História Um Presente Indesejado - Vkook/Taekook - O ovo.

No fim daquela tarde até a hora de ir dormir o Jungkook continuava emburrado comigo depois que comentei sobre a minha volta à faculdade. Nada que eu falasse ou fizesse conseguia convencer aquele poço de teimosia a entender que eu precisava estudar.

Quando eu fosse sair de casa eu tinha certeza que ele tentaria me impedir e isso poderia fazer com que eu chegasse atrasado, por esse motivo programei o celular para despertar uma hora antes do normal, mais especificamente às seis da manhã.

Me levantei da cama em um pulo para desligar o alarme do aparelho, não queria correr o risco de acordar o Jungkook.

Saí da cama colocando meus pés no chão gelado, não iria calçar os meus chinelos pois eles iriam fazer muito barulho quando se chocarem com o piso.

Abri a porta do meu guarda roupa e escolhi uma camiseta preta de mangas longas um número maior que o meu, um moletom da mesma cor e uma calça jeans azul clara com dois rasgos nos joelhos.

Entrei no banheiro e tomei um banho rápido apenas para me despertar melhor, a boa vida de acordar tarde acaba de terminar.

Visto as roupas, pego meu celular para não esquecer dele depois e desço até a cozinha para preparar o café, como havia sobrado comida da janta de ontem não precisaria cozinhar nada para o almoço do Kookie. Apenas coloquei a comida em um prato e cobri com plástico filme, deixando dentro do microondas colocando um bilhetinho na porta do mesmo.

Como um pão com manteiga e faço um café fresquinho sem pressa, estava bem adiantado e pelo jeito ele não iria acordar tão cedo.

Ou pelo menos era isso que eu achava até ouvir uma voz chorosa e manhosinha chamar — ou berrar — por meu nome tirando todo o silêncio e a calmaria.

— TAETAEEEEEEEEE! CADÊ VOCÊ?! — Jungkook aparece na sala coçando os olhos quase marejados enquanto sustentava uma carinha triste.

— Estou aqui, Kookie… — Digo suspirando, agora seria uma longa e árdua batalha sair desse apartamento.

— Hyung! Não vai embora! Não me deixa aqui sozinho! — Ele me agarra forte como se eu fosse sumir pra sempre.

— O que nós já tínhamos conversado, huh? Deixa de ser birrento, ficarei fora de casa por apenas cinco horinhas. Pra quem já me esperou voltar pra casa até de madrugada isso não é nada.

— Mas eu não quero ficar aqui sem você! — Ele abaixa seu olhar para os próprios pés descalços e inquietos no chão.

— Você nem irá sentir minha falta, e além do mais o Snow está aqui para te fazer companhia! Viu só? Nem será tão ruim quanto pensa. — Dou um último gole no café e olho para o relógio da parede que marcava seis e cinquenta em ponto.

Me levanto e vou até a sala calçar os meus sapatos.

— Tudo ok, então?! — Pergunto esperando uma resposta positiva.

— Não tem nada ok aqui, hyung. Nadinha.

— Vá dormir então, ainda está cedo. — Arrumo a mochila verificando se todos os meus pertences estavam ali e a coloco nas costas.

— Eu não consigo mais dormir sem você...

— Vamos fazer assim então… — Vou até a estante da sala e procuro meu antigo celular, colocando ele no carregador em seguida. — Vou deixar esse celular com aqui contigo e quando for a hora do intervalo eu ligo pra você, pode ser? — Esperava alguma resposta por parte dele mas ele apenas me encarava com um bico emburrado. — Caso aconteça alguma emergência você pode me mandar uma mensagem por esse aplicativo aqui. — Desbloqueio a tela e aponto para o ícone amarelo do KakaoTalk. — Ele continuava parado ao meu lado olhando para o chão sem prestar a devida atenção no que eu dizia.

Mas é um teimoso mesmo…

— Bom, está na hora de eu ir embora. — Bastou eu terminar de dizer as palavras "ir embora" que ele descongelou e se sentou no chão, agarrando a minha perna esquerda com força.

— Fica, hyung! Por favor!

— Bem que eu gostaria, bebê. Mas infelizmente não dá, preciso ir. — Arrasto minha perna com dificuldade até a porta, abrindo-a. — Me solta…

— Não solto! Você vai ficar aqui. Comigo. — Ele estava decidido a me fazer ficar em casa.

Já estava aceitando a minha derrota quando lembrei da melhor tortura já criada: Cócegas.

Me abaixei e ataquei a cintura dele fazendo ele rir desesperadamente.

—H-Hyung! P-Para! — Ele tentava lutar contra as minhas mãos sem se separar de mim.

