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História Um pequeno grande conto de terror - Lembranças


Escrita por: Jhules

Notas do Autor


Justo no capítulo anterior que eu achei que ia chover comentários, foi o que teve menos comentários desde o capítulo 20 :(
Vou dar um desconto porque percebi que essas férias deixaram até minha pessoa desorganizada em relação as fics que acompanho.
Enfiiiiimmmmm
VOCÊS PEDIRAM E AÍ ESTÁ
A continuação do que aconteceu com a Lynn.
Sinceramente, isso aqui traz mais perguntas do que respostas.
Fazer o quê, assim que gosto. qq
Kissus!

Capítulo 30 - Lembranças


- Não! – Gritei, cravando minhas unhas no antebraço de Kentin com uma força que eu sequer sabia que tinha. Apesar da visão embaçada com as lágrimas, consegui empurrar a mão de Kentin para longe da minha intimidade.

Isso não o agradou.

- Kentin! – Gritei, entre dentes, enquanto ele forçava seu corpo contra o meu – Ken, por favor!

Ele me encarava, mas era como se não me visse.

- Sou sua amiga, Ken! P-por favor!

- Não... – Ele murmurou tão fracamente que tive que me esforçar para ouvi-lo, ainda segurando seu braço para que ele não me tocasse.

- Volte para mim, Ken! Por favor! – Implorei, com lágrimas e lágrimas escorrendo em meus olhos. Por mais esforço que eu colocasse, era simplesmente impossível vencer dele. Ele era muito mais forte que eu.

- Não me... – Ele murmurou novamente, embolando as palavras. Os olhos verdes mortos e opacos procuravam meu rosto.

Tomando coragem, eu o encarei. Ele arregalou levemente os olhos, como se travasse uma luta interna.

- Ken! – Falei, quase em um sussurro. Porém com o mesmo tom desesperado – Sou eu, Lynn. Somos amigos há tanto tempo. Por favor. O ursinho que você me deu... Ainda está na minha cômoda... Por favor... Ken...

- Não me chame... Não me chame de Ken... – Ele conseguiu murmurar enfim e percebi que ele colocava bem menos força sobre seu corpo.

Kentin ergueu um pouco a cabeça. Os olhos estavam com uma tristeza horrível.

- C-corra, Lynn – Murmurou. – V-vá.

Assenti com a cabeça, freneticamente. Empurrei-o mais uma vez e, com menos esforço, seu corpo cedeu. Kentin colocou a cabeça entre as mãos, ajoelhado. Olhei para trás e, graças ao bom Deus, vi o reflexo do pedaço de vidro que eu carregava.

Eu ainda estava fraca, mas consegui me arrastar até pegar o vidro, dando tempo para que meu corpo se recuperasse.

Passei por Kentin tremendo com os músculos tensionados enquanto segurava o vidro como se minha vida dependesse disso. E talvez dependesse.

Minhas mãos tremiam enquanto tentavam manusear a maçaneta. Por fim, consegui destranca-la e saí correndo, porta afora.

Pelo menos, era isso que eu tinha em mente. Ao me virar para a esquerda – o caminho que me levava às escadas – deparei-me com Faraize. Ele jogou seu corpo contra o meu, as mãos buscando meu pescoço.

Assim que ele conseguiu me agarrar, por impulso e instinto de sobrevivência, cravei o vidro pontiagudo em seu abdômen, um pouco acima do umbigo. Eu não consegui me mexer enquanto sentia o material cortante entrar em sua pele e acertar seus órgãos.

Em cima de mim, o corpo de Faraize enrijeceu e suas mãos não mais queriam me enforcar, mas queriam estancar o sangue que formava uma mancha escura em sua camisa. Ele caiu com um joelho, ficando apoiado em mim.

Soltei-me dele e dei uns passos para trás, horrorizada com o que eu havia feito. O vidro não estava mais na minha mão. Isso foi substituído por respingos do sangue de Faraize.

O professor olhou para baixo e, em seguida, ergueu um pouco a cabeça. Minha boca se abriu com a surpresa quando vi aqueles olhos vivos, encarando-me com terror puro.

- Lynn... - O professor gemeu – V-você quer me matar... Por quê?

