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História Uma Doce Mentira - Correr ou morrer - ATUALIZADO


Escrita por: YAfanfics

Capítulo 5 - Correr ou morrer - ATUALIZADO


Fanfic / Fanfiction Uma Doce Mentira - Correr ou morrer - ATUALIZADO

– Mas que porra está acontecendo aqui? – Ambos ouvimos uma voz feminina acabar com o pleno silêncio de poucos segundos atrás e direcionamos o olhar para a porta do escritório no mesmo momento, vendo Rebecca nos encarar de braços cruzados e com uma cara nada boa.

Recuei dois passos para aumentar consideravelmente a distância entre mim e Justin e me segurei para conter um sorriso vitorioso que queria surgir em meus lábios diante daquela situação. Virei-me de frente para Rebecca lentamente e notei que ela continuava com a mesma expressão de quem comeu e não gostou, enquanto que Bieber a olhava com tamanha indiferença. Eu não sabia dizer com convicção se Justin e Rebecca estavam se envolvendo ou algo do gênero, mas a julgar pela maneira com que ela parecia afetada ao nos ver tão próximos diria que alguma coisa estava rolando entre os dois.

– Você vai me explicar o motivo de ter me deixado plantada lá em baixo feito uma completa idiota enquanto ficava aqui conversando com a novata ou vai continuar me olhando com essa cara de virgem? – Rebecca o repreendeu como uma mãe a um filho e Justin desatou a rir, sem se preocupar com a trincada de dentes que a garota deu em consequência de sua ação. – Por acaso você está vendo graça em alguma coisa que eu disse, Justin?

– A graça está no fato de você pensar que temos algum tipo de relacionamento onde você exerce controle sobre mim, Becca. – Justin se afastou de nós duas sorrindo sarcasticamente e se inclinou sobre uma pequena mesa quadrada ao lado do sofá para servir um pouco de uísque com gelo. – Mas se isso te consola, você foi a única que dormiu na minha cama. – Ele ergueu o copo em direção à garota, como se estivesse fazendo um brinde, e permitiu que um sorriso maldoso bordasse seus lábios antes de dar uma golada na bebida. Rebecca ficou ainda mais irritada com isso e lançou um olhar fulminante para Justin, que o ignorou completamente e relaxou o corpo no sofá.

– Pelo visto vocês dois têm muito que conversar, então com licença. – Dei uns três passos em direção à saída antes de Rebecca bloquear a porta e me impedir de passar. – Será que você pode sair da minha frente? Ou você prefere que eu fique aqui ouvindo os dramas do seu relacionamento mal resolvido e assuma o posto de psicóloga do casal? – Os olhos da garota estavam faiscando de ódio diante dos meus, que agora transpareciam puro cinismo, e eu posso garantir que a gargalhada que Justin deu a enfureceu ainda mais.

– Deixe a garota ir, Becca. Já aproveita a oportunidade e vai junto com ela. – Justin disse tranquilamente antes de bebericar o seu uísque com gelo novamente.

– Não! – Rebecca elevou o tom de voz em um grito nervoso e Bieber pareceu não se afetar nem um pouco, continuou bebendo como se nada estivesse acontecendo ao seu redor. – Eu não vou sair daqui enquanto nós dois não tivermos uma conversa.

– Essa maldita conversa adolescente só envolve vocês dois e não a mim, então faça o favor de sair da minha frente antes que isso se torne um problema para você, Rebecca. – Eu já estava perdendo a paciência com ela e com a sua incansável pose de durona, mas me contive ao encará-la e ver que Rebecca Barnes não passava de uma garota problemática e carente.

– Eu já mandei você deixar a garota ir, Rebecca. Ou você prefere que a minha arma te obrigue a sair da frente? – Justin a censurou usando um tom de voz ameaçador junto com um olhar impetuoso e Rebecca resolveu acatar à sua ordem, ainda que bastante contrariada com a mesma.

