História Uma Noite Muito Louca - Só mais um pouco...

"Me deixe correr mais

Por favor, me deixe correr mais

Mesmo que meus pés estejam cheios de cicatrizes

Eu ainda sorrio sempre que vejo você

Vamos correr, correr, correr, mais uma vez! Eu não consigo parar!"

Já era a sétima vez que Taehyung ouvia a mesma música tocando no rádio naquela noite. Até se atrevia a cantarolar algumas partes, afinal, estava começando a grudar em seu cérebro aquela melodia contagiante. 

Seus cabelos castanhos - e de pontas verdes - estavam espalhados pelo travesseiro e seus olhos só conseguiam encarar a tela do celular iluminando completamente seu rosto quase sonolento.

— Dez horas... - ele fez um bico com os lábios e olhou pela janela aberta, de longe ouvia-se o barulho da agitada cidade de Seoul, sua casa era em um bairro residencial, porém não muito longe do centro. — O que você deveria fazer, Kim Taehyung? - ele se levantou com rapidez e se sentou à beira da cama. - Isso mesmo! Aproveitar seu último dia sozinho nessa casa. Vá se divertir enquanto há tempo. — tagarelava consigo mesmo indo para o guarda-roupa.

Sem demora ele já havia escolhido sua roupa para sair. Nada tão rebuscado, algo realmente simples. Apenas uma calça jeans e sua camisa preta preferida, nos pés calçaria um tênis preto comum e nada mais. Deu a ultima ajeitada em seus cabelos e saiu.

A noite estava bonita e quente, o céu limpo destacava as estrelas. Muitos casais saiam para passear às margens do Rio Han, com Taehyung não foi diferente, ele apenas não estaria com alguém ao seu lado... Até avistar Jeon Junkook sentado em um banco não muito longe de onde estava. O jovem de cabelos negros tomava - sem dó alguma - uma garrafa completa de soju. Tae se aproximou e o chamou:

— Jungkook-ah! O que esta fazendo aqui e porque esta bebendo isso...

— Provavelmente pelo mesmo motivo que você, hyung. — Jungkook estendeu a garrafa em direção à Taehyung, a oferecendo.

— E qual seria meu motivo? — se sentou ao lado do rapaz e bebeu grandes goles do soju.

— Sem algo interessante para fazer em casa, não é?

— Sim... Mas para você não parece ser só isso, andou brigando com Yoongi outra vez? — Taehyuung encarou o mais novo e notou ele virar o rosto com um sorriso sarcástico.

— Quem sempre inicia a discussão não sou eu, você sabe muito bem disso. Dessa vez ele imagina que joguei o presente que ele me deu de um ano de namoro fora.

— E não jogou? — perguntou Tae bebendo mais um pouco.

— CLARO QUE NÃO! — Jungkook se exaltou, mas logo se recompôs. — Jamais faria isso, eu apenas... acabei perdendo.

Taehyung soltou um longo "hm" e olhou para o amigo. Não entendia o que era ter alguém para brigar ou se quer receber presentes de namoro, então não saberia o que dizer.

— Tae... Vamos beber essas duas? — disse o jovem sorridente.

— Esta maluc...

— Vamos, hyung, não seja covarde.

— Olha como fala, garoto. — Taehung deu um soco no ombro de Jungkook como brincadeira e pegou uma das garrafas fechadas. — Vou ficar com essa aqui. Duvido terminar primeiro que eu, Jungkookie.

Pobre, Kim Taehyung, não deveria ter dito aquilo para o mais novo. Jungkook era bom em tudo o que apostavam e sempre vencia, mas desta vez Tae queria ganhar. Abriram as tampas e em um "já" começaram a beber. O líquido descia queimando em suas gargantas, contudo não parariam até ver aquelas garrafas sem uma gota.

O rapaz com cabelos de pontas verdes ergueu as mãos terminando de beber e encarou o amigo. Como sempre. Jungkook já o encarava com a garrafa vazia. Taehyung gritou, frustado, mas ambos caíram na gargalhada em seguida. Só que... não pensaram que depois de tudo aquilo a alegria ia começar - traduzindo, ficariam completamente bêbados - o que realmente não demorou nem dez minutos para dar sinais.

Gargalhavam sozinhos de coisas sem pé nem cabeça. Soluçavam, gritavam, até mesmo dançavam e pulavam ali em frente ao tão gigantesco Rio Han. As pessoas que passavam miravam os amigos e riam contidamente, afinal aquilo era quase frequente de se ver àquela hora por ali.

— Jeon Jungkook. — disse uma voz firme, porém baixa, há poucos metros do banco onde os dois estavam sentados.

Jungkook virou-se tão rápido quanto um raio para ver quem o chamava. Seus olhos encontraram os, nada amigáveis, de Yoongi.

— Su... *soluço* Suga-hyung. — ele se levantou e foi, cambaleando, até o mais velho. Taehyung apenas observava, mergulhado em seu próprio espaço sideral.

— "Hyung" — Yoongi tratou de imitar Jeon.

— Não me venha com "hyung". Estamos te procurando já faz duas horas, não me venha com desculpas, mocinho, e vamos logo para casa.

— Quem é você? 'Tá parecendo minha mãe falando... — Jungkook apertou os olhos e via tal figura feminina aparecer atrás de Yoongi. A carranca que ela carregava em seu rosto deu um arrepio no pobre Jeon.

Sem poder dizer muita coisa, o rapaz não pode negociar e acabou se despedindo do amigo Taehyung apenas com um olhar de dúvida sobre tudo o que acontecia, afinal estavam, os dois, completamente sobre os efeitos do soju.

Ao lado de Taehyung - agora sozinho - a mochila de Jungkook estava jogada ao chão e ao lado restava outra garrafa, esta de uma cerveja qualquer. Tae colocou a mochila nos ombros e saiu andando pela margem do rio como se só existisse ele naquele mundo.

Seu estomago roncava de fome, não comia bem quando estava sozinho em casa, apenas um pacote de bolachas ou kimchi em conserva que sua mãe guardava no armário.

Sem pensar muito, meteu a mão em seu bolso e achou algumas notas aleatórias. Com certeza daria para comprar alguma coisa. Sua próxima parada: A loja de conveniências mais perto.

As luzes de neon, quase falhas, iluminavam o nome pyeon-uijeom. Finalmente poderia entrar na loja e escolher o que quisesse para saciar aquela fome.

Taegyung se aproximou e a porta da frente abriu, ele se admirou, naquele estado tudo parecia maravilhoso. Tudo parecia novo.

O garoto, então, caminhou até a prateleira cheia de salgadinhos. Escolheu seu preferido e partiu, cambaleante, para a geladeira. Seus olhos passaram por todos os tipos possíveis de refrigerante, mas sua mão seguiu direto para mais uma garrafa de soju, idêntica a que bebera com Jungkook minutos atrás.

Sem problemas, ele seguiu para o caixa e pagou tudo certinho – para a surpresa da moça que ali trabalhava, já que imagina um possível “roubo” ou qualquer outro problema causado por alguém bêbado.

Pegou as sacolas e agradeceu entre soluços. A educação que sua mãe havia lhe dado parecia reinar mesmo naquele estado.

Assim que a porta se abriu para Taehyung poder sair, ele sentiu seu pulso ser agarrado e o vulto de uma pessoa o puxar para longe da loja.

Quem era e o que queria aquele maluco? Estava sendo assaltado? O que ia acontecer? Só Deus sabia responder todas as perguntas imaginárias feitas por Tae.