História Uma noite em Paris - Revenge

-Como assim ele não trabalha mais aqui? Ele atendeu minha tia ontem de noite! –Claire gritou ainda mais alto, todos continuavam olhando para ela.

-Senhora, pra haver conversa você precisa falar mais baixo ou chamarei o segurança, estamos em um hospital. –A recepcionista disse em uma calma irritante.

-Tudo bem, tudo bem... –Claire respirou fundo tentando se acalmar –Você poderia, por favor, me explicar o que houve com o doutor Robert? Alias você tem certeza que é o Robert Lewis que não trabalha mais aqui? –Claire perguntou com a esperança de que fosse outro médico. Precisava encontra-lo e exigir uma explicação, nem que fosse preciso fazer um escândalo naquele hospital.

-Sim, não sei muito bem, ele só telefonou para o hospital dizendo que não poderia mais trabalhar aqui e acertaria tudo em outro lugar com o diretor do hospital, eles são amigos. –A recepcionista disse baixinho. -É tudo que eu sei.

-Você tem o telefone dele?

-Sinto muito, mas isso é confidencial.

-E a minha tia? Ela está na UTI, ele era o médico responsável por ela. –Claire se sentia mal por ter se esquecido da tia para estar se preocupando com um médico que transou com ela e a abandonou como se fosse uma prostituta.

-Todos os pacientes que eram da responsabilidade do doutor Robert foram assumidos pelo doutor George Walker, ele está no hospital. –A recepcionista falou gentilmente.

-Posso visitar a minha tia?

-Claro. –A recepcionista deu o cartão de visitante para Claire que agradeceu e seguiu para UTI.

Claire se permitiu esquecer por um momento o que aconteceu com Robert e se concentrou em sua tia que agora estava acordada conversando com um médico que aparentava ter uns 50 anos, baixo e barrigudo com uma barba grisalha e óculos.

Definitivamente não é o Robert. Pensou Claire, mas se repreendeu, não podia pensar nele agora, mas ela o encontraria e o faria pagar por isso.

Ela esperou o médico sair da UTI para falar com ele.

-Com licença, o senhor é o doutor George? –Claire perguntou e o médico assentiu.

-Sim, posso ajudar? –Ele perguntou educadamente.

-Sou a sobrinha da sua paciente, Célia Young, ela está com pneumonia.

-Ah sim, assumi o caso dela hoje de manhã, já que o doutor Robert não trabalha mais nesse hospital.

Claire sentiu uma onda repentina de raiva só de ter ouvido o nome dele. Maldito seja.

-Ela vai ficar bem? –Claire perguntou.

-Sim, não precisa mais de isolamento, os remédios estão fazendo efeito, mas ela ainda precisa ficar na UTI em observação para depois ir para o quarto, foi por pouco. –Doutor George sorriu gentilmente.

-Obrigada doutor, posso ficar com ela?

-Sim, querida, ela perguntou por você assim que acordou.

E ela não estava lá quando a tia acordou, estava na cama com um cara enquanto a tia estava na UTI, se entregou facilmente como uma puta. Claire além de sentir raiva de Robert, sentia de si mesma por ter sido tão fácil. Foi bem que merecido.

Claire se despediu do médico e entrou para ver sua tia.

-Oi querida, onde você estava? –Sua tia perguntou sorrindo afetuosamente enquanto Claire se aproximava, pegando sua mão.

-Fui em casa dormir tia, sinto muito não ter estado aqui quando a senhora acordou. –Claire se sentiu mal por ter abandonado sua tia enquanto ela mais precisava.

-Você foi em casa e voltou com a mesma roupa? Lembro que sujei a sua blusa de sangue. –Sua tia disse desconfiada. –Claire onde você estava?

Ela não sabia o que responder, mas também o que ela pensava? Que sua tia não iria reparar? Com certeza alguém disse a ela que Claire não estava na sala de espera.

-Não vem ao caso agora tia, eu estou aqui, não estou? Como a senhora se sente? –Claire tentou mudar de assunto, mas sua tia continuava olhando para ela desconfiada.

-Me sinto melhor, não sei o que aconteceu ontem, eu estava bem... –Sua tia continuou a encarando. –Você não está bem, conta pra sua tia o que você tem.

Claire sempre foi apegada a sua tia, era como se fosse sua segunda mãe, e por muito tempo fez papel de uma enquanto sua mãe trabalhava como professora, sua tia que cuidava de Claire e do seu irmão Josh já que o pai deles tinham abandonado os dois logo quando nasceram, mas se mudou para Paris quando conheceu um francês em uma viagem de visita a França, se apaixonando pela cidade de luz, mas esperando para se mudar quando Claire e o irmão não precisavam mais da ajuda dela e já tinham idade suficiente para se virar sozinhos, porém seu marido morreu vítima de um câncer de próstata, mas Célia não quis voltar para Nova York, até que adoeceu e Claire foi visita-la.

Como ela achou que sua tia não fosse perceber que ela não estava bem?

-Não foi nada tia, eu estou ótima, ta bom? –Claire sentiu seus olhos ardendo de lágrimas, mas respirou fundo. Não podia chorar na frente dela.

-Desculpa interromper, mas preciso dá os medicamentos da sua tia para ela descansar, você precisa sair. –Uma enfermeira entrou na ala em que sua tia ocupava.

-Tudo bem, querida, vai pra casa, e dessa vez que seja pra casa mesmo ok? –Sua tia piscou para ela.

-Volto mais tarde tia, fique bem. –Claire deu um beijo na testa da sua tia e saiu.

Claire foi ao banheiro do hospital lavar o rosto percebendo em como sua aparência estava horrível, seu cabelo estava desgrenhado e seus olhos estavam vermelhos de lágrimas, mas ela não poderia chorar, não por ele, no entanto, ela tinha sentido algo por ele, sabia que ele não era só mais um cara que ela estava indo pra cama como tantos outros, tinha algo nele que era... Diferente.

Uma mistura de raiva e mágoa tomou conta dela. Como ele poderia ser tão cafajeste para tratá-la daquele jeito? Mas ela iria encontra-lo, precisava de uma explicação, precisava xinga-lo e agredi-lo por ter sido tão sacana com ela. Ela não fazia a mínima ideia de onde encontra-lo, mas quando isso acontecesse, a vida dele nunca mais seria a mesma, uma mulher vingativa não é algo que se deseja nem ao pior inimigo.