– Espero que você não cruze o meu caminho novamente, Miller. – Ela me encarou de maneira hostil e feroz, como se quisesse me intimidar com toda aquela superioridade forçada.

– Então comece a se preocupar, porque eu não vou desviar só por sua causa. – Retruquei dando um sorriso cínico e bati com o ombro no dela ao passar pela porta e fechá-la atrás de mim.

Você não se cansa de me fazer passar por isso? – Escutei a voz firme e zangada de Rebecca ressoar por todo o escritório alguns segundos depois que saí e fiquei em completo silêncio do lado de fora para conseguir ouvir o resto da discussão, ainda que as paredes abafassem um pouco do som. Eu sei que não é nada educado ficar escutando a conversa alheia por atrás da porta, mas o principal objetivo do meu trabalho é justamente descobrir detalhes que possam me favorecer no decorrer do caso, então eu estava apenas cumprindo com o meu papel. – Eu nunca cobrei nada de você, Justin, nunca! Mas acontece que eu tenho sido o seu sexo fácil e fixo desde que cheguei aqui na Califórnia e te conheci. – Os saltos de Rebecca estalavam fortemente no chão, indicando que ela estava andando de um lado para o outro enquanto deixava a raiva se esvair em palavras. – Durante esses malditos dois anos eu vi você ser o desgraçado insensível que você realmente é, e saquei que a sua carta na manga sempre foi esconder esse lado para levar as mulheres pra cama. Só que, diferente de todas as que passaram pelos seus lençóis nas noites de farra, eu sempre soube quem você era de verdade e mesmo assim eu continuei aqui. Então o mínimo que você poderia fazer é ter um pouco mais de respeito por mim ao invés de esfregar na minha cara essas garotas sujas que você traz para dentro de casa toda sexta-feira à noite. E isso inclui a Miller.

E você realmente acha que está em posição de qualificar quem eu posso ou não posso trazer para dentro da porra da minha casa? – A seriedade no tom de voz de Justin era notável há quilômetros de distância e Rebecca pareceu se calar, provavelmente por receio ou por estar pensando em uma resposta boa o suficiente para ganhar a briga. – Cai na real, Rebecca. Eu não sou o tipo de cara que você quer na sua vida e você não é a mulher que eu quero na minha, entendeu? Não está rolando nada entre nós dois além de sexo por diversão, então eu sugiro que você pare de fazer essa ceninha ridícula toda vez que eu tô com uma mulher ou isso não vai acabar nada bem pro teu lado.

Afastei-me cautelosamente da porta, decidida a descer de volta para a festa e explicar a Ryan que eu havia sumido por esse longo período de tempo porque me perdi ao tentar achar o banheiro. Bati os olhos nele assim que desci o último degrau da escadaria e segui sorridente em sua direção, ele estava conversando com Chaz e Christian, mas não me importei com a presença dos garotos e coloquei a mão em seu ombro quando me aproximei.

– Onde você estava, gata? – Ryan passou um dos braços ao redor do meu pescoço e o repousou sobre os meus ombros, sorrindo em seguida.

– Eu fui procurar o banheiro e me atrapalhei um pouco até finalmente achar o caminho. – Dei uma risadinha fraca e a mesma fora seguida de outras três. – Mas e então, o que foi que eu perdi?

– Chaz levou três foras e um tapa na cara, então você não perdeu nada que já não tenha acontecido antes e que não vá acontecer outras vezes. – Christian tomou um longo gole de sua Corona e Chaz deu-lhe uma bofetada na cabeça, fazendo-nos gargalhar enquanto Beadles se engasgava.

– Ei, se liguem só! – Chaz disse apontando com o olhar para a escadaria, onde focalizamos uma Rebecca enfurecida descendo os degraus e se chocando contra milhares de pessoas até alcançar a porta de saída. – Parece que alguém não ficou nada contente com as verdades que ouviu do Drew.

