1. Spirit Fanfics >
  2. Um vira-tempo com defeito >
  3. Capítulo 5

História Um vira-tempo com defeito - Capítulo 5


Escrita por: Diana-Mycroft

Notas do Autor


Olha eu por aqui novamente ^.^
Divirtam-se!!!

Capítulo 5 - Capítulo 5


Fanfic / Fanfiction Um vira-tempo com defeito - Capítulo 5

Pov Draco Malfoy

Draco suspirou frustrado, Scorpius ainda não tinha tomado o suficiente da poção, porque ainda não respondia as perguntas objetivamente. Draco esperou Scorpius beber mais dois goles da água tentando acalmar-se. O menino não respondia mais por si só e Draco notou que ele estava totalmente enfeitiçado, a poção deixou ele em transe. Poucas vezes o loiro tinha visto alguém utilizar aquela poção, mas os sinais eram claros e o garoto não seria mais capaz de mentir ou omitir nada a partir daquele momento.

Draco tentou uma pergunta diferente para ter certeza que a poção estava fazendo efeito:

— Qual é o seu nome?

O menino respondeu de modo mecânico e monótono:

— Scorpius Hyperion Malfoy.

Malfoy ele era um Malfoy? 

"Como?"

Draco buscou em sua mente algum parente distante, mas nada, os Malfoy sempre foram filhos únicos, a árvore genealógica de sua família ficava na parede do escritório do seu pai e de acordo com a sua mãe sempre que um Malfoy nascia ou morria a árvore da mansão sofria essa mudança magicamente. Nunca existiu um bastardo na família, isso porque uma maldição antiga foi lançada sobre eles graças a primeira matriarca Malfoy.

Não tinha como? Scorpius, nome de constelação, uma herança da família Black, Draco só tinha esse nome por conta da mãe dele. Então por um momento ele teve uma ideia louca.

Draco perguntou tentando manter o tom de voz neutro:

— Você veio do futuro?

O garoto assentiu.

— Sim.

Draco arregalou os olhos surpreso, ele queria perguntar muitas coisas para Scorpius, mas tentou manter-se sob controle, tinha coisas mais importantes para saber naquele momento. 

— Você conhece os alunos dessa escola?

O menino respondeu:

— Conheço a maioria dos adolescentes daqui, mas todos são adultos no meu tempo, inclusive esbarrei com meus pais e posso dizer que eles ainda nem sonham em me ter.

Draco arqueou a sobrancelha direita.

— Se você é um Malfoy, eu sou o seu pai?

O menino assentiu:

— Sim.

Draco tentou manter a calma. Ele gostaria de saber tantas coisas sobre o futuro, mas talvez fosse melhor não ter nenhuma noção do que o aguardava. A vida dele sempre teve um esboço, um roteiro, ele sempre tinha um plano para como deveria agir, quem deveria ser, mas naquele ano ele não tinha, a partir do momento que colocou os pés para fora do seu julgamento ele estava livre e gostaria de manter-se assim.

Quanto tempo aquele garoto estava por ali? 

Draco gostaria de saber, então perguntou:

— A quantos dias você está no passado?

O menino contou nos dedos antes de responder.

— Quatro dias.

Draco suspirou exasperado.

— Como você chegou aqui?

Scorpius relatou:

— Roubei a vassoura do meu pai adolescente, mas acabei ficando perdido na floresta proibida, então desmaiei de exaustão, pelo menos eu acredito que foi por esse motivo, então acordei aqui.

Draco tirou o copo de água da mão do menino e fez uma pergunta mais específica:

— Como veio parar no passado?

O menino respondeu:

— Minha irmã e eu estávamos nos divertindo, mexendo nas coisas da mamãe sem a permissão dela é claro. Encontramos uma caixa de lembranças no armário do escritório dela e decidimos ver o que tinha dentro. Alguns livros antigos, um cachecol da Sonserina, cartões de dia dos namorados, um guardanapo com um pedido de namoro escrito e um porta jóias. Rose pegou o vira-tempo de dentro do porta jóias de veludo vermelho, tentou fazê-lo funcionar, mas nada aconteceu, pedi para ela me entregar, mas ela não me entregou, então tentei tirar dela a força, mas…

Draco o interrompeu:

— O vira-tempo quebrou?

