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História Uma mão amiga - Patricinha


Escrita por: PezPayaso

Notas do Autor


Voltei ❤... Espero que gostem..

Capítulo 2 - Patricinha


Fanfic / Fanfiction Uma mão amiga - Patricinha

Lica tinha toda a razão do mundo. Ter um vicio era algo extremamente difícil. Ainda mais quando o mundo inteiro parecia estar desabando sobre seus hombros.

Uma semana se passou desde o escândalo que fez na casa de Samantha. Conforme o indicado por sua ex-namorada, ele contratou um advogado para armar sua defesa, deixou o resto do dinheiro em sua conta intacto, e foi até a polícia contar tudo o que sabia.

Foi lá, em quanto conversava com um agente da polícia federal, quando a notícia da prisão de seu pai le foi repassada. Pelo o que contaram, JM e Malu haviam fugido ao Chile, onde ele ainda tinha uns negócios vigentes com uma certa empresa de petróleo. Foi pego por uma tal de PDI (Que logo descubriu Michel,  era a "Polícia de investigações" do país), e levado, junto a sua amante, até a embaixada do Brasil, onde foi declarado preso e deportado de volta a sua pátria.

Segundo o agente da federal, MB só não havia sido preso junto com ele porque havia contado tudo o que sabia e colaborado com a investigação. O homem ainda le fez o favor de comentar que seu pai, ao invés de protege-lo, ordenou que olhassem o atual nome do proprietário das empresas e o "prendessem", reclamando sua  inocência. Ou seja, havia outra vez tentado prejudicar o seu filho, com tal de não pagar pelo seus atos. 

Quando foi liberado da pequena salinha onde o tinham mantido por toda a manhã, acompanhado pelo seu advogado, a primeira pessoa que viu aguardando por ele na sala de espera foi Heloísa. Ao seu lado estava Samantha, junto a suas mães e Dona Marta. 

Lica estava aflita. Suas sombrancelhas, carregadas de preocupação, seguiam o movimento de seus olhos, que o revistaram de cima pra baixo, buscando por alguma algema, tornozeleira eletrônica, ou qualquer outro dispositivo que apontasse a uma possível prisão. Foi doloroso para o loiro ver sua amiga naquele terrível estado de alerta.

" Tô livre!" - ele exclamou, levantando suas mãos soltas ao ar. - 'Vou ter que comparecer ao julgamento, mais tô livre."

Um enorme suspiro de alívio veio do grupo a sua frente. Era como se todos sequer tivessem respirado em quanto ele estava lá dentro. Entendia muito bem o porquê de tal apreensão, mas não queria que nenhum deles a tivessem experimentado.

"Que bom que deu tudo certo." - escutou Dona Marta dizer, enquanto sua filha e nora caminhavam até ele, engolindo seu corpo em um abraço. 

"Cara, que bom que cê tá bem. Eu não aguentaria viver sem um dos meus lagostosos." - brincou Samantha, tentando amenizar um pouco o tormento do garoto.

"Sério, MB... Que bom que cê tá livre. Eu te disse que ia sair tudo bem se você falasse a verdade, não disse?" - a outra continuou, ao fim conseguindo relaxar.

"É... Você salvou minha vida, Lica... De novo."

Heloísa não  respondeu nada em troca, só sorriu. Sabia que ele estava agradecido, mas não pensava que era para tanto. Ela havia feito o que qualquer outra pessoa decente faria ao ver um amigo afogando-se em problemas; o ajudou. Pulou no mar da adversidade sem sequer pensar nas consequências, e o arrastou de volta a terra firme com o apoio de suas palavras. Sabia que a qualquer momento ele poderia pensar em ir nadar de novo naquelas viciantes e agitadas águas, mas estava disposta a resgata-lo quantas vezes fosse necessário. 

"Algum de vocês sabe onde eu posso encontrar a mãe de Michel?" - interrompeu seus pensamentos o advogado.

