História Um Presente Para Sasuke. - O Sumiço de Aiko.

– Não quero ir pra lugar nenhum – disse Yumi, irritada enquanto jogava suas roupas com violência em sua mala.

– Pra onde estamos indo, onii-chan? – perguntou a pequena Aiko, que tinha acabado de acordar com os gritos da irmã.

– Pra casa do Sasuke – explicou mais calma para não assustar a menor, sempre foi uma irmã carinhosa e agora, quando ela mais precisava, teria que se acalmar em meio a esse turbilhão de acontecimentos.

– Quem é Sasuke?

– Irmão do nosso Oto-san. – Ela se aproximou da irmã que estava sentada na cama do outro lado do quarto e se agachou em sua altura – Nós vamos morar com ele a partir de agora, tá bem?

– Eu não quero morar com esse Sasuke, quero meu Oto-san. – Seus olhos começaram a lagrimejar, causando desespero na mais velha, que logo a abraçou – Quero minha Oka-san.

– Infelizmente não temos escolha, se não formos com o tio Sasuke, vão nos separar. – Yumi era muito inteligente e sabia bem o que aconteceria, provavelmente elas teriam que ir a algum orfanato e iriam ficar separadas, e ela com certeza preferia ir morar com aquele desconhecido em vez de se separar de sua pequena Imoto.

As duas ouvem leves batidas na porta e Yumi grita um “pode entrar”. Era Sasuke, irmão de seu Oto-san, a quem ela só conhecia por fotos em que ele aparecia sorrindo com ela em seus braços. Mas aquele homem a sua frente não parecia em nada com o jovem sorridente da foto, sem dúvidas parecia alguém mais maduro mas também mais triste, quase sem vida.

– Estão prontas? – A voz dele saiu abafada, Yumi por pouco não compreendera o que ele havia falado se não o visse olhando para as malas.

– Estou terminando de arrumas nossas coisas - respondeu seca, porque ela tinha raiva dele. Raiva de fazê-la sair de sua casa, por fazê-la sair de perto de seus amigos.

– Estarei lá em baixo esperando. – E saiu sem nem ao menos falar com Aiko.

Yumi não gostava nem um pouco da ideia de morar com esse homem. Nem um pouco.

*****

O carro do Uchiha mais novo andava silencioso, Sasuke na frente sem proferir uma palavra e as duas meninas atrás olhando uma para a cara da outra, achando isso menos constrangedor. Não é que Sasuke não quisesse falar com elas, a verdade é que ele não sabia falar com elas, então achou melhor manter silêncio, assim não teria que responder à nenhuma pergunta e nem fazer nenhuma a elas, porém seu plano havia dado errado.

– Oji-san, por que eu nunca vi você? – Era a pequena Aiko quem falava com a voz ainda dengosa por conta do choro, acabando assim com aquele silêncio mortal.

Sasuke ficou um tempo em silencio, não sabendo o que falar, tanto que as duas irmãs até o acharam um tanto quanto mal-educado. O que falar? Que havia brigado com os pais delas? Que o culpava pela morte dos pais? Não podia.

– Oto-san sempre falou que pessoas que não respondem os outros são mal educadas – Aiko se pronunciou novamente com uma voz irritada.

– Gomen, gomen – Sasuke tratou de se desculpar com a menor, pois não gostaria de dar uma má impressão para as novas moradoras de sua casa – Eu trabalho muito.

– Trabalha com o que? – Sasuke percebeu que aquele interrogatório não terminaria tão cedo.

– Sou advogado.

– Oto-san também era advugado.

– Advogado.

– Você já falou que é advugado – falou a menor, não entendo o porquê dele repetir a palavra.

– É que você falou errado, é advogado não advugado – disse, dando um leve risadinha percebida pela menor de maneira errada.

– Oh, mas eu só tenho seis anos – disse com voz manhosa – Oto-san falou para não deixarem caçoarem de mim por isso.

–Gomen. – Sasuke percebeu que a mais nova era muito manhosa e do tipo que precisaria de uma atenção maior – Não quis caçoar de você – Olhou rapidamente para trás e sorriu para a menor, que apenas o encarava com um ar sério, olhou para a mais velha e viu o mesmo semblante.

“Onde eu fui me meter?” perguntou Sasuke a si mesmo.

******

– Ali tem dois quartos – disse, apontando para um corredor ao lado da sala – O quarto do lado esquerdo é o de vocês.

Yumi olhou bastante impressionada com tamanho luxo que tinha no pequeno apartamento de Sasuke. As paredes brancas em contraste com os moveis que era uma mistura de preto e alguns em tom madeira.

As duas andaram até o quarto deixando a mala para que Sasuke a carregasse, e enquanto Yumi admirou disfarçadamente toda a sofisticação do lugar Aiko demonstrou entortando o nariz que estava decepcionada com as cores mortas do quarto.

Sasuke deixou as duas em seu quarto e ouviu sem querer Aiko falar “Gostava mais do nosso quarto rosa” e caminhou para o seu que era uma porta a frente, tirou os sapatos e a blusa social, deixando-se descansar em sua cama.

Refletiu ali sobre como o seu dia havia sido agitado, descobriu que seu irmão havia morrido e de presente lhe deixou suas duas filhas para ele cuidar. Morto, finalmente uma lágrima desceu por seu rosto diante daquela péssima notícia. Depois mais uma lágrima no olho direito e assim elas desciam pelo seu rosto o deixando coberto por elas, chorava em silencio mesmo com vontade de gritar pros quatro cantos o quanto a perda do irmão doía dentro de si.

Sentia raiva de si, sentia vontade de socar seu próprio rosto até sangrar. Sim, a culpa da morte, a culpa de tudo aquilo só podia ser dele. Por ser cabeça dura e não se desculpar com o irmão, por nem ao menos ter visitado aquelas duas pessoas que agora fariam parte de sua vida.

