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História Uma garrafa de vinho para dois - Dias de outono passam rápido


Escrita por: Curious-girl

Notas do Autor


Aqui estamos, o tempo passa, nossos meninos se aproximam.

Capítulo 9 - Dias de outono passam rápido


 Ace sabe que Sabo se preocupa, mas o irmão respeita e confia na sua capacidade de tomar suas próprias decisões. Se ele não estivesse emocionalmente envolvido em nada, não seria sequer questionável as vantagens de trabalhar na empresa Newgate. Seja para seu currículo ou apenas pela experiência.

Esse é um dos motivos que fizeram Ace aceitar, mas o principal deles é muito mais simples. Ele não precisa do emprego, e poderia passar bem mais que esses seis meses sem trabalhar. Quando deixou os irmãos para morar com Kid tinha certeza que isso não seria um problema para eles também, entetanto passar os próximos seis meses sem nenhuma ocupação, apenas refém dos próprios pensamentos não era uma boa opção.

A primeira semana foi basicamente aprendizado enquanto se familiarizava com o trabalho e com os colegas. Ele foi observador e cuidadoso, tentou não se impor muito, afinal ele era um novato que supervisionaria e lideraria pessoas bem mais experientes. No fim achou muito divertido, estar envolvido nesse projeto, cercado de pessoas novas, trabalhando diretamente com os projetos da supernovas e ASL. Aliás, o projeto da ASL era muito interessante e estruturado, todo um processo de credibilidade em parceria com revistas e mídias sociais, sentia-se orgulhoso, seus irmãos eram muito bons no que faziam.

Ace pensou que veria mais Marco no escritório, mas, na verdade, ele aparecia apenas duas ou três horas por dia, e geralmente eles sequer se viam. Continuaram conversando por mensagem, foram ao café da Makino mais duas vezes apenas na primeira semana, e aquele se tornou o lugar deles. Marco se preocupou se ele estava gostando do trabalho e como ele estava se sentindo em geral. Passavam horas conversando, coisas sérias, como complicações de seus dias de trabalho, ou as coisas mais banais.

O primeiro mês passou, e mesmo Sabo estava finalmente tranquilo. Ace se sentia em casa novamente, jantava e assistia filmes com os irmãos toda noite que estavam sozinhos, e sempre haveria uma briga ridícula para escolher o filme. Amigos, principalmente do Luffy, se reuniam no final de semana, geralmente para uma noite de comidas, bebidas e jogos. Ace ainda não tinha se aproximado dos seus antigos amigos, entretanto estava surpreso com a facilidade que era se aproximar dos do Luffy, se lembrava de jovens muito mais infantis e barulhentos, mas dois anos se passaram, e agora era realmente agradável conversar com eles, não que não fossem menos barulhentos.

Quando morava com Kid a casa era sempre silenciosa, mesmo se estivessem os dois, se adaptar a correria de sua casa, os gritos e barulhos, não foi imediato, as vezes Ace ainda se sentia um pouco perdido, mais estava muito melhor.

Um dia Ace ouviu que “os dias são longos, e os anos rápidos demais”, ele entendia isso agora. Para ele, parecia que o término era muito recente, por outro lado, sentia que já tinha vivido tantas coisas nesse mês que passou, tudo mudou tanto. Era recente, mas fazia uma eternidade.

Ace entendeu um pouco, entendeu como entrou nesse relacionamento e as vezes este se mostrou destrutivo, entendeu porque permaneceu e suportou, e porque não viu o que estava acontecendo. E entendeu exatamente o que o fez partir. Foram várias noites de reflexão, em alguns dias seus pensamentos eram mais negativos do que outros, sua ansiedade muito mais presente causando uma constante confusão mental.

Um mês na Companhia Newgate e um mês e meio desde que voltou para casa e não via Kid.

Um mês e meio desde que conheceu Marco.

