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História Um Possível Fim - Capítulo Único


Escrita por: LyssWeasley

Capítulo 1 - Capítulo Único


Eu já havia morrido, lutado com gigantes, enfrentado o lobo Fenrir, estragado um casamento, recuperado o martelo de Thor, entrado numa briga com Loki e impedido o Ragnarok, mas nada poderia ser tão exaustivo quanto ouvir o discurso acompanhado pelo PowerPoint de Odin. 
Já fazia quase uma hora que estávamos ouvindo a ladainha sobre a bravura dos deuses e antigos heróis que morreram em batalha com honra e agora estavam vivendo sua morte honrosa com ainda mais honra. E até agora não disse nem meia palavra sobre nós temos salvado os nove mundos dessa vez.
Há algum tempo Alex já havia desistido da compostura e se apoiado em mim, suspirando e revirando os olhos cada 5 minutos. Olhei para minha prima Annabeth, ela parecia tão entediada quanto eu, mas estava mantendo bem a pose. Aposto que ela já estava acostumada com esse tipo de discurso em seu universo grego (Tomara que não tenham PowerPoint). Ela e o namorado, Percy, semideuses gregos, haviam nos ajudado na batalha contra Loki, por isso foram obrigados a estar presentes para receber as honras de Odin. Como se lutar por algo completamente diferente do que já estão acostumados e quase morrerem por tal já não fosse o bastante.
Após mais alguns minutos ( ou horas, já nem sei, pareceu uma eternidade ) lutando contra o sono, os slides acabaram, o que significava o fim do discurso, então fiquei alerta e empurrei Alex de leve de leve porque ela ( era ela hoje ) já estava quase roncando. Ela me olhou com certa ferocidade mas felizmente não me matou, o que significava que iria me matar mais tarde. Que alegria. 
-... Portanto devemos agradecer vocês, heróis - disse Odin - por terem atrasado o Ragnarok, dando assim a chance de mais corajosos guerreiros que futuramente morreram com honra a participarem do nosso maravilhoso exército que irá lutar bravamente no dia do Ragnarok
- Quantas vezes ele já disse isso? - Sussurou Alex para mim
- Shiiiiu - sussurrei de volta, porque Heimdall estava acenando para nós.
- Por isso decidi conceder uma recompensa a cada um de vocês - continuou Odin - começando pelos nossos heróis gregos! 
Annabeth e Percy deram um passo a frente, hesitantes, e eu não podia culpa-los, provavelmente iriam ganhar uma cópia da apresentação de PowerPoint ou um troféu em forma de Yggdrasil.
- Gostaria de torna-los einherjar, viveram em Valhala e terão a honra de fazer parte do nosso exército! O que me dizem?
Alex riu baixinho, Annabeth arregalou os olhos. Eu não pude acreditar no que ouvi. Foi uma proposta tão idiota que também tive vontade de rir, mas me controlei. Percy segurou a mão de Annabeth e respondeu.
- Olha, isso é uma grande honra e tudo mais - ele disse "grande honra" com tanto sarcasmo que pensei que Odin iria pedir a Thor para torrar Percy com um raio, mas Odin somente sorria - mas nós já temos um lar, e honestamente eu não passei tanto tempo estudando para virar um - Annabeth lhe deu uma cotovelada e continou no lugar dele
- O que Percy quer dizer é que depois de tudo que passamos só queremos mesmo é voltar para casa, sem, sabe, morrer no caminho. 
Odin  assentiu um pouco contrariado, e disse que poderiam voltar a Midgard quando quisessem mas que antes ficassem para a comemoração e que ainda poderiam fazer um tour por Asgard acompanhados por Heimdall. Fiquei tentando a dizer para Annabeth não aceitar, por Heimdall era bem... Heimdall, vocês sabem. 
Meus colegas do andar 19 receberam algum tipo de lugar de honra em Valhala, honestamente eu não entendi quase nada. Hearth e Blitzen ganharam permissão para entrar e sair de Valhala quando quisessem. Sam, Alex e eu tivemos direito a um desejo. Samirah pediu sua aposentadoria do serviço das Valquírias, mas queria poder continuar frequentando Valhala por nós, seus amigos, então ganhou a mesma permissão de Hearth e Blitz. Então chegou a vez de Alex.
- Alex Fierro, filha de Loki, o que deseja? 
