1. Spirit Fanfics >
  2. Uma Doce Mentira >
  3. A Lebre e o Cão Maior - ATUALIZADO

História Uma Doce Mentira - A Lebre e o Cão Maior - ATUALIZADO


Escrita por: YAfanfics

Notas do Autor


Oi gente, tudo de boa? Desculpem pela demora.
➡ Escutei só uma música no repeat enquanto escrevia esse capítulo: I Found (Amber Run);
➡ Aconselho a escutá-la na parte em que a Selena/America e o Justin começam a conversar (só os dois);
➡ As roupas projetadas para os personagens nesse capítulo estão em um link no final da página, nas notas finais (eu sempre faço questão de detalhar bem a descrição das roupas, mas talvez uma imagem possa materializá-las melhor no pensamento de vocês);
➡ Resumindo: links nas notas finais.
➡ RELEMBRANDO: Aos que ainda não sabem ou estão um pouco confusos, estou reescrevendo a fanfic e postando nesse mesmo link (estou substituindo os capítulos da versão antiga pela nova)
Boa leitura!

Capítulo 19 - A Lebre e o Cão Maior - ATUALIZADO


Fanfic / Fanfiction Uma Doce Mentira - A Lebre e o Cão Maior - ATUALIZADO

Apressava o passo à medida que Justin me puxava pela mão para dentro de uma mata escura e íngreme, alegando que este era apenas um atalho para o verdadeiro lugar onde estava me levando. Eu continuava receosa para quaisquer que fossem seus planos, mas queria ver até que ponto ele iria e o quanto isso me beneficiaria no caso que me fora designado.

Deixamos a linha das árvores para trás ao nos aproximarmos de uma cerca de arame que formava um grande e alto portão, no qual continha uma placa com as palavras “Acesso Proibido” em letras pretas e graúdas. Direcionei o olhar para além da cerca e vi que estávamos atrás do parque de diversões local, que normalmente estava aberto ao público todos os dias até às 23h00 – e que agora havia encerrado suas atividades.

Logo mais, Chaz, Chris, Ethan e Rebecca apareceram pela estrada de terra e vieram animados ao nosso encontro – com exceção de Rebecca, que passou a exibir sua típica carranca ao ver que eu estava presente. Os garotos me cumprimentaram cada um com um abraço bastante amigável, enquanto que para a garota eu ofereci apenas um aceno com a cabeça, não recebendo nada em resposta além de uma onda de raiva que emanava de seus olhos negros.

Me coloquei novamente ao lado de Justin, que tentava arrumar seus fios aloirados embaixo do boné preto, e me inclinei para perto dele sem que os outros percebessem o meu mínimo movimento e afim de impossibilitar que ouvissem o que eu queria perguntar para sanar a minha tamanha curiosidade:

– O que nós estamos fazendo aqui exatamente? – As palavras saíram tal como um murmúrio quase inaudível e Justin se iluminou em um sorriso.

– Espere até entrarmos e então você verá. – Ele respondeu.

– Você está me dizendo que vamos invadir uma propriedade pública no meio da noite? – Arregalei os olhos, horrorizada.

– Falando desse jeito faz soar como se fôssemos criminosos.

Tentei camuflar meu nervosismo ante aquelas palavras com um sorriso e Bieber pareceu convencido com o mesmo, pois não percebeu a minha inquietação quando pegou o celular no bolso de sua calça para checar as horas. Transferi o peso do meu corpo de uma perna para a outra e comecei a mordiscar o canto da minha boca, um pouco apreensiva com a ideia de receber uma bronca de Khan por estar ali prestes a me meter em encrenca e ainda correndo o risco de não conseguir nenhuma pista.

Apesar de saber que se tratava de um importante assunto de Estado, estava claro desde a minha primeira missão que Aldous não aprovava o meu envolvimento em nada que fosse contra suas próprias regras e que me colocasse em situações delicadas perante à lei, o problema é que levar isso para o lado pessoal acabava afetando o seu profissionalismo e dificultando o meu objetivo. Contudo, eu estava disposta a ir fundo em qualquer oportunidade que surgisse de colocar Bieber atrás das grades e de conseguir recuperar o projeto Sentinela em segurança para o FBI, ainda que minhas ações não fossem condizentes com as normas de Khan.

– Certo, o turno do último segurança terminou há cinco minutos. – Bieber ergueu o celular e mostrou o relógio analógico no visor, o qual indicava 00h05min.