Marco era impossivelmente gentil, e quanto mais Ace convivia com ele, mais se via desejando sua presença. Os monstros em sua cabeça se certificavam de lembrá-lo que era muito rápido, que o pior aconteceria, mas enquanto era impossível não duvidar, não significava que Ace deixaria isso o dominar, ele não nasceu para viver uma vida de “e se?”, ele viveria sem arrependimentos. Então ele aceitou cada convite para um café, sorvete ou um passeio no parque, e na última semana foi o único a convidar, nos dias que ele chamou Marco para se encontrarem depois do expediente o mais velho apareceu no escritório na parte da tarde, ficou até o fim, depois o levou em seu carro.

Ele se manteve fiel a sua palavra, nunca pressionando sobre a afeição óbvia e mutua, sequer tocou no assunto. Ace notava os toques furtivos, as trocas de olhares. Caricias com uma gentileza que o faziam se sentir cuidado, as vezes envergonhado e algo mais. Geralmente não conseguia retribuir o carinho, sua mente voltando a envenenar o momento com lembranças das muitas vezes que foi repreendido por isso, mas Marco não parecia desanimado ou chateado quando deixava o indicador acariciar as costas da mão de Ace sobre a mesa, e ele apenas mantinha a mão parada, nestes momentos o dedo longo e pálido apenas traçava figuras aleatórias, as vezes deslisava por seus dedos, e recuava.

 

 

Ace acordou antes do despertador na manha de segunda feira, fez café e algumas panquecas para seus irmãos ouvindo uma música pop qualquer e se movendo com as batidas. Não demorou muito para descerem para o café, Ace apenas aumentou a música e continuou dançando enquanto Sabo reclamava que ninguém deveria estar feliz de manhã, o loiro definitivamente não era uma pessoa matinal.

Mas Ace estava animado, hoje aconteceria a exposição de alguns quadros de Izo na galeria, e ele foi convocado pelo velho amigo a comparecer, e convidado por Marco para irem juntos.

Hoje seu irmão mais velho passaria a noite na casa da Koala e iria do escritório para lá, Luffy também tinha planos com Zoro e Nani, algo sobre um novo bar que abriu, ainda era estranho para Ace admitir que seu pequeno irmão estava crescendo. Então hoje ele levaria os irmãos de carro antes de ir para o escritório. Ele analisava a possibilidade de comprar um carro novamente, talvez uma moto, mas por enquanto estava fácil usar o carro dos irmãos, com horários tão parecidos.

Diferente de Sabo, Luffy não estava ofendido com a alegria matinal de Ace, muito ocupado com suas panquecas para ser qualquer coisa além de agradecido.

 

Ace encontrou Marco no térreo da empresa em frente ao balcão da recepção, hoje ele passaria o dia supervisionado e revisando o trabalho do último mês, sabia o quão orgulhoso e aliviado ele estava por tudo estar indo bem o suficiente para que pudesse se afastar como fez nas últimas semanas.

De longe Ace sorriu da expressão dele, sua atitude parecia muito com a de Sabo, com uma cara séria de quem gostaria muito de continuar na cama, era adorável.

- Eii Marco! – Cumprimentou alegremente ao se aproximar do homem.

Marco estava com um terno cinza, sobre uma camisa rosa claro, que mostrava muito bem os músculos em seu peito, o cabelo bagunçado era a única falha em sua aparência formal. Ace por outro lado estava bem em apenas uma calça semi social e uma camisa de manga sem estampas, hoje ele escolheu uma vermelha, os trajes formais completos raramente eram sua escolha.

Ao vê-lo o rosto do loiro se iluminou, apesar de ainda não parecer feliz com a manhã ele ainda apreciava a energia de Ace.

- Ace, bom dia. – Falou sorrindo depois que Ace se aproximou.

- Ace meu garoto – Abigail, a senhora mais velha que ficava na recepção se dirigiu a ele, Ace gostava muito dela, e entregou a um pote que continha vários biscoitos – Eu fiz esses ontem, sei como você adora doces.

Ele sabia que de nada adiantava recusar. Desde que a ajudou a baixar e utilizar um aplicativo de receitas ela sempre surpreendia Ace com alguma tentativa, algumas eram muito boas, outras tragicamente ruins, mas estava sempre feliz com o carinho.

