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História Uma Brasileira em Hogwarts. - Caçada.


Escrita por: SenhoraPSnape

Capítulo 29 - Caçada.


P.O.V'S NARRAÇÃO

O dia estava em suas primeiras horas. O sol nem mesmo havia nascido. A enfermaria estava fria e os únicos dois presentes ali, procuravam calor no corpo um do outro.

Antôniella tinha seu rosto enterrado no pescoço de Severo, agora que os dois tinham os corpos colados, virados de frente um para o outro, sentindo o cheiro do homem. Uma das pernas da garota estava jogada por cima das pernas do professor, enganchando os corpos.

O braço de Severo havia deslisado durante a noite, deixando agora, a mão dele pendendo abaixo do limite do quadril dela, enquanto o outro braço estava totalmente enrolado na cintura. Qualquer um que chegasse naquele momento, pensaria que algo estava acontecendo.

Antôniella dormia pesado, mas algo nela ligou. Algo não estava certo.

Até certo ponto pareciam que os dois estavam sozinhos, mas o corpo dela sentiu uma presença. Ela sentiu que alguém os observava, e mesmo com o sono latente, ela despertou. Lentamente, ela abriu os olhos e tudo parecida muito embaçado e escuro.

A primeira coisa que ela viu foi a barba por fazer de Severo. Um sorriso se formou em seu rosto por um momento. Logo ela analisou o entorno e varreu a área com seus olhos, isso sem sair do seu aconchego quente e confortável. Tudo parecia normal a primeira vista, mas então ela olhou para o canto da enfermaria.

Lá havia uma mulher. Suas feições eram encobertas pelas sombras das cortinas, e o pouco de pele que se podia ver, era tão pálida que poderia ser chamada de translúcida. Mas Antôniella pode ver os olhos dela. Tão verdes que ela tinha dúvida se aquilo não era um truque de luz. As sombras de suas vestes eram longas, dizendo que a mulher usava um vestido. Como se soubesse, e obviamente sabia, que estava sendo observada, ela deu um sorriso.

Um calafrio subiu pela espinha da garota e ela piscou para ter certeza que o sono não estava pregando alguma peça nela. Nesse momento, a mulher sumiu.

                                  >>◇<<

P.O.V'S ANTÔNIELLA ARAÚJO

Meu coração estava disparado e minha mente mais acordada que nunca.

Finalmente me movi, me sentando, e o movimento brusco também acordou Severo. Ele se apoiou nos cotovelos e olhou para mim, grogue de sono. Eu ainda procurava pela mulher, freneticamente.

-O que aconteceu? - A voz dele soava mais rouca que o normal, e mais vagarosa que o de costume.

-Acho que vi um fantasma. - Digo.

-Sério? - Ele disse em tom irônico, dando uma risada que eu acharia extremamente sexy se não estivesse com todos os alertas da minha cabeça ligados 

-Não estou falando do tipo de fantasmas de Hogwarts. Estou falando do meu tipo de fantasma, o tipo que caço. - Começo a sair da cama e vou até a lareira da ala-hospitalar. Pego a atiçador de fogo, que era de ferro, nas minhas mãos e vou checar o perímetro.

Procuro por pontos frios, por equitoplasma, até mesmo por sensações, e não acho nenhum indício do suposto fantasma. Me dou por vencida e devolvo o atiçador para seu lugar. Esfrego minhas mãos no rosto, frustrada.

-Antôniella, você está com sono. Deve ter imaginado coisas. - Ele tentou me convencer. - Venha, volte pra cama. - Estendeu seu braço, me chamando.

Tento não pensar no peso íntimo que essa fala teve e ando até a cama, pegando sua mão. Os pelos da minha nuca estavam arrepiados e isso não era um bom sinal, mas por agora, decidi ignorar.

Me coloquei entre as cobertas e, sem pudor algum, volto ao meu lugar inicial, com a cabeça apoiada no peito do homem.

-Você não disse algo sobre ir para sua cama quando estivéssemos com sono? - Ele perguntou, brincando, e pude sentir meus ouvidos vibrarem com a voz retumbante dele.

-Você dormiu primeiro. Se eu saísse, era provável que acordasse com meu movimento, exatamente como fez agora. - Explico, com minha voz um pouco abafada.

-E agora? Você já não tem mais esse motivo. - Parecia curioso.

-Bem, agora eu tenho que ficar aqui para te proteger. Afinal, tem um possível fantasma a solta nessa enfermaria. - Não era bem uma mentira, mas dizer para ele que ficar naquela cama era muito mais confortável que dormir sozinha, estava fora de cogitação.

-Me proteger? - Ele riu de novo, e agora eu já estava mais calma para prestar atenção em como a risada vinha do fundo de sua garganta, e em como a rouquidão acentuava seu barítono.

Sem notar o que fazia, esfreguei minha bochecha contra ele.