Alex parecia constrangida, hesitante, era bem difícil ve-la assim. Fiquei imaginando o que ela iria pedir que estava deixando-a tão envergonhada. Ela olhou nos meus olhos com intensidade, expectativa, como se quisesse ver algo em mim que nunca vira. Meu coração acelerou com aquele olhar. Enfim ela voltou-se para Odin e disse: 
- Quero me prender nesse gênero.
Aquilo me atingiu como... Quer saber? Não sei explicar como me senti com o pedido de Alex. Por que ela iria querer se prender em um só gênero? E por que no feminino? Alex nunca se envergonhou de ser fluída, nem nunca pareceu se incomodar. Por que faria isso?
Odin também pareceu não entender.
- Então você quer... 
- Ser menina, sim, quero ser menina, parecer menina e ser apenas menina o resto da minha "vida" - interrompeu Alex, com a voz não tão confiante quanto suas palavras.
- Você não está certa disso, não é? - Perguntou o Pai-de-todos.
- Claro que estou.
- Não, você não está, a dúvida criança, é um grande empecilho em grandes decisões. Você será o quer assim que se curar da dúvida.
Eu ainda estava desorientado pela história da Alex, que havia se distanciado, muito vermelha, e um tanto abalada. Gostaria de ter dito algo, se eu conseguisse. De qualquer forma, Odin sequer me deu tempo.
- Magnus Chase, filho de Frey, o que deseja?
Tudo que eu queria agora além de entender a Alex era rever a minha mãe. Ao menos uma última vez, mas Hell havia deixado claro que nunca me deixaria ve-la. Mas Odin poderia fazer algo, ele é o Pai-de-Todos, deveria ter algum poder sobre Hell, então arrisquei.
- Bem, eu queria... Quero rever minha mãe.
-Ah! - fez Odin se animando - Isso é fácil! Você pode ve-la quando quiser, ela está em Fólkvangr com Freya! Seu pai a levou para lá.
- O quê?! - quase gritei - mas Hell disse...
- Que estava com ela? Ah, ela deveria estar tentando lhe confundir, sua mãe sempre esteve em Fólkvangr
A raiva explodiu em meu peito. Como não me disseram antes? Eu estive em Fólkvangr e Freya não me contou nada. Nem mesmo meu pai. 
- Por que me esconderam isso?
- Teria afetado muito suas decisões, ela concordou com isso quando soube de sua missão. Mas agora pode ve-la. Mas antes vamos ao banquete!
Eu estava com raiva, mas também estava cansado demais e faminto demais para discutir com Odin ou fazer qualquer outra coisa que não seja comer e dormir. Apesar de estar morrendo de saudades da minha mãe, decidi ir a Fólkvangr depois de descansar. E me acalmar.
Caminhando em direção as mesas notei que Alex estava indo em outra direção, provavelmente iria subir para os quartos.
- Alex - chamei - não vem comer?
- Não estou com fome Magnus - disse sem se virar.
- Mas antes de voltarmos você disse que estava.
Ela se virou, novamente olhando nos meus olhos daquele jeito. E novamente meu coração disparou. - Eu quero... Preciso ficar sozinha - então se virou saiu correndo. Pensei em segui- lá, mas conhecendo Alex, era capaz de ser decapitado com o garrote, então me sentei com meus amigos.
Todos festejavam, mas eu não conseguia para de pensar em Alex. Não conseguia entender por que ela pediu para se prender a um só gênero, ainda por cima estando em dúvida. E como ela se curaria da dúvida? Era muito confuso.
Annabeth pareceu ter notado.
- Algum problema Magnus?
- Nenhum, eu acho.
- Está preocupado com a Alex?
Me engasguei - P- por quê?
- Você pareceu preocupado com ela.
- É, bem, estou... Um pouco - menti
- Você deveria falar com ela.
- E ser expulso com ela me jogando cerâmicas na cabeça? 
- Ela confia em você.
- E adora me matar.
Annabeth revirou os olhos - Você é igualzinho ao Percy.
Ao ouvir seu nome, o garoto levantou a cabeça - O que tem eu?
- Nada, Cabeça-de-Alga. Termine logo de comer, quero ir pra casa. 
- E você consegue ser igualzinha a Alex - resmunguei, mas ela não ouviu porque havia se ocupado discutindo com seu namorado. Muito fofos, aqueles dois.
Mas Annabeth estava certa, afinal. Quando o banquete acabou ( ao menos para mim ) me despedi da minha prima e do resto do pessoal e subi para o andar 19. Parei na frente do meu quarto, já sonhando com minha cama confortável, mas minha consciência me mandava ver como Alex estava. Briguei um pouco com ela antes de obedecer. É impressionante como ela sempre vence. 