- Obrigado Abigail, não precisava se preocupar – Disse sorrindo e corando um pouco enquanto a senhora dava dois tapinhas em um bochecha dele.

- Você está tão magro, precisa comer mais – Disse se afastando alegremente para o balcão.

Ao lado dele viu Marco bufar e rir.

- Não sei se teria comida suficiente no mundo... – Disse se aproximando do lado dele para a mulher mais velha não ouvir, rindo ainda mais quando escapou da cotovelada de Ace.

 


 

- Te vejo mais tarde Marco – Disse o jovem alegremente, deixando o elevador.

Marco sorriu e acenou de volta se encostando na parede. Seu escritório estava três andares acima do dele.

Hoje era um daqueles dias em que Marco passava o dia todo no escritório, o primeiro desse mês. Desde que Ace passou a supervisionar o trabalho da Supernovas os problemas foram resolvidos com facilidade, aliviando a carga de Marco novamente.

Quando Ace entrou na empresa ele foi tímido e quieto, mas tão competente quanto Marco previra. Foi absolutamente fascinante assistir a mudança acontecer, quando sua empolgação superava lentamente suas inseguranças.

A senhora Abigail da recepção era apenas um exemplo, Marco assistia Ace cumprimentar pelo nome todos em seu andar e quem ele tivesse um contato diário. Pelo menos metade dos seus irmãos já o conheciam e todos estavam cativados pelo rapaz.

No início Marco se viu atraído por Ace pela aparência e por esse estranho instinto de proteção, mas não foram necessárias muitas mensagens para se interessar por esse homem gentil e de conversa fácil. A cada encontro ele descobria mais qualidades, (ele podia chamar de encontros? Para ele eram), e cada dia mais se destacavam.

Haruta veio lhe dizer como Ace a ajudou a organizar as pastas em seu computador, Tomas comentou que Ace sempre pegava com ele café para seus subordinados, mesmo Vista, que trabalhava na contabilidade, veio lhe contar como Ace passou horas o ajudando a corrigir um erro de cálculo que impedia o fechamento de um contrato, uma cliente elogiou por vários minutos, para Haruta, o moreno bonito de com sardas que a ajudou com a cadeira de rodas no elevador...

Eram tantos os relatos, pequenos traços de uma personalidade gentil e altruísta, e em momento algum Ace atrasou ou esqueceu qualquer um dos seus próprios trabalhos, ou comentou sobre essas coisas, todos foram relatos de outras pessoas que chegaram a Marco, e ele adivinhava que muitos outros não chegavam.

Mas o fato é, um mês depois Ace era outra pessoa, sua personalidade floresceu em um ambiente acolhedor, ele iluminava e aquecia todos os lugares onde estava e as pessoas com quem interagia. Marco não estava mais apenas interessado, ele lentamente se apaixonava por Ace.

E isso não era assustador como já foi um dia, era natural, talvez até inevitável.

Mas algo que também era inevitável que Kid descobrisse onde seu ex-namorado estava trabalhando. Ace de alguma forma conseguiu evitar que a notícia chegasse nele pelos funcionários da Supernovas, a lealdade dos antigos colegas ao jovem era impressionante, mas Ace era o supervisor do projeto e deveria estar presente na reunião de amanhã, onde Kid poderia, ou não, aparecer.

Na próxima semana aconteceria as gravações do comercial e o ensaio fotográfico para a primeira revista, conforme o cronograma da Supernovas, e alguns detalhes ainda esperavam para serem decididos nesta reunião.

Ace disse para Marco que estava inseguro com esse encontro, mas não estendeu muito o assunto, por via das dúvidas ele estaria presente na reunião e esperava trazer alguma segurança a Ace.


 

 

Exatamente no fim do expediente ele entrou na sala do loiro.

- Então, busco você mais tarde ou você vai dirigir? - Disse Marco se recostando na cadeira, com as mão atrás do pescoço.

