História Um pequeno grande conto de terror - Arrependimento

- Kentin! – Chamei alto. O corredor estava escuro. Fui até a porta de seu quarto, que era o mesmo de Alexy, e tentei abri-lo. – Kentin! Abra! Eu sei que você está aí!

Demorou alguns segundos, mas logo ouvi a tranca e Kentin abriu para mim. Sua mala estava aberta em cima da cama. Ele não olhou para mim e começou a colocar roupas de volta na mala.

- Ei, ei, ei! – Falei, interpondo-me entre ele e a mala – Onde você está indo?

Ele segurou meus ombros e me girou, para que eu saísse de seu caminho.

- Vou mudar de quarto.

- Você não pode fazer isso! – Exclamei.

Ele se virou para mim. Estava vermelho, não corado. Estava com raiva.

- E por que não? – Disse alto – Para não ferir os sentimentos de Alexy?!

- Isso mesmo – Respondi, cruzando os braços – Você não pode simplesmente ignorar tudo que ele sente por você e agir daquela for...

- Ah! Da mesma forma que VOCÊ ignora meus sentimentos por você? – Brigou comigo.

Eu parei no meio da minha frase. Eu não sabia o que dizer. Kentin suspirou.

- Estar em um quarto sozinho com você... Sabe quantas vezes eu quis isso? Mas não nessas circunstâncias.

- Kentin...

- Não me venha com essa. Eu não sou gay. Não podem me obrigar a gostar de Alexy, da mesma forma que eu não posso te obrigar a gostar de mim.

- Como você sequer sabe que não é gay ou que não gosta de Alexy, se nunca experimentou? – Okay, era um argumento idiota. Mas eu gostava demais de Lexy, para vê-lo sofrer assim.

Kentin deu uma risada debochada e triste.

- Como VOCÊ pode saber que não gosta de mim, se nunca... – Ele suspirou novamente – Isso é ridículo. Você e Rosalya tem que parar de incentiva-lo.

- Mas você não deveria ter agido daquela forma! – Falei, apontando para a cara dele.

Ele abaixou minha mão e me olhou com raiva.

- Se eu o tivesse beijado, nunca mais largariam do meu pé. Não é como quando Rosa o beijou. É... Diferente.

- Isso é uma tempestade em copo d’água. O que custava você ter beijado o menino, meu Deus?

Kentin hesitou.

- O que custa pra você me beijar agora? – Disse, sem levantar a cabeça.

Balancei a cabeça.

- Kentin... Isso não é...

A próxima coisa que senti foi Kentin me puxando pela cintura. Ele não me deu tempo de responder, apenas começou a abrir meus lábios com os seus. Eu fiquei paralisada no início, chocada demais até para empurra-lo.

- Vamos lá, Lynn – Sussurrou – Finja que sou Nathaniel... Não importa.

Nathaniel?, pensei quase rindo, embora meu corpo já tivesse aberto às investidas de Kentin. Enfiei minha mão em seus cabelos castanhos e o puxei para mim, inconsciente do que eu estava fazendo. Kentin sorriu.

Ele me guiou até minha panturrilha bater em algo. A cama. Kentin, ainda me beijando, tirou seu casaco branco, ficando apenas com uma camiseta negra. Então Kentin me apoiou suavemente na cama. Ele fez uma trilha de beijos até meu pescoço enquanto eu ofegava.

Ele colocou as mãos apoiadas em cada lado da minha cabeça e ficou em cima de mim, apoiando-se em cada joelho, na altura da minha cintura.

- E essas marcas?... – Sussurrou ele, embora não parasse de me beijar.

Os chupões de Castiel, pensei envergonhada.

- Não... Não é nada...

Ele parou de me beijar e me encarou, com seus olhos verdes brincalhões.

- Você é uma péssima mentirosa – Disse, me dando um rápido beijo na boca. Então outro. E mais um. Na testa. No canto da boca. Na boca de novo.

- Kentin! – Falei, rindo.

- Você fica tão linda quando sorri... – Kentin suavizou a voz. Ele me beijou novamente, mas dessa vez foi lento. Eu apenas o permiti fazer isso e, embora eu estivesse gostando, uma sensação ruim se apoderou de mim.

Ele deslizou a mão para de baixo da minha blusa e começou a alisar minha pele, chegando cada vez mais perto do sutiã. Seu beijo começou a se tornar mais desesperado e a sensação ficou pior, mesmo que eu o continuasse beijando. Ele começou a levantar minha blusa.

Um soluço contido escapou da minha garganta. Kentin parou imediatamente de me despir e me encarou, preocupado.

- Lynn, o que foi? O que aconteceu?

- Não é nada – Murmurei. Segurei seu rosto com as duas mãos e acariciei a maçã de seu rosto. Ele era lindo, pensei. Quando fui puxa-lo, Kentin não me permitiu. – Kentin...

Ele tirou minha mão do seu rosto e saiu de cima de mim, pegando seu casaco.

- Não – Ele disse – Você não quer.

- Não, eu quero! – Falei, sentando-me.

- Porque você está se sentindo obrigada! – Retrucou – Está com pena! Você quer me provar que é o certo a fazer e...

Rosalya entrou no quarto pela porta aberta.

- Vamos descer, já resolvi tud... – Ela se interrompeu quando nos olhou. Kentin colocou o casaco e saiu do quarto, sem dizer uma palavra.

Rosa apontou para ele e para mim, depois que ele foi embora, uma interrogação muda. Assenti com a cabeça e afundei meu rosto nas mãos, prestes a chorar.

- Eu estraguei tudo, Rosa! – Desabafei para minha amiga – Como pude ser capaz de fazer isso cm Kentin? – Falei entre soluços. Rosa se sentou na cama e começou a acariciar meu cabelo.

- Ai, Lynn... – Ela começou – Eu não vou perguntar o que aconteceu ainda, mas nós precisamos descer – Ela levantou meu rosto e limpou com o dedo uma única lágrima que tinha escorrido. Ela me deu um abraço torto – Só não ponha na cabeça que você é a culpa, tudo bem? Ninguém obrigou Kentin a fazer isso.

É, pensei, mas eu ME obriguei a fazer isso. Kentin estava certo, eu estava com pena. E eu era uma amiga horrível. O desesperou se abateu em mim e eu apertei forte a mão de Rosa.

- Pelo amor de Deus, não conte nada disso para Alexy, tudo bem?

Rosa assentiu e me levantou, tentando me animar com seu sorriso, mas eu já não estava no clima para essa brincadeira. Só de pensar que depois teríamos que procurar Faraize... Fiquei feliz por Castiel não querer ajudar, de repente. Não queria ver sua cara por um tempo a mais do necessário.