História Uma dádiva... ou uma maldição? - Acalma a alma...

Tentei sorri com as palavras que os seus lábios me transmitiam. Mas eu continuava a pensar nos seus lábios nos de outra pessoa. Continuei a chorar nos braços da Carly e peço para ela pegar meu celular. Ela o faz e eu disco o número de uma pessoa que eu juro que eu não devia ter feito aquilo. “Por favor, vem aqui na casa da Carly, eu preciso de você agora” ele nem discutiu apenas falou algo como já estou ai e eu joguei meu celular na cama.

- Pra quem você ligou? – Carly tinha perguntado, mas eu não conseguia pronunciar seu nome.

- Carly, porque você não faz um chá para a Liesel? – ela assentiu e disse que já voltava e eu, precisando, não, necessitando de alguém, não pensei direito e apenas me joguei no colo de Will.

Ele primeiro ficou surpreso e depois me abraçando também, me pegando no colo, com as minhas pernas uma a cada lado do seu quadril. Ele sentou-se na cama, se encostando no travesseiro, e me colocando deitada em cima do mesmo, com a cabeça um pouco abaixo do ombro e minhas pernas enroscadas nas dele. Aquela posição era muito confortável, mas não me senti muito a vontade. Ele estava com a mão esquerda na minha cintura e a direita estava afagando minha cabeça. Dizendo que tudo ficaria bem e que aquilo não passava de um pesadelo. A campainha toca e eu me levanto, sentando-me um pouco acima de seu quadril. Sua mão ainda na minha cintura e a minha em seu peitoral. Agora que eu percebi seu tórax nu e senti meu rosto formigar um pouco. Ele riu um pouco corado também, colocando a mão atrás da cabeça bagunçando o cabelo.

- Eu vou ver quem tocou a campainha. Fica aqui. – eu ainda chorava um pouco. Claro que eu ficara aqui.

Sento na cama com as pernas dobradas pra trás, oque muitas pessoas não conseguem fazer, mas graças o balé eu consigo e perfeitamente. Coloco as mãos no rosto chorando e ainda pensando se aquilo era real e se meus pais passaram por aquilo.

- Não faz assim. Eu já falei que você não ta sozinha.

Levantei o rosto e não acreditei no que vi. Ali parado na porta atrás do Kyle estava sim, ele mesmo. Ian.

- O-oque? – deveria estar totalmente horrível porque ele me olhava com pena e eu sabia que ele não podia fazer nada com Kyle ali. Ele (Kyle) correu e me abraçou forte. Retribui o abraço, mas não tirei os olhos de Ian – oque ele esta fazendo aqui?

- Ah! – ainda com os braços em mim se virou – ele é meu vizinho – brincou né?? – ele tava do lado de fora da casa na s...

- Então, ai ele me viu e me chamou junto, hehe – riu meio sem graça. Eu só pensava em sair dali, mas eu ainda ia tirar essa história a limpo.

- Então ta né? – dei um grande suspiro fazendo com que se voltassem pra mim – eu só quero sair daqui. Por favor.

Kyle assentiu com a cabeça e me pegou no colo, logo me colocando no chão, ficando meio vermelho.

- Oque foi? – Kyle estava como um pimentão e apontou pra mim. Eu estava apenas de calcinha e sutiã agora, que droga! A Carly devia tê-la tirado. Fiquei totalmente vermelha, dos pés a cabeça. Estava com um conjunto azul marinho rendado. Levemente rubro Ian me da a sua jaqueta de couro. Eu a vesti rapidamente, fechando-a até em cima, com um único pensamento na cabeça: Agora todos estavam me dando as suas jaquetas?

- Er... Será que podem me deixar? Eu vou colocar uma roupa.

Kyle saiu e Ian logo atrás. Depois de alguns segundos Ian voltou e se aproximou um pouco de mim, encostando a porta.

- I-ian? O-oque você ta fazendo? – ele nada disse, apenas fazendo “shiu” com os dedos nos lábios carnudos. Lindo. Fiz como ele pediu e fiquei em silêncio.

- Você fica muito linda corada.

- Era só isso?

- Não, tem mais uma coisa – ele começou a se aproximar mais e mais e colocou a mão no zíper da jaqueta. Abriu um pouco, me deixando corada. Corada a sua mãe, eu tava totalmente vermelha mesmo. Ele parou e riu, fechando mais até do que tava. Ele me fitou com os seus olhos azuis e eu apenas o fitei de volta. Fiquei um pouco envergonhada porque do jeito que ele me olhava parecia que ele estava me vasculhando, perseguindo minha alma por dentro, sabendo de todos os meus segredos mais sujos. Ele apenas deu um passo e eu dei um junto com ele. Quanto mais ele se aproximava mais eu ia para trás, até que eu bato na parede, não desgrudando meus olhos dos seus. Até que ele para e coloca a mão direita atrás de mim se apoiando na parede atrás de mim. Parede traíra! Deixando-me encurralada...

- Eu...

- Sim? – ele tava centímetros do meu rosto.

- Que diabos? – eu não tinha percebido Carly ali parada. Ele logo se afastou com um pouco de indiferença enquanto ela observava tudo com a boca aberta.

- Carly... Err... Ian é m-melhor... Caham... Melhor você ir... – ele saiu pela porta e nem olhou pra Carly, ela apenas continuou olhando para ele e depois que ele se fora ela fechou a porta e foi na minha direção. Não fazia ideia do que ela iria fazer.