"Qual o próximo passo? Ronronar?" - Minha consciência zombou.

Ignorei isso e resolvi responder a ele.

-Claro. Você é meu colega e, por coincidência, eu sou uma caçadora. Eu te protejo. - Falo, como se fosse óbvio demais para ter que explicar.

-Entendo. - Ele tinha um tom sorridente. - Então vamos dormir, afinal, você vai proteger meu sono.

Em outro momento, seu tom descrente teria me deixado com raiva, mas havia sono demais no meu corpo para ligar para aquilo agora.

Ele passou seus braços em volta de mim e se ajeitou melhor.

Em poucos minutos, nós dois já estávamos dormindo, mas nada me tirava a sensação de se estar sendo observada.

                                   >>◇<<

Parecia que haviam se passado apenas alguns minutos quando escutei o barulho de alguém tossindo. Ignorei isso, me afundando ainda mais onde estava deitada. Logo, pude escutar o som de uma risada próxima. Isso então me despertou, me lembrando da aparição do fantasma na madrugada.

Acordei em um salto e olhei para todos os lados. Quando percebi do que realmente se tratava, dei um suspiro aliviado.

Em frente a cama estavam, Alvo, Felipe e Madame Pomfrey, essa ultima com uma expressão bastante rígida para uma manhã tão ensolarada quanto aquela.

Olhei para o homem que estava ali comigo, e ele ainda dormia tranquilamente, nem um pouco abalado com o clima a nossa volta. Tentei me levantar, mas ele me envolvia com um aperto de ferro e resmungava, muito sonolento.

-Volte a dormir, está muito cedo... - E me puxou para si.

Eu mesma não pude evitar rir um pouco com a cena, podia imaginar os outros ali presentes.

-Severo, eu adoraria voltar a dormir, juro a você que sim. O problema é que não estamos sozinhos. - Sussurro em seu ouvido, não querendo que os outros fossem testemunhas disso.

Snape abriu os olhos tão rápido que pensei que seus globos oculares fossem saltar pra fora de sua cabeça. Ele se sentou em uma velocidade que achei admirável, e nos cobriu com o cobertor, como se tivéssemos algo para esconder dos nossos visitantes. Essa reação só me fez rir mais um pouco.

-Bom dia pra você também. - Falo e ele me olha com uma mistura de surpresa e indignação.

Me viro para as três pessoas, que ainda observavam tudo com olhos de águia, e comprimento também.

-Bom dia. Estão aqui a muito tempo? - Pergunto.

-Só tempo o suficiente, se é isso que você quer saber. - Alvo disse, me lançando um olhar terrivelmente malicioso.

-O que aconteceu? Por que estão na mesma cama? - Pomfrey perguntou, ainda nada feliz com a situação.

Tiro as cobertas de cima de mim e me sento na cama, me espreguiçando.

-Nenhum dos dois conseguia dormir. Vim pra cá, ficamos conversando e nem notamos quando o sono chegou... - Um bocejo se fez presente no final da frase.

-E segundo ela, eu estava em perigo. Precisava ser protegido. - Snape ainda parecia cauteloso sobre a presença dos outros três ali, mas não perdeu a oportunidade de provocação.

-O que é isso? Algum tipo de fantasia sexual? - Felipe finalmente falou.

Aquilo me pegou completamente de surpresa. Quando me dei conta, já estava com o rosto enterrado em um travesseiro, rindo tanto que minha barriga doía. Em compensação, Severo parecia envergonhado com a alegação. Limpei as lágrimas que se acumularam no canto dos meus olhos e pude sentir meu rosto quente, dizendo que ele provavelmente estava vermelho.

-Não é nada disso... - Começo, tentando recuperar o fôlego. - Eu acho que vi algum fantasma nos observando no meio da noite.

Nesse momento, a expressão de Alvo perdeu toda diversão. Ele me olhou, apreensivo e cheio de questionamentos.

-Você está falando sobre o seu tipo de fantasmas? - Apenas confirmo, com um balançar de cabeça, vendo a cara de horror que Dumbledore fazia. - Você tem certeza que era realmente um fantasma?

-Não posso te dizer com certeza absoluta. Estava com sono, o lugar parecia um breu e sumiu tão rápido quanto apareceu. O fato curioso é que não fez nada, nem mesmo ameaçou atacar. Apenas desapareceu. - Falo para ele, enquanto penso sobre isso. - Eu andei um pouco pela enfermaria, esperando dar de cara com aquilo de novo, mas não tinha resquício de nada.

-Você não está pensando em fazer disso um caso, não é? - Alvo ia de preocupado a conformado.

-Se eu precisar... - Deixo nas entrelinhas.

Assim eu percebo algo estranho. Snape estava muito calado até agora.