Balancei a cabeça, afastando-me ainda mais. Meu caminho para as escadas – para meus colegas – estava interditado pelo professor. Minha única opção era correr pelo lado oposto. Era um beco sem saída, mas talvez algum dos quartos estivesse aberto. Dessa forma, eu poderia gritar por ajuda pela janela.

- Por quê, Lynn? – Faraize disse, retirando-me de meus devaneios. – Por queeeeee... – Seu lamurio se perdeu no corredor. Foi a gota d’água. Eu precisava correr. Mas quando olhei para Faraize atentamente, uma coisa pegajosa e vermelha escorria de seus olhos.

Sangue.

O professor estava chorando sangue.

- M-monstro... – Ele murmurou, erguendo-se novamente. – Por que você quis me matar, Lynn? Por que...

A porta do meu quarto se abriu bruscamente e Kentin jogou seu corpo contra o do professor. Faraize bateu a cabeça na parede do corredor e Kentin aproveitou para montar em cima dele. Vi, tão chocada que não conseguia me mover, meu colega de classe acertar vários socos no rosto do Professor, a ponto de deixa-lo sangrando em vários lugares.

Cada vez que era acertado o corpo de Faraize se retorcia debaixo de Kentin. Nunca o havia visto tão violento e com tanta fúria. Eu não conseguia ficar para ver onde aquilo acabaria.

Virei de costas e corri para o beco sem saída.

Girei todas as maçanetas que eu via no caminho, mas nenhuma abria. Eu virei o último corredor, em minha última esperança. Estaquei com o que vi no final do caminho. Reconheci aquele corredor. Era aquele onde Alexy e Kentin haviam encontrado o porão. O porão que nenhum de nós havia reencontrado.

Até aquele momento.

Ele estava aberto, convidando-me como um predador faz com sua presa.

Os pesados passos que escutei atrás de mim e se aproximando fizeram com que eu me virasse. Vindo até mim, vinha um Kentin com os punhos cobertos de sangue e com um semblante que eu nunca o vi fazer. Seu rosto estava crispado e sua cabeça se inclinou para o lado quando seus olhos verdes – agora mortos novamente – encararam-me. Ele apressou o passo, as botas que utilizavam maltratando o carpete.

Oh não...

Respirei fundo e corri para a única coisa que me deixaria a salvo.

Escutei Kentin correr para mim ao ver que eu também fazia o mesmo. Pulei os degraus do porão de dois em dois e quando cheguei à sua base, escutei a porta que se abrira para mim também se fechar. Segundos depois, escutei um estrondo forte que era o som do corpo de Kentin contra a porta, forçando-a. Dei um pulo para trás.

Estava escuro, mas percebi que era um cômodo pequeno. Tateei a parede e, contra todas as possibilidades, encontrei um interruptor.

Kentin deu uma outra forte trombada contra a porta, o que me fez assustar, mas logo me recuperei.

Uma lâmpada, presa a um pobre fio no teto, tremeluziu levemente. Pisquei meus olhos para que eles se acostumassem a pouca luz. Era pequeno, como eu imaginava. E muito abafado.

Havia uma pequena mesa com uma cadeira velha. Jogado em um lado, um pequeno banquinho.

Ergui minha cabeça. O teto era sustentado com velhas vigas de madeira. Cobri a boca com a mão quando vi, em uma dessas vigas, uma corda pendurada. Uma corda amarrada para... Um enforcamento. Ela estava rasgada.

Faraize.

Lembrei-me das marcas de corda em volta de seu pescoço. Passei longe da corda e parei em frente à mesinha. Havia um único livro. Velho, amarelado, como se houvesse sido folheado várias vezes.

Kentin jogou seu corpo novamente contra a porta. Mordi o lábio. Embora o pânico tivesse diminuído, eu ainda estava com muito medo. Meu coração se apertou ao pensar em Castiel. O pensamento de que, talvez, eu nunca mais o visse... Era aterrador.

Eu nunca pude dizer eu te amo... E, naquele momento, eu tinha mais certeza do que nunca.

Sentei-me na cadeira e abri o livro. Estava escrito à mão e era... Um diário. Parecia que meu toque poderia desintegra-lo de tanto tempo que esteve ali.

Apertei meus olhos para poder entender a caligrafia, que não era a mais linda de todas.

