História Um Tempo de Lobos e Dragões - Arya I

Arya

Ela caminhava lentamente pela mata enquanto mordiscava o último osso do animal que matara aquela manhã. Seguia um único caminho, e apontava para o Norte. As noites passavam lentamente sempre que ela pensava em Jon, Bran, Rickon e até em Sansa. Desejava ver os muros de Winterfell, sentir o calor de sua casa. Agora, ela se infiltraria em seu próprio lar e mataria o bastardo Ramsey Snow. 

Numa pequena vila, ela ouviu dois cavaleiros conversando e rindo alto, ele falava sobre a guerra dos reis que morreram e que agora a rainha senta no trono de ferro.

Cersei.

Arya sussurrou seu nome assim que ouviu as palavras. Mataria a Rainha Cersei assim que a encontrasse, Jaime Lannister, o irmão da rainha era a maneira mais fácil de chegar até ela, mas teria uma vingança de cada vez, e aquela era a vez de Walder Frey e seus milhares de filhos.

Ela poderia seguir para Porto Real e enfiar Agulha nas costelas magras da rainha, mas precisava se vingar por sua família e ser a Stark em Winterfell. Por Sansa, ela pensou tristemente.

Ficou irritada quando o homem não falou sobre o Norte, mas não demonstrou, foi-se imediatamente sem olhar para seus rostos.

Enquanto caminhava pela mata, ela ouviu alguns passos e subiu na árvore mais alta para que não fosse vista, um grupo se aproximava, ela reconheceu alguns rostos. Beric Dondarrion e Thoros de Myr. Sentiu a mão formigando quando tocou em Agulha. Ela sabia que a Irmandade sem Bandeiras não era fácil de ser encontrada, eles eram espertos e por isso não demorou muito para que a notassem ali.

Arya desceu da árvore conformada, ela começara a traçar seu plano.

— Não tem uma alma viva por aqui nesse pedaço de merda que vocês escolheram. — Assim que ouviu aquela voz grave, Arya virou-se assustada e vislumbrou o Cão de Caça cambaleando naquela direção.

Por um momento ela achou que poderia ser uma memória viva, mas não lembrava-se de nada como isso.

— Menina? — Ele disse assustado. — Pensei que estaria morta.

— O mesmo. — Ela falou sem tirar os olhos dele.

— Você não quis me matar e eu decidi mandar os deuses se foderem. — Ele riu alto enquanto sentava-se bruscamente sobre uma pedra.

Arya descobriu que agora o Cão está com a Irmandade sem Bandeiras, pelo menos por um tempo e que eles estão se preparando para a Grande Guerra. Ela não perguntou qual, eram tantas que já perdera a conta.

Seus planos agora estavam complicados, ela não esperava que o Cão estivesse ali, por mais que conseguisse matar a todos, ele já não estava em sua lista, e não a deixaria dar um passo sequer sem que seus olhos a seguissem.
Eles estavam assando rãs quando o Cão se aproximou dela e falou num tom divertido.

— Não é galinha, mas dá pra engolir.

Beric Dondarrion contava histórias passadas há muito tempo, ele falava sobre a longa noite e os Outros, mas cada palavra lembrava a Arya de seu quarto em Winterfell, quando a Velha Ama contava aquelas histórias e ela ia dormir cheia de curiosidade.

Arya não deixa de pensar que se fosse a jovem Nissa Nissa, agarraria o braço de seu senhor e enfiaria a espada em seu peito, então ela seria Azor Ahai e carregaria a luminífera. Seria uma história com reviravoltas mais interessantes.

Arya decidiu seguir com a Irmandade sem Bandeiras, mas apenas para planejar sua vingança. Eles misteriosamente seguiam para o Norte, mas ela não perguntou por que, eles nunca chegariam lá mesmo.

Algumas noites depois, uma mulher a cavalo chegou e conversou com Thoros ao longe, tinha longos cabelos vermelhos assim como suas vestes, Arya a reconheceu quando se aproximou deles, e com a mulher vermelha não tinha sido diferente. Assim como antes, a mulher tocou seu rosto com precisão.

— Os olhos foram fechados. — Murmurou. — E nos encontramos novamente.