— Só vou parar se você me soltar, anda, solta minha perna. — Continuo cutucando sua cintura e ele se rende, se desvencilhando de mim.

— Isso não vale! — Ele se senta no chão emburrado e ofegante.

— Claro que vale, não quero chegar atrasado. Lembre-se, não abra a porta para estranhos, não mexa no fogão e não saia de casa, se quiser ir no parquinho do prédio você pode ir, mas não saia do condomínio em direção à rua ok?!

— Você vai ir mesmo…?

— Sim. — Me ajoelho no chão e abro os braços. — Cadê o meu abraço?! — Esperava que ele fosse me abraçar mas ele continuava bravo evitando contato visual. — Sabe… Antes de voltar pra casa eu iria trazer um pote de sorvete, mas já que você não quer me abraçar eu mudei de ideia e irei trazer um brócolis enor-

— Sorvete de chocolate, por favor! — Não consigo terminar de falar por ele vir me abraçar.

— Então é assim?! Você é muito interesseiro mesmo… — Ri enquanto retribuía o abraço. — Mas agora eu realmente preciso ir embora, dá um beijinho.

— Não esquece de trazer o meu sorvete. — Seus lábios tocam a minha bochecha em um beijinho casto.

— Poxa, esperava pelo menos um selinho… — Faço uma expressão desapontada.

— Estou muito bravo contigo, você não merece um selinho.

— Quem disse que eu não mereço?! Vou até te trazer o seu sorvete favorito e é assim que você me trata?!

— Não interessa, você vai me deixar aqui sozinho e isso não se faz! Tenho motivos o suficiente para estar bravo.

— Se é assim… Já que você não quer me beijar eu mesmo faço isso. — Aperto seu rosto com uma das mãos deixando ele com um biquinho de peixe.

— Tae! Me xolta! — Ri do jeito fofo em que ele disse e dou um selinho rápido nele. — Idiota. — Ele revira os olhos enquanto tentava esconder um risinho.

— Pronto, senhor reclamão! Agora eu vou ir embora feliz! — Me levanto do chão e vou até a porta. — Volto antes das duas da tarde, prometo. Tchau. — Fecho a porta e vou caminhando até o elevador, porém dou meia volta e caminho até em casa de novo.

— TaeTae! Eu sabia que você não iria me deixar! — Ele exclama animado e esperançoso.

— Na verdade eu ainda vou sim. — Seu sorriso morre e ele volta a ficar emburrado. — Apenas vim buscar meu celular, já pensou se eu esqueço? Não iria conseguir te ligar na hora do intervalo. — Alcanço o aparelho que estava em cima da estante. — Tchau neném, se cuida. — Lanço beijinhos no ar e fecho a porta novamente.

Espero do fundo do meu coração que essa casa esteja inteira quando eu voltar…

(…)

— TaeTae! Que saudades! — Encontro Minhyuk em frente ao portão e sou recebido com um abraço caloroso.

— Olá! Demorei muito? Foi um porre sair de casa hoje, Jungkook não me largava por um minuto.

— Ele ficou sozinho em casa? — Ele enlaça o braço no meu e começamos a caminhar para dentro do pátio.

— Ficou, ele fez um escândalo enorme quando eu falei que minhas férias tinham terminado. Parecia que eu estava saindo de casa e que me mudaria pra outro país.

— Ele gosta muito de você, né?

— Não vive sem mim aquele pestinha.

— O que aconteceu depois que eu fui embora com o ocorrido do copo d'água? Dei sorte que naquele dia estava sol, minha camiseta foi secando no caminho pra casa.

— Nossa, eu nem te pedi desculpas por aquilo. Perdão pelo o constrangimento, aquela criatura é ciumenta demais, entende?

— Entendo sim. — Ele ri soprado. — Não se preocupa com isso, sem ressentimentos com o seu coelhinho. Ainda acho ele uma gracinha! Mesmo que ele queira fazer picadinho do meu corpo lindo e maravilhoso e transformar em churrasquinho. Vocês estão namorando, agora?

— Não, só estamos ficando mesmo.

— Por enquanto né? Porque se dependesse do coelhinho vocês já estariam casados…

— Verdade. Então tipo assim, eu prometi que não iria me relacionar com ninguém enquanto estivermos juntos, então a gente volta a ser só amigos, sem a parte colorida da coisa, beleza?

— Que pena… Vou sentir saudades de trans-

— Minhyuk! Menos, bem menos!