Viro minha cabeça e olho para o homem. Ele parecia um pouco acuado, até constrangido com algo. Ele ainda se encontrava sentado, com as pernas em cima da cama e as costas contra a cabeceira. Havia amontoado as cobertas em seu colo e parecia esperar por algo. Logo, liguei os pontos, entendendo a situação com uma rapidez que, uma moça de família, não deveria ter sobre as reações do corpo de um homem pela manhã.

Olho para o rosto dele, e quando o mesmo notou que era o foco da minha atenção, desviou seus olhos, olhando para qualquer coisa que não fosse eu. Poderia ser o sono falando, mas eu podia jurar que seu rosto ganhou um tom mais rosado. Me volto de novo pra os três intrusos e decido fazer algo sobre aquilo.

-Madame Pomfrey, o café será servido aqui? - Pergunto, tentando achar uma desculpa para tirar todo mundo dali.

-Sim. Logo depois vocês vão estar liberados. - A velha senhora ainda não parecia amigável, mesmo com as explicações.

-Bom, que ótimo! - Trato de fingir o entusiasmo. - Então vamos para a mesa, sim? Estou especialmente faminta essa manhã.

-Posso imaginar o motivo... - Felipe sussurrou e não perdi a oportunidade de dar um tapa em sua nuca, repreendendo o comentário.

Me levanto da cama, calço as pantufas e prendo meu cabelo, que agora parecia um ninho de tão bagunçado.

-Professor Snape não vai tomar café? - Meu jovem amigo perguntou.

-Ele vai tomar banho primeiro. Não é, Severo? - Me viro para ele, como se para ter sua confirmação sobre o óbvio.

-Sim, eu vou. Antôniella está certa. - Ele respondeu muito rápido, como se só notasse agora que eu o estava ajudando.

-Pois bem. Vamos para a mesa. - Acabo guiando todos para longe da cama e quando vou fechar a divisória, para que o pocionista tivesse mais privacidade, lanço um sorriso para ele, que responde com um aceno de cabeça, agradecido.

                                >>◇<<

P.O.V'S SEVERO SNAPE

Já de banho tomado, eu abotova os botões da sobrecasaca pesada que vestia.

Pensar que foi preciso a ajuda cúmplice de Antôniella, para poder fazer algo tão básico como ter privacidade, me causava um incômodo incomum. Junto disso se misturava a vergonha por ela nitidamente saber o que estava acontecendo. Mas não era só isso. O fato dela ter dormido na mesma cama que eu, algo tão íntimo e pessoal, também me causava um peso na consciência. Ela ser uma aluna e tão nova, nunca pesou tão forte na balança, até agora.

Minha cabeça dava inúmeras desculpas sobre o porquê não reclamei disso durante a madrugada, do porquê não a mandei de volta para sua cama quando ela me acordou sem querer. E minha mente me dizia que era o cansaço e o sono que tinham vencido minha prudência, por isso tinha feito algo tão tolamente bobo.

Termino com o último botão, próximo ao meu pescoço, e me vejo pronto. Saio daquele banheiro monocromático e volto ao território da enfermaria.

Posso ver que todos estavam sentados, devidamente arrumados, em frente a mesa posta. Até mesmo Pomfrey estava lá.

Antôniella tinha uma expressão séria, uma que não tinha visto até agora. Eu já havia presenciado sua raiva, sua ternura, sua diversão e até sua indignação, mas nada tão intenso quanto o vinco que sua testa tinha, a curva alta da sua sobrancelha levantada e sua boca puxada em uma linha rígida. Isso me chamou atenção, então em aproximei para me atualizar do que falavam.

-Eu pensei que esse lugar tivesse proteções contra esse tipo de coisas. - Ela falou enquanto eu me sentava, convenientemente na cadeira vaga ao seu lado.

-Não seria possível. Se fizesse tal coisa, todos os fantasmas seriam banidos, até os nossos. - O diretor parecia cauteloso.

-Não se preocupe, eu não iria te sugerir tal coisa. - Ela dispensa a preocupação do velho. - A questão é que isso se tornou um caso pra mim. Vou precisar fazer pesquisas, vasculhar a área da escola. Vou ter que usar meus aparelhos de caçada, principalmente aqui na ala hospitalar. - Ela tomou um gole do seu café. Era a primeira vez que a via tomando a bebida. A garota, observei por um tempo, sempre optava por bebidas mais leves.

-Do que falam? - Pergunto, fingindo um desinteresse, enquanto adoço meu café.

-Antôniella vai caçar. - O amigo de casa da garota falou, muito entusiasmado com a possibilidade.

-Sabe Felipe, é meio mórbido que você fique animado com isso. - Ela sorria por de trás da sua xícara. - Mas ele está certo. Se aquilo foi mesmo um fantasma, do tipo não amigável e não permitido nesses terrenos, vou ter que fazer algo.

-E porquê você teria? - Pergunto.