– E o que estamos esperando? Vamos logo! – Encorajou Chaz, afoito, empurrando Chris e Ethan rumo à cerca e induzindo a mim e a Justin a segui-lo.

– Vocês só podem estar de brincadeira. – A atenção de todos se voltou rapidamente para Rebecca, que estava de braços cruzados e visivelmente irritada ao apontar seu olhar colérico para mim.

– Rebecca... – Justin a advertiu quando se deu conta de que era eu quem estava em sua mira.

– Fala sério, Justin! – Ela ergueu ambas as mãos em sinal de descrença – O que nos garante que a senhorita perfeitinha aí não vai nos delatar? E o que ela está fazendo aqui, para começo de conversa?

– Eu convidei ela. – Confessou com voz firme.

– Você fez o quê? – Becca estreitou os olhos, aborrecida.

– Por acaso você está surda? – Ele rebateu – Eu. Convidei. Ela. – repetiu pausadamente.

– Não posso acreditar que você quebrou o pacto que fizemos de não trazer ninguém de fora para cá, para o nosso lugar. – A garota voltou a cruzar os braços na altura do peito estufado e balançou a cabeça em negação.

– Uau, um pacto idiota que eu fiz quando tinha dezesseis anos claramente ainda vale alguma coisa nessa sua mente perturbada e obsessiva. – Seu tom zombeteiro despertou um pouco mais da fúria de Rebecca, que cerrou o dentes.

– E claramente a sua palavra não vale de nada quando é o seu pau quem está tomando as rédeas das suas decisões.

A respiração de Bieber ficou pesada, uma carga de raiva se dissipou através de suas pupilas dilatadas e ele cerrou os punhos com tanta força que os nós de seus dedos ficaram esbranquiçados. Rebecca não recuou, continuou com sua postura de superioridade e não hesitou nem por um segundo ao sustentar a afronta que seus olhos irradiavam na direção de Justin. A atmosfera ao redor se carregou de tensão, qualquer movimento brusco poderia ser o suficiente para transformar aquele pequeno conflito em uma guerra.

– O que foi, Justin? – Seus lábios se esticaram em uma satisfação maldosa – O gato comeu a sua língua ou você se deu conta de que ela não vale todo esse esforço por uma transa?

Com o maxilar travado e a respiração inquietante, Bieber avançou abruptamente em direção à garota e a questionou com um berro repleto de irritação:

– Qual é a porra do seu problema, Rebecca?

– Qual é a porra do seu problema? – Barnes refutou – Ainda ontem você achava até o modo com que essa garota respira irritante e agora está agindo como se ela fosse alguém com quem você se importa.

– Acho melhor eu ir embora. – Pronunciei calmamente em uma tentativa de apaziguar a situação e segurei o braço de Justin, afastando-o de Rebecca ao puxá-lo de forma delicada.

– Foi a coisa mais inteligente que já ouvi você dizer desde que te conheci. – Ela provocou.

– Gente, não tem necessidade disso. – Chaz soltou os ombros, chateado.

– Eu concordo com o Chaz. – Chris se manifestou e prosseguiu: – Além do mais, a rainha do baile está prestes a se tornar nossa irmã agora que ela e o Justin finalmente chegaram a um denominador comum, e eu gosto da ideia de tê-la como parte da família.

– Você também vai ficar contra mim, Chris? – Rebecca o fuzilou com o olhar.

– Ninguém está contra você, Becca. – Respondeu ele de forma paciente.

– Fale por você mesmo, Beadles. – Justin resmungou, encarando sua oponente naquela briga – A partir de hoje eu vou dedicar cada minuto dos meus dias fazendo você vai pagar bem caro por tudo isso, Rebecca.

– Você está me ameaçando? – Ela rosnou – Seu filho da...

– Já chega, porra! – Ethan se sobressaiu ao elevar o tom – Vocês parecem um bando de colegiais estúpidos discutindo sobre quem merece ficar com o capitão do time de futebol americano: a líder de torcida gostosa ou a novata gostosa.

– Mas Ethan... – Rebecca começou a argumentar.

– Não! – Ele a cortou imediatamente – Eu amo você como minha irmã, Rebecca, mas não posso sair em sua defesa quando o que você faz é atacar uma pessoa que nunca sequer te dirigiu um olhar torto. Não é justo que você desconte nela a raiva que você tem do Justin, e não justo com você mesma criar a ilusão de um sentimento que nunca existiu por parte dele.

Barnes engoliu o choro, mantendo seu cenho franzido em descontentamento.