— Estou brincando, seu bobo! Não iria ser babaca de estragar esse shipp lindo de vocês dois, e tem outra, eu tô caidinho de amores por um menino da sala ao lado da nossa! O sorriso dele é tão, aaaaaaah…. — Se estivéssemos em um desenho animado vários corações estariam voando no topo da cabeça dele.

— Hmmm, tá apaixonado mesmo ein?! Quem é o senpai?

— Puta que pariu ele tá ali, meu Deus que homem é esse, um pedaço de mal caminho… Socorro Taehyung, me segura que eu vou desmaiar! — Ele surtava loucamente no meio do pátio. Felizmente as outras pessoas estavam ocupadas o suficiente para prestar atenção nessa bicha louca e escandalosa.

— Aonde ele está? Eu só estou vendo o… Ah não, Minhyuk! Não acredito que você se apaixonou pelo o Hyungsik! Logo ele?! Tinha que ser ele?! O maior héterozão desse recinto?!

— Ai TaeTae, nem me lembre disso... Sinto até a bad chegando só de pensar que esse homão não curte um pepino… Poxa, que mundo injusto! O que elas tem que eu não tenho?!

— Um par de peitos, uma buce-

— Não precisa jogar na cara, Taehy! Ele que está perdendo esse Minhyuk maravilhoso que eu sou, azar o dele…

— Pelo amor de Deus, vamos ir pra sala logo antes que você banque o depressivo no meio de todo mundo. — Puxo ele pelo pulso até a nossa sala, por muito pouco não chegamos atrasados pois a professora estava quase entrando na sala. Escolhemos nossos lugares e nos sentamos, não tinha gente nova esse ano, eram os mesmos alunos do ano passado.

— Não acredito que essa rabugenta irá dar aula pra gente de novo! — Minhyuk cutuca meu ombro, me fazendo virar para trás.

— Tenho certeza que minha teoria de que ela é uma bruxa imortal que nunca envelhece está certa. — Eu e ele rimos juntos.

— Ei vocês dois, a hora da conversa acabou! Prestem atenção na aula. Irei começar a falar e não quero interrupções!

— Sim senhora. — Falamos em uníssono.

— Sei que a maioria das pessoas aqui já me conhecem então não precisarei me apresentar. Hoje não irei passar nada, apenas irei explicar e conversar um pouco com vocês sobre este tema, anotem o que achar necessário para alguma avaliação futura. Iremos estudar sobre o estudo da forma e composição na fotografia. Quando estamos fotografando, temos que tomar várias decisões antes de apertar o botão de disparo da câmera. Como transformar a cena que estamos vendo em uma fotografia, da melhor maneira possível? Como compor uma foto? Usamos as palavras “compor” e “composição” porque na verdade, fotografar não é simplesmente pegar a câmera, “mirar” e bater a foto…

Estava concentrado em tudo que ela dizia, porém sinto meu celular vibrar no bolso da calça e por curiosidade pego o aparelho para saber do que se tratava.

"Você tem uma nova mensagem de um número desconhecido"

Ué, quem estaria querendo falar comigo a essa hora? Clico na notificação, abrindo o KakaoTalk.

Número desconhecido: Oi TaeTae! Sou eu, Jungkookie. [09h21]

Número desconhecido: Sinto sua falta :( [09h22]

Você alterou o nome deste contato para: "BabyJK♡"

Eu: Mas eu mal saí de casa e você já quer que eu volte?! [09h23]

BabyJK♡: Sim, você e o meu sorvete de chocolate. [09h24]

Eu: -_- [09h25]

Eu: Já tomou café? [09h25]

BabyJK♡: Sim, sim! Eu e o Snow! [09h26]

Eu: Que bom, não se esqueça de almoçar, deixei a comida dentro do microondas. [09h27]

Eu: Me lembro muito bem de ter dito que era pra você me mandar mensagem se acontecesse alguma emergência. [09h28]

BabyJK♡: Mas a saudade que eu sinto de você é uma emergência! [09h29]

Eu: Dramático ._. [09h30]

— Muito bonito hein, Senhor Kim Taehyung... Prefere mexer no celular do que prestar atenção no conteúdo da minha aula?! Quanta insolência... — Sou repreendido pela professora e sinto os olhos de todos sobre mim.

— A-Ah, me desculpe. Estava resolvendo um problema.

— Deixe os problemas para depois e preste a devida atenção no que eu digo.

— S-Sim senhora.

Eu: Vou ter que sair, estou no meio da aula, tchau bebê :* [09h32]

Digito rapidamente e guardo o celular no bolso novamente.

— Bem, continuando… Quando se estuda a cena que vai ser fotografada pelo visor pensando na composição, aumentam-se as chances da imagem final causar um maior impacto. Com a prática e experiência, esse tempo de planejamento vai diminuindo.