– Quem sabe agora ela pare de ser tão obcecada por ele e me dê uma chance. – Ryan comentou brincalhão e Chaz o acompanhou em uma gargalhada incessante, mas Christian pareceu se incomodar um pouco com a atitude dos amigos.

– Becca já sofreu o suficiente para uma vida. Ela não merece que vocês dois e o filho da puta do Drew fiquem se divertindo com a ruína dela. – O forte tom de voz de Chris saiu carregado de irritação, o que levou Ryan e Chaz a se entreolharem com dúvida.

– Ih, qual foi, Beadles? – Ryan o encarou com escárnio. – Desde quando você passou a defender a garota que te fez de alvo para a arma dela? Ou vai me dizer que você já se esqueceu da vez em que aquela maluca atirou em você?

– Não é nada disso, Ryan. – Chris rolou os olhos com impaciência. – O que acontece é que a Rebecca não tem mais ninguém além da gente, e não é justo que vocês estejam agindo dessa forma com ela.

– O problema da Rebecca é que ela tem uma necessidade absurda de ser sempre o centro das atenções, bro. E a verdade é que ela também tem sido uma maníaca controladora desde que a conhecemos. – Chaz entornou um shot de tequila e bateu o pequeno copo no balcão do bar antes de voltar a encarar Chris, que volta e meia dava umas goladas em sua cerveja. – Então eu acho até melhor que o Justin tenha acabado de vez com o conto de fadas que ela projetou naquela mente perturbada, por mais duro que ele tenha sido.

– Eu concordo com o Chaz. – Ryan deu de ombros. – Aliás, a Becca também precisa parar de usar os problemas familiares dela como desculpa para as merdas que ela faz, porque uma hora o Justin vai se cansar de encobrir as sujeiras dela e isso não vai ser nada bonito.

– Tá, tudo bem, não está mais aqui quem falou. – Chris ergueu ambas as mãos como forma de rendição e o clima tenso de antes pareceu se apaziguar em poucos segundos.

Por um indeterminado período de tempo, me dispersei da conversa com os garotos sobre a partida de basquete do dia anterior e coloquei todos os meus pensamentos em torno de Rebecca e de seus incontáveis problemas. Por mais desagradável e egocêntrica que Rebecca Barnes fosse, eu a entendia perfeitamente e tinha conhecimento do quão grande e profundo era o vazio deixado em seu peito. Assim como ela, eu também fui forçada a encarar a vida longe de casa e daqueles que deveriam ter sido o meu alicerce, mas a diferença é que eu escolhi converter as minhas mágoas em ações que garantissem a proteção e o bem-estar de outras pessoas.

– E aí bando de Zé ruela, o que vocês acham de estourar o velocímetro? – A voz grossa de Ethan me despertou do transe e, quando me dei conta de sua aproximação, ele já estava ao meu lado conversando com Ryan, Chaz e Chris. – Vai rolar um racha na Prado de Las Fresas e o pessoal tá levando a festa para lá.

– O Drew já tá sabendo disso? – Chaz questionou.

– Pergunta isso pro meu Hennessey Venom 1000 Twin Turbo, filho da puta. – Ouvimos o ressoar da voz rouca de Justin e em seguida um espaço fora aberto entre os quatro garotos, dando-me a completa visão de Bieber rodando as chaves do carro no dedo indicador enquanto dava um sorriso convencido.

– Você quer ir com a gente ou prefere que eu te leve pra casa? – Ryan perguntou ao ficar de frente para mim e eu me permiti pensar por alguns segundos enquanto encarava seus grandes olhos claros.

– Leva a garota pra casa, Ryan. – Justin utilizou um tom de voz autoritário ao se intrometer na conversa e, com isso, acabou atraindo a atenção dos outros garotos diretamente para nós três. – Prado de Las Fresas não é lugar para gente como ela.