O menino assentiu:

— Sim ele quebrou, mas o problema não foi esse. Rose tentou consertá-lo, ela usou o feitiço Reparo, enquanto eu segurava ele, mas nada aconteceu. Decidimos levar ele para Hogwarts, assim minha mãe não notaria que o quebramos. Mas quando cheguei na estação junto com meus pais o vira-tempo vibrou no meu bolso e continuou vibrando até chegar na escola, tirei ele do bolso depois do jantar e quando notei estava aqui.

Draco conseguia sentir o medo daquele menino, mesmo enfeitiçado ele parecia estar arrependido do que fez.

Um vira-tempo capaz de voltar anos no tempo, ele já tinha ouvido falar sobre isso em algum lugar. Mas onde?

Draco perguntou:

— A Granger sumiu por causa do vira-tempo?

Scorpius sorriu nervoso.

— Exatamente.

Draco percebeu que a poção estava deixando de fazer efeito, o menino piscou nervoso e levantou da cama irritado.

— Você não deveria ter feito isso comigo!

Draco deu de ombros.

— Você já contou tudo isso para Diretora Mcgonagall?

Ele assentiu.

— Contei e ela disse que era melhor ficar longe de você.

Draco estourou:

— Por qual motivo?

O garoto gaguejou um pouco:

— Não posso dar informações reveladoras sobre o futuro… e olhar para você e dizer, “Olá sou seu filho!”. Isso só vai te deixar confuso e não vai me ajudar a voltar para casa.

Draco encarou Scorpius observando cada traço do garoto, os mesmos olhos, o mesmo cabelo, porte físico, cor da pele, sorriso, lábios, maneira arrogante, o jeitinho irritado, o garoto era ele por escrito.

Draco perguntou perplexo com a consciência temporal que tinha aquele garoto:

— Você só tem onze anos?

Scorpius piscou.

— Tenho, mas que importância você vê nisso agora?

Draco deu de ombros.

— Você é meu filho, mas parece ter muito mais noção do que eu quando tinha a sua idade. Se não pode revelar fatos do futuro e sabia disso deveria, pelo menos, ter evitado cruzar comigo. Sabia?

Scorpius suspirou frustrado. 

— Eu tentei, eu juro que tentei esbarrar o mínimo possível com as pessoas que eu conheço no futuro, mas não deu para evitar todos. Fui na biblioteca tentando encontrar uma solução para o meu problema sozinho, afinal eu sou Scorpius Malfoy e nada, nem ninguém consegue me vencer. 

O menino fez uma pequena pausa e falou em tom divertido:

— Foi quando encontrei com a sua amiga, ela se voluntariou para me ajudar.

Draco cruzou os braços exasperado.

— A Granger e eu não somos amigos.

Foi aí que o menino realmente arregalou os olhos.

Desesperado ele perguntou:

— Vocês não são amigos? Quero dizer, vocês não tem nada?

Draco negou observando o assombro que tomou conta do garoto.

Scorpius coçou a cabeça bagunçando todo seu cabelo.

— Dessa vez, estou realmente ferrado!

 

Pov Hermione Granger

Hermione abriu os olhos e estava em um quarto desconhecido, levantou da cama e andou calmamente pelo cômodo, depois abriu a porta e andou cautelosa pelo pequeno apartamento, olhou pela janela e deparou-se com a Londres trouxa. Viu bichento confortável na poltrona e voltou para o quarto, abriu o guarda roupa e viu roupas femininas nele, deduziu que eram todas dela.

Pegou algo confortável e trocou-se no banheiro, uma blusa de frio leve vermelha, uma calça jeans escura e a sapatilha também vermelha para combinar com a blusa. Escovou os dentes e percebeu que aquela não era mais a Hermione de dezenove anos. Assustada ela escutou a campainha da porta.