– Está mais do que óbvio que todos aqui gostam da America e estão de acordo que ela fique, mas é claro que você não podia facilitar as coisas para o lado dela. – Harris me fitou por um instante, depois se virou para Becca e tornou a prosseguir – Então, eu vou te dar duas alternativas: ou você para de agir feito uma adolescente mimada só porque os olhos do Justin não estão mais voltados só para você, ou você vai embora.

– Você não pode estar falando sério. – A incredulidade se fortificando em seus traços.

– Você só está causando tumulto, Rebecca. – Ethan replicou com uma tonalidade grave, a qual representava o tamanho de sua indignação para com a atitude da amiga – Faça uma escolha sábia e aproveite o momento ou vá embora e pare de tentar estragar o que era para ser uma noite divertida entre amigos.

– Amigos? – Ela repetiu a palavra com desgosto – Nem que eu estivesse no último grau de loucura eu seria amiga dessa garota.

– Então você já fez a sua escolha, agora arque com as consequências dela enquanto volta sozinha para casa. – Dito isso, Ethan deu as costas à Rebecca e rumou para próximo do portão traseiro do parque com os demais.

Justin e eu ficamos para trás por um instante, ambos observando em silêncio e de formas diferentes a reação de Barnes perante à rejeição. Ele a olhava com um misto de desprezo obscuro e fúria esculpido em cada traço de seu rosto sisudo, enquanto eu a enxergava como a menina que já havia perdido tantas pessoas importantes e que agora acabara de perder também o seu posto entre os amigos a quem considerava sua família.

– Rebecca, eu... – Comecei a falar, mas logo fui interrompida.

– Não! – Disse Justin – Você não deve um pedido de desculpas à ela.

Antes que eu pudesse contestá-lo mencionando os meus direitos como uma cidadã americana livre para expressar a minha opinião e consciente de que pedir desculpas era o mínimo que eu poderia fazer para consolar Rebecca, Bieber me segurou pela mão e saiu me puxando para perto de uma fenda no canto esquerdo do portão do parque. Ele fez questão de se colocar logo atrás de mim para garantir que eu não olhasse para trás, onde provavelmente uma Becca desolada agora estaria girando os calcanhares para ir embora.

Assim que ultrapassamos a cerca de arame e já nos encontrávamos dentro do parque de diversões, Justin parou ao meu lado e tentou segurar a minha mão novamente, mas eu a afastei em um movimento rápido. O desapontamento não tardou a aparecer, consolidando-se em seu rosto ao mesmo tempo em que a decepção perante à sua atitude desumana de poucos minutos atrás se fazia presente no meu. Dado todo o seu histórico familiar, Bieber, mais do que qualquer outra pessoa, deveria saber que não fora justo tratar Rebecca como se ela fosse descartável.

– Se você está esperando um pedido de desculpas, é melhor desistir – disparou ele – Eu não vou me desculpar por ter feito a coisa certa.

– Feito a coisa certa? – Repeti com asco – Você foi cruel. Todos vocês foram.

– Alguém tinha que impor limites à Rebecca, o meu único arrependimento é ter deixado o Ethan fazer isso antes de mim.

– Se é assim que você trata os seus amigos, estou oficialmente dispensando o cargo. – Me virei em um movimento brusco para ir embora dali, mas sua mão se fechou ao redor do meu braço e me impediu.

– Aonde você pensa que vai?

– Embora, aonde mais eu iria? – Tentei me soltar com um solavanco, mas não funcionou.

– Nós estávamos te defendendo, porque você está tão puta da cara assim?

– Para defender uma pessoa você não precisa humilhar outra. – Ralhei em uma explicação – E eu não preciso que ninguém me defenda, o que eu preciso é que você tire as suas mãos de mim e me deixe em paz.

– Você não vai sair daqui sem antes me escutar.

– Eu não quero ouvir nada do que você tem para me falar.

– E eu não quero que você vá embora! – Afirmou, puxando-me mais para perto de si.

– Me forçar a ficar só vai ser pior. – Trinquei os dentes ao me debater em seus braços.

– Te forçar a ficar provavelmente vai ser pior para você, mas te deixar ir só vai ser pior para mim.

Aquelas palavras tiveram um impacto tão forte que meu corpo cedeu aos esforços de Justin em me manter presa ali e eu parei de me agitar, subindo o olhar até encontrar duas grandes esferas cor de mel cravadas em mim. Com medo de que ele pudesse sentir o meu coração começar a bater de forma acelerada, espalmei as mãos em seu peito para me afastar e encarei o chão de terra.