- Annie.

- Hum?

- Porque você ta com uma jaqueta de couro fechado até o pescoço?

- É que eu devo tê-lo tirado durante meu pesadelo, sabe... Eu tava toda suada.

- E Annie?

- Fala.

- De quem é a jaqueta?

- Do Ian? – respondi com medo da resposta.

- Ta ok... – ela ficou raciocinando por alguns segundos até que veio as perguntas desesperadas:

- Meu deus! Meu deus? Meu deus! Ele gosta de você? Perai o nome dele é Ian? Você acha ele gato? Porque de boas eu acho. Ele é tipo um deus e você ta ai toda gata de calcinha e sutiã. E ai? Ta gamando no menino?

Devo admitir que estava impressionada com a facilidade dela de fazer todas aquelas perguntas tão rápido. As respondi de modo rápido e nada embaraçoso enquanto me trocava tirando a jaqueta dele. Depois de responder todas as perguntas eu estava vestindo um short de dormir simples e tênis all star preto. Usava uma blusa de manga com um símbolo de um pentagrama que eu uso de pijama e a jaqueta do Ian por cima dos meus ombros. Descemos e os três meninos estavam sentados no sofá. Kyle estava no meio com os braços cruzados e Will e Ian nas pontas, sendo que Will estava mais próximo da escada.

- Vamos? – ainda com um tom chorosa. Não tinha me olhando no espelho assim parei no ultimo degrau da escada e fiz um coque alto, deixando algumas mexas soltas – Obrigada por eu ficar aqui Carly, mas eu realmente tenho que dormir em casa – com o Kyle, pensei. Mas não disse nada a mais. Olhei intrigada para os meninos – oque vocês vão fazer?

- Eu vou pra casa de táxi mesmo – disse Will dando de ombros.

- Pensei que fosse ficar aqui. E além do que, você tem dinheiro? – ele negou com a cabeça baixa.

- Mas eu tenho então eu vou pegar um taxi pra mim – disse Ian meio despreocupado.

- Pra que? A gente não é vizinho? Para de enrolação vamos logo – parei brutalmente quase caindo.

- Oque foi? – perguntaram quase todos ao mesmo tempo. Que fofos...

- E o meu Porsche?

- Verdade. Você não pode deixa-lo aqui – Kyle disse meio receoso – Que tal você dirigi-lo me seguindo até em casa?

Merda. Como eu ia dizer que bebi algumas a mais? Antes que eu abrisse a minha boca Ian se pronunciou:

- Eu a levo no porsche. Ela não está bem pra dirigir.

Olhei-o e o mesmo fazia o mesmo. Kyle estava duvidoso, mas no final aceitou. Então ficou assim: eu e Ian no meu carro e Kyle e Will no carro dele. Kyle iria dar uma carona pra Will. Entramos no carro, ele dirigindo e eu no banco do carona. Na hora em que entramos no carro o ar ficou mais pesado e o clima mudou e ficou um silêncio mortal no ar. Quando falei para ele ir conosco nunca pensei que ficaria assim. Ele começou a dirigir e logo fez uma cara de desgosto.

- Ta muito silencioso aqui... – murmurou para si – vejamos oque tem de bom aqui.

Ele colocou uma música no rádio e começou a tocar um heavy metal pesado. A letra basicamente dizia como as pessoas eram a igual à merda (people=shit, slipknot, música nas notas finais) e eu logo comecei a gritar por causa do alto volume:

- Para! Isso ta muito alto! – e bati nos botões. Começou a tocar a música da minha primeira apresentação de balé.

- Que merda? – e tentou trocar de música, mas eu o impedi.

- Não, deixa ai. Essa é a música da minha primeira apresentação de balé. Sabe, a primeira vez no palco em um solo é muito especial.

- Se você fala que é... – e ele simplesmente deixou a música tocar.

Não queria que o papo morresse ali e como se ele lesse a minha mente me perguntou:

- Porque você gosta tanto de balé?

Surpreendi-me com a pergunta e pensei em uma resposta curta, mas não havia uma. Ele apenas era parte de mim. Como o meu braço ou até mesmo minha orelha. Sei que é uma comparação esquisita, mas o balé simplesmente flui de mim.

- O balé... Simplesmente flui de mim – eu disse aquilo como se nem pensasse na resposta. Ela apenas me pareceu ser a melhor resposta.

Ele me olhou como se eu tivesse falado uma coisa maravilhosa e fora do comum. E eu continuei:

- O balé é uma clássica forma de expressar seus sentimentos através do corpo. É como algumas pessoas acalmam a alma – ri disso – acalmar a alma... Eu nunca sei quando a minha alma está calma, porque quando eu sinto que eu estou quase a acalmando-a, alguma coisa a impede de continuar.

Ele me olhava como se eu tivesse falado algo extraordinário, como se nunca tivesse ouvido tal testemunho. Ele continuava me olhando e eu pensei que bateríamos, mas quando percebi estávamos em casa. Meu carro, droga, o carro de festa dos meus pais estava na garagem e eu não sabia oque fazer agora. Ele simplesmente saiu do carro e abriu a minha porta. Me deu a porta e eu a segurei. Saímos e agora estávamos na frente da casa. Não sabia oque fazer, se dava-lhe um beijo de despedida ou algo do tipo. Ele estava indo embora com uma cara de decepcionado e eu disse-lhe:

- Você quer entrar?