História Um Tempo de Lobos e Dragões - Jon I

Jon

A neve caía gélida e branca sobre o pátio de Winterfell. Jon Snow olhava em volta com tristeza enquanto memórias tilintavam em sua cabeça. Recordou de Bran Stark, o agora verdadeiro senhor de Winterfell, ainda uma criança pequena que gostava de escalar as muralhas. Rickon correndo por todos os lados com seu lobo gigante negro Cão Felpudo, agora estavam enterrados nas criptas ao lado de seu pai. Sansa, petulante e sonhadora estudando e custurando enquanto Septã Mordane a instruía e elogiava. Catelyn Stark que sempre o olhara com despreso, mas sempre demonstrava amor e ternura por seus filhos legítimos. O senhor seu pai, Sor Eddard Stark, o homem mais honrado que Jon conheceu e o que mais amou em sua vida. Robb Stark, o Rei do Norte sempre treinando para ser digno de um Senhor de Winterfell. Agora este título pertencia a ele, algo que nunca antes imaginou.

E Arya. Ah, como gostaria de estar com sua irmãzinha e bagunçar seus cabelos até deixá-la irritada. De todos, era mais difícil pensar nela. O pequeno desconforto na garganta levava uma dor angustiante ao seu coração. Não deveria pensar em Arya, não agora.

Fantasma fez seu caminho até seu lado e deitou-se espalhando seu calor e reconfortando-o. Jon Snow tocou seu pelo branco como a neve e desejou poder voltar no tempo. Mas foi Davos quem o tirou daquelas recordações.

— Recebemos uma carta da Muralha, vossa graça.

O senhor das cebolas parecia desconfortável nos pátios de Wintefell, mas tentara não demonstrar desde que chegaram. Jon ficava ainda mais desconfortável quando o chamavam assim, ele gostaria de dizer que não é graça nenhuma, que é apenas um Snow, um bastardo de Winterfell e a verdadeira herdeira encontra-se ali. Sansa Stark.

Abriu a carta e leu silenciosamente cada palavra. A Patrulha da Noite depois de receber a notícia sobre a vitória dos Stark logo pedia por homens para sua guerra.

Jon gostaria de dizer que todos os homens que lutam ao seu lado lutam pela Patrulha.

"Pela Patrulha"

A voz de Olly soou piedosa em sua memória e quando fechou os olhos ele pôde ver as lágrimas caindo sobre seu rosto jovem. Aquelas palavras ainda pesavam para ele, mas agora sua vigília tinha acabado.

— Jon. — Sansa murmurou do outro lado. Ela passou pelas longas colunas de pedra do pátio e parou ao seu lado. Um pequeno sorriso brincou em seus lábios, era difícil vê-la sorrindo depois de tudo que aconteceu.

— Aconteceu algo? — Ele perguntou apenas para verificar.

— Não se preocupe, vim apenas falar da visita.

— Visita? — Ele a olhava com curiosidade.

— Howland Reed está aqui.

O cranogmano, Jon pensou enquanto andava ao lado de sua meia-irmã. Nunca conheceu o homem, mas ouviu por todos os lados que foi um grande amigo de seu pai e que salvou sua vida na batalha da Torre da Alegria. Mas seu pai sempre se entristecia quando falava disso e parava de contar. Mas o que este senhor estava fazendo ali? Depois de tanto tempo...

O homem estava parado no grande salão quando entraram, Jon Snow sentou-se ao lado de Sansa e olhou para aquele senhor, mas não pôde deixar de pensar no pai. Engoliu em seco e ofereceu um lugar à sua mesa naquela noite e em quantas o cranogmano desejar. Era um homem baixo, mas sua voz elevava-se sempre que falava. A maneira que o homem o olhava fazia o rapaz sentir um leve arrepio na espinha, como se o conhecesse a vida toda. Ele veio até Winterfell jurar lealdade aos Stark, mas disse que não ficaria por muito tempo, pois precisava voltar para o Gargalo, já que é o Senhor de Atalaia da Água Cinzenta.

— A Winterfell juro a fidelidade da Água Cinzenta, cedemos-lhe a lareira, o coração e a colheita, vossa graça. Nossas espadas, lanças e flechas estão às suas ordens. Conceda misericórdia aos nossos fracos, ajude nossos impotentes e faça justiça a todos, e nunca lhe faltaremos. Juro pela terra e pela água. Juro pelo bronze e pelo ferro. Juro pelo gelo e pelo fogo. — O homem dizia enquanto de joelhos.

— Faça de Winterfell o seu lar pelo tempo que precisar, Milorde. Erga-se.

O homem se levantou e ergueu os olhos verdes para Jon, onde ele os manteve desde que entrou. Fantasma esteve ao seu lado o tempo todo, mas nem mesmo o lobo gigante fez o homem vacilar sua atenção. Jon pediu para um dos homens o acompanhar até um quarto.

— Agradeço, vossa graça Jon Snow.

Depois de dizer aquilo, Jon só o viu novamente no jantar, e alguns dias depois foi embora e Davos trazia notícias de Porto Real, onde agora a Rainha Regente Cersei tinha sentado no trono de ferro e declarado-se a Rainha de direito do trono pela casa Lannister.

Mas Jon sabia que não podia travar uma guerra contra os Lannister, sua guerra era maior e seguia mais ao Norte. Sua guerra era contra os Outros e estava apenas começando. O inverno chegou, como seu pai sempre prometeu, e com ele vem os mortos.