-Porque esse é meu trabalho. - Não perde tempo em falar, como se explicasse o óbvio.

-Você tem apenas dezesseis anos, não deveria ter um "trabalho" desse gênero. - Algo nisso me incomodava e eu não sabia o que era.

-Você esqueceu de perguntar se eu queria um trabalho desse gênero. Mas deixa-me te responder mesmo assim, Snape. Eu quero sim, muito obrigada. - Ela parecia ofendida. - E mesmo com dezesseis anos, como você fez questão de lembrar, eu ainda consigo acertar balas mata bruxas, guardadas no tambor do meu calibre 38, a vários metros de distância, sem errar nenhum tiro. Isso é mais do que você conseguiria fazer até mesmo com um feitiço de precisão. Então não me subestime.

Aquilo soou terrivelmente como uma ameaça. Ela ainda me olhava como se eu fosse seu alvo, e conti a reação de recuar meu corpo para longe dela.

-Ella... - Alvo chamou. Isso pareceu tira-la de seu transe.

A garota olhou para o amigo e deu um sorriso amarelo, como se pedisse desculpas por algo. Ela limpou a garganta, aparentemente constrangida, e continuou.

-Enfim... Eu tenho a sua autorização para caçar aqui, Alvo? Eu posso não ser a maior fã das regras, mas não sou meu pai. Se você disser que prefere procurar outra pessoa para o caso, eu vou entender. - Ela tinha um tom tão profissional que entendi que aquilo realmente era uma coisa para ela. Era a área dela, mesmo que ele não achasse que era muito apropriado.

Alvo nem mesmo ponderou sobre isso. O velho deu um sorriso de canto e respondeu a ela imediatamente.

-Você pode ficar com o caso. Apenas preciso que me garanta que vai evitar alvoroço. Não quero um pânico generalizado nessa escola. - Explicou.

-Não se preocupe com isso. Eu sou bastante discreta, você sabe disso. - Ela sorria para o amigo.

Nesse momento, Pomfrey se levantou, anunciando que tinha o que fazer.

-Vou trabalhar. Afinal, com o rumo dessa conversa, a senhorita Araújo vai ser uma das minhas pacientes de novo, isso em um futuro próximo. - Falou, mostrando que era totalmente contra a aquela ideia absurda.

-Tenha um bom dia de trabalho, senhora. - Antôniella falou, quase rindo.

Quando a velha senhora saiu, a conversa continuou, sem mudar seu assunto.

-Alvo, se algo não sair do modo que eu imagino ou não for um fantasma mesmo, vou precisar da sua autorização para sair dos terrenos de Hogwarts, para fazer umas ligações. Não quero usar o seu celular de emergência, prefiro minha linha pessoal nesse caso. - Ela mais afirma do que pede a autorização.

-Claro. Apenas não vá sozinha. Estamos no meio da semana e não é permitido sair assim nesses dias. Severo pode acompanhar você. - O diretor confirma.

-Eu? - Sou pego de surpresa.

-Não precisa se incomodar, Severo. Eu posso pedir para Minerva ir comigo. - Ela interpreta minha surpresa de modo errado, como se eu não quisesse acompanha-la.

-Não, não vai incomodar. Eu vou com você. - Me apreço a dizer.

Ela não parece ligar muito para isso, como se não fizesse diferença para a situação. Ela nem mesmo me olhou. Algo não parecia certo.

-Antôniella, abaixe-os. - Dumbledore falou.

-Não. - O rosto da garota nem mesmo se contraiu ao responder. - Não me peça isso agora.

Aquilo parecia uma conversa tão pessoal que não me atrevo a perguntar do que se tratava. A única coisa que sabia, era que ela parecia tão séria e centrada que me assustava um pouco.

Alvo parecia estar muito cansado desse assunto em específico, então o mudou.

-Você está livre das aulas por hoje. Isso deve te dar algum tempo para pesquisar o que acha que precisa. De qualquer modo, Pomfrey já iria falar pra vocês algo sobre descansar mais por hoje, então seria liberada das aulas de qualquer forma. Já você Severo... - Se virou para mim. - Sua sala de aula ainda está sendo limpa. Alguns dos resíduos da explosão não estavam saindo com feitiços. Amanhã deve estar tudo certo também. Não se preocupe com isso. Já no seu caso, senhor Fox. - Falou com o aluno. - Eu começaria a correr. Se não me engano, o sexto ano da Grifinória tem a primeira aula com Minerva hoje.

O rapaz arregalou os olhos e se levantou, saindo em disparada. Apenas se virou no último segundo e anunciou, diretamente para Antôniella.

-Te vejo depois das aulas. Não comece nada divertido sem mim. - E se foi.

Se esperava que Antôniella desse pelo menos um sorriso com isso, mas nada aconteceu.