– Olha America – Bieber foi se aproximando lentamente à medida que começava a falar – Eu sou novo nesse lance de amizade e ainda vou fazer muita merda que vai decepcionar você, mas eu preciso de mais do que algumas horas e alguns erros para te mostrar que eu posso ser o amigo que você merece.

Soltei um longo suspiro ao desviar o olhar para o lado e depois, fitando-o, disse:

– Apenas faça valer a pena, Bieber.

Com um sorriso bastante satisfeito, ele estendeu uma de suas mãos em minha direção e eu a segurei sem pestanejar, permitindo-me ser guiada para mais adentro do parque, onde o ambiente era sonorizado apenas pelo vento balançando a copa das árvores. Chris e Ethan haviam sumido de vista, provavelmente buscando se aventurar em algum outro canto, mas Chaz estava parado apenas há alguns passos de nós, diante da roda gigante desligada.

– Ei Chaz, você sabe o que fazer. – Justin deu um tapinha em seu ombro e logo saiu me puxando para perto do brinquedo.

– O que diabos você está fazendo? – Perguntei ao vê-lo pular a barra de metal que bloqueava o acesso às cabines.

– Vem, quero te mostrar uma coisa. – Bieber apontou a direção com a cabeça.

– Me mostrar o quê, como ser presa por invasão de área de domínio público?

Ele revirou os olhos, sorrindo. – Deixa de ser boba. Eu prometo que você não vai se meter em encrenca.

Respirei fundo, cerrando os olhos quando o ar entrou em meus pulmões.

– Isso é uma péssima ideia. – Resmunguei baixinho, colocando um pé entre duas barras que formavam a pequena grade de contenção e depois passando o outro por cima da mesma, até que este alcançasse o chão e eu estivesse do outro lado junto com Justin.

Ele abriu a portinhola de uma das cabines que estava posicionada bem em frente à entrada do brinquedo e fez um sinal com a mão para que eu entrasse primeiro, seguindo-me logo depois e acomodando-se ao meu lado no assento igualmente de metal. Em menos de dez segundos, cada pequena lâmpada ao redor da roda gigante se acendeu e o ar fresco da noite ricocheteou em minha pele quando começamos a ganhar altura.

No momento em que alcançamos o topo, Chaz pressionou um botão no painel de controle e a roda-gigante parou subitamente com um rangido que me deixou assustada. Eu nunca havia andando em uma daquelas coisas, e ter minhas pernas suspensas no ar e uma trava de segurança frouxa contra a minha cintura só me deixavam ainda mais aflita. Foi só quando eu ergui o rosto e a vista da cidade reluziu diante dos meus olhos que eu afastei qualquer medo antes presente e me permiti admirar a paisagem, de queixo caído.

– Uau, isso é... isso é...

– Incrível? É. – Bieber completou.

– Eu nunca vi nada igual. – Meus olhos cintilaram de encanto e ele sorriu.

– Nós temos o costume de vir aqui sempre que estamos passando por alguma situação complicada, viemos para pensar em uma solução ou simplesmente para esquecê-la. É idiota, mas funciona. – Explicou, espichando seu braço sobre o encosto do banco atrás de mim.

– Eu passaria horas só admirando essa vista.

– Viu, eu falei que você ia gostar.

– Você está brincando? Eu amei! – Afirmei de maneira animada.

De soslaio, pude ver um largo sorriso se formar em seus lábios antes que o silêncio passasse a orquestrar o ambiente a nossa volta, permitindo-nos contemplar o cenário espetacular que aquela aventura contra lei estava nos proporcionando. Abençoados pela imagem do céu pintado no tom de um azul escuro, percorri os olhos pelas inúmeras constelações de estrelas que faziam companhia à lua e deixei um riso fraco irromper por minha garganta.

– É engraçado – as palavras saíram de repente pela minha boca.

– O que é engraçado? – Sua testa se franziu em confusão.

– Quando eu era mais nova e meus pais tinham uma de suas brigas, eu fugia de casa para um lugar que eu havia descoberto voltando da escola em um dia chuvoso. – Esbocei um sorriso ao contar tal recordação e prossegui – Era um lugar abandonado, um antigo ferro velho eu acho, com uma fissura gigantesca no teto que me permitia ver as estrelas à noite e inventar figuras para as nuvens durante o dia.

Baixei um pouco o olhar e fitei o nada, ainda sorrindo, depois continuei:

– Apesar de não ser por um motivo feliz que as minhas visitas àquele lugar se tornaram tão constantes, eu acabei descobrindo a paixão pela astronomia e dediquei minhas horas vagas a estudar os planetas, galáxias, cometas e, principalmente, a história que cada constelação carregava consigo. – Revelei nostálgica.

