História Um Presente Indesejado - Vkook/Taekook - Você disse "Eu te amo!"

— Hyung, será que você poderia fazer o favor de me levar até em casa? Sinto que só vou sair daqui rolando, tô muito cheio. — Jungkook se esparramou na cadeira da sorveteria e passou a alisar a própria barriga.

Mas também né, quem não ficaria cheio comendo praticamente toda a comida da sorveteria?

Eu só ficaria chocado se ele não reclamasse que tava satisfeito. O menino repetiu o sorvete umas quatro vezes e ainda fez questão de roubar metade do meu milk shake.

Quando eu digo que ele tem um buraco negro na barriga não é em vão.

— Levo. Vamos embora logo antes que você acabe com todo o meu dinheiro. — Como já tinha pagado tudo o que consumimos, joguei os pratinhos descartáveis no lixo e caminhei pra fora do estabelecimento.

— Aish, nem comi tanto assim! Se eu não tivesse comido o seu almoço certamente teria sobrado espaço pra uma casquinha mista. Agora fiquei arrependido... — Ele veio logo atrás, andando mais devagar que uma lesma idosa.

Gostaria de saber de onde sai essas comparações idiotas que eu faço, pior que na minha concepção sempre faz sentido.

Fazer o quê, sou retardado mesmo.

— Você deveria se arrepender de ter me deixado com fome e por ter feito eu gastar dinheiro com hambúrguer, isso sim! Seria uma possibilidade tão linda, eu ia ficar tipo "nossa, meu namorado é muito fofo" mas nãããão, tu ficou triste por não conseguir comer mais sorvete. Isso é de cair o cu da bunda.

— Não tenho culpa, eu tava com muita fome. Muita mesmo.

— Pois é, comeu tanto que agora tá aí morrendo e nem consegue andar direito. — Parei no meio do caminho ao ver que ele não iria alcançar meu ritmo tão cedo.

— Ei, você disse que ia me levar no colo! Vem, leva eu!

Eu já tava ficando contente por ele ter se esquecido disso mas tudo que é bom dura pouco. Jungkook não é pesado mas também não pesa cinco gramas, fora que ele sabe ser bem chatinho quando quer. Além de fazer o favor de carregá-lo nos braços ainda tenho que suportar suas palhaçadas, como por exemplo ter que aguentar ele me irritando o caminho todo com tapinhas, puxões na orelha, apertões na bochecha e etc.

Se fosse dentro de casa eu não me irritaria tanto, mas aturar isso no meio da rua é uma desgraça.

— Me lembre de nunca mais te deixar comer tanto, só fico com prejuízos… — Me abaixei um pouco e dei as costas pra ele, esperando o folgadinho subir nelas.

— Me recuso a ser carregado desse jeito.

— O que foi agora? Qual o problema em te levar assim? Essa é a melhor maneira de te carregar. — Dessa forma o peso dele não me incomodaria tanto e eu não seria obrigado a tolerar suas gracinhas – pelo menos não todas.

— Se tu me levar assim minha barriguinha vai ficar esmagada e eu vou ficar tooodo enjoado. — Fez questão de fazer uma encenação meia-boca de como seria se ele ficasse com enjoo.

— Tá tá, como eu devo te segurar então? — Me dei por vencido pois não gostaria de pensar na possibilidade de ter o meu cabelo lindo e cheiroso cheio de vômito.

— Assim, ó… — Deu alguns passos na intenção de demonstrar em mim me segurando pelas pernas e cintura, ato que quase me derrubou no chão porque obviamente essa coisinha não suportaria meu peso.

— Já entendi, Kookie. Já entendi. — Impedi que ele continuasse e me distanciei um pouquinho, caso contrário nós dois estaríamos caídos no chão com um tombo que faria todo mundo que passava pela rua rir – mesmo que fosse internamente –, convenhamos que cair em público não é algo muito legal.

Dei uma breve esticada em meus braços e peguei o coelhinho no colo passando um deles por baixo de sua perna e o outro por sua cintura para me dar firmeza e não deixá-lo cair.

— Está bom assim, princesinha? — Debochei voltando a caminhar com rapidez, estava cansado e só queria minha doce cama.

— Perfeito, TaeTae... Perfeito.

(17h44)

— O que a gente faz agora, Tae-ah? Não tenho nada de bom pra fazer… — Jungkook tinha ido tomar banho e assim que saiu do banheiro voltou com um pijama todo fofo do Sullivan, aquele bicho azul com bolinhas roxas do Monstros SA com direito a capuz com chifrinhos e pantufas que se pareciam os pés do personagem.