-Bem, vocês têm o dia livre, mas eu não tenho. Com licença que tem uma pilha de burocracias me esperando em minha mesa. - Ele se levantou, andou até a garota e beijou o topo de sua cabeça, sussurrando seu pedido seguinte. - Se cuide, por favor.

-Não se preocupe com isso. - Ela tentou tranquilizar.

Depois disso, o diretor se deixou ir, ficando apenas nós dois ali. Aquilo me parecia uma oportunidade para falar sobre o que tinha acontecido. Planejava dizer a ela que coisas como dormir juntos não deveriam acontecer, mesmo que fosse apenas dormir. Aquilo parecia antiético demais, isso até mesmo para a relação confusa deles.

-Antôniella, sobre essa madrugada... - Tentei, mas ela me cortou no meio da frase.

-O que você pretende falar é mais importante do que essa caçada e mais importante do que um possível fantasma, possivelmente assassino? - Ela terminava de tomar seu café, dando um gole na bebida quente e fechando os olhos, provavelmente apreciando o amargor.

-Não, mas... - Mais uma tentativa.

-Então não diga, guarde pra você por enquanto. - Ela parecia tão ríspida que pensei que tinha feito algo.

-O que há de errado? - Finalmente pergunto.

Ela apenas me lança um olhar de soslaio.

-Não é importante. Como você fará, eu também pretendo guardar isso comigo mesma, por enquanto.

O lugar ganhou um silêncio por alguns minutos, ela parecia pensar em algo e eu me concentrava em tomar meu café da manhã. Quando ela falou de novo, quase tomo um susto pelo som sem aviso.

-Você já esteve em uma caçada alguma vez? - Ela pergunta.

Balanço a cabeça em negação, respondendo.

-Sou mestiço, mas cresci no mundo trouxa. Só comecei a ter mais contato com um mundo que não era aquele, quando a magia acidental começou. Minha mãe me contou apenas o básico na época, sobre ser um bruxo, mas nós nunca tivemos tempo a sós o suficiente para conversarmos mais sobre as outras coisas e criaturas que existiam no mundo. Então eu entrei para Hogwarts e meu primeiro contato com um caçador foi com seu pai, mas eu era muito novo.

Aquilo me trazia tantas lembranças, como se a minha vida passasse enquanto eu falava.

-Claro, eu cresci, amadureci e acabei entrando em meios sociais mais... - Tentei achar um jeito não elitistas de falar aquilo. - Mais sabidos e conhecedores sobre o mundo escondido dos trouxas. Nesses meios, eu conheci alguns caçadores que também eram bruxos, assim como sua família. Mas minha área nesses meios não era essa.

-Os meios sociais que você cita, são os dos comensais da morte do Lorde das Trevas? - Ele pergunta, direta demais para minha saúde. Quase me sinto zonzo.

-Sim, você está certa. - A angústia pingava em minha voz. - Mas minhas funções não estavam ligadas às funções desses caçadores, então não estive em caçada alguma. Não desse tipo, pelo menos.

-Eu imagino. - A garota não tinha tom de acusação, o que impressionou um pouco. Ela parecia apenas constatar um fato. Realmente não era difícil imaginar quais eram minhas funções naquelas épocas sombrias. - Não se preocupe, não vou afunda-lo comigo nisso. Mas vou precisar de um favor seu.

-Qual? - Algo em mim dizia que a essa altura do campeonato, eu faria qualquer coisa que ela pedisse.

-Não é nada muito escandaloso. Apenas vou precisar guardar meu equipamento no seu escritório. Não vou poder ficar saindo e entrando do dormitório com aquilo. - Ela me encara.

-O que você quer dizer com equipamento?

Eu realmente queria saber a reposta?

                                 >>◇<<

Ela jogou, em cima da minha mesa, uma grande bolsa, comprida e meio arredondada nas bordas. Parecia muito com uma bolsa de academia. Aquilo caiu com um estrondo desconfortável.

Já estávamos em meu escritório e eu estava esperando ela com seu "equipamento" até aquele momento. Quando ela abriu a bolsa, quase tombo em minha cadeira, um pouco chocado.

-Como você passou com isso no aeroporto, quando veio para Hogwarts? - Olho para a, citada anteriormente, calibre 38 que ali estava, jogada por cima de outras coisas.

-Meu pai mandou pela rede de flu. - Respondeu.

A arma tinha um cabo preto, marcado por dedos que deveriam ser de Antôniella. Seu cano era longo, provavelmente umas seis polegadas. Era tão prateado, brilhava sob a luz do ambiente, quase causando um sensação de hipnose aos sentidos.

A garota pegou a arma em suas mãos, com uma naturalidade familiar. Era quase como um bruxo que encontra sua varinha ideal. Ela jogou o revólver um pouco pro lado, soltando o tambor e mostrando seu interior. Ela olhou e viu que a arma tinha os oito espaços preenchidos com balas tão prateadas quanto o resto. Ela fechou o tambor e colocou o revólver em cima da mesa, com um cuidado quase carinhoso.