Hermione abriu sem saber bem o que esperar.

Uma Gina mais velha estava ali, com uma aliança enorme dourada, claramente casada. Usando um sobretudo preto, cachecol vermelho e botas de arrasar.

— Vai me deixar aqui fora?

Hermione deu passagem para ruiva que jogou-se no sofá.

— Hoje é seu aniversário de 23 anos não de 43, você deveria estar mais animada!

Hermione sorriu ao descobrir quantos anos aquela versão sua tinha, vagamente ainda lembrava-se das palavras de Dumbledore, ela tinha que tomar muito cuidado para não afetar aquele tempo com escolhas que ela faria no passado. Tudo que ela fizesse ali poderia colocar em risco o futuro daquele menino que ela mal conhecia e nem sabia quem era.

Hermione só precisava aguentar até o tempo de retorno.

Gina continuou falando:

— Sei que você brigou com seu namorado, de novo, mas isso não é motivo para aceitar sair com o tosco do meu irmão.

Hermione sentou do lado da ruiva.

— Eu vou sair com Rony?

Gina deu um leve peteleco na cabeça da amiga.

— Hermione pensei que você tinha superado sua paixonite ou melhor pensei que fosse perdidamente apaixonada pelo seu ex-atual, nem sei mais, namorado, vocês vivem brigando, mas no final correm sempre para os braços um do outro.

Hermione deu de ombros, da última vez que tinha tido um namorado, fora dela mesma, ele era Malfoy. Será que Gina estava falando do loiro?

Hermione jogou verde:

— Se estamos sempre brigando é porque não combinamos.

Gina riu da afirmação dela.

— Hermione Granger e Draco Malfoy se completam, vocês são perfeitos um para outro, o que um não tem o outro tem de sobra, com exceção do orgulho gigante isso vocês possuem na mesma medida. Os dois realmente não combinam para quem não os conhece bem, mas isso é porque vocês formam uma coisa só, como dois lados de uma moeda. Uma façanha que Harry e eu achamos interessante.

Hermione sorriu ao notar que a outra aliança deveria estar no dedo do seu melhor amigo.

Quis saber mais sobre o assunto.

— Como vai a vida de casada?

Gina riu e depois sorriu.

— É uma loucura, casar tão nova, pelo menos é o que todos me dizem. Então se um dia eu surtar faço as minhas malas, largo Harry sozinho naquela casa no Largo Grimmauld e me enfurno nesse seu apartamento.

Hermione sorriu para ruiva, a campainha tocou novamente e ela foi abrir, mas não estava preparada para ver um Draco Malfoy desarrumado, a roupa social bagunçada a gravata claramente frouxa e com cara de quem não dormiu bem na noite passada. Mesmo estando fora do seu habitual, a barba rala por fazer, ele ainda ficava bonito. Realmente viajar no tempo estava deixando os seus neurônios confusos e a prova concreta era a vontade de observar o loiro parado na sua frente mais de perto.

Com a voz rouca e aveludada ele perguntou:

— Posso entrar?

Hermione deu passagem para ele notando como o corpo dela arrepiou-se ao sentir o dele por perto, um reconhecimento que para Hermione foi espantoso. Ela podia não se lembrar dele, mas o corpo onde ela estava, claramente lembrava.

Gina levantou do sofá e sorriu sem graça.

— Vou deixá-los a sós.

Gina colocou as mãos nos ombros dela e sussurrou em tom conspiratório:

— Acaba com ele, deixa ele arrasado e coloque ele para correr atrás de você Mi. Sei que você consegue, assim ele vai se arrepender de aparecer com essa cara no dia do seu aniversário.

Hermione sorriu para Gina e se despediu. Voltou para sala tentando entender como daria início aquela conversa, para começar ela não sabia se eles tinham ou não brigado, se tinham ou não discutido, se estavam ou não namorando. Como ela gostaria de ser levada para outro lugar agora.

