Asami disse à garçonete que servisse o mesmo prato a ele e Akihito. Enquanto esperavam, falou:
-Vejo que esta câmera significa muito para você. Sempre está com ela.
O rapaz pensou que aquele homem devia ser capaz de estudar a alma das pessoas. Era o quê? Yakuza ou psicólogo? Mesmo assim, respondeu:
-Significa sim. Foi meu pai que me deu.
Estimulado, Asami perguntou de novo:
-Foi a partir daí que você quis ser fotógrafo?
Sorrindo sem querer, Akihito falou:
-Não, sempre gostei de fotografias. Desde pequeno, brincava de explorar os lugares e tirar fotos. Cheguei a fazer parte do clube de fotografia na escola. Depois que meu pai, que foi a pessoa que mais apoiou meu desejo, me deu esta câmera, passei a andar com ela por todo canto.
A moça veio trazendo os pratos e Akihito, que estava faminto, começou a comer em silêncio.
“Deus, essa comida é mesmo boa.”
Não era difícil agradá-lo com comidas. Ele sempre adorara comer.
-Takaba – começou Asami – você tem que entender que estou falando muito sério sobre Myanmoto e sobre não poder confiar em todo mundo.
O fotógrafo o olhou bem nos olhos e Asami adorou aquela expressão de desafio.
“Mas que olhar atrevido. Parece um gato selvagem.”
-Asami, eu entendo que você não confie em ninguém. Você tem seu estilo de vida. Mas meu mundo não é o seu. E eu conheço Yamasaki desde criança.
O yakuza disse com muita paciência:
-Gente do nosso sangue nos trai. Você não pode ser ingênuo a tal ponto, Takaba Akihito.
Querendo evitar discussões, o fotógrafo desviou o assunto:
-Obrigado mesmo pela comida. Muito boa.
-E vejo que você gosta de comer, não?
-S-sim. Disse, um tanto constrangido.
As pessoas sempre haviam brincado com o fato dele, tão delgado, ser capaz de comer tanto.
Asami lembrou de sua noite passada com o jovem.
“É evidente que você já foi tocado por um homem, não, Akihito? E a experiência não foi agradável.”
Akihito fez uma pergunta casual:
-Você nunca come em casa?
-Não, só como fora. E você?
-Sou acostumado a cozinhar. Faço minha comida.
Quando terminaram, Akihito agradeceu novamente a refeição e Asami insistiu:
-Lembre que Myanmoto está de olho em você.
“Preciso me afastar desse homem. Perdi meu irmão por causa de um yakuza e agora estou me envolvendo com um?”
-Asami, o fato dele nos ter visto num restaurante não quer dizer nada.
-Não? Asami olhou para Akihito com malícia.
Nervoso, Akihito ponderou:
-O que fizemos não quer dizer que agora nós...
Asami lhe segurou a mão.
-Mas a gente pode...
-Foi um erro. Somos homens. Melhor eu ir. Tenho que trabalhar.
-Espere. Asami lhe segurou a mão com mais firmeza.
-Fale.
Asami lhe deu um papel com um endereço.
-Aqui. Leve esse terno a um tintureiro. Diga que pagarei a conta. Já pagou pelo aluguel dele?
-N-não. Baixou os olhos.
Sorrindo, Asami lhe disse:
-Eu pago. Sabe, esse terno não está à sua altura. Ficou grande. Você tem uma bela figura, Akihito. Tem que usar roupas adequadas, que façam você se destacar.
-Onde você compra as suas?
-Não as compro, mando fazer. Se um dia quiser...
-Não, obrigado.
Embaraçado, Akihito se despediu de Asami, que fez questão de lhe chamar um táxi e pagar a corrida.
“Eu devo me afastar dele. Ele me perturba. Só ver esses olhos me deixa tão...”
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