Ela já estava devidamente vestida. Usava calças jeans de um lavagem muito escura, uma camisa média, num tom verde que não fui capaz de identificar, e nos pés calçava botas marrons, muito bem amarradas.

-Tudo bem. Vamos precisar de coisas básicas. - Pegou um aparelho de pequeno porte. Era preto e no fundo, atrás de um pequeno vidro, estava uma pirâmide em 2D de cabeça para baixo. Um lado dela era amarelo e o outro era vermelho. No meio disso, havia um ponteiro muito fino. Em cima tinham cerca de cinco lâmpadas pequenas, não mediam nem uma polegada de comprimento. Por fim, estava lá também uma antena, provavelmente para captar algo.

-O que é isso? - Fico curioso.

-Isso aqui é um Medidor EMF. - Anunciou.

-Elabore. - Falo, bufando um pouco de irritação.

-É um Eletromagnetic Field Meters. Explicando muito porcamente, se o que estamos procurando for um fantasma, esse ponteiro vai direto para o vermelho, essas luzes vão se acender e ficar loucas, e isso vai apitar como o inferno sangrento. Então, bingo! Temos nosso Gasparzinho. - Ela usa a a referência, e agradeço a meu conhecimento trouxa por poder rir disso.

-O bom humor voltou afinal de contas. - Digo, sorrindo para ela.

P.O.V'S ANTÔNIELLA ARAÚJO

-Desculpe por mais cedo. - Falo, um pouco arrependida.

-O que aconteceu naquele momento? - Pergunta.

-Oclumência muito pesada. - Ele ainda parecia confuso, mas tinha uma nota de reconhecimento em seus olhos. - Quando uma caçada começa, eu uso um tipo de oclumência mais densa, pesada. A oclumência...

-A oclumência dos espiões de guerra. - Ele completa por mim. - Por que?

-Porquê pra pegar um caso, tem que se ter a mente e o corpo naquilo. A oclumência dos espiões me dá isso, ocultando e trancando todas as emoções, todos os pensamentos afetivos e confusos. Apenas a parte racional do cérebro funciona. Quando eu li sobre isso, comecei a praticar com a mesma frequência que praticava a oclumência normal. Com algum tempo, eu aprendi a desenvolver gatilhos para que meu núcleo identificasse quando eu precisava usar. O gatilho principal são caçadas. Quando essa chave vira na minha cabeça, eu não consigo parar até que perceba que o perigo não está próximo.

Snape olhava para um ponto fixo, pensando.

-Você não deveria saber e nem usar isso. É cruel demais consigo mesma. - Ele finamente me olhou. Seus olhos brilhavam com compreensão. - Depois de usar isso por muito tempo, abaixar as barreiras pode te causar um tsunami de emoção ao mesmo tempo. Totalmente doloroso.

Aquilo confirmou algo que eu já suspeitava a algum tempo. Snape ter saído da Primeira Guerra Bruxa sem nenhuma passagem breve por Azkaban era muito contraditório, o mesmo sendo abertamente um comensal da morte fiel ao seu senhor. A não ser que ele não fosse tão fiel assim.

-E é claro que você saberia a sensação. - Falo e ele me olha com cautela. - Não se preocupe, não vou perguntar sobre sua história como espião. Isso não é da minha conta.

-Como você...? - Tentou perguntar.

-Severo, uso esse método a algum tempo. Só alguém que já usou poderia entender qual é a sensação torturante de baixar as barreiras. E você parece entender. - Digo, simplesmente. - E não acredito que Alvo contrataria um comensal da morte para professor se o mesmo não fosse confiável para ele.

-Podemos não falar sobre isso? - Ele pede.

-Claro. Não precisamos falar de nada que você não queira. Fique tranquilo. - Tento o tranquilizar. - Mas como eu dizia, precisamos das coisas básicas.

Mudo o assunto e pego mais uma coisa de dentro da bolsa. Uma carabina calibre 44. Seu material, de madeira de lei, contrastava com o prateado do metal.

-Você já atirou alguma vez, Severo? - Pergunto.

-Não, nunca precisei. A varinha sempre me serviu muito bem. - Falou com hesitação, provavelmente prevendo que algo estava vindo.

-Nunca é tarde pra aprender. - E jogo a arma para ele, sem aviso. Ele pega o objeto no ar e me olha indignado. - Não se preocupe. Ela está carregada com balas de sal. Não é letal nem para fantasmas. Isso é apenas para nos dar tempo, isso se precisarmos.

Ele olhou da arma para mim, como se pedisse ajuda.

-Eu não faço ideia do que fazer com isso. - Se não fosse por sua postura sempre tão centrada, eu diria que ele estava quase em pânico.