– Eu não me lembro de ter te dado o direito de determinar uma lista de lugares que você julga serem apropriados para que eu possa ou não possa frequentar, Bieber. – Respondi seca e ouvi um "wow" ser formado pelo coro de seus amigos, o que deixou Justin levemente irritado e o fez trincar o maxilar para acentuar ainda mais sua expressão séria.

– Vai brincando, Miller. Mas eu quero ver até onde vai essa sua marra quando eu começar a jogar também. – Justin lançou um último sorriso maldoso e ameaçador antes de se virar e ir em direção à porta, sendo seguido fielmente por Chaz, Chris e Ethan.

– Você está brincando com fogo, America. – Ryan advertiu quando voltamos a ficar a sós e eu o encarei de maneira despreocupada, notando claramente a apreensão que ele trazia no olhar.

– Não se preocupe comigo, Ryan. Eu não tenho medo de me queimar. – Dei uma piscadela em sua direção e ele me respondeu com um sorriso meia boca, demonstrando que eu não havia o convencido totalmente. – Agora vamos logo antes que o Bieber comece a achar que eu amarelei. A última coisa que eu quero é que ele tenha motivos para falar comigo, porque o ego dele é inflado demais para os meus tímpanos aguentarem. – Disse com desdém e Ryan gargalhou tombando a cabeça para trás. Em seguida, ele passou o braço ao redor do meu pescoço e o pousou novamente sobre os meus ombros, me arrastando para o lado de fora da casa junto ao fluxo de pessoas.

[...]

Prado de Las Fresas é uma das principais ruas pouco movimentadas da cidade de Calabasas e, por esse motivo, sempre sediou os maiores e mais apostados rachas que o estado da Califórnia já conheceu. Muitas pessoas se reúnem nesse lugar logo depois da meia noite, a fim de apreciar o cantar de pneus dos belos e equipados carros sobre o asfalto, curtir a música alta e até ganhar uma boa quantia em dinheiro com as apostas feitas. Justin é conhecido por sempre vencer os rachas, independentemente do lugar, e talvez esse seja um dos motivos pelos quais aquelas pessoas o veneram e o respeitam tanto.

Era pouco mais de uma da madrugada quando Ryan estacionou o seu Buggati ao lado da Ferrari de Chaz e sorriu para duas garotas que estavam conversando perto do meio fio. Revirei os olhos em meio a um sorriso de descrença e saí do carro ajeitando minha blusa levemente amarrotada, Ryan bateu a porta do carro no instante seguinte e ativou o alarme antes de seguirmos caminho até uma área privada perto da linha de partida e que dava uma visão perfeita da pista.

– Ryan! – Uma garota de olhos azuis e de longos cabelos aloirados surgiu em nossa frente, exibindo seus impecáveis dentes brancos em um largo sorriso e o rubor inevitável em suas bochechas. Ryan sorriu igualmente ao vê-la e ela pulou em seus braços antes mesmo que ele pudesse falar alguma coisa. – Que bom que você veio!

– É bom ver você também, Morgan. – Ryan rodeou a cintura da garota com seus braços tatuados e a tirou do chão em um abraço forte, fazendo-a gargalhar feito uma criança enquanto ele a rodopiava.

– Porque você não apareceu mais lá no bar da Ellie? A velhota sente a sua falta. – Ela socou levemente o braço de Butler quando ele a pôs de volta no chão.

– Ando muito ocupado com os negócios. – Ryan deu uma piscadela para Morgan e ela revirou os olhos no mesmo instante. – Não faça essa cara, você sabe que eu não posso deixar o Drew na mão.

– O que eu sei é que eu não gosto nem um pouco desse garoto. – Morgan disse de cara emburrada e Ryan achou graça, mas sua atitude só a levou a encará-lo com uma das sobrancelhas arqueadas.