Draco estava sentado no sofá, o terno dele estava jogado ao seu lado, ele estava tirando a gravata e tentando reorganizar sua aparência. 

Hermione sentou no sofá de frente para ele.

Ele tirou uma caixa de dentro do paletò.

— Eu ia te entregar mais tarde, mas não sabia se estaria aqui.

Hermione pegou a caixa azul marinho, mas não abriu.

Ela perguntou tentando não soar fria:

— O que te traz aqui Malfoy?

Ele não ficou incomodado por ouvir o sobrenome dele, um sinal de que eles deviam estar brigados. Ele olhou nos olhos dela, confusa Hermione conseguiu identificar saudade dentro do mar cinza dos olhos dele. Malfoy nunca foi um livro aberto, mas ali ela conseguia decifrá-lo.

— Vim te pedir algo egoísta, porque eu sou assim. E espero que você não consiga negar o meu pedido, porque você também é assim.

Hermione manteve as mãos firmes na caixa, ela não queria transparecer que estava nervosa e levemente confusa.

— Sei que vai sair com o Weasley hoje, então como é o seu aniversário decidi reconsiderar a confusão da semana passada. Vim aqui te pedir para passar a tarde do seu aniversário comigo, quando der a hora de sair com ele, prometo te deixar lá sã e salva.

Gina tinha saído, mas ela podia encontrar a amiga no Largo Grimmauld e perguntar onde seria o encontro com o ruivo ou podia ir com Malfoy e descobrir o que tinha acontecido na semana passada.

Optou por ser justa.

— Preciso trocar de roupa?

Malfoy piscou os olhos parecendo surpreso com a falta de resistência da parte dela.

— Não precisa, mas eu preciso. Você pode me dar alguns minutos.

Ela deu de ombros sendo sarcástica:

— Você tem a tarde toda.

Ele não demorou quinze minutos, mas ela nem percebeu porque continuou encarando a caixa azul. Ela lembrava do globo de neve primaveril. Era a segunda vez que ele a presenteava e de certa forma ela gostava disso.

Ele voltou mas estava de banho tomado, barba feita, cabelo alinhado, calça jeans clara, blusa de frio de moletom preta, calçando um tênis também preto de marca trouxa, Nike. Parecia apenas mais um jovem londrino, nada bruxo, nada mágico, nada no estilo arrogante de Draco Malfoy, mas mesmo assim a presença dele destacava-se na multidão.

Ele estendeu a mão para ela.

— Vamos Hermione, tenho que levar você para um encontro nostálgico.

Ela deixou a caixa em cima do sofá e aceitou a mão que Malfoy oferecia para ela, os dois aparataram em um beco deserto da Londres trouxa. Para o encanto dela Malfoy parecia conhecer bem o lugar onde estavam, andou tranquilamente com ela pelo shopping e parou na fila do cinema.

— Você vai querer pipoca?

Ela negou, mas mesmo assim ele pediu uma promoção média para a atendente, entregou os dois refrigerantes para Hermione e carregou a pipoca. Ela nem prestou atenção no filme, só conseguia olhar para o loiro. Malfoy estava sentado de maneira relaxada, uma das mãos dele estava presa na dela, a outra segurando o balde de pipoca, ele ria com as outras pessoas, se assustava assim como elas e xingava junto com elas também, parecia pertencer aquele lugar, ao mundo dela.

Ele colocou uma pipoca na frente da sua boca que estava levemente aberta.

— Vai ficar me olhando o filme inteiro Herms?

Ela assentiu e aceitou a pipoca, os dedos dele resvalaram de leve em seus lábios e um arrepio gostoso percorreu pelo corpo dela.

Ela sussurrou para ele:

— Estou tentando entender.

Ele deu de ombros.

—  O quê?

Ela não sabia se deveria, eles poderiam ser expulsos pelo lanterninha, já que estavam atrapalhando as outras pessoas a se concentrarem no filme, um erro imperdoável naquele lugar.

