História Uma chance de sonhar - Capítulo 2: Conflitos internos

Dois anos havíam se passado depois da derrota do temível e pouco acreditado Breu, o Bicho Papão. E logo Jessica Frost se tornou guardiã,  assumindo a responsabilidade em manter a luz e a alegria nas crianças do mundo através de seu serne, a diversão, com sua magia de neve que foi dada a ela graças ao seu ato de nobreza em dar sua vida para salvar sua irmã a mais de 300 anos atrás. Mas a verdadeira alegria da guardiã era finalmente poder ser vista, ter a crença e a amizade das crianças é algo que não trocaria por nada, também porque pra quem vagou por 300 anos sozinha no mundo merecia esse prêmio não? Ela sempre fora brincalhona e sorridente, mas o que houve ao decorrer do seu dia a deixou bastante inquieta...

A garota da neve se encontrava andando pelos fios dos postes, congelando a cada passo ou quando batia neles com seu cajado. Sua postura era intrigante,  o capuz de seu moletom azul cobrias suas feições, de forma que só se via seus cabelos brancos e longos voarem com o vento calmo e frio da noite. Isso podia significar duas coisas, ou estava entendiada ou pensativa, e surpreendentemente era a segunda opção. Depois de suspirar impacientemente, ela voou até um dos telhados das muitas casas que tinham naquela pequena cidade da Inglaterra. Se sentou na beirada deste , largou o cajado e abaixou o capuz para olhar a lua que, a maioria das vezes permanece em silêncio. Mas queria ter alguém pra comentar o ocorrido durante a manhã. 

-Então Jamie o que quer fazer hoje? Guerra de bola de neve? Patinar no lago? Andar de treno? Procurar o pé grande? Jogar neve na chaminé do vizinho?...- a guardiã seguiu sugerindo várias atividades com empolgação,  mas o menino que a acompanhava não parecia acompanhar seu entusiasmo. 

- Não vai dar! A Sophia quebrou a perna no parquinho semana passada , vou ter que cuidar dela até os meus país voltarem das compras de inverno...- respondeu Jamie sem ânimo.

-Então levamos ela junto! Não é uma perna quebrada que vai parar a pequena pimentinha!- despreocupada a guardiã caminhava por cima da cerca, segurando seu cajado por cima dos ombros.  Ela chamou a pequena menininha loira pelo apelido carinhoso dado pelo Coelhão. 

-Meu pai não vai gostar muito disso, ele vai dizer: "você já é bem crescido e deve cumprir suas responsabilidades !"- respondeu o menino fazendo uma pose de soldado, estufando o peito e engrosando a voz, enquanto erguia o dedo indicador. 

-A única responsabilidade pra uma criança é brincar!- defendeu a guardiã incomodada, já deixando sua atitude despreocupada por uma insatisfeita.

-Eles não pensam assim...mas acho que eles tem razão. A Sophia tá machucada e precisa da minha ajuda, se eu tivesse cuidado dela antes como me pediram isso não teria acontecido...-disse o menino agora mais tranquilo, recolheu seus brinquedos do quintal e foi até a porta- Desculpa Jesi, vai ter que ser da próxima...-ele se despediu e por fim entrando na casa, deixando a guardiã sem palavras do lado de fora. 

Jamie havia crecido bastante nos últimos dois anos, mas ainda sim, que responsabilidade seria tão mais incrível do que passar o dia todo brincando com Jessica Frost? Era óbvio que não estava contente com o que presenciou, mais pelos seus próprios conflitos internos do que ter sido rejeitada por uma responsabilidade. Ela parou pra pensar sobre quando não queria ser guardiã por significar apenas "trabalho e ralação " mas na verdade nada mudou de "neve e diversão". Estava sendo irresponsável por não levar seu trabalho a sério? Não estava sendo uma boa guardiã? Ainda era a mesma pestinha que aprontava com os outros por desespero por atenção?

Com sorriso bobo abaixou a vista para a calçada metros a baixo de seus pés, estava fazendo mais perguntas do que O Homem da Lua podia responder, e ele sempre silêncioso. Se levantando então pegou seu cajado para conduzir o vento a seu favor e assim sair voando sem um destino em mente. Não teria nada pra fazer até a manhã seguinte então provavelmente estaria por aí pregando peças, especialmente no Coelhão.  Porém, seus planos foram frustrados pois de uma hora pra outro o vento decidiu brincar com ela como se fosse uma bolinha de pingue-pongue. A lançando para varias direções aleatorias, a guardiã protestava várias  vezes, mas o vento não parava de fazer com que desse varias e varias cambalhotas no ar, sorte dela ter um estômago forte.  Mas logo depois de um bom tempo ele parou em seco, fazendo a guardiã cair bruscamente se chocando contra os galhos de uma árvore alta até que finalmente conseguiu se agarrar em um e deter sua queda.

-Qual é o seu problema?- ela esbravejou para o vento abraçando o galho firmemente, ainda com medo de passar pelo mesmo. Depois de alguns segundos que levou pra se acalmar ela desceu da árvore. - Não teve graça! O Norte faz piadas melhores do que essa...-resmungou limpando a sujeira de seu short surrado e de sua blusa, e logo olhando em volta percebeu que  não sabia onde estava. -onde você me trouce?

De forma imediata o vento respondeu soprando fortemente contra seu rosto fazendo-a virar-se e observar um belo reino cercado pelo mar. Um lugar bem quieto na sua opinião. Claro! Já era tarde da noite e todos ja estavam se preparando pra dormir...bem quase todos...