De longe, avistei Bieber encostado na capota dianteira do carro bebendo uma Corona e conversando com algumas garotas que estavam a sua volta rindo feito umas hienas. Será que ele não se ligou de que o interesse delas estava mais direcionado ao carro do que ao motorista de ego inflado? Revirei os olhos em meio a uma risada nasalada e balancei levemente a cabeça em negação, voltando a me concentrar nas duas pessoas que estavam a minha frente.

Como não sabia quanto tempo duraria aquela conversa entre velhos amigos que Ryan e Morgan estavam tendo há uns bons dez minutos, tentei sair dali de fininho com o intuito de ir até Justin para mais uma tentativa de aproximação, mas o crepitar dos meus saltos sobre o asfalto acabou chamando a atenção de Butler.

– Ei, aonde você vai? – Ryan questionou em um tom de voz elevado para que eu conseguisse escutá-lo e eu girei meu corpo para poder ficar de frente para ele novamente, ainda que agora meus passos estivessem sendo dados para trás.

– Vou dar uma volta, não se preocupe comigo. – Esbocei um sorriso sapeca e Ryan pareceu perceber que eu estava indo até Justin, pois me respondeu balançando a cabeça em negação e dando um sorriso debochado. – Foi um prazer quase te conhecer, Morgan. – Acenei para a garota com uma das mãos e ela acenou de volta, lançando-me um sorriso amigável em seguida.

Girei os calcanhares e voltei a caminhar normalmente até a linha de largada, ignorando completamente os comentários sujos que os homens faziam sobre mim e o jeito maldoso com que algumas mulheres me encaravam. Justin ainda se encontrava escorado sobre a capota dianteira do carro bebendo a sua Corona, mas desta vez ele estava cercado não só de mulheres como também de alguns homens que elogiavam seu carro com os olhos brilhando de luxúria.

– Belo carro. – Disse ao me aproximar do veículo e senti todos os olhares ali presentes serem direcionados rapidamente a mim, inclusive o de Bieber.

– O que você entende de carros, Miller? – Justin rebateu da forma mais perversa possível e deu aquele sorriso vitorioso e sarcástico de sempre, fazendo todos a nossa volta rirem de sua tentativa de humilhação.

– Não muito, só o básico – dei de ombros. – Como, por exemplo, que esse seu Hennessey Venom 1000 Twin Turbo é um modelo de dois mil e sete, alterado do Dodge Viper, com motor V10 RWD e que atinge a velocidade máxima de 411 km/h. – Disse de maneira simples e ouvi alguns burburinhos se acumularem ao meu redor poucos segundos depois. Justin arqueou as sobrancelhas com incredulidade e eu pude jurar que vi o esboço de um sorriso brincar em seus lábios.

– Você corre? – Um garoto de uns dezenove anos de idade, estatura mediana, incríveis olhos castanhos e com seus cabelos escuros perfeitamente alinhados em um topete me perguntou, voltando a atrair os olhares curiosos para mim.

– Saber sobre carros não significa que a pessoa também mande bem pilotando eles, seu zé ruela do caralho. – Bieber se intrometeu antes que eu pudesse responder qualquer coisa ao garoto, que se encolheu de constrangimento depois de ouvir o tom de voz rude de Justin.

– Porque você não corre contra o Drew e prova pra gente que você é tão boa na pista quanto é falando sobre os carros e sendo gostosa? – Um homem careca e gorducho sugeriu fazendo uso de um tom de voz capcioso e me olhando dos pés à cabeça com a mesma malícia repulsiva. Por um momento eu me deixei levar pelo receio, não por conta do olhar daquele homem grotesco sobre mim, mas sim por pensar no quanto eu estaria ferrada caso a polícia resolvesse aparecer para acabar com a festinha daquelas pessoas e me pegasse detonando no asfalto.

– Eu e ela? Sem chance. – Justin soltou uma risada nasalada.