"Ela foi lá fora tomar um pouquinho de ar, estava se sentido mal." - explicou Clara, apontando até o fim do corredor. - "A última porta leva a saída."

"Obrigada" - o homem se desculpou, deixando o recinto.

"E agora, Lica? O quê é que eu faço? As contas da minha familia estão congeladas, eu tô sem grana..."

"Dinheiro não vai ser um problema, fica calmo. Você e sua mãe podem ficar lá em casa." - Dona Marta sugeriu. 

"É, MB... Você não vai ficar sozinho nessa, tá?"

"Eu não acredito que vou ter que buscar um emprego." - ele riu, desanimado. - "Euzinho, que ia viver na aba do papai pra sempre... Que ia assumir meu lugar como herdeiro..."

"Se é emprego que cê precisa, eu posso te ajudar." - se deu conta Samantha, separando-se do confundido loiro.

"Você Samanthinha?"

"Eu mesma!" - ela sorriu. - " Tô trabalhando num café pertinho do MASP,  tô juntando dinheiro pra viajar. Se você quer eu posso ver se eu consigo alguma coisa pra você lá." 

"Por essa eu realmente não esperava. Samantha Nogueira - Lambertini, a deusa do colégio grupo... É garçonete nas horas vagas?"

"É a crise." - Lica riu, recebendo un tapa no hombro de parte da namorada. 

"Então MB, tá afim?"

"É... Até que não é uma má idea. Assim eu posso pagar o nosso aluguel, né mesmo, Dona Marta?"

"De jeito nenhum Michel, eu não vou fazer você pagar nada. Se você quiser pode ajudar na compra de comida, mais eu jamais cobraria aluguel se vocês." - a mulher afirmou, em seguida continuando a conversar com Clara e Marina. 

"Então tá combinado, vou ver se consigo alguma coisa pra você lá."

"Valeu..." - ele disse, fascinado pelo apoio de suas amigas. 

Se não fosse elas por perto ele não sabia dizer como haveria agüentado tudo aquilo. 

"Bora ir pra casa ver filme?" 

"Partiu filme."

---

A casa de Lica parecia haver virado um hotel - não que ela estivesse reclamando. Clara havia decidido ficar um tempo por lá junto com o pai. MB e sua mãe tomaram posse de um dos quartos de visita. E Samantha, que sempre vivia pulando da casa da suas mães até a da sua namorada, terminou dividindo quarto com a mesma. 

Quando a noite caiu todos os adultos decidiram sair. A mãe de MB, dona Cássia, disse que se encontraria com o advogado para esclarecer se sua conta bancária também seria congelada junto a do marido. Marta e Luis avisaram que iriam a um jantar com Marina e Clara, para que discutissem o seu projeto educacional. Leide foi dispensada mais cedo do trabalho. Isso deixava Lica, Samantha, MB e Clara sozinhos na residência. 

Se fossem outros os tempos, a tranquilidade daquela sala seria inexistente. A música já estaria incomodando o sono dos vizinhos, fazendo a parede vibrar. O chão estaria cheio de copos de plástico, glitter, vômito, e adolescentes bêbados.  Os porteiros já estariam martelando a porta para que a festa acabasse, chamando os pais do envolvidos para reclamar, e prestando queixa na polícia. Mas muita água havia passado debaixo da ponte desde o ano passado, e aqueles dias, com sorte, jamais voltariam. Isso era evidente ao ver o quarteto naquela noite, jogados com preguiça sobre o sofá, vendo um documental sobre a vida dos elefantes. Quem diria que Heloísa "Black-block" Gutiérrez, a antiga rebelde com causa do colégio grupo, e Michel Borovski Júnior, o dono absoluto dos bares e boates da baixa Augusta, estariam sentados em um sofá, em plena noite de sexta, vendo um documental sobre elefantes. A vida dava cada volta.