Ace ficou surpreso com a observação, estava tão acostumado a deixar o carro com Sabo que nem considerou a possibilidade. Por algum motivo ele se sentiu confiante com a ideia de dirigir, não depender de ninguém para se retirar caso quisesse. Não tinha percebido o quanto era importante para ele, talvez ele realmente comprasse um carro afinal. Marco não apenas lembrou que ele estava com o carro hoje como também percebeu o quanto era importante para Ace ter o controle e independência, e ofereceu isso a ele. Simples assim, fácil, como todos os momentos ao lado de Marco.

- E se eu passar na sua casa e te levar? - ofereceu, querendo dirigir mas sem abrir mão de estar ao lado dele.

O sorriso que iluminou o rosto do mais velho era deslumbrante, e Ace estava retribuindo antes mesmo de ouvir a confirmação.

- Seria ótimo – respondeu, pegando o terno atrás da cadeira e já caminhando para saída.

 Marco o esperou quando Ace parou na recepção para elogiar Abigail e caminharam juntos para o estacionamento ainda envolvidos em uma conversa leve. Nenhum dos dois notaram as pessoas ao redor, totalmente presos um no outro, mas isso era comum para eles.

No estacionamento pararam ao lado do carro de Ace, rindo do ciúme de Thatch com o novo agente de Izo, que agia, segundo ele, excessivamente íntimo. Mas sua forma de demonstrar era tão ridícula e infantil que chegava a ser cômica, e obviamente deixava Izo bastante irritado.

Ace olhou para o rosto de Marco, iluminado pelo sol da tarde, os cabelos sendo jogados pelo vento gelado do outono, um sorriso largo que fazia com que os cantos dos olhos dele se enrugarem e a mais suave covinha aparecer na bochecha direita. Deus, ele era lindo, fazia algo apertar em seu peito e um calor escorrer por seu estômago. Sem pensar no que estava fazendo sua mão subiu parra traçar mandíbula dele.

Aqueles olhos, tão azuis, se arregalaram um pouco com o movimento, sua risada desceu para um sorriso carinhoso antes dele fechar os olhos e permitir a Ace traçar lentamente a linha antes de deixar a mão aberta no lado do seu rosto.

Eles estavam próximos, e Ace desejava levantar um pouco os pés e eliminar aquela pequena diferença altura, para que pudesse alinhar seus lábios. Talvez seus pensamentos fossem muito óbvios, porque a boca de Marco se abriu um pouco e sua mão subiu para a nuca de Ace, os dedos se emaranhando nos fios escuros e massageando de forma reconfortante.

O que o impedia nesse momento? Ace não conseguiu encontrar nenhum motivo para recuar, nenhum medo.

E como esperado Marco se inclinou para ele, e seus olhos se fecharam, mas o toque que Ace esperava não veio, o que sentiu foi Marco beijar o canto da sua boca, dois segundos passaram antes dele se afastar alguns centímetros. A massagem, agora mais firme, e a frustração arrancaram um som insatisfeito da sua garganta, que Ace podia se envergonhar se não estivesse tão envolvido no momento.

Ele sentiu o sorriso que se formou nos lábios do mais velho ao ouvir, antes que ele afastasse mais. Quando viu seu sorriso, ele era melancólico, e Ace não fazia ideia do motivo.

O “Até mais tarde” que ele sussurrou quando abriu a porta do carro de Ace foi o que o tirou do momento.

Enquanto entrava no carro via o homem se afastar, Ace sentiu muitas coisas, confusão e um pouco de irritação eram as mais dominantes.

Então mesmo antes mesmo de ligar o carro enviou uma mensagem.

Ace: Por quê?

 

A resposta foi tao rápida que tinha certeza que ele estava com o celular na mão.
 

Marco: Você teria virado o rosto se estivesse pronto.

 

Então era isso? Marco esperou o movimento dele?

Ace refletiu, ele não se moveu por não estar pronto ou apenas foi pego de surpresa?

“Marco idiota, como eu deveria saber que você não ia me beijar?”  Pensou Ace frustrado, mas sorrindo carinhosamente. Marco era um idiota, um cuidadoso e lindo idiota, então Ace teria que dar o primeiro passo. 




Notas Finais


Mais um capitulo de transição.
Próximo capitulo teremos uma encontro na galeria, um jantar e uma dança.

Obrigada pela leitura!!!


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