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História Um Sonho Particular - Capítulo 48


Escrita por: CrazyShadows

Notas do Autor


Pra esse capítulo gostaria que lessem ouvindo essa música - http://www.youtube.com/watch?v=rrVDViSlsSM&feature=related a letra e tradução dela aqui - http://letras.terra.com.br/led-zeppelin/21/traducao.html

Capítulo 48 - Capítulo 48


Fanfic / Fanfiction Um Sonho Particular - Capítulo 48

– Você é linda... – murmurou enquanto passava a mão por minha cintura, sorri involuntariamente. – Eu te amo. – admitiu beijando meu rosto. Estremeci sentindo minha coragem cair diante de tudo.

– Eu sei. Eu também te amo Matthew. – retribui enquanto acariciava seu braço sobre mim e ele se colocava ao meu lado.

Nossos olhos se encontraram por um tempo, ele talvez tentando adivinhar o que eu faria em seguida e eu tomando coragem e força para seguir com meu plano, levantar da cama e sair pela mesma porta em que havia entrado.

E foi isso que eu fiz, meio que sem expressão e lutando para manter minha sanidade acima de tudo, além de me manter sem lágrimas, sentei-me jogando as pernas para fora da cama e localizei minhas roupas pelo chão.

Ele me assistia pega-las metodicamente antes de me trancar no banheiro a fim de vesti-las. No pequeno espaço eu me encarei no espelho, era nítido o quão mortificada eu estava... Desabei debruçada sobre a pia, chorando silenciosamente enquanto ainda podia fazer isso. Eu não podia ceder agora, logo agora que tinha sido forte o suficiente para sair daquela cama.

Vesti as roupas devagar, memorizando até mesmo os detalhes do banheiro, sentia como se estivesse de partida para nunca mais voltar. Mas eu sabia que não era isso, porque eu sempre voltaria, de alguma forma.

Joguei uma quantidade significativa de água no rosto, prendi os cabelos num coque frouxo e ainda com a coragem faltando e tremendo do que estava por vir, girei a maçaneta saindo aos poucos do banheiro.

Matthew estava sentado aos pés da cama, apenas de cueca, sua cabeça postada entre as mãos e a respiração pelo que parecia um tanto falhada, como se ele tentasse guardar toda a angústia para si.

Continuei parada, sem reação, não sabia se devia apenas partir sem dizer nada, ou me despedir, ou... Meu cérebro se agitava a procura de algum gesto que facilitasse tudo isso, mas a cada hipótese ficava mais impossível.

– Não há nada que eu possa fazer dessa vez? – perguntou me encarando com os olhos repletos de dor, balancei a cabeça em negação. – Mas e se você me der uma chance de eu me explicar, eu juro que... – não deixei que ele terminasse, afinal eu sabia que aquilo só formaria uma briga de gritos, e eu não queria isso.

– Não Matthew, não complique mais ainda isso. Acabou. – pedi suplicante andando até o mesmo.

– Mas você mesma disse que me ama...

– Não é porque eu esteja pondo um término na nossa relação, que não signifique que eu não te ame... Amo você, tanto que chega até doer, isso não vai mudar Matt. – lhe confessei, enquanto acariciava de leve seu rosto. – Eu só... – queria dizer algo mais, porém as palavras faltavam.

– Por favor, Amanda. – suplicou baixinho, segurando minha mão em seu rosto.

– Não. E por favor, não me deixe pior do que eu já estou, eu só quero terminar isso sem mágoas nem ressentimento está bem? – ele não respondeu ainda atônito pela provável confusão de sentimentos que acontecia dentro de si. – Lembre-se, eu te amo Matthew, sempre vou te amar. – disse e beijei-lhe os lábios rapidamente, antes de me afastar, pegar a mochila e sair pela porta.

Fiquei um bom tempo parada no meio do corredor, minhas pernas não se mexiam e eu não fazia questão, até porque, sabia que tinha meu outro eu gritando e se debatendo dentro de mim pedindo para que eu voltasse e o perdoasse.