 

17 de Abril, 1905

 

Viktor comprou esta bela casa de veraneio para nossa família. Em minha opinião é grande demais para nós três, mas ele não quis ouvir. Ele disse que o grande quintal e o lago dariam um ótimo lugar para nossa filha brincar.

Sinceramente, um bom apartamento na cidade de Nova York com um playground deveria ser mais que o suficiente. No entanto, meu marido quer a calmaria de um locar isolado.

Oh, como sou tonta. Grávida dessa forma, eu nunca conseguiria cuidar de uma casa tão grande. Dessa forma, Viktor está trazendo alguns empregados para viver conosco.

Estou com um pouco de medo, mas um medo bom. Será uma experiência nova e totalmente divertida! Mal posso esperar para que minha filinha nasça. Viktor sugeriu que a chamássemos de Lety, mas eu neguei claro. Lety é meu nome e seria de extremo mau gosto coloca-lo em nossa filha. Às vezes, meu marido tem cada ideia...

 

A próxima página era do próximo ano. Imaginei que algumas páginas deviam ter se perdido, mas aquilo não me interessou.

 

3 de Julho, 1905

 

Nossa filha, com seus nove abençoados meses, é o maior presente que eu poderia pedir ao bom Deus. Viktor, no entanto, não parece compartilhar da mesma ideia... Ele anda emburrado e o tempo todo preso em um maldito porão, fazendo sabe-se lá o quê.

Enquanto dormíamos, uma noite, vi uma marca horrível em sua perna, como se tivesse sido talhada manualmente. Eu o indaguei sobre isso, mas ele não quer me responder. Estou tão triste. Eu o amo tanto, mas o sinto tão distante...

Mamãe passará uma temporada conosco. Espero que ela sirva de meu ombro amigo. Viktor ainda não sabe disso. Creio que vou conta-lo amanhã à noite.

 

5 de Julho, 1905

 

Viktor surtou.

Disse que minha mãe está proibida de nos visitar. Foi horrível. Nossa filha começou a chorar e eu, por pouco, não chorei também. Viktor está furioso. Quem ele pensa que é? Para proibir que uma mãe visite a filha que está em um casamente em crise? Estou escrevendo no meu quarto, tarde da noite. Viktor não se deitou aqui.

Ele deve querer passar o tempo no maldito porão.

 

29 de agosto, 1905

 

Minha relação com Viktor melhorou depois daquele pequeno incidente. Ele até passa muito mais tempo com nossa filha. Eles estão inseparáveis. Sinto até um pouco de ciúmes.

 

02 de setembro, 1905

 

Nossa empregada-chefe se suicidou. A polícia veio aqui e levou o corpo. Interrogaram os outros empregados. Eu não a conhecia direito, mas fiquei sentida. Claro, é realmente uma pena.

 

09 de novembro, 1905

 

Viktor contratou um professor de natação para mim! Isso foi tão carinhoso. Sempre tive vontade de nadar! Ele é realmente um amor. Amo muito meu marido. O professor contratado chegará amanhã. Ele tem até umas aulas especiais para bebês um pouco crescidos. Quando nossa filha crescer, poderemos contrata-lo novamente.

 

03 de janeiro, 1906

 

Estou realmente chateada. Dajan, um jovem alto, moreno e esbelto, é meu professor de natação. Hoje fizemos uma aula. A primeira desse ano novo. Em determinado momento, Dajan quis passar a mão em mim. Foi um ultraje. Eu não me ofereci. Além do mais, ele me roubou um beijo. Dei um tapa na cara dele, obviamente, e isso pareceu bastar. Ele se desculpou e disse que nunca mais tentaria nada. Creio que vou aceitar suas desculpas porque, como professor, ele é incrível.

 

07 de janeiro, 1906

 

Dajan foi encontrado morto hoje, no lago. Um dos empregados o encontrou. Estou muito triste. A polícia veio aqui novamente com a perícia que disse que Dajan se afogou. Aonde já se viu? Um professor de natação se afogar? Oh, céus.


Notas Finais


que jeito... esquisito que eu arranjei de colocar uns personagens uhaushauhsuahsuahsuhsu Dajan, Viktor e Lety.
O resto do diario será escrito no próximo capítulo
MAS E AI
TRETAS, CARA. um milhão de coisas aconteceram nesse aqui, que loucura.
Não vou encher a cabeça de vocês com os links aqui de baixo q
Smack!


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