O pior de tudo é que eu nunca tinha visto essa roupa na minha vida. Não sei de onde minha mãe encontra tanto pijama diferente desse jeito pra dar para ele, provavelmente ela dá escondido porque sabe que eu iria reclamar se visse isso com meus próprios olhos.

Mas não é como se no fundinho eu não gostasse. Brigo, brigo e brigo mas no fim eu tô lá tendo um chilique com a fofura excessiva do Kookie quando ele usa esses pijamas.

Toda vez que esse menino aparece na minha frente vestindo essas coisas é um tiro diferente no meu coração, ele fica tão fofinho que sinto que vou morrer de diabetes com tanta doçura.

— Puta que me pariu, moleque… — Não aguentei e tive que levar um dos meus travesseiros ao rosto, se eu olhasse pra ele por mais dois segundos meus pais já poderiam reservar o dinheiro do meu velório porque eu estaria mortinho da silva. — Eu não tenho estruturas pra te ver assim…

— Por que? Estou tão feio assim? — A voz dele ficou mais próxima e a cama se balançou levemente, denunciando que ele havia se sentado ao meu lado.

— Você tá literalmente o contrário de feio, por isso não posso te olhar.

— Oras, se eu estou bonito por que não quer me ver? Não tem sentido algum.

— Acontece que eu não quero morrer tão jovem.

— Aigoo, Taehyungie! Tira esse treco da cara e me explique direito o que está acontecendo! — O travesseiro foi arrancado do meu rosto com facilidade pois não estava esperando que ele fizesse isso, mas mesmo assim continuei mantendo meus olhos bem fechados. — Hyung! Abra os olhos! — Recebi alguns tapas mas isso não me fez abri-los.

— Mas nem fodendo, meu coração é fraco.

— Se você não abrir os olhos eu vou ficar muito triste…

— Pode ficar então, minhas pálpebras não irão se mover um centímetro sequer.

— Está bem, pelo jeito vou ter que apelar para a agressão física.

— Não ligo, seus tapas não machu- AAAAAI CARALHO! SOLTA, SOLTA, SOLTA! — Seus dentes prenderam a pele do meu braço com força de um jeito que eu não desejo a ninguém. — OLHA AQUI Ó, JÁ ABRI OS OLHOS! AI AI AI ME LARGA QUE TÁ DOENDO, PORRA! — Eu não queria tirar meu braço por conta própria porque iria doer muito mais, então tive que esperar a boa vontade do mocinho em me soltar.

Ele deu uma olhada pra cima percebendo que eu já o encarava quase chorando pela dor e finalmente me largou, dando um beijo no local e soltando uma risadinha sapeca ao ver minha cara de sofrimento.

O capuz era um pouco grande e tapava seus olhos quando ele se abaixava muito, sendo assim só podia ver seu sorriso de dentinhos salientes demonstrando sua satisfação em ver a marca bem nítida na minha pele.

Poderia até achar bonitinho se o meu braço não estivesse latejando como o inferno.

— Tá, agora me conta, cê não quer olhar pra mim por quê? — Sentou-se com pernas de índio e apoiou o rosto na mão, me encarando de maneira angelical e esperando uma explicação plausível da minha parte.

Os poucos segundos em que fiquei encarando o Jungkook se sentar foram suficientes para fazer meu coração dar uns solavancos muito loucos, como se tivessem jogado o coitado num liquidificador de tanto que ele batia descontroladamente e mais rápido que o normal.

É assim que a gente percebe que tá apaixonado de verdade?

Ou isso é um sinal de que minhas artérias estão entupidas e vou ter um infarto por comer só porcaria?

Rezando para que seja a primeira opção.

— Taehyung, eu tô ficando preocupado de verdade! Por que está me encarando com essa cara de choro?! É o braço que tá doendo? Me desculpa se for isso mas é que você não queria falar o que tava acontecendo então eu fiquei agoniado e…

— Pelo amor de Deus, me abraça antes que eu morra. — Eu nem sabia mais o que tava acontecendo comigo, só queria guardá-lo num potinho e protegê-lo da maldade do mundo por ser tão lindo.

Ele nem se moveu do lugar então eu mesmo o puxei para perto, lhe dando um abraço bem apertado.

— Eu não estou entendendo nada… você vai morrer, hyung? Não quero que você morra… — Sua voz se tornou triste de repente e deu um leve vacilada como se ele fosse chorar.

— Se tu continuar sendo tão lindo eu vou acabar morrendo mesmo! — Me distanciei um pouquinho apenas para segurar seu rosto com ambas as mãos. — Olha que coisa fofa da porra, nossa senhora, passo até mal…

— Aish, seu babaca! Eu tava pensando que você ia morrer de verdade! — Sua expressão suavizou, dando lugar à sua carinha irritada que o deixava ainda mais gracinho.