"Acho que cê tava certo." - Lica sorriu, falando o mais baixo possível. - "Olha lá, a maninha realmente roubou a minha namorada." - apontou para Clara e Samantha, que dormiam abraçadas na esquina direita do sofá. 

"Tira uma foto, assim a gente pode usar de chantagem depois."

"Boa." - ela riu, abrindo a câmera do celular, fotografando a cena e mandando a imagem para MB. 

"Vou publicar no grupo."

"Não se atreva." - Lica o ameaçou.

"Ihhh.... Tá com medo de  brigar com a mozão e dormir no sofá pra sempre, é?"

"Para de zoeira..."

"Em minha defesa, eu disse que ia fazer chantagem, só não disse com quem." - ele respondeu, rindo. 

"Você é um mala, garoto."

"E é por isso que você me ama." - finalizou, recebendo um pequeno empurrão de parte de Heloísa. - "Lica..." - ele murmurou logo de alguns minutos em silencio. 

"Que foi?" - ela o olhou, preocupada com a monotonia de sua voz.

"A gente pode conversar?"

"Tipo, agora?"

"É..."

A garota olhou para sua namorada e irmã, que ainda dormiam.

"Claro... Só vamos pra cozinha? Aqui não é um bom lugar."

"Bora lá."

Caminharam com extremo cuidado até o seu destino. Fecharam a porta para evitar fazer barulho e acordar por acidente as outras duas garotas.

"Quê foi?" - Lica perguntou ao estar a sós com o loiro, cruzando seus braços.

"É assim mesmo?" - ele perguntou, se apoiando na bancada. - "Você também fica com essa vontade de fazer besteira o tempo todo?"

A cara da filha de Marta caiu. 

"Cê tá querendo beber, né?"

"Não vem me cobrar..."

"Não é nada disso, MB. Só tô perguntando mesmo." 

Ele respirou fundo, esfregando o rosto com uma de suas mãos. 

"Tô." - admitiu. - "Tô sim."

"E essa vontade veio do nada, ou...?"

"Eu comecei a pensar em tudo o que rolou no ano passado... Em como a gente se divertia naquelas festas loucas que a gente fazia, lembra?... Ai eu pensei em como eu tô agora, com o meu pai na cadeia... Eu queria me divertir um pouco. Eu quero me divertir um pouco. Mas eu não quero beber, e beber era a única coisa que me divertia... Da pra entender o que eu tô falando?"

"Sim..." - Lica respondeu com empatia. - "Eu as vezes também quero me divertir MB, afinal eu não sou uma velha de setenta anos. Eu também sinto isso de vez em quando, sabe... Que sobria não dá pra se divertir... Mas ai eu saio pra dançar com as minhas amigas, viro a noite conversando com a Sam, vou de compras com a Clara... E acabo me dando conta que dá sim pra esquecer de todos os seus problemas e só viver e ser feliz, sem ter que ingerir qualquer coisa pra ficar loucona."

"Eu não sei se é que eu vou conseguir ter a mesma força de vontade que você tem Liquinha... Eu de verdade não sei como eu aguentei essa semana inteira sem sequer chegar perto de um copo de vodka."

"Mas você aguentou. Isso é o mais importante. Agora parte pra outra, e chega no sábado sóbrio de novo. É assim que eu cheguei até aqui... Não foi fácil, e sim, eu tive minhas recaídas, mas... Eu tô indo. Você tem que fazer o mesmo." - se aproximou de seu amigo, que encarava o chão, nervoso. - "Cê vai ter que se descobrir de novo MB. Encontrar novos gostos, passatempos, amigos... Cê vai ter que enfrentar os seus erros e concertar todas as burradas que fez... Começando com a K1."

"Ela nem quer olhar na minha cara..."

"Lembra quando eu cheguei da viagem? Quem queria olhar pra minha cara, MB?"

"Ninguém."

"É..."