Aquele era um outro ponto de sua nova vida que Sasuke custava a acreditar, ele tinha duas sobrinhas. Duas meninas que agora eram responsabilidades dele. Ele sempre teve uma vida bem agitada com a movimentação de seu trabalho e de suas badalações durante a noite e tinha que saber como iria conciliar aquilo tudo. Sabia que muitos amigos haviam abandonado a vida de festas depois de casar e de ter filhos, mas aquelas não eram suas filhas, certo? Muito menos estava casado.

Saiu de seus devaneios ao ouvir o som de batidas na porta de seu quarto

– Pode entrar. – Bem, sabia que só poderia ser uma das duas garotas.

Quem entrava era a mais velha com um semblante assustado.

– Sasuke... – Percebeu que ela estava um pouco insegura sobre o que iria falar, mas apenas esperou ela se pronunciar - a Aiko sumiu.

– O quê? – Sasuke se levantou as pressas sem importar em por alguma blusa, caminhando para fora do quarto enquanto falava com Yumi – Como ela foi sumir?

– É que eu estava arrumando as coisas e quando olhei ela não estava mais no quarto – disse, envergonhada por achar que não conseguia olhar sua irmã – Sabe, lá em casa ela costumava se esconder pelo quintal e cômodos, mas aqui eu não faço a menor ideia de onde procura-la.

Sasuke segurou sua vontade de gritar com a mais velha das irmãs, quer dizer, ele não devia gritar com ela porque o culpado era ele. Não devia deixa-las sozinhas ali, onde não conheciam nada nem ninguém, e ele se sentiu pior ainda ao ver a porta de seu apartamento aberta.

– Yumi, fique dentro de casa que eu vou procurá-la lá fora. Tudo bem? – Tentou parecer o mais calmo possível, Sasuke normalmente sabia ser calmo em momentos de situações graves, mas naquele momento ele sentia suas mãos suarem e tremerem, pegou apenas um chinelo que estava na porta de sua casa e saiu pelos corredores do apartamento a procurando.

– Naruto, agora não dá pra falar. – Atendeu o celular olhando desesperadamente para os lados em buscas da menina de cabelos castanhos, havia aprendido aquela manhã a atendê-lo sempre. Sempre.

– Mas, Teme, eu só liguei pra saber como está, estou a caminho de sua casa – exclamou o loiro que, apesar de imperativo e escandaloso, tinha um ótimo coração e se importava demais com o amigo.

– Naruto, eu perdi a minha sobrinha aqui em Konoha, uma menina de seis anos sozinha nesse lugar e eu não sei o que fazer. – Ele corria agora pelas ruas da cidade pensando que, talvez, ela poderia ter ido muito longe, e temendo que alguém com más intenções pudesse encontrá-la novamente, disse: – Naruto, vá para minha casa, lá tem a minha sobrinha mais velha, leve algo para ela jantar, e diga que está tudo sobre o controle.

– Tudo bem.

Sasuke a procurou incansavelmente por todos os lados de Konoha, entrou em bares e lanchonetes. Sentiu até horror ao olhar os becos escuros e imaginou o quanto ela estaria se sentindo naquele momento, sozinha por aquelas ruas. Sasuke não era do tipo religioso, mas naquele momento orou com todas as suas forças para que Deus o ajudasse a encontrar a pequena Aiko. Depois de cansado de tanto procurá-la, decidiu ir a uma delegacia entregar aquela tarefa à polícia.

– Preciso que procurem uma garotinha de seis anos – disse desesperado para o policial que o olhava estranho simplesmente por vê-lo sem blusa, apenas com a calça social e chinelo – Ela tem mais ou menos esse tamanho. – Botou sua mão aonde lembrou ser a altura da jovem – E tem cabelos castanhos e olhos escuros iguais aos meus, ela está sozinha e desaparecida há algumas horas – Não era há algumas horas, mas tinha que fazer algo para eles se empenharem no trabalho.

Nessa mesma hora o celular dele tocou e, ao olhar o retrovisor, viu que era Naruto, fez sinal com a mão para o policial na sua frente; esperou ser realmente muito importante aquela ligação.

– O que foi, Naruto? – Sasuke praticamente gritou por conta do estresse do momento – Olha, seu dobe, eu espero ser muito importante porque eu estou na delegacia falan...

– Encontramos ela – disse o loiro todo sorridente – Sasuke, ela estava o tempo todo no prédio com a sua vizinha.

– Já estou indo. – Saiu às pressas da delegacia, deixando o policial ali sem saber o que fazer, já que ele não terminou a ocorrência. Correu para o seu prédio, já que havia uma distância razoável entre os dois locais.

Ao chegar na portaria do prédio, sentiu os olhares da recepcionista e do porteiro sobre si, imaginando o quanto parecia estranho com aquela combinação de roupas e o suor pingando em seu rosto. Sorriu rapidamente para os dois para ver se parava os olhares sobre si, pegou o elevador que apareceu rapidamente e andou lentamente para a porta de seu apartamento, e lá viu a cena de sua sobrinhas menor sentada ao chão brincando com uma boneca Barbie de asas enormes na mão, e uma moça desconhecia de cabelos róseos com outra boneca em sua mão, só que essa não tinha nada mais do que uma roupa toda rosa.

Do outro lado, via-se Naruto olhando para seu celular e sua sobrinha Yumi o encarando sem ao menos piscar seus olhos, ignorou a cena em sua frente quando viu a pequena gritar em sua direção.

–Oji-san. – Se levantou indo até ele que estava tão exausto que nem ao menos conseguia pronunciar uma única palavra – Aonde você estava? Ficamos preocupados – exclamou a pequena cruzando os braços irritada.

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