A porta do quarto de Alex não estava trancada, mas ainda sim bati ( não iria arriscar ser morto assim que entrasse ). 1, 2, 3 batidas e nada. Isso é estranho até pra ela. Quando não quer conversar ela simplesmente abre e joga um vaso em mim. Aí eu fico com parte do meu cérebro aparecendo pelo resto do dia. Ta, ok, isso é mentira. Geralmente eu morro. Mas voltando a porta... 
- Alex, você está aí? - perguntei
Nada
- Estou entrando, não jogue nada em mim.
Achei que a encontraria no torno com vários vasos espalhados pelo chão, mas não havia nem sinal de vida. Então ouvi um som de alguém fungando, e a encontrei sentada no chão ao lado da cama, com os joelhos encolhidos e os braços na barriga, como se estivesse com dor. Assim que ela me viu secou os olhos com a mão direita e disse:
- Pensei ter dito que queria ficar sozinha.
- Eu sei.
- Então que raios está fazendo aqui? 
- Queria ver se você estava bem.
- Estou, agora cai fora.
Me sentei ao seu lado, e ela bufou.
- Você não pareceu bem - comentei
- Isso é problema meu.
- Alex...
Ela suspirou e ficou calada. Por um tempo não dissemos nada, mas eu precisava entender tudo que aconteceu. Ela poderia me matar agora mas isso não faria eu deixar de voltar quando ressuscitasse. Então, por que não?
- Achei que você nunca teve vontade de ser apenas homem ou apenas mulher.
- E nunca tive.
- Nunca se envergonhou.
- Não mesmo.
- Então por que quer agora?
- Não é da sua conta.
- Alex... - comecei de novo
- Droga Magnus, é que.. Eu pensei que...
- Pensou o quê?
- Nada, me deixa em paz.
- O que você pensou?
- Magnus, eu realmente não queria te matar hoje.
- Eu também não queria morrer.
- Então cai fora.
- Mas também não farei isso.
Ela bufou, derrotada, ou pronta pra me matar. É difícil saber se tratando da Alex.
- Magnus, quem se apaixonaria por alguém como eu?
Senti um aperto no peito, era essa a intenção?
- Então você quer ser menina para ter um namorado?
Ela corou - Não é bem assim.
- Pelos Deuses Alex, dá pra explicar logo antes que meu cérebro dê um nó?
- Você sempre teve um nó no cérebro.
- Alex...
Ela bufou de novo. Desconfiava que logo seria morto.
- Eu pensei que... Achei que... Oh, esqueça.
Derrepente meu estômago revirou. Será...?
- Você está gostando de alguém? - perguntei, nivelando ao máximo minha voz para parecer indiferente.
- Bem, sim.
- E é um cara.
- Imagina, é um rinoceronte. Vou me metamorfosear em uma fêmea e viver na floresta com ele. - ironizou
- Que seja muito feliz, então - rebati
- Sim, Magnus, um cara, parabéns pela sua brilhante descoberta.
Essa eu deixei passar. - Então você acha que esse cara não vai gostar de você por ser fluída?
- Mais ou menos isso.
- E por que acha isso?
- Por que não consigo pensar em outra coisa que poderia estar impedindo de algo acontecer.
Eu não estava nada a vontade com essa descoberta. Alex nunca foi de se relacionar com os outros einherjar, como havia se apaixonado por algum? Quem era? Gostaria muito de saber antes do próximo combate, assim poderia arrancar a cabeça dele. 
- Alex, seja lá quem for esse cara, não acho que você deveria mudar assim só pra agrada-lo.- ela virou rosto para o outro lado, parecendo pior. Tive vontade de socar a mim mesmo por ser tão mal conselheiro. - Nem para agradar ninguém. Você deve agradar a si mesma antes de tudo. - Não ajudou. Decidi arriscar. Segurei seu queixo com delicadeza, ciente que poderia perder a mão, e virei seu rosto em minha direção. Ela não protestou, nem quebrou meus dedos, o que era bom sinal - Vai ver tem alguém que te ame exatamente do jeito que você é.
Ficamos no encarando por um tempo. Estava rezando para estar parecendo calmo porque meu coração estava a mil. Derrepente ela sorriu. Um sorriso que paralisou meu cérebro.
Ela captou meu recado. E eu entendi tudo também. Eu era o cara que a amava do jeito que ela era, e era o cara que ela achava que nunca a amaria por ser quem é.
- Você é um idiota - disse ainda sorrindo.
- Eu sei.