Mas ela resolveu que era melhor saber do que continuar no escuro:

— Nós dois.

Draco passou a mão na lateral do rosto dela.

— Isso é uma coisa que eu também venho tentando entender nesses últimos quatro anos.

Hermione arregalou os olhos de leve. Eles estavam juntos a tanto tempo? Se os dois estavam namorando desde o sétimo ano, porque ela ainda lembrava do beijo deles na enfermaria, e estavam juntos a quatro anos, ele sabia no que ela trabalhava, onde ela morava, do que ela gostava, mas ela não sabia nada sobre ele. Nada sobre o que aconteceu na semana passada e no ano passado, no decorrer da sua vida até aquele momento.

Ela desviou os olhos dos dele e voltou-os para tela do cinema. O filme não passava de um fundo barulhento para os pensamentos vagos dela. Quem ela havia se tornado? Pelo menos ainda tinha os amigos, Gina era a prova disso. Mas como e quando ela tinha trocado o ruivo pelo loiro? Sua ideia de futuro sempre envolvia Rony.

O filme terminou e os dois saíram do cinema pegando o metrô em vez de aparatar. Hermione observou abismada Draco Malfoy comprar os bilhetes para um parque de diversões. 

Os dois entraram juntos e ele disse:

— Temos exatamente mais duas horas antes do seu encontro com Weasley. 

A maneira vazia como ele pronunciou aquela frase deixou-a um pouco preocupada. Malfoy podia estar tentando parecer controlado, mas Hermione viu um certo ressentimento na expressão dele.

Ele sorriu de lado perguntando:

— Por onde devemos começar?

Hermione observou as filas, estava relativamente vazio, então eles poderiam começar pelas atrações radicais. Ela queria ver até onde Malfoy a conhecia e estava disposto a ir com ela e por ela.

Ela apontou para a montanha russa média do parque:

— Por aquele.

Malfoy assentiu sem medo nenhum. Pelo caminho pararam no bate-bate. Hermione ficou surpresa quando ele desviou do carro de uma criança para bater no dela, Malfoy estava se divertindo e os sorrisos que ele dava eram capazes de fazer o estômago dela contorcer como se estivessem preenchidos por borboletas. Saíram do bate-bate e entraram na fila da montanha russa, mas a cada passo Hermione arrependia-se da sua escolha.

Malfoy colocou a mão nas costas dela de maneira calorosa, fazendo movimentos de sobe desce, algo que deveria encorajá-la, mas só estava fazendo o sangue dela circular mais rápido pelo corpo.

Ele disse:

— Nós podemos trocar a altura desse brinquedo por uma ida no carrossel. O que acha Herms?

Ela negou.

— Quero ir nesse.

Ele suspirou derrotado.

— Se você diz, vou fingir que acredito.

Eles sentaram lado a lado e assim que o brinquedo entrou em movimento ela agarrou-se a Malfoy. Segurou no braço dele com as duas mãos e não teve tanto medo, gritou como todas as outras pessoas, riu de alívio como as outras pessoas e para surpresa dela o frio na barriga ao olhar para o chão lá embaixo não fez seus pelos arrepiarem e a garganta fechar de medo, apenas fez cosquinha, uma cosquinha boa, assim como o toque sútil da mão dele na dela. Mas tudo isso só foi possível porque ela estava estranhamente segura ao lado dele, um lembrete constante de que no final tudo ia acabar bem.

Desceram da montanha russa e deram uma volta na roda gigante.

Sentados lá em cima Malfoy colocou a mão sobre os ombros dela.

— Por que sempre escolhe esses brinquedos se você tem medo de altura?

Ela sorriu satisfeita para a vista do horizonte que se estendia para os dois lá de cima. A Hermione mais velha também tinha aquela sensação de segurança e conforto ao lado dele então, por isso ela sempre se arriscava com ele.

Hermione expressou aquele sentimento novo em palavras:

— Porque tenho a sensação de que sempre posso segurar na sua mão, Malfoy.

Ele deu de ombros.