"Só a Samantha que veio correndo pra te abraçar." - Lica girou os olhos. - "Mas você tá certa... Eu tenho que falar com a Katharine mesmo... Só não sei como."

"Compra umas flores, chama pra sair e peça desculpas. Seja honesto e ela te aceita de volta... Ela gosta mesmo de você, MB."

"Eu também gosto dela..." - sorriu de canto. 

Heloísa sacudiu o cabelo do amigo com carinho, se afastando para assim caminhar até a geladeira. Tirou um suco de pêssego de dentro dela e o deixou encima da bancada. 

"Quando eu fico vontade de ficar loucona de novo, eu preparo um drink. Sem álcool, claro." - continuou a tirar frutas e más frutas de dentro da geladeira, até agarrar o seu último item, uma garrafa de limonada. - "Tinha um que eu adorava beber, que é o que eu tô fazendo agora, só pelo sabor mesmo. Teve um dia que eu tava sozinha aqui em casa e decidi ver a receita dele, e acabei modificando ela até chegar nisso aqui." - colocou todos os ingredientes no liquidificador, batendo-os até que tivessem a consistência de um smoothie. Serviu dos copos e entregou um a MB. - "Prova e me diz a sua opinião."

"Tá muito bom." - concordou sem muita demora, notando o sorriso orgulhoso de sua amiga. - "Como se chama o drink original? Eu acho que já bebi isso em algum lado."

"Chuta."

"Ah... Não sei... Se de verdade tem todas essas frutas deve ter algum nome bem clichê... Tipo 'sexo na praia'."

"Sabe que não?"

"Então acaba logo com a dúvida do Loirão aqui, vai..."

"Tá bom..." - ela riu. - " O nome do drink é Patricinha. " - ele engasgou.

"Tá de sacanagem?"

"Tô não." 

"O drink favorito de Heloísa Gutiérrez se chama "Patricinha"? Isso é muito bom pra ser verdade."

"Para de me zoar ou eu conto pra todo o mundo que o seu se chama " Geisha", senhor Michel."

"Você não faria isso."

"Tá duvidando?"

Do outro lado da porta da cozinha, Samantha escutava as alfinetadas com um sorriso no rostro. Tinha que parar de escutar a conversa dos outros, não o negaria. Mas era tão fascinante a forma com a que os dois falavam, que ela não podia evitar ser dominada pela curiosidade. 

"Com licença..." - ela disse, coçando sua cabeça e soltando um bocejo, enquanto caminhava até o filtro. - "Vim buscar água."

"A Clara acordou?"

"Não, ainda tá lá durmindo." - respondeu, enchendo um copo.

Lica se inclinou para roubar um selinho, mas ela levantou um dedo, pedindo um segundo. Bebeu a agua toda, amenizando a força de seu hálito, e só então permitiu que a beijara. 

"Por um minuto eu achei que você ia deixar a namorada pra escanteio, dona Samantha." -  MB riu, bebendo um pouco do seu smoothie.

"Eu não gosto de beijar com bafo." - se defendeu, virando sua cabeça até sua namorada, beijando-a de novo. 

"Pois eu não ligo."  - sorriu Lica, juntando seus corpos com um movimento de sua mão. 

"Tá, eu vô indo lá pra sala, porque eu não tô a fim de ficar diabético hoje... Fui!"

"Mané..." - brincou a de cabelos negros, deixando seu copo sobre a bancada. Olhou para Samantha e seus cachos desordenados, que chamavam pelo  toque de seus dedos. Sua boca se curvava em um sorriso tranquilo, que nunca jamais a deixaria de encantar. - "Já te disseram que você quando acorda fica ainda mais gata do que já é?"

"Sério? Como isso é possível?" 

"Convencida, a garota..."

"Sou sim, e daí?" - murmurou, chegando perto de seu olvido. - "Mas sabe como eu ficaria ainda mais gata?"

"Hmm?"

"Sem roupa, na sua cama, bem encima de você."

 

 

 

 

 

 

 



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