Me inclinei e a beijei. Tinha plena consciência do garrote na cintura dela, mas dessa vez sabia que ela não iria me matar ( bem, quase ), ela apenas retribuiu, colocando a mão no meu braço que agora segurava seu rosto. Um calor tomou conta do meu corpo e eu comecei a ver relances da vida de Alex. Um bando de garotinhos jogando pedrinhas nela enquanto ela andava, chamando-a de esquisita. Um garoto dizendo que só ficaria com ela se tivesse certeza de que ela fosse menina. A madrasta dela gritando que ela jamais se casaria. Alguns marmanjos perguntando se o que ela tinha no meio das pernas também mudava. O dia que fomos a casa do meu tio e o jeito que ela se sentia quando estava perto de mim. Como ela estava se sentindo durante esses meses que passamos juntos, era exatamente do mesmo jeito que eu me sentia em relação a ela. Então as imagens foram sumindo e eu notei que algo brilhava, abri os olhos e vi que eramos nós. Ela também abriu os olhos e notei a supresa em seu olhar. Nos separamos e ela continou brilhando mesmo depois que eu "apaguei". Ela se levantou assustada quando o brilho aumentou. Também me levantei, quase nem dava para ve-la em meio aquela luz.
- Magnus, o que você fez? - gritou
- Nada, eu juro, eu vi algumas coisas, como quando curo, mas não estava curando.
Então a luz se apagou derrepente e meus olhos formigaram com a mudança repentina. Quando me acostumei a normalidade levei um susto ainda maior de quando ela estava brilhando.
- Eu estou... - ela disse tremula - eu estou...
- Uau - falei sem conseguir pensar direito 
Seus olhos eram os mesmo, mas ela estava diferente. Seu rosto não mudara tanto, porém parecia mais frágil, com feições femininas. O seu corpo que na minha opinião sempre fora neutro, sem traços femininos como quadris largos e cintura fina, nem masculinos como músculos ( apesar de ela ser bem forte ) agora tinha curvas de uma menina. O cabelo negro havia crescido um pouco e batia nos ombros, com somente as pontas verdes.
- Eu ia dizer parecendo uma garota. - ela disse.
- Uau - repeti, ainda não conseguindo pensar em algo mais concreto para dizer.
Ela me lançou um olhar impaciente, mas estava um pouco vermelha. Analisava seu novo corpo com uma expressão ainda supresa. Foi até o banheiro, provavelmente se olhar no espelho, então voltou ainda impressionada.
- O que aconteceu? - perguntei.
- Acho - ela começou, hesitante - que você me curou.
- Te curei? Mas você não estava doente, quero dizer, ser fluída não era uma doença e... 
- Eu sei, idiota, estou dizendo que você me curou da dúvida.
Me lembrei imediatamente das palavras de Odin "Você será o que quer assim que se curar da dúvida". 
- Então você continuou querendo ser garota mesmo sabendo que eu não me importava?
- Eu só estava em dúvida porque não sabia se você gostava mesmo de mim.- respondeu corando fortemente
- Você poderia ter me perguntado, aí não precisaria ter feito todo esse sacrifício.
Ela rolou os olhos, fazia isso com frequência quando falava comigo. Não sei porquê.
- Eu faria mesmo assim, seu burro, faria por você.- ela soava irritada, mas ainda estava muito vermelha e eu também deveria estar. Imagine o quanto ela me amava para mudar assim por mim. Bem, eu não precisava imaginar. Já havia sentindo. E agora estava vendo.
Me aproximei e a peguei pela cintura, puxando-a para mim. Ela pôs as mãos em meus ombros, seus olhos cintilavam.
- Mas você está feliz? - perguntei
- Bem, depende, o que você achou?
- Não tenho do que reclamar.
Ela riu - Então estou. 
- Ótimo - respondi sorrindo
- E então? - perguntou, divertida
- Então o quê?
- Você é bem lerdo sabia?
- Obrigado por dizer isso 100 vezes ao dia.
Ela riu de novo - Ah, cale a boca e me beije de novo.
Como negar uma ordem dessas? Simples não negando.

Quando fui me deitar um tempo depois achei que não conseguiria mais dormir. Havia impedido o Ragnarok, descobrido que poderia rever minha mãe, sabia que meus amigos iriam fazer o maior furdunço amanhã quando virem a Alex, e principalmente quando souberem o motivo e o fato de agora estarmos juntos. E tal fato por si já deveria fazer eu perder meu sono. 
Mas não perdi. Dormi feito um gigante de pedra.

FIM 

 

 

 

 


Notas Finais


Devo deixar claro que adoro a(o) Alex do jeito que ela(e) é. Como eu disse foi só algo que passou pela minha cabeça. Espero que tenham gostado.


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