— Não é o que parece, nós sempre corremos um do outro, não na direção um do outro. Seu departamento está sempre em conflito com o meu, meus objetivos parecem sempre longes dos seus, minhas opiniões sempre soam divergentes das suas. As pessoas sempre enfatizam o quão diferentes somos um do outro.

Hermione virou o rosto para o dele. No fim ele não era tão diferente dela, ele conseguia sorrir com as coisas simples, presenteá-la sem errar, pelo menos até aquele momento, a opinião das pessoas não importava tanto para ela.

— Como assim?

Ele sorriu triste.

— Nós somos incapazes de manter o trabalho longe da nossa vida pessoal. Por isso sugeri que terminássemos, não imaginei que correria para os braços do Weasley na primeira oportunidade que tivesse.

Hermione sentiu a raiva borbulhar dentro dela. Como ele poderia dizer uma coisa dessas tão tranquilamente para ela.

 

Pov Draco Malfoy

A diretora Mcgonagall parecia prestes a explodir. Os olhos dela estavam quase esbugalhados de raiva e espanto.

— Como o senhor Malfoy pode forçar esse menino a beber uma poção? Ainda mais usar Veritaserum. Ele não queria te ver e havia motivos para tal.

Draco deu de ombros.

— Agora entendo os motivos dele, mas a senhora deveria prestar atenção nos meus.

A diretora suspirou irritada. Tanto Scorpius quanto Draco estavam sentados na sala da diretora naquele momento levando um sermão enorme.

— O que pode ter acontecido de tão importante para o senhor ter algum motivo relacionado ao caso?

Quem respondeu foi o Scorpius:

— Acho que posso ter colocado o futuro dele e a minha existência em risco Diretora.

Mcgonagall arqueou as sobrancelhas cruzando os dedos sobre a mesa embaixo do seu queixo. 

— Explique-se melhor senhor Malfoy.

Scorpius olhou de Draco para a Diretora.

— Diretora vamos supor que o vira-tempo quebrado leve a Granger para lugares onde ela possa interferir no futuro ou até mesmo no passado de maneira ampla e inconsequente.

Mcgonagall desceu as mãos deixando-as cruzadas sobre a mesa.

— Isso eu também já pude concluir. Enquanto vocês estavam brincando de interrogatório dentro da enfermaria, eu fui até a seção proibida da biblioteca e procurei mais informações sobre os vira-tempos. Há pouquíssimos e raríssimos estudos sobre feitiços temporais, por conta dos seus efeitos colaterais irreversíveis. O tempo é algo natural que está além do nosso domínio, mesmo que possamos fazer magia e dominar outros aspectos da natureza, não somos deuses, somos apenas bruxos, limitados e passíveis de falhas.

Draco e Scorpius deram de ombros ao mesmo tempo, algo que poderia até ter sido engraçado e capaz de fazer a diretora sorrir, mas a situação não a permitia tal deleite.

— A senhorita Granger pode não só estar presa em um looping infinito temporal, como também pode estar presa dentro de uma linha temporal confusa, voltando para o passado e indo de repente para o futuro. Ela pode estar presa dentro do corpo físico dela de uma criança, ou pode estar presa dentro do corpo físico dela de uma idosa, mas com a idade que tem agora. Talvez ela tenha até perdido seu corpo material e esteja vagando nessas linhas temporais como uma alma, apenas uma projeção fantasma de si mesma.

Scorpius arregalou os olhos e Draco suspirou frustrado.

— Além disso ela pode não ser capaz de retornar se não tiver ajuda no tempo em que está presa.

Scorpius perguntou:

— Ela pode nunca mais voltar?

Mcgonagall sorriu triste.

— É provável, por isso estou contatando os bruxos mais competentes que conheço, estou buscando em todos os lugares que eu consigo, mas até agora, nenhuma solução me foi apresentada. Nem mesmo um vira-tempo parecido com esse que estava em sua posse.

Scorpius perguntou:

— Tem alguma maneira de tentar saber onde ela está?