— Mano, puta merda, você é o anjo mais lindo que eu já vi na vida. Dá até vontade de chorar…

Com todo o respeito à memória meu falecido sogro mas o cara tinha um pincel no lugar do pau porque olha, Jeon Jungkook é o ser humano/híbrido mais perfeito que esse mundo já viu.

Eu jurava de pés juntos que quando arranjasse um namorado eu nunca seria meloso, via meu amigos namorando e minha única reação era "caralho, quanta viadagem. Deus me livre ser assim um dia".

E adivinha onde eu tô agora?

Isso mesmo, surtando porque o Kookie tá usando um pijaminha de desenho.

É… a vida é engraçada.

— Ai ai, TaeTae… Você é doido! Por que ficou assim do nada? — Ele me encarava como se eu fosse um doido que acabou de fugir do hospício.

— Não bota a culpa em mim, não. O verdadeiro culpado da história é você junto com esse seu pijama de Sullivan aí… — Se ele não estivesse vestindo essa coisa certamente eu não iria enlouquecer tanto. Ele já é fofo naturalmente e ainda faz questão de colocar uma roupa que realça ainda mais isso, claro que meu coração não vai aguentar.

— Ele é novo, a tia me deu faz alguns dias e é a primeira vez que tô usando. Gostou? — Deu uma ajeitadinha no capuz puxando-o um pouco mais pra baixo e só aí eu reparei que haviam dois olhinhos no tecido. — Tô parecido com ele?

— Cê tá parecendo a Boo no corpo do Sullivan, isso sim. Diz "gatinho" com a voz dela.

Parecia que eu tava cavando a minha própria cova porque já estava quase morrendo de amor e mesmo assim pedi isso.

— Mas eu não sei imitar…

— Tenta, ué. — Falei tentando mascarar a minha expectativa em ouvi-lo.

— Se você der risada eu te mato. — Ameaçou antes de limpar a garganta e puxou as mangas da roupa pra cima, se preparando para a imitação icônica. — Gatinho…? — Sua voz ficou mais fininha e ainda fui agraciado com um bônus, para complementar sua "performance" ele fez a mesma carinha que a Boo faz quando chama o Sullivan no armário.

Aí foi demais pra mim, o fofurômetro alcançou limites nunca alcançados antes e o meu pobre coração foi à mil, quase me levando à óbito.

Aqui vai um tutorial rápido caso você queria matar Kim Taehyung, vulgo eu:

1: Pegue um Jeon Jungkook.

2: Vista o Jeon Jungkook em um pijama de Sullivan.

3: Obrigue o garoto a imitar a Boo.

4: Prontinho, Taehyung morto e enterrado com sucesso.

— MEU PAI DO CÉU, EU AMO UM NENÉM! — Não aguentei e agarrei sua cintura, me deitando e levando ele junto comigo. — Caralho, Jeon… eu te amo demais, moleque! — Queria esmagar aquele serzinho por ser a coisa mais precisosa do planeta.

— Hyung! Você falou "eu te amo"?! — Seus olhinhos de jabuticaba dobraram de tamanho, demonstrando seu espanto.

— Claro que falei. Te amo. Te amo e te amo! — Lhe dei selinhos conforme eu dizia cada "te amo".

— Você nunca me disse isso antes, sabia? — Suas bochechas ganharam um tom escarlate e um sorriso bobo passou a adornar seus lábios delicados. 

— Sério? — Não podia afirmar e nem contrariar sua fala porque eu nem me lembrava se já tinha dito ou não. — Então se prepara que eu vou dizer isso sempre, até você me dar um socão na boca mandando eu parar de ser chato. — Brinquei e e ele riu balançando a cabeça negativamente.

— Cê me ama mesmo? Mesmo mesmo? — Apoiou o rosto no meu peito, me encarando bem de pertinho.

— Amo, amo muito. Sou apaixonado por cada pedacinho seu, menos o seu pedacinho teimoso, esse aí eu não gosto muito porque dá trabalho. — Beijei a ponta de seu nariz e enfiei meu rosto na curvatura de seu pescoço, aspirando seu cheirinho natural misturado com o do sabonete. — Mas brincadeiras à parte eu gosto de você demais, cê me faz bem pra caralho e eu espero que você suporte as minhas melosidades por muuuito tempo, porque só vai piorar daqui em diante.

— Até tentando se declarar você continua sendo um bobalhão, hyung… Mas não tem problema, não. Eu te amo muitão mesmo assim!

É oficial, esse pirralho é o amor da minha vida.