Ainda sem muita noção do que fazia movi-me lentamente até a sala, Brian estava sentado no sofá assistindo um programa qualquer e com a famosa garrafa de cerveja na mão, eu até poderia ignorá-lo, mas ele como sempre inconveniente...

–Precisando de um consolo? – perguntou com um sorriso maroto nos lábios.

– Não, muito obrigada. – respondi de pronto antes de agilizar meus passos para fora da casa.

– Ei Amanda, espere! – pediu pulando do sofá e eu fingi que não ouvi apenas seguindo para a porta. – É sério, eu só queria saber se você está bem... – murmurou mais próximo enquanto eu lutava entre abrir a maçaneta ou não.

– Eu pareço bem Brian? – indaguei numa pergunta retórica enquanto reprimia um soluço em minha garganta.

– Eu... Eu sinto muito. – sussurrou e pude ver sua mão erguer-se talvez num carinho, porém desabou antes que houvesse contato.

Abri a porta com violência e sai correndo, não me importei com a forte rajada de vento que me atingiu, ouvia trovoadas ao longe indicando o mal tempo. Meu corpo tremia violentamente, e não pelo frio, isso era o de menos... Eu tremia de desespero, cada vez que eu trazia ar para meus pulmões minha garganta ardia e a vontade de simplesmente cair e chorar aumentava. Detonada, era a palavra que mais se encaixava dentre minhas frustrações e lamentos.

Parei de súbito quando minhas pernas temiam fraquejar e eu pensei que com isso as lágrimas viriam à tona, mas não, apenas uma dor contínua apertava meu peito... Era como se eu estivesse prestes a explodir a qualquer momento, mas não pudesse.

Derrotada e cansada, peguei o primeiro ônibus para casa. Chegando à mesma movi-me quieta para o quarto, ignorando ou pelo menos tentando ignorar os murmúrios de Bruno sobre eu parecer um Zumbi... Estava prestes a me enterrar na cama e dormir no mais pesado sono quando a morena me interrompeu.

– Tá tudo bem Mandie? – apenas neguei com a cabeça enquanto a assistia fechar a porta e eu arrancava a blusa que vestia por estar impregnada ao cheiro de Matthew.

– Terminei com ele Rafa... – sussurrei baixinho não querendo acreditar no que dizia, ainda não tinha caído a ficha.

Ela não disse mais nada, apenas me abraçou, me abraçou tão forte que fui capaz de liberar qualquer barreira que ainda impedia meu choro que logo saiu forte e descompassado, como se estivesse guardado há tanto tempo que por mais um segundo faria o maior estrago de todos.

– Você tem certeza de que fez o certo? – perguntou me soltando de leve e eu neguei muda. – Como assim Mandie, você fez a decisão precipitadamente? – neguei de novo e ela suspirou me afastando e limpando minhas lágrimas com os polegares.

– Eu planejei tudo Rafa, tudo mesmo... Menos essa dor que eu estou sentindo. – admiti enquanto sentava em minha cama e fungava tentando controlar as lágrimas que agora saíam sem freio.

– Então se está doendo tanto assim, você ainda tem certeza de que fez a coisa certa? - engoli o ar processando os fatos.

– Eu sei que fiz certo porque não dava pra continuar daquele jeito, por mais que ele me pedisse desculpas no fundo eu ia guardar a mágoa... Nós não conseguiríamos seguir em frente dessa vez.

– Entendo. – comentou com a expressão pensativa. – Sabe, se você tem certeza da sua decisão sinta-se ao menos um pouco aliviada, pelo menos agora você não tem mais aquela preocupação contínua ao deitar a cabeça no travesseiro, agora você está livre de qualquer dúvida. – encorajou-me e eu pude ver um breve sorriso em sua face. – Eu sei que está doendo agora, mas tenho certeza que foi melhor para os dois assim...

– Mas o pior Rafa é que eu sei que não acabou totalmente, eu sinto. – suspirei resignada.