Mcgonagall negou.

— Não.

Scorpius deixou seus braços imovéis e pareceu perdido.

Mcgonagall arqueou as sobrancelhas e observando cada gesto do garoto ela disse:

— A não ser que a sua existência no futuro dependa estritamente dela. Assim poderíamos tentar monitorar a situação através das suas lembranças.

Draco percebeu onde a Diretora queria chegar, ela estava insinuando que Scorpius de alguma maneira era filho dele com a Granger. Isso seria impossível, eles estavam fazendo uma trégua naquele ano, ele até sentiu vontade de beijá-la, uma ou duas vezes naquele curto espaço de tempo, mas sair daí para casar com ela e ter filhos era uma outra história. De olhos arregalados Draco percebeu que aquela insinuação fazia total sentido, uma vez que Scorpius tinha uma irmã e disse que ela estava na Grifinória, uma Malfoy na Grifinória só seria possível se o impossível acontecesse de fato. 

O garoto suspirou derrotado.

— Ela é a minha mãe, se ela não voltar para esse tempo, talvez eu deixe de existir diante dos olhos de vocês.

 

Pov Hermione Granger

Ela queria esbofetear a cara dele. Aquele loiro metido e arrogante, ela não podia acreditar que estava mesmo sentindo alguma empatia por aquele desqualificado oxigenado. 

— Escuta aqui Malfoy, se nós terminamos e ainda por cima porque você sugeriu. Como você se sente no direito de me questionar? Não sou sua propriedade, não sou sua namorada e muito menos sua amiga. No momento quero apenas que você pegue a sua prepotência e suma da minha frente. Se estou ou não me atirando para o Rony isso não é mais problema seu!

Malfoy tirou a mão dos ombros dela e pareceu surpreso pelo estouro repentino de fúria da castanha.

— Hermione eu só estava…

Ela o cortou imediatamente, ela sabia que aquele não era o seu tempo e que talvez aquela versão dela não fosse agir daquela maneira, mas no fundo a sensação que a dominava era a de que estava se fazendo um grande favor ao livrar-se dele.

— Não me venha com Hermione ou Herms, Malfoy, nossas duas horas já devem ter acabado e se não expiraram considere assim.

Ele calou-se e ela também permaneceu assim, desceram da roda-gigante com cara de poucos amigos, duas carrancas nada parecidas com os rostos alegres de quando subiram. O caminho de volta foi a aparatação, sem grandes surpresas, pelo menos foi o que Hermione pensou até se deparar com uma mansão nada modesta e um ruivo de olhos azuis bem familiar na porta dela.

Ronald Weasley estava com os ombros mais largos, de calça jeans escura e uma blusa azul com um casaco vermelho por cima, os tênis brancos. O cabelo dele não mudou nada, as sardas fofas, os lábios carnudos avermelhados nada parecidos com os finos e rosados do loiro que ainda segurava sua mão. A postura relaxada do ruivo parecia um claro deboche em relação a tensão que dominava o Malfoy. Os dois encaravam-se amplamente e ela não gostou da expressão de descaso que tomou conta de Rony em relação ao loiro.

Malfoy soltou a mão dela e disse em tom neutro:

— Está entregue Granger. 

Ela deu de ombros colocando as mãos no bolso de trás de sua própria calça.

— Passar bem Malfoy.

Ele olhou ela de cima a baixo.

— Tem certeza do que está fazendo?

Ela continuou séria, tentando não demonstrar que quando ele falou o sobrenome dela no lugar do seu nome ficou levemente magoada.

— Tenho, nunca tive tanta certeza em toda a minha vida.

Ele deu as costas para ela e aparatou sem dizer mais nada. Ela permaneceu ali encarando o vazio deixado por ele. Como em tão pouco tempo ela poderia sentir algo por ele?

Rony aproximou-se dela despretensiosamente. 

— Oi Mione!

Ela sorriu para ele assim que foi tirada do chão pelo abraço caloroso do ruivo.

— Oi Rony.