— Aff, essa mulher não cansa de falar não? — Ouço Minhyuk cochichar atrás de mim.

— Pelo jeito não, acho que ela já saiu da barriga da mãe dela falando sobre fotografia com o médico. — Respondi enquanto o olhava por cima dos ombros e voltei a minha posição inicial, tentando absorver a chuva de palavras que a mulher soltava.

— Neste “momento pré-fotografia”, deve-se: Escolher o objeto principal da composição, ou seja, qual vai ser o foco visual da fotografia; checar se há elementos distrativos que devem ser excluídos da cena; decidir em qual orientação, vertical ou horizontal, e formato, retangular, quadrado, panorâmico… os objetos da cena se enquadram melhor e com qual deles se quer trabalhar, porque nem sempre o “melhor” vai dar o resultado mais interessante; analisar se há padrões, texturas, linhas, formas geométricas, luzes e sombras a serem explorados, de forma que enriqueçam a…

E mais uma vez em menos de vinte minutos a droga do celular começa a vibrar de novo.

Mas dessa vez decidi que não iria olhar, não queria levar mais outro esporro da professora.

Sabia que era Jungkook querendo atenção por mensagem, mas não iria conversar com ele, não agora. Obviamente ele vai se cansar de levar vácuo e irá parar de me perturbar, certo?

Errado.

O celular vibrava de novo, de novo e de novo. Não parava um minuto sequer e aquela sensação de tremor dentro do meu bolso estava me irritando cada vez mais.

Tentei ignorar e continuar prestando atenção na aula mas era praticamente impossível.

Não aguentei mais ignorar e lá fui eu ler as malditas mensagens com o perigo de ser pego pela professora me rondando.

Tirei o celular do bolso ainda sentindo a vibração nas mãos e entrei nas minhas mensagens.

58 mensagens.

Isso mesmo que você ouviu — ou leu — CINQUENTA E OITO FODENDO MENSAGENS!

Jungkook sabe ser chato quando quer, e sabe muito bem. Parece que ele fez bacharelado em chatice.

BabyJK♡: AH NÃO TAETAE! VOLTA AQUI! EU QUERO CONVERSAR COM VOCÊ! :( :( :( [09h47]

BabyJK♡: V [09h48]

BabyJK♡: O [09h48]

BabyJK♡: L [09h48]

BabyJK♡: T [09h48]

BabyJK♡: A [09h49]

BabyJK♡: PARA DE ME IGNORAR! [09h50]

BabyJK♡: VOCÊ ESTÁ FAZENDO ISSO DE PROPÓSITO! [09h51]

BabyJK♡: T [09h54]

BabyJK♡: A [09h54]

BabyJK♡: E [09h54]

BabyJK♡: H [09h55]

BabyJK♡: Y [09h55]

BabyJK♡: U [09h56]

BabyJK♡: N [09h56]

BabyJK♡: G [09h57]

BabyJK♡: ESTOU COM SAUDADEEEEEEEEEEEEEEEEEEE! [09h59]

BabyJK♡: QUANDO VOCÊ VOLTAR PRA CASA EU VOU TE DAR UMA MORDIDA TÃO GRANDE QUE TU VAI SE ARREPENDER DE TER ME DEIXADO SOZINHO E MOFANDO AQUI! [10h00]

BabyJK♡: AAAJEKKWKSKWOSKWO VAMO CONVERSAR [10h04]

BabyJK♡: VOLTAQUINEOAKSOAKDKWMAKQPKS [10h06]

BabyJK♡: AKPSDKW9EIJEWOKWSKWIS FALAMCOMIGO [10h09]

E todas as outras 37 mensagens eram letras aleatórias como se ele estivesse dando narigadas no teclado.

Eu: O QUE FOI, PORRA?! [10h12]

Eu: RETARDADO. [10h12]

Eu: ME DEIXA ESTUDAR, CARAMBA! [10h13]

Eu: SÓ DE RAIVA NÃO VOU TE LIGAR NA HORA DO INTERVALO! [10h14]

Eu: SE VIER ENCHER O SACO DE NOVO EU NÃO LEVO MERDA DE SORVETE NENHUM! [10h15]

Sinto alguém cutucando minhas costas, só podia ser o Minhyuk de novo.

— Pera aí, Minhyuk. To resolvendo umas paradas com esse coelho teimoso. — Ignoro os toques e volto minha atenção pro celular.

Eu: ISSO MESMO, PODE IR VISUALIZANDO TUDO! [10h16]

BabyJK♡: Poxa, só queria conversar :( [10h17]

Sinto mais cutucadas no meu ombro.

