando seu braço.

— Betty!!! Esse filho da puta pegou na minha bunda , não saio daqui antes de quebrar os dentes dele. — diz ela meio cambaleante e com a voz arrastada por causa do álcool.

— Dançando aquele jeito e com esse vestidinho curto...achei que fosse isso que você queira vadia. — diz o motoqueiro, com um sorriso repugnante na cara.

Juggie finalmente consegue passar pelas pessoas e chega para me ajudar bem na hora em que eu revido .

— Você é um ESCROTO! — grito para cara alto.

— O que foi loirinha?? Ela dança como uma puta, se veste como uma puta, para mim...ela é uma puta, cheia de fogo e eu sei como apagar! Aliás se você quiser, tem para vocês duas — diz o motoqueiro segurando o pênis por cima da calça e balançando em minha direção.

Antes mesmo que eu pudesse pensar como reagir, Jughead parte para cima do misógino idiota e lhe dá um soco. Apenas um forte soco que o pegou de surpresa e fez com que o cara caísse no chão, desorientado, com a boca cortada e sangrando. Juggie se a baixa, e o puxa pela gola da camisa.

— Ela podia estar dançando pelada , na sua cara. Sem o consentimento dela você não poderia sequer abrir os olhos. Mantenha essas mãos nojentas nos bolsos e aprenda a falar com respeito com outras garotas que cruzarem o seu caminho, isso se você quiser manter seus dentes na boca. — Jughead solta a camisa do cara, ele bate a cabeça no chão fazendo uma cara de dor. Juggie vem até nós , passa o braço envolta de Lola que está apoiada em mim quase caindo e rindo do motoqueiro no chão.

— Vamos voltar para o hotel, já chega disso aqui! — diz Juggie e eu concordo com a cabeça.

Abro a porta do quarto e Juggie trás Lola deitando-a na cama. Ela está dormindo desde a hora em que entramos no elevador.

— Pronto. Ela vai ficar bem, mas não vai escapar da ressaca de amanhã. — sorri para mim e eu não consigo não sorrir de volta

— Obrigado, por ter se arriscado daquele jeito pela Lola e ... por mim.

— Àquele cara era um babaca. Mereceu a boca arrebentada, além disso...— Jughead se aproxima e acaricia meu rosto — eu não ia deixar ele falar daquele jeito com você. — Seu toque me faz derreter por dentro.

— Eu... também senti saudades de você. — fecho os olhos e a mão dele percorre minha bochecha, sinto sua respiração e quando abro novamente os olhos ele está se aproximando ainda mais de mim, de vagar coloca uma das mãos na minha nuca, e a outra em meu quadril me puxando para um beijo lento e cheio de desejo.

Lola se remexe na cama e diz algumas palavras desconexas, fazendo com que nós interrompêssemos o beijo. Minha cabeça está girando, meu corpo está pulsando, sinto borboletas no estômago, de repente me dou conta do caminho que estou trilhando e recuo.

— Juggie... Nossas vidas seguiram caminhos diferentes ... Está tudo onde deveria estar. Talvez devêssemos deixar assim. — falo sem nenhuma convicção, Juggie apenas me olha.

— Tudo bem. — seu olhar é de decepção — Desculpa...eu... — ele parece desconcertado procurando pelas palavras enquanto desvia o olhar envergonhado e põe as mãos nos bolsos — é melhor eu ir para o meu quarto.

Ele se vira indo em direção a porta e eu o acompanho para me despedir. — você está ficando louca Betty? — meu inconsciente grita comigo e eu tento ignorar. Juggie me da um rápido beijo na bochecha, o vejo entrar no elevador e apertar alguns botões. As portas do elevador se fecham e no momento seguinte começo a me questionar: O que eu estou fazendo? Por que eu deixei ele ir? Eu quis esse reencontro desde a última vez que nos vimos ainda em Riverdale e eu acabei de estragar tudo. — Vai ficar aí parada?!!? Vai atrás dele. Anda!!!! — ordena meu inconsciente enfurecido.

Deixei um bilhete ao lado da cama para Lola saber onde eu estava caso acordasse. Sem pensar muito entrei no elevador e fui até o quarto de Jughead. Bati na porta e instantes depois ele abriu. Não disse nada, apenas me encarou com uma expressão curiosa.

— Se as coisas ficarem bagunçadas outra vez, eu não ligo... — seus olhos esverdeados estão em mim, atentos a cada palavra — eu as arrumo novamente depois, o que eu não posso é passar essa noite sem você.

Juggie me puxa para seus braços e me beija como vontade. Nossas bocas e línguas se entrelaçando, o calor do seu corpo no meu, suas mãos grandes e firmes na minha nuca e cintura, senti meu corpo mergulhar num mar de sensações: saudade, desejo, êxtase, ímpeto, alegria... Ah! Eu me sentia mais viva que nunca. O empurro para dentro do quarto e fecho a porta atrás de nós, sem parar de beijá-lo faço com que ele caminhe até que a cama toque a parte de trás de suas penas e ele se sente nela.

— Você tem certeza? — ele diz ofegante enquanto me olha intensamente.

— A única coisa da qual tenho certeza nesse momento é o quanto eu quero você. — digo acariciando seu rosto e ele beija a palma da minha mão. Seu olhar é carinhoso e cheio de ternura — não existe nenhum outro lugar do mundo que eu queira estar agora. Eu. Quero. Você. — digo cada uma das palavras enquanto deposito beijinhos em seu rosto.

De vagar ele tira a minha blusa e beija minha barriga na altura do meu estômago, beija meus seios enquanto agarra delicadamente minha bunda, me puxa gentilmente para seu colo e posso sentir sua ereção. Juggie beija meu pescoço, sinto meu corpo pulsar e não consigo conter um pequeno gemido. Ele respira fundo extasiado e morde suavemente a pontinha da minha orelha.

— O que você quer de mim? — diz me apertando sem seus braços.

Por um instante eu fico sem palavras. Eu não sei! Não sei o que quero dele, não sei nem o que esperar mais de mim mesma. A única coisa que eu quero nesse momento é a boca dele na minha, as mãos dele no meu corpo, é deixar esse fogo que estou sentindo por dentro me consumir e não pensar em mais nada.

— Quero que você faça amor comigo. — nossos olhares se encontram e eu posso ver que é isso que ele também quer.