– Jura? – Ele se mostrou bastante surpreso e eu sorri, disposta a comprovar o meu dito conhecimento.

– Está vendo ali? – Apontei com o dedo indicador para um aglomerado de estrelas que faiscavam e Bieber estreitou os olhos para o céu, sinalizando com a cabeça quando o encontrou – É o Cão Maior. O Cão de Órion.

Ele analisou minuciosamente o conjunto de estrelas por alguns instantes, e então eu continuei:

– Está seguindo ela – deslizei o dedo para o lado, para outra constelação – Aquela é a Lebre.

– Porque ele está seguindo ela? – Justin indagou.

– A Lebre está sempre na estrada, procurando incansavelmente pelo verdadeiro amor. – Relatei, um sentimento intenso percorrendo o meu interior ao mesmo tempo que um arrepio se propagava por todo o meu corpo – Dizem as más línguas que o Cão de Órion a está caçando para matá-la, mas a verdade é que ele a ama. Ele é o seu verdadeiro amor, ela só não sabe disso ainda.

Quando o silêncio voltou a nos cercar, virei o rosto para o lado e vi Bieber me fitando com apreço.

– Você me surpreende cada vez que resolve abrir a boca, sabia?

– Ah, eu tenho os meus momentos. – Dei de ombros em meio a uma risadinha.

– Não, é sério – falou ele, atraindo o meu olhar para o seu – Você é... intensa.

Encabulada, baixei a cabeça até que meu campo de visão fosse enquadrado por minhas próprias mãos sobre o meu colo.

– A vida deveria ser feita de intensidades, você não acha? – Falei, alcançando seus olhos – Palavras intensas, momentos intensos, escolhas intensas.

– Você também merece pessoas intensas ao seu lado, Mare. Pessoas que estejam dispostas a fazer tudo o que as outras não tiveram a capacidade de fazer por você – o sorriso de Justin subiu para os olhos – E é isso o que eu quero ser para você, eu quero ser a sua pessoa intensa, o seu melhor amigo.

– E você acha que é capaz de ser o meu melhor amigo? – Rebati em um tom desafiador.

– Eu sei que vou me esforçar para isso. – Ele garantiu – Mas você precisa saber que eu vou te decepcionar algumas vezes.

– E o que eu devo fazer quando isso vier a acontecer?

– Apenas não desista de mim e me dê uma chance de me redimir. – Sua expressão fora tão sincera que eu, Selena, quase me deixei levar.

– Certo. Mas sobre esse lance de amizade, eu tenho algumas perguntas.

– Pode mandar. – Bieber se ajeitou no assento.

– Na verdade é só uma, mas é importante – esclareci e suspirei – Como faremos isso dar certo? Digo, nós meio que já ultrapassamos o limite do que é permitido em uma amizade.

Justin riu.

– Digamos que o sexo serviu para fortalecer a amizade.

– Você não acredita mesmo nisso, não é? – Olhei-o com descrença.

– É, talvez seja melhor arranjarmos outra explicação, porque minha mente vai registrar essa como uma boa desculpa para transar com você toda hora.

– E não queremos que isso aconteça novamente. – Pontuei.

– Fale por si mesma, eu quero muito transar com você de novo.

– Justin... – Seu nome saiu como uma reprimenda e ele conteve o riso.

– Tudo bem, desculpa. – Bieber ergueu as mãos em rendição – É que eu gosto de te deixar sem graça.

– É, eu percebi. – Revirei os olhos, respirando profundamente ao mirá-lo – Apenas não faça com que eu me arrependa de ser sua amiga, ok?

– Se depender de mim, você não vai se arrepender. – Ele sorriu para mim.

– Assim espero. – Respondi por fim, voltando a contemplar a paisagem diante de nossos olhos em silêncio.

Justin mal sabia que já havia me desapontado antes mesmo de cometer qualquer deslize aparente em nossa amizade, foi no momento em que seu caso caiu em minhas mãos e eu prometi fazer o possível e o impossível para colocá-lo atrás das grades por todos os seus crimes. Eu sabia que estava jogando sujo ao criar a ilusão de uma amizade, mas o meu trabalho fora conquistado com muito esforço e era tudo o que eu tinha, não podia abrir mão disso por ter uma pequena parte de mim que acreditava ainda haver um pouco de humanidade nele.


Notas Finais




Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...