História Uma dádiva... ou uma maldição? - No more dream

Já estava no aeroporto de Sidney e esperava meu irmão pegar as malas. Nossa. Nunca havia chamado Kyle de irmão, é diferente por eu nunca ter tido um irmão, mas com todo o carinho que ele tem me dado é meio impossível eu não chamá-lo de irmão. Como ele estava demorando um pouco decidi passear pelo aeroporto quando de repente eu bato eu uma pessoa e caio no chão. Ao contrário de mim ela continua de pé como se eu não tivesse batido nele.

- Me desculpe... Estou um pouco atrapalhado hoje – e me ajudou a levantar.

- Q-que isso. A culpa foi minha. Eu não te vi ai – ele riu um pouco.

- Como não ver 1,75cm?

- Uma enorme distração? – ri junto.

- Bom, vou ter que ir agora. Quem sabe mais tarde a gente se encontra?

- Não tenho tanta certeza – ele fez uma cara de interrogação – vou embora ainda hoje de madrugada.

- Bom, foi só um jeito de falar mesmo. Tchau – e foi embora.

- Tchau – meu primo/irmão tava vindo na minha direção – e ai?

- Oi. Vamos? – assenti.

[...]

Estávamos em um hotel e nossas “malas” estavam na cama.

- Meus pais e eu vamos fazer aquelas coisas chatas e burocráticas então fique aqui, tudo bem? – assenti com a cabeça, olhando pela janela. Observando as ondas domar quebrarem contra o muro de lá.

- Tudo bem então. Estou saindo agora. Fique bem.

- Vou ficar! – gritei para que ele ouvisse através da porta.

Fiquei observando a praia ao longe e avistei um parque perto daqui. A primeira coisa que eu pensei é que um parque é melhor que um quarto de hotel e segundo que as irmãs caçulas nunca ouvem os mais velhos. Troquei de roupa, peguei meu celular algum dinheiro e a chave do quarto. Desci e fui andando em direção ao parque.

Chegando lá eu me sentei em um banco vazio e fechei meus olhos aproveitando a tranquilidade. Mas depois de um tempo comecei a notar que o menino do banco ao lado não parava de me observar. Começava a ficar apreensiva quando ele se levantou e andou em minha direção, parando na minha frente.

- Não é que eu estava certo? – e riu tirando os óculos do rosto. Era o menino do aeroporto.

- Você! Nossa, que coincidência estranha – arqueou uma das sombrancelhas – não que eu te ache estranho ou nada do tipo, desculpe.

- Tudo bem. Posso me sentar?

- Claro.

Ele se sentou e ficamos em silêncio até nós falarmos ao mesmo tempo:

- Liesel.

- Mark.

Rimos juntos e depois ele me explicou.

- Meu nome é Mark.

- E o meu é Liesel.

Rimos mais um pouco e depois ele começou:

- Que tal fazermos o seguinte: como somos completos estranhos vamos roubar esse dia e fazer de conta que nos conhecemos. Fazemos perguntas uns aos outros. Que tal?

- Gostei. Vamos roubar esse dia! Quem começa?

- Eu. Vejamos... Cidade natal?

- Zurique, Suíça. Minha mãe estava viajando e tiveram que fazer um pouso de emergência porque eu nasci prematura de quase 8 meses.

- Bom, sua história é boa. Quer ouvir a minha?

- Claro. Essa é minha pergunta: Qual sua história?

- Bom, já que insiste... Nasci nos Estados Unidos, morei por lá um tempo, fui pro Brasil morei lá também e... TAM TAM TAM fui pra Coréia e morei lá a maior parte da minha vida. Agora to passando por aqui, mas daqui a pouco eu volto pra América.

- Uau digo eu! Sua história é melhor. Um quase coreano. Por isso o olho puxado? *risos*.

- *risos* sim, passei tanto tempo lá que desenvolvi olhos puxados *risos*.

(autora: eu não dei o perfil dele mas ele tem olho puxado sim link nas notas finais).

- Ok. Minha vez? Qual o motivo de você estar tão triste na adorada Austrália?

- Não me despedi de uma pessoa quando estava indo embora.

- Humm... Também não me despedi de um amigo.

- Tá, minha vez... Você pode me falar alguma coisa em coreano?

- *risos* ta bom... Preparada? Joh-eun halu! Significa bom dia!

- Que legal... Agora sua vez.

- Ok... Uma pergunta tanto quanto pessoal. A pessoa da qual não se despediu foi seu namorado? Ou alguém que goste?

Ta bom, essa pergunta me pegou desprevinida. Por um reflexo involuntário toquei na minha pulseira “mesmo que longe as pessoas que você gosta sempre estarão perto de você”, sorri triste sem perceber.

- Sim, digamos que sim. E você?

- O meu amigo do qual estava falando antes... Eu gosto dele, mas quando eu percebi isso ele já tinha namorado. E na mesma hora eu tive que pegar um voô para Sidney. Não pude nem me despedir – e olhou triste porém sorrindo para o chão, como eu. (autora: para aquela pessoa mais lenta (como eu) o Mark é gay (personagens gays são tão legais <3 eu acho :/)).

- Não se preocupe, tenho certeza de que ele te entende.

- Eu também acho que seu “amigo” te entende também.

É... Espero...

[...]

Estava de volta no hotel antes que meus tios e Ky voltassem. Falei isso pro Mark e ele entendeu bem. Demos nossos telefones uns pros outros e eu disse que antes de ir embora eu ligaria pra ele e ele disse que também ligaria quando fosse embora. Fiquei à toa no quarto por uns 20 minutos antes deles chegarem. Depois das malas intocadas serem “arrumadas” fomos em direção ao aeroporto.

- Annie fique aqui com o Kyle e esperem aqui para embacarmos todos juntos, tudo bem?

- Claro – disse e me virei para Ky – preciso fazer um telefonema já volto.

- Humm, está bem.

Sai de perto dele, mas não tão longe e liguei para Mark.

- Alô?

- Mark, sou eu, Liesel.

- Hey LieLie. Ta indo embora?

- To. Desculpa se a gente não se pode ver antes de eu ir embora.

- Ah tranquilo. Mas a verdade é que vou sentir falta dos nossos papos. Depois vai ser a minha vez de te ligar, né?

- Sim! Você vai me ligar todo dia antes de ir embora. Temos muito que falar ainda, mesmo você sendo alguém que eu conheci no aeroporto *risos*.

- Sim *risos*. Me ligue quando chegar também, ok?

- Ok. Vou ter que desligar agora Mark. Tchau Marknae (apelido).

- Tchau LieLie.

Desliguei o celular e voltei pra perto do Kyle.

- Pronta pra voltar?

- Sim. Vamos?

- Oh, a ligação te fez ficar de bom humor?

- Podemos dizer que sim, um pouco, mas sim.

- *risos* então vamos.