– Como assim não acabou Amanda? Vai dizer que você não disse completamente pro coitado que terminou de uma vez com ele... Ou pior, não me diz que você deu um “tempo”, porque se você deu um tempo eu juro que te mato! – quase ri com seu desespero.

– Não, não quero dizer dessa forma... O ponto é que mesmo agora que eu terminei com ele eu sinto que ainda estou presa a esse sentimento sabe? É como se eu não pudesse mudar o fato de que estou inteiramente ligada a Matthew, como se mesmo que de forma inconsciente eu dependesse dele. – ela semicerrou as sobrancelhas como se tentasse entender. – Eu sei que nós vamos voltar, eu sei que a história não terminou aqui... E não é uma mera esperança, é uma certeza. – terminei frisando a última palavra da frase e ela fez uma careta.

– Vocês dois são doentes ok? - ela fez uma pausa observando meu semblante em branco, eu tinha controlado as lágrimas. – Você devia estar chorando rios dizendo que vai sentir falta dele, ou murmurando coisas de pós-término de relacionamento, mas não, tá olhando pra mim e dizendo que tem certeza que vocês vão voltar. Qual o seu problema garota? – seu tom era um tanto surpreso, e eu começava mesmo me convencer de que estava ficando louca.

– Acho que meu problema é o Matthew. – resmunguei dando de ombros.

– Sério, promete pra mim que você só vai se lamentar por sentir falta dele ok? Nunca mais quero ouvir essa história de que vocês ainda não acabaram...

–Mas por que Rafa? – perguntei ainda sem entender o motivo para toda essa repercussão.

– Porque não se termina um namoro na certeza de que ainda exista chance de acontecer algo entre os dois... Você tem que colocar um ponto final, não deixar com reticências entende? – assenti, porém ainda incerta sobre seus argumentos.

– Mas se eu tenho certeza de que nós vamos voltar porque não posso pensar desse jeito? – ela soltou um longo suspiro.

– Porque essa é sua pequena personalidade tentando salvar os resquícios de Matt que existe dentro de você, essa é sua grande ilusão de que tudo um dia volta na vida... Mas não volta Amanda. – ainda não entendia porque ela dizia isso, mas meu coração se apertava a cada nova palavra.

– Não tem noção isso que você está dizendo Rafaela! – exclamei num tom mais elevado, meu lado irracional gritava dizendo que ela só queria me ferir com isso.

– Se você olhar bem vai ver que eu tenho razão. – dizia numa calma profunda que chegava arder meus ouvidos. – Eu só quero o melhor pra você Mandie. – concluiu antes de me dar as costas e sair do quarto batendo a porta atrás de si.

Ela sabia que mais um minuto e nós acabaríamos brigando, não por ela, mas por mim... Rafa me conhecia bem a ponto de saber que toda a angústia que eu sentia poderia se transformar em raiva com pouco tempo.

Notei que ainda estava sem camiseta e procurei pela primeira no armário, grande e comprida, livrei-me da calça jeans e coloquei-me debaixo das cobertas. Fechando os olhos eu podia ouvir Matthew em minha cabeça e a dor aguda atingia-me com força... De vez em quando eu via momentos antigos de nós dois, até o primeiro dia em que o vi naquela escola... De repente as falas de Rafaela faziam sentido e eu me sentia uma adolescente ridícula tentando recuperar um sentimento que já estava arruinado dentro de mim.

Meus devaneios compridos sobre cada vez em que ele me encurralou, cada vez que ele me seduziu com seu excesso de romantismo...

Lembrei-me de nossa primeira vez juntos, senti o sangue subir em minha face pela vergonha momentânea. Nós dois tínhamos mudado e eu só queria resgatar o que já estava no passado, era bobeira, coisa de criança, mas ainda assim doía e se tornava importante.

Aos poucos meu corpo que doía pelo cansaço foi se entregando ao mundo dos sonhos, sonhos que por consequência eu teria com um certo ogro que um dia havia sido meu namorado. Matthew, meu ex e agora recém-enterrado... Eu já sentia sua falta.



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