– O que foi, Bieber? Está com medo de que eu te faça comer poeira ou de que eu consiga tirar o seu sagrado lugar no pódio? – Respondi por impulso e ouvi um "wow" se formar em coro pelo grande grupo de pessoas que nos cercavam. Já era a segunda vez naquela mesma noite em que eu alfinetava Justin na frente dos amigos dele, ainda que isso não me ajudasse em nada com relação ao caso.

– Você não tem medo do perigo, não é? – Justin se desencostou da capota do carro e deu passos em minha direção até ficar com o rosto há centímetros do meu, fazendo-me sentir a sua respiração quente e lenta chocar-se contra a minha pele facial. Arqueei uma das sobrancelhas para ressaltar a minha petulância e me aproximei um pouco mais de Bieber, deixando com que um sorriso cínico se alargasse em meus lábios.

– Eu rio na cara do perigo, Drew. – Dito isso, dei dois ou três passos para trás e me virei para os outros competidores. – E então, quem é que vai me emprestar um carro?

– Pode pegar o meu, gracinha. – Um japonês jogou as chaves para mim e eu as peguei no ar, mandando-lhe uma piscadela como agradecimento.

– Eu aposto dois mil dólares no Drew. – Ouvi Ethan Harris comentar com um homem austero que estava ao seu lado, provavelmente o responsável por coordenar todas as apostas realizadas naquele local.

– Aposto três mil e quinhentos dólares na garota. – Um cara de lindos cabelos cor de fogo disse ao mesmo homem carrancudo para quem Ethan havia informado sua aposta e depois me lançou um sorriso de canto, deixando-me um tanto envergonhada.

– Onde está o seu carro? – Questionei ao japonês quando parei de me importar com as apostas feitas e o mesmo me indicou a direção com um movimentar de cabeça, fazendo-me segui-lo sem pestanejar.

– É esta belezinha aqui. – Ele bateu com a palma da mão na lataria do carro e eu só consegui enxergá-lo direito quando o aglomerado de pessoas abriu um espaço para que eu passasse. Meu queixo foi ao chão e os meus olhos brilharam diante daquela máquina sobre rodas, era o carro dos sonhos de qualquer pessoa.

– Um Koenigsegg Agera R, modelo de dois mil e onze, com motor V8 RWD twin-turbo que atinge a velocidade máxima de 420 km/h. – Disse completamente maravilhada enquanto andava ao redor do carro e o japonês, conhecido como Kato, assentiu sorrindo.

O ressoar alto do motor do Hennessey de Bieber atraiu a atenção de todos que antes estavam com o olhar vidrado sobre o carro com que eu competiria, e ele também fez questão de parar com o automóvel bem próximo a mim e a Kato, descendo o vidro da janela e exibindo seu incansável sorriso triunfante.

– Um último aviso, Miller – seu sorriso havia sumido em um piscar de olhos e sua expressão agora trazia um olhar mortífero, enfatizado por apenas uma das sobrancelhas arqueada – Um único arranhão no meu carro, por mínimo que seja, e eu te caço até no inferno se for preciso.

– Ameaças e mais ameaças – falei com tamanha indiferença e me forcei a encará-lo nos olhos, vendo-os fixos nos meus. – Elas com certeza me assustariam se eu tivesse medo de você.

– Você não me conhece, Miller. E, se for esperta, não vai querer me conhecer.

– Deixa eu te dizer uma coisa, Bieber – me abaixei um pouco e escorei os antebraços na base da janela do carro, encarando Bieber nos olhos – Eu não preciso te conhecer pra saber que você representa exatamente tudo o que eu mais desprezo no mundo. Então vai logo pra linha de largada, porque eu também sei que você é do tipo de pessoa que corre o máximo que pode para se esquecer da vida infeliz e bagunçada que você tem. – Justin pareceu se afetar um pouco com o que eu disse, mas retomou a compostura e me olhou com um mesclar de aversão e superioridade.

– É correr ou morrer. – Ele disse com convicção e o canto dos meus lábios fora repuxado por um sorriso levemente maldoso. Depois, me desencostei do suporte da janela e mantive meus olhos cravejados nos dele por alguns instantes.

