[David]
Meu celular desperta e eu acordo. Killian ainda está deitado nos meus braços, e desde que eu vim deitar com ele, ele não teve nenhum pesadelo. Puxo meu braço de baixo dele devagar, ele resmunga um pouco, mas não chega a acordar. – Arrg, como meu braço está dormente.
Me levanto e movimento meu braço para que o sangue volte a circular nele. Estou usando apenas um short de dormir azul claro. Caminho em direção ao banheiro, escovo meus dentes, tomo um banho e faço o restante das minhas necessidades e vou para a cozinha. Faço um pouco de café e depois de comer alguma coisa eu me arrumo e deixo um bilhete para Killian na porta do quarto.
Dirijo até a delegacia e por algum milagre divino, Robin já está lá.
– Ora, ora, ora. Quem é vivo sempre aparece.
– Bom dia pra você também David.
– Bom. – respondo enquanto abro a porta. – Então.. onde esteve ontem o dia todo. Tu sumiu, não atendia minhas ligações...
– Nossa, você está bem? – Ele pergunta pondo a mão na minha testa. – Vish, acho que é febre, é melhor eu ligar pro Whale.
Ele ameaça pegar o telefone, mas eu o prendo no gancho.
– Ah, qual é David? Por que toda essa preocupação? Eu só estava resolvendo alguns problemas.. nada de mais.
– Problemas, sei.
Deixo esse assunto de lado por enquanto, tenho coisas melhores para me preocupar. Robin já é adulto, ele sabe se virar sozinho.
[Robin]
David está estranho essa manhã, todo preocupadinho. Será que Killian disse algo pra ele? Bom, é bem provável. Droga Killian! Bom, pelo menos ele não ficou me enchendo de perguntas e me deixou em paz, mas como eu o conheço bem, sei que essa “paz” não durará por muito tempo. Então sou eu quem decide não prolongar mais tudo isso.
– Ele te contou, não foi?
– O que? – Olho para ele sinicamente. – Sim, contou.
– Hnm.. novidade!
– Mas e então, como foi?
– Ah, você sabe... – começo sem jeito – foi normal..
– Normal?! – David ri.
– É ué.. ficamos um tempo na cafeteria, conversando.. perguntando..
– Daí vocês foram pro seu chalé?
– Não.. Daí fomos pra casa dele.
– Ah sim!
O silencio perdura sobre nós. Não estou entendendo de qual é do David. Por que todas essas perguntas? Parece até que esta com ciúmes.
– Robin..
– Oi?
– Tu acha que dará certo? Quer dizer, você e ele.. acha que dará certo isso?
– É muito cedo pra dizer, mas espero que sim.
– Hnm.. – silencio – É bom saber que Killian não ferrou com sua vida, bom, pelo menos por enquanto.
– Como assim?
– Killian é meio “enxerido”, e eu fiquei com um pouco de medo de você achar que ele estava se metendo na sua vida e vocês acabarem brigando.
– Ah.. – Explodo em uma enorme gargalhada. David me encara com os olhos arregalados.
– Dave, não se preocupe. Bom.. no começo eu realmente não tinha gostado disso, ter alguém se metendo na minha vida e tal. Mas bom, até que seu namoradinho finalmente serviu para alguma coisa. – Rio. – E nãos e preocupe, como eu disse, aparentemente tudo deu certo, e se daqui por diante algo acontecer, será culpa minha e do August, não do Killian.
– Então esse é o nome dele. E quando é que nós nos conheceremos?
– Relaxa.. esta cedo pra essas coisas. Nem sei se continuaremos a ter um caso. Só mais uma coisa.
– O que?
– Fala pro seu namorado ficar de bico calado e nunca mais fazer isso de novo.
– Pode deixar. – Ele ri.
O restante do dia segue normalmente. O clima entre nós voltou ao normal. E vez ou outra recebemos uma ligação, nada de mais, alguns furtos, pessoas que têm a impressão de estarem sendo vigiadas, etc. A mesma monotonia de sempre.
Quando deu meio-dia eu decidi ligar pro August, mas a chamada foi encaminhada para a caixa postal, decidi deixar uma mensagem pedindo que ele me ligasse quando pudesse. Se passaram algumas horas desde que liguei para ele e nada, estava quase desistindo quando meu telefone toca e o nome dele aparece no meu visor.
– Alo?
– Robin, desculpa a demora, estava meio ocupado e só pude fazer meu horário de almoço agora.
– Sem problema. E ai, como você está?
– Ah, estou bem.. cansado, mas bem. E você?
– Estou ótimo. – Respondo.
– É ele? – David pergunta. Aceno com a cabeça dizendo que sim. Ele sorri.
– Então Robin, mais uma vez, me desculpe por ter te deixado sozinho em casa mais cedo, como eu disse, recebi uma ligação de ultima hora e tive que vir cobrir um colega meu no hospital.
–Eu entendo. Só que tem um porém.
– Ah é? E qual é?
– Bom, você me deixou sozinho aos prantos. Creio que deve me recompensar por ter me abandonado assim, sem mais nem menos.
Ouço-o rir. – E como eu poderia redimir-me diante de tamanha atrocidade que comedi com você?
– Quem sabe com um jantar. Estou com uma enorme vontade de comer aquele seu frango com aquele molho que é oh.. uma delicia!
– Hnm.. compreendo! E quando seria a melhor hora para fazermos isso?
– Quando está livre?