— Caralho Minhyuk, espera um pouco aí! — Tiro a mão dele do meu ombro, e nossa, que mão enrugada. Preciso indicar uns cremes pra ele depois.

Eu: ENTÃO ME ESPERA CHEGAR EM CASA! [10h18]

Você alterou o nome deste contato para: "Coelho que enche o saco"

Eu: Não me envia mais mensagem, entendeu?! [10h19]

Coelho que enche o saco: … [10h20]

Eu: ENTENDEU?! [10h20]

E de novo Minhyuk toca em meu ombro.

— PORRA MINHYUK ME DEIXA CONVER-sar… — Me viro para trás e vejo que não era ele que me chamava, e sim a professora me lançando um olhar mortal enquanto os outros alunos davam risadinhas. — Oi professora linda do meu coração, belo vestido… realçou suas… ér… belas curvas, isso! Que belas curvas a senhora tem! Nossa…

— Passa o celular. — Ela estende a mão pra mim.

— Oi?

— Passa. O. Celular. Agora. Antes. Que. Eu. Te. Mande. Para. Fora. Da. Sala. — Dizia pausadamente com um timbre deveras assustador.

Acho que não tem como esse dia ficar pior...

(…)

— Caralho, eu pensei que ela não ia devolver meu celular nunca mais... — Digo enquanto eu e Minhyuk caminhamos para fora da faculdade.

— Você deu sorte que ela não deu pra diretora, aí sim seria um puta problema... AI MEU DEUS!

— O que foi dessa vez? Alguém morreu?

— A razão do meu sofrimento está ali na frente, em carne, osso e muita gostosura. Nossa eu daria tanto pra ele que morreria de exaustão sexual!

— Poupe-me dos detalhes, amiguinho…

— Socorro ele me viu! Tae o que eu faço?!

— Acena pra ele e manda um sorrisinho.

— Tá! Jesus Cristo tô passando mal. — Ele acena para o Hyungsik que retribui. — CA. RA. LHO. ELE ME NOTOU! ELE. ME. NOTOU!

— Sim Minhyuk, eu vi. Eu estou do seu lado caso você não tenha percebido, então não precisa gritar que meu ouvido não é penico.

— Nossa depois dessa vou pra casa feliz. Irei ter bons sonhos com ele. Nós dois casados, morando em uma fazenda e com seis filhos lindos...

— Opa, acho que o trem a ilusão passou por aqui...

— Me deixa sonhar em paz, TaeTae!

— Claro, claro. Então tchau, até amanhã.

— Tchau, Taehy! — Ele foi embora todo saltitante igual uma perereca de brinquedo. Doido.

(…)

Finalmente cheguei em casa depois de uma manhã exaustiva.

— Jungkookie, mesmo que você não seja merecedor disso, eu comprei o seu sorve…te. — Minha frase morre no final ao ver o estado da cozinha naquele momento. — O QUE DIABOS VOCÊ FEZ AQUI, JEON JUNGKOOK?!

— Oi TaeTae... — Ele faz uma voz doce enquanto estava sentado no meio de toda aquela catástrofe. — Eu posso explicar...

— Então explique, estou esperando!

— Então... Eu fui almoçar né, esquentei a comida e comi. Só que sobrou um pouquinho de arroz, ai eu pensei comigo mesmo. Por que não fazer um ovinho cozido para comer com o resto desse arroz? Só que eu não sabia fazer né, ai eu pesquisei na internet e vi uma receita de ovo cozido no microondas e só precisava de um ovo e de um pedaço de papel alumínio. Ai eu enrolei o ovo no papel e coloquei no microondas, no começo saiu uma fumaça estranha mas eu pensei que fazia parte do cozimento então nem liguei muito. Só que aí começou a pegar fogo, aí quando eu me aproximei pra desligar o negócio explodiu e a porta do microondas bateu bem na minha testa! Aí a fumaça subiu e essa torneirinha que tem no teto começou a apitar e a espirrar água. Fim.

— EU NÃO ESTOU ACREDITANDO QUE VOCÊ QUASE BOTOU FOGO NA MINHA CASA!

— Hyung, as coisas dessa casa não gostam da minha testa. Já é a segunda vez que levo uma porrada nela.

— E VAI LEVAR MAIS UMA, E SOU EU QUE VOU TE DAR!

— C-Calma hyung, pense pelo lado bom, eu não usei o fogão como você tinha mandado!

Se lembram de quando eu disse que esse dia não poderia ficar pior? Então, esqueçam isso. Porque tem sim.