Justin apertou um botão no painel e o vidro voltou a subir. Em seguida, ele se direcionou até o lugar onde seria dada a largada e eu vi que era hora de terminar o que eu havia começado ainda naquela noite. Acomodei-me no banco do motorista, coloquei o cinto de segurança e passei a prestar atenção nas instruções de Kato sobre as propriedades adulteradas do carro, que me dariam mais velocidade e garantiriam a minha vitória.

Parei com o carro ao lado do de Justin na linha de largada e nós nos entreolhamos ao mesmo tempo. Ele fez questão de pisar no acelerador só para me afrontar e eu retribuí a sua pirraça da mesma forma, deixando com que o ranger do motor respondesse por mim. Foi então que uma garota vestindo um short possivelmente menor que o cérebro dela desfilou sobre o asfalto até parar entre os dois carros, ela apontou uma arma para cima e piscou para Justin antes de dar o tiro de largada.

Assim que ouvi o estouro e os gritos eufóricos da plateia, afundei o pé no acelerador sem pensar duas vezes e levei uma de minhas mãos até o câmbio para trocar a marcha, mantendo a outra no volante. Bieber e eu estávamos lado a lado na pista, mas já era possível ver aquela expressão peculiar de vitória se instalar em seu rosto como se ele já fosse o grande vencedor.

– Te vejo na linha de chegada, rainha do baile. – Justin gritou alto o suficiente para que eu conseguisse ouvir e em seguida o carro dele ultrapassou o meu.

– Cantou vitória cedo demais, Bieber. – Murmurei para mim mesma e ativei o nitro clicando em um pequeno botão localizado perto do câmbio. Senti os pneus queimarem no asfalto com a arrancada que o carro deu e em questão de segundos eu já me encontrava na frente de Justin, que provavelmente ficou com a maior cara de taxo quando me viu passar.

Contornei os cones no final da pista e fiz uma manobra para desviar do carro de Bieber quando ele tentou me fechar, seguindo do lado direito ao esquerdo e vice-versa para evitar que ele tentasse me passar novamente. Faltando alguns metros para alcançar a linha de chegada, me atrevi a olhar pelo espelho retrovisor rapidamente e não encontrei nem sinal do Hennessey de Justin.

– Não tem lugar para você no pódio, Miller. – Me assustei ao ouvir aquele tom de voz rouco e inconfundível de Bieber e só então me dei conta de que o carro dele estava encostado na lateral do meu. Ele havia usado o nitro para conseguir me alcançar tão rápido assim, porque o carro que Justin estava pilotando não é mais potente que o de Kato nem aqui e nem na China.

– Isso é o que você pensa, bonitinho. – Enterrei o pé no acelerador e saí disparando na frente dele há 410 km/h. Acelerei o máximo que pude quando avistei a linha de chegada, para impedir que Justin emparelhasse comigo de novo, e derrapei assim que a cruzei antes dele.

O público ovacionou com gritos e assovios quando eu saí do carro e a maior parte das pessoas correu até mim para me parabenizar e para me encher de elogios. Ryan, Morgan, Chaz e Chris também estavam junto comigo no meio da multidão agitada, enquanto que Justin saiu enfurecido de seu carro e fora recepcionado apenas por Rebecca e Ethan.

– Obrigada pelo carro, Kato. – Entreguei as chaves ao garoto.

– Quando quiser é só pedir, chefia. – Ele deu um sorriso gentil e guardou as chaves no bolso da calça jeans.

Miller! – Ouvi uma voz grossa ressoar atrás de mim e pedi licença às pessoas com quem eu estava conversando para poder atender quem havia me chamado. Foi quando dei de cara com o homem severo que estruturava as apostas de Prado de Las Fresas, mas agora ele trazia uma expressão mais pacífica e menos assustadora. – Aqui está a sua parte das apostas, o restante fica comigo. – Ele me estendeu um monte de cédulas de cem dólares empilhadas e presas por um elástico amarelo e eu arregalei os olhos.