– Amanhã à noite, pode ser? Estarei de folga amanhã, então terei tempo para preparar algo super especial como um pedido de desculpas.
– Hnnnm. Okay! Amanhã às 19h. Tudo bem?
– Perfeito. Já sabe como chegar na minha casa?
– Eu dou meu jeito!
– Haha! Okay. Te vejo lá então. Beijos.
– Beijos, até amanhã.
Desligo o telefone.
– Huuunm! Jantar romântico, hein? – David berra atrás de mim.
– Não é pra tanto. – ambos rimos.
– Que bom que estão dando certo.
– É, muito bom mesmo.
O restante do dia passa e eu não consigo parar de imaginar nem por um segundo como será minha noite com aquele ursinho delicioso.
[Killian]
Acordo e já são quase 10 horas. David, como esperado, não está mais na cama. Ontem à noite, mais uma vez, eu tive pesadelos e acabei acordando-o. E ontem, pela primeira vez, David dormiu comigo, na sua cama. Um sorriso se forma no meu rosto ao lembrar-me da cena. Ele e eu, deitados juntos, abraçados, até adormecermos.
Me levanto e espreguiço meu corpo. Na porta está um bilhete dele. Leio-o. a mesma coisa de sempre, comida na geladeira, etc etc.
Escovo meus dentes, como alguma coisa e me jogo no sofá.
~ Algumas horas depois ~
Acordo com o barulho da porta fechando. Olho para trás e vejo David caminhar pelo corredor até onde estou.
– Boa noite.
– Noite? – Pergunto olhando para o relógio. Uau, já são 18 horas. – Nossa, apaguei legal!
– Bom, de acordo com as marcas no seu rosto, eu diria que você meio que hibernou. – Ele ri.
– Eai, como foi lá na delegacia? Robin apareceu?
– Ah, foi normal, e sim, ele apareceu.
– E então? – Pergunto sem conseguir conter a animação e a curiosidade no tom da minha voz.
– E, que ele e August parecem estar se dando bem. Eles até marcaram de se encontrar amanhã de novo.
– Hah! Eu disse! – Explodo me levantando do sofá.
– Hahaha, senhor sabichão! – David fala cinicamente – Mas olha só, Robin disse que é pra você nunca mais fazer isso, entendeu? Nunca!
– Ah, que seja.. Se tudo der certo eu nem precisarei. – Sorrio.
– Vou tomar um banho, você vem? – Olho para ele. – Calma, é só um banho.
– Ah, se for só um banho então eu prefiro ficar aqui. – Rimos.
– Você quem sabe.
Ele me dá as costas e caminha em direção ao banheiro. – Espera! – Ele para e olha para trás sorrindo. – Tá, eu vou com você. – Seu sorriso aumenta e ele estica o braço me chamando.
~ Minutos depois ~
Depois de um banho morno e renovador e é claro, alguns agarros, nos vestimos e vamos para a cozinha preparar algo para a janta.
– Killian?
– Sim.
– É com ele que você tem pesadelos toda noite, não é?
Engulo em seco. Sei do que e de quem ele está falando, também sei que um dia conversaríamos sobre isso, mas pensei que seria um pouco mais tarde.
Tento falar, mas minha voz falha e apenas afirmo com a cabeça.
– E como é?
Encaro-o perplexo.
– Você sabe que você pode sempre contar comigo, não sabe? – Afirmo com a cabeça. – E sabe que eu vou sempre te proteger, não importa contra quem ou o que, nem quando, muito menos o que faça? – Afirmo novamente.
– Você confia em mim?
– Confio.. – Minha voz sai falha e tremula.
– Então sabe que pode me contar tudo, não importa o que seja.
Seus olhos estão fixos nos meus, sinto uma enorme onda que vem dele me conformar.
– Toda noite – começo me lembrando das cenas – é algo diferente. Em algumas eu estou em um longo corredor escuro, correndo, e a gargalhada dele me persegue. Não importa o quanto eu corra, nunca parece ser o suficiente, ele sempre está perto de mim, prestes a me agarrar pelo ombro.
– Em outras ele está me torturando, inúmeras vezes, de formas diferentes. E a dor, a dor é tão real! – Agarro meu braço, onde uma das marcas das torturas de Eric ainda permanece na minha pele. – E tem a pior de todas.
– E qual é? – David pergunta após o longo silencio que eu nem percebi ter ocorrido.
– Nesses, vejo Eric torturar você, na mesma sala que eu fiquei preso. E eu estou em pé, na sua frente, congelado, sem poder fazer nada para impedi-lo. – As cenas voltam a minha mente e lagrimas rolam pelo meu rosto. – Seus gritos ecoam toda a sala, e não importa o que você diga, nem quantas vezes eu grite, ele continua a te torturar. E a cada grito seu, é como se uma faca entrasse no meu corpo, rasgando minha pele e dilacerando meus órgãos. – Sinto os braços de David me envolverem. Apoio meu rosto em seu ombro e o abraço forte. Uma torrente de lagrimas sai dos meus olhos e molham sua camisa.
– Killian. – Ele sussurra no meu ouvido. – Nada de ruim jamais acontecerá com você de novo, nem comigo. Eric está morto, e não importa o que aconteça, eu sempre estarei ao seu lado para te proteger e nós sempre estaremos juntos, ajudando um ao outro, ok?
Ficamos mais alguns minutos na mesma posição, até que David se afasta e segura meu rosto fazendo com que eu olhe nos olhos dele e fala.
– Eu te amo Killian Jones.
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