-Calma. Eu te ajudo, vem aqui. - Contenho meu ar de diversão.

Ele sai de trás de sua mesa e se põe na minha frente. Coloco um feitiço de isolamento acústico no escritório e me movo para trás dele.

-Coloque a soleira apoiada no seu ombro. - Instruo e ele me lança um olhar por cima do ombro, sem entender. - A ponta do cabo da carabina, Severo. Apoie em seu ombro. Mas não deixe o ombro relaxado, você vai entender o motivo daqui a pouco. - Explico e ele segue os comandos.

-Agora encoste a bochecha na coronha. É essa parte mais grossa do cabo. - Digo antes que ele pudesse perguntar. - Você está indo muito bem. - Sussurro para ele por algum motivo.

-Separe um pouco as suas pernas. Você precisa ter os pés firmes no chão. - Ele olhou um pouco para baixo, para ter certeza que fazia isso da maneira certa.

"Tão perfeccionista" - Penso, tentando não sorrir. Assim, volto a me concentrar em ensinar ele.

-Bem no topo, tem uma alça de mira. É essa coisinha em formato de meia lua de cabeça pra baixo. Você vai olhar por dentro dela para mirar. - Aponto para o pequeno objeto. - Você vê essa coisa atrás do cano da carabina? - Pergunto.

-Sim... - Ele parecia muito concentrado.

-Pois então. Isso é o Cão. Mova ele pra engatilhar. - E foi o que ele fez. A arma produziu um som pequeno de algo mecânico se movendo. - Perto do gatilho, tem uma alavanca. Mova ela pra baixo e depois para cima.

Quando ele fez isso, o som era tão satisfatório para mim que fechei os olhos por um milésimo de segundo.

-Mire em algo. - Ele se moveu um pouco, apontando a arma para um vaso de flores no canto da sala. - Se mantenha firme e se prepare pro coice do tiro.

-Coice? - Ele parecia completamente desnorteado.

-Apenas faça o que estou mandado. - Não pude não rir um pouco disso. Ainda posicionada atrás dele, seguro seus quadris de forma leve e falo. - Agora, aperte o gatilho.

Ele respirou fundo e me obedeceu. O som do tiro encheu toda aquela sala e pouco depois foi substituído pelo som do vaso se quebrando.

Segurando os quadris dele, pude sentir seu corpo ser jogado um pouco pra trás, mas ele aguentou firme e segurou o impacto da arma. Sem motivo aparente, faço movimentos circulares com meus polegares, isso por cima de suas pesadas vestes, tentando tranquilizar alguém que nem mesmo saiba se estava nervoso.

-Você foi muito bem. - Digo a ele. Snape me olha por cima de seus ombros, e posso sorrir para sua expressão dividida entre tentar ser neutro, estar um pouco confuso e então o orgulho por ter feito algo novo.

-É sempre assim? - Ele pergunta.

-Assim como? - Tento entender.

-Como se cada tiro fosse tirar meu ombro do meu corpo? - Ele fala e disso eu realmente começo a rir.

-Você se acostuma, vai por mim. - Digo, tirando a carabina de suas mãos. - O ombro está doendo?

- Eu vou sobreviver. - Ele usou seu tom sarcástico.

-Com certeza você vai. Na verdade, você precisa. Hoje você vai ser meu atirador particular. - Informo e ele não contestou.

-Quem te ensinou tudo isso? - Ele muda o assunto.

-Atirar com uma arma grande assim? - Ele apenas acena, confirmando a pergunta. - Você pode pensar que foi meu pai, mas no caso dessa arma, foi minha avó Bianca. Ela é muito boa. Até meu avô tem inveja da mira e precisão daquela mulher. Me recordo do exato momento em que ela começou a me ensinar. Estávamos no quintal da casa dos meus avós paternos, e ela me deu uma arma que era muito parecida com aquelas de parques de diversão. Não machucava ninguém e me ajudou a melhorar minha postura. Depois de bastante tempo, minha avó colocou uma carabina calibre 22 nas minhas mãos. Não era tão pesada, e pra começar, era até aceitável.

Ele me olhava, calmamente pensado em algo.

-Você não pensa que isso foi injusto com você? Te colocar nisso tão nova? - Ele escolhia as palavras com cautela, provavelmente querendo evitar outra discussão.

-Eles não me obrigaram a nada, Severo. - Explico. - Minha família sempre me deu todas as opções, e meios de conseguir essas opções. Eles me apoiaram em cada passo que eu dei e me ensinaram tudo que eles podiam de tudo, indo de caçadas até em como organizar o caderno por matérias para a escola. E no final, eu escolhi a caçada, mas também não foi só isso. Eu também escolhi poções, escolhi feiticos e DCAT também. Eu posso escolher de tudo, eu tenho essa opção. Eu sei que eles vão ficar muito felizes com qualquer coisa que eu decida fazer.