Ele sorriu e passou o braço pelos ombros dela, mas ela não conseguiu sentir as borboletas, as malditas pareciam estar mortas, incapazes de bater as asas no momento certo. 

Os dois andaram assim até entrar na mansão. Maravilhada e surpresa Hermione observou a sala aconchegante com uma parede de vidro que mostrava o amplo jardim, a lareira de pedra estava acesa, sobre ela o enfeite central eram duas vassouras de quadribol cruzadas com as cores da Grifinória uma vermelha e a outra dourada, as poltronas aconchegantes em tons variados de vermelho, o tapete felpudo e fofo marrom tomava conta do piso. 

Na mesa de centro um bolo de morango com chantili de tamanho médio, com uma vela que ainda não estava acesa, no chão sobre o tapete perto da mesa de centro duas caixas de presente com embrulho vermelho e fita amarela. Diante daquelas caixas Hermione pegou-se pensando na caixa média azul que deixou em cima do sofá e no fato de Malfoy saber sua cor favorita ao passo que Rony ou não sabia ou ignorava deliberadamente.

Rony sorriu amigável e disse:

— Sinta-se em casa. Lembro que quando eu comprei esse lugar você me disse que era grande demais para uma pessoa só.

Hermione sentou-se no tapete em vez do sofá, ficando de frente para o bolo.

Ela disse:

— Parece ter cômodos demais para uma pessoa só.

Fazendo questão de olhar em volta.

Ele colocou as mãos no bolso da frente da calça jeans.

— Talvez, mas depois que consegui me tornar o goleiro oficial em vez do reserva quis fazer algo grande com meu salário.

Hermione assentiu.

Ele sentou no tapete com as costas apoiadas no sofá do outro lado da mesa. A mesa estava entre eles, enquanto Hermione estava sentada de pernas cruzadas no chão de costas para lareira.

— Sabe que eu sinto sua falta não sabe, Mione?

Os olhos azuis vívidos refletiam o calor da lareira atrás dela, mas Hermione não conseguia deixar de sentir-se culpada pela mágoa que deixou marcada nos olhos cinzas.

Ela perguntou incerta:

— Sente?

Rony sorriu.

— Sinto e como hoje é o seu aniversário e nós dois estamos de folga quis ficar com você só para mim.

Ele acendeu as velas e disse:

— Faça um pedido.

Hermione fechou os olhos e pediu, pediu com todas as forças que no final daquela bagunça ela não se machucasse, nem fosse capaz de ferir ninguém. Apagou as velas e cortou o primeiro pedaço de bolo para deparar-se com um anel dentro da massa rosada, protegido por mágica, uma ideia que era a cara de Molly Weasley.

Surpresa ela tirou o anel de dentro do bolo, um rubi brilhante em seu aro dourado.

Rony parecia ansioso.

— Esse anel é meu presente de aniversário?

Ele negou.

— Eu sou seu presente Mione. Eu sou seu. Não estou te pedindo em namoro, porque sinto que deixei esse momento passar, mas ainda posso tentar pedi-la em casamento. Você é a mulher da minha vida, Hermione.

Ela arregalou os olhos de leve, não sentiu um frio na espinha, não sentiu as pernas bambas, as mãos suarem, absolutamente nada. Hermione Jane Granger só sentia culpa, uma grande culpa por saber que aquele momento não era dela, nem a decisão final sobre ele.

Ela levantou do chão e disse:

— Desculpa, mas eu não...

Rony levantou do chão e contornou a mesa, deixando-os colados um no outro, passou a mão na cintura e nuca dela, deixando-a sem reação. O beijo foi urgente, mas passava longe do beijo da enfermaria, de alguma maneira aquele corpo não parecia estar tão confortável nos braços de Rony como ficou segurando a mão de Malfoy.

Sentindo o mundo girar Hermione sabia que assim que abrisse os olhos aquele momento não seria mais problema dela, então tentou deixar aquilo para lá.


Notas Finais


Eaí? Como ficou o coração de vocês?


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...