– Mas isso aqui é muito dinheiro. – Ergui o aglomerado de notas à altura de seus olhos.

– São dois mil dólares. – Ele disse de maneira simples e eu quase me engasguei.

– Se você não quiser a grana, pode dar pro Drew como prêmio de consolação. – Kato disse da forma mais debochada possível e eu corri os olhos rapidamente por entre as pessoas até encontrar Justin, que não estava com uma cara nada agradável. Um traço de pura raiva brilhava através de seu rosto agora enfatizado por um maxilar travado, seu olhar estava completamente tomado por uma fúria incontrolável e seus punhos cerrados me deram uma leve ideia do que viria a seguir.

Em uma fração de segundos, Bieber partiu para cima de Kato e o esmurrou com tanta força que o garoto cambaleou para trás e bateu com as costas na lataria do próprio carro antes de cair no chão. Ainda não satisfeito com apenas um soco certeiro, Justin fez Kato urrar de dor ao acertar um impiedoso chute em suas costelas e outro em seu rosto, fazendo-o cuspir uma quantidade significativa de sangue no asfalto.

– Já chega, Drew! – Ryan tentou tirar Justin de perto do garoto, mas ele conseguiu se desvencilhar das mãos de Butler em um movimento brusco e voltou a distribuir socos por todo o rosto de Kato.

– Tá pensando que tem alguma moral pra falar assim comigo, filho da puta? – Justin o segurou pelo colarinho da camisa completamente suja de sangue e Kato mal conseguiu olhá-lo, pois seus olhos estavam quase se fechando. – Responde, seu cuzão!

– Chega, bro! O cara já aprendeu a lição. – Chaz interveio para tentar apaziguar a situação, mas Justin estava tão tomado pelo ódio que pareceu nem escutá-lo.

– Já chega, Justin! – Berrei com tamanha irritação e ele ergueu a cabeça para me encarar com aquele olhar frio e calculista, mas eu não me deixei levar pelo medo e continuei o olhando da mesma forma que ele me olhava. – Você já provou que é um péssimo perdedor ao medir forças com o Kato, agora dá o fora daqui.

– E quem você pensa que é para ordenar alguma coisa, sua vadia? – Ele se aproximou vagarosamente de mim e não hesitou em ficar há poucos centímetros do meu rosto, mantendo o olhar fixo no meu para me intimidar.

– Me confrontar na frente de todo mundo não vai mudar o fato de que eu ganhei de você hoje, então é melhor você ir embora daqui. – Disse com extrema seriedade e ele semicerrou os olhos para mim.

– E se eu te contasse que tirei o pé do acelerador pra deixar você ganhar?

– Eu diria que é só uma desculpa para consolar o seu ego ferido. – Rebati.

– Você sabe que acabou de arranjar um inimigo, não sabe? – Justin disse ao se aproximar um pouco mais de mim e eu deixei com que um sorriso sarcástico repuxasse o canto dos meus lábios.

– E você sabe que eu não tenho medo de você, não sabe? – Usei um tom tão ameaçador quanto o de Justin e fiquei o encarando por alguns poucos segundos, depois bati com o ombro no dele e dei três ou quatro passos em direção ao estacionamento. – Ah Bieber! Já ia me esquecendo – virei-me de frente para ele novamente e o flagrei me fitando com o cenho franzido de raiva – Pega o seu prêmio de consolação! – Joguei todas as cédulas pelos ares e voltei a seguir o meu caminho sem esperar por uma resposta. Era possível ouvir a surpresa das pessoas se converter em burburinhos trocados umas com as outras e, por esse motivo, meu sorriso vitorioso foi se alargando à medida que eu me afastava delas.

Que comece a diversão.


Notas Finais




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