-Você tem muita confiança neles. - Ele conclui.

-Eles são minha família. São tudo que eu tenho. Se não confiar neles, em quem eu vou? - Não era uma pergunta real, mas Severo pareceu pensar bastante nisso.

-Isso não é muito chamativo para andar pelo castelo? - Apontou para a arma em suas mãos, claramente querendo mudar de assunto.

-Sim. Por isso que não vai usar essa. - Digo.

Ele tinha uma expressão totalmente indignada nesse instante. Ele a usava muito no dia de hoje.

-Então porque...? - Tentou perguntar.

-Porquê queria testar você com uma arma maior primeiro. Diferente da minha avó, eu começo com as coisas difíceis primeiro. - Sorri tanto nesse momento que meus olhos se tornaram duas fendas.

Olhei de novo dentro da bolsa e avistei o objeto do meu interesse. Uma escopeta de cano serrado.

-Essa aqui vai ser a que vai usar. Você pode manusear ela como a outra, colocando no ombro, ou pode posicionar, segurando com força, ao lado da cintura. Eu aconselho a escolher a primeira opção. - Tiro a carabina de suas mãos e entrego a substituta. - Você vai gostar desta. Eu acho ela bem mais prática pra essa situação.

-Esse seu fascínio por essas armas deveria me deixar preocupado? - Perguntou.

-Talvez... - O olho de relance.

                                  >>◇<<

Já na enfermaria, eu estava com o EMF nas mãos, esperando que algo desse algum sinal.

-Severo, me escute. - Falo, me virando para o homem. - Atire em qualquer coisa que se mexa. Não importa se você pensar que foi só um vulto ou imaginação sua. Atire como se sua vida dependesse disso, porquê talvez dependa. Entendeu?

Ele confirma com um balançar de cabeça. O homem entra em um modo observador, posso ver seus olhos catalogando cada átomo do espaço.

Paro de prestar atenção nele e começo a andar, procurando por algo incomum com o aparelho em minhas mãos. Nada parecia mudar. Nenhuma luz piscando, nenhum barulho, nem mesmo pontos frios. Por isso, me surpreendi quando o som do tiro encheu meus sentidos.

P.O.V'S SEVRERO SNAPE

Um momento estava lá e logo depois não estava mais.

Um homem parado ao lado de uma das camas. Um homem tão alto quanto eu, tinha seus cabelos longos e castanhos, caídos em ondulações desleixadas. Suas roupas pareciam medievais, e nem mesmo bruxos as usavam mais de tão antiquadas. Pareciam vestes da nobreza. Sua mão carregava um anel pesado, com um brasão esculpido, e seu rosto uma barba espessa. Os olhos dele eram de um castanho claro e cristalino, o que só aumentava o olhar rígido da criatura, coberto pela sombra das grossas sobrancelhas.

Vendo isso, eu segui o comando de Antôniella. Atirar.

Aponto a arma para o homem e ele me lança um olhar de cenho franzido, como se não pudesse acreditar. Reparando esse breve momento de distração, eu puxo o gatilho, e ele some, como se nunca tivesse estado ali.

Posso ouvir os passos rápidos de Antôniella, logo atrás de mim.

-Você a viu? A mulher? - Sua voz soava um sinal de alerta.

-Não. Mas eu vi um homem. - A olho por cima do ombro esquerdo, a tempo de notar sua expressão confusa se tornar reconhecimento.

-Ótimo. A mulher de branco tem um namorado. - Ela soava tão frustrada que não pude conter uma leve risada.

P.O.V'S NARRAÇÃO

-Por todos os deuses, aquela mulher é louca! - O homem falou, completamente transtornado. - Você viu o que ela fez Severo fazer? Usar a maldita de uma arma!

Ele andava de um lado para o outro enquanto sua amada observava tudo, se divertindo.

-Você não pode culpar Antôniella por isso, meu amor. Foi Severo que decidiu atirar. Ele é bem grandinho para tomar as próprias decisões. - Ela fala, repreendendo o companheiro com o toque de doçura que sempre carregava.

-Ela ensinou ele a atirar com aquela monstruosidade. Ele poderia ter me machucado, ou pior, machucado você, minha vida. - Ele se aproximou da mulher,  colocando as mãos nas bochechas dela.

-Não se preocupe com isso. - E beijou a testa do homem. - Aquilo não nos machuca. Você sabe disso.

Ela tentou acalmar ele mas, como já imaginava, não teve o efeito esperado.

-Isso até que ela descubra algo que possa. Até que ela nos caçe por debaixo de cada pedra. - Ele a olhou, angustiado.

-Ela não pode. Se acalme, sim? - Acariciou seus cabelos.

-Você tem muita fé nesta mulher. - Ele incitou e ela sorriu, um dos seus sorrisos mais brilhantes.

-Eu preciso.






































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