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História Uma Nova Chance - RETA FINAL - Capítulo 29 - Memórias


Escrita por: luanegluna e gabibmesq

Notas do Autor


Música do capítulo: Photograph - Ed Sheeran

Capítulo 33 - Capítulo 29 - Memórias


 

A porta se fechou com um baque atrás de Benjamin, que suspirou aliviado por fugir do burburinho dos conselheiros. Afrouxou a gravata e foi em direção à sacada, desesperado por ar puro, desejando que a brisa apagasse todas as confusões daquela noite que agora inundavam seus pensamentos.

Ele deveria ter ido atrás de Audrey, mas conhecendo seu gênio, sabia que ela não o queria por perto naquele momento. Ela saiu do estúdio claramente abalada e irritada, e Benjamin não a culpava por isso. Ter descoberto a verdade sobre seus pais estava sendo tão difícil para ela quanto para ele, e sabendo como eram as outras garotas, não podia negar que a Seleção agora se tornaria um terror.

Benjamin sentia que ela estava zangada com ele de alguma forma. Talvez por ele ter sido tão compreensivo com seu pai? Era a coisa certa a se fazer, não era? Agora ele nem sabia mais.

Não era segredo de ninguém a relação conturbada que seus pais tiveram. O garoto passou a infância ouvindo atrás das portas as criadas cochicharem histórias sobre os dois serem distantes um do outro, mas não dava ouvidos. Para um menino que não teve mãe, era bem mais satisfatório pintar a imagem de um casal feliz, embora ela não fosse verdadeira, não completamente, e então de repente ele descobre toda a origem do problema...

Uma forte batida na porta o tirou de seus devaneios.

— Por favor, pai. Quero ficar sozinho.

— Não é o rei — o visitante respondeu. — Posso entrar, Alteza?

Benjamin jogou a gravata em cima da cama e foi abrir a porta.

— Também vale para você, Justin — falou, encarando o mordomo.

— Estava pensando na garota, não é? — ele perguntou, arqueando as sobrancelhas.

— Eu só quero ficar sozinho, preciso pensar — disse Benjamin, ameaçando fechar a porta, mas Justin o impediu, olhou para os lados, como que para confirmar que não havia ninguém por perto e falou:

— Você não vai encontrar a respostas que procura sozinho, Benjamin.

O garoto franziu o cenho sem entender nada, e antes que pudesse responder, o velho fechou a porta atrás de si e obrigou o príncipe a acompanha-lo. Os dois pararam em frente à uma porta no mesmo corredor. Justin puxou uma corrente prateada do pescoço, de onde pendia uma chave da ponta.

— Que lugar é esse? — perguntou Benjamin, ao entrarem.

Para o garoto era apenas mais um cômodo inutilizado daquele andar.

— O antigo quarto do rei — respondeu Justin. — Se você procurava alguma prova de que deve continuar apoiando seu pai, aqui está.

O quarto tinha uma cama, um armário e uma escrivaninha, mas o resto dos móveis e quadros nas paredes estava repleto de lençóis brancos. Parecia ser constantemente limpo e visitado, pois não havia sinal de poeira, mas ainda assim, não tinha nada de excepcional.

— É só um quarto velho, Justin.

O mordomo avançou e puxou alguns lençóis das paredes e encarou a expressão boquiaberta do príncipe. O cômodo estava repleto de lembranças, parecia mais um santuário do que um quarto. Benjamin chegou mais perto dos painéis viu as fotos fixadas com alfinetes dourados, rapidamente reconhecendo quem era.

America.

Ou Sra. Leger. Alguns anos mais nova, mas ainda assim muito bonita, e ele podia ver algumas semelhanças com Audrey ali. Os outros painéis estavam repletos de fotografias de America com outras Selecionadas ou com seu pai, também mais jovem, ou sozinha, tiradas por ele mesmo espontaneamente, quase como se ele não resistisse à vontade de registrar cada sorriso dela, como se cada um deles fosse precioso.

Nas gavetas da escrivaninha haviam algumas cartas escritas e papéis em branco, mas Benjamin recusou-se a ler. Dentro do armário tinha algumas roupas penduradas: vestidos de festa e fantasias, que provavelmente também pertenceram a ela. Tudo ali era como uma grande recordação para seu pai. A recordação do amor que ele não pôde viver. Um lugar onde ele guardava todos os objetos e lembranças que conseguiu dela, como se, mesmo não estando ao seu lado, uma parte de America sempre estivesse no Palácio.

No meio do quarto havia um piano, desafinado e um pouco empoeirado pois seu pai não sabia tocar. Justin lhe contou que Ameria gostava de tocá-lo quando estava sozinha em seu quarto, e que meu pai ouvia por detrás da porta em completo silêncio, resistindo à vontade de atrapalhá-la. Depois que ela foi embora não houve muita música no castelo, até que Benjamin se interessasse. 

Pacientemente, Justin lhe contou toda a história, a parte que seu pai não havia dito, e o príncipe ouvia tudo atentamente, com uma pequena dor crescendo no peito ao saber que ele não havia amado sua mãe da maneira que ela gostaria.

— Eles não viviam muito bem — Justin admitiu. — Sua mãe sempre se irritava quando tocavam no nome de America e tudo era motivo de ciúmes. Tive que ajudá-lo a manter esse quarto em segredo — disse ele. — Só Deus sabe o que ela faria se descobrisse. Ela o amava e seu pai sempre soube disso, mas não conseguiu correspondê-la plenamente. Quem sabe se Deus tivesse dado a ela mais tempo os dois teriam se entendido. Mas ele nunca esqueceu America, e não deve ser julgado por isso, não agora que finalmente tem uma chance real de felicidade ao lado dela.

Benjamin se colocou no lugar dele. Como se sentiria se fizesse a escolha errada? Isso sempre o atormentava, todas as noites, desde que iniciara a Seleção. Depois de tantas provas da veracidade de seu amor por America, como ele poderia ficar contra o pai? Como poderia impedir a felicidade dele, quando o rei fez de tudo para o filho tivesse a sua?

— Acha que eles ainda vão ficar juntos? — Benjamin devaneou, começando a caminhar até a porta. Já tinha visto o suficiente naquele dia. — Não deixarei de apoiar meu pai qualquer que seja sua decisão.

O mordomo apenas maneou a cabeça, sabendo que não havia uma resposta certa para aquilo, mas sorriu, revelando seu desejo:

— Eu espero que sim.

 

Madame Marlee fechou a porta e dispensou as criadas; Audrey já se preparava para o que viria.

— Audrey, o que foi que você fez? — perguntou ela, decepcionada. — Eu sei que foi um choque o que aconteceu, mas não precisava descontar em Thiffany!

— Mas eu não fiz nada! — Audrey se defendeu. — Confesso que dei um belo tapa na cara dela — admitiu —, mas ela tinha ofendido a minha mãe!

Marlee a pegou pela mão e a fez se sentar na cama.

— Escute — pediu —, preciso que fique aqui quietinha enquanto eu busco uma coisa que preciso lhe mostrar. Não diga nada e não deixe ninguém entrar — instruiu, voltando alguns minutos depois com uma caixa de madeira nas mãos. — America vai ficar furiosa — Marlee disse —, mas não vejo outra alternativa

Audrey estreitou as sobrancelhas, confusa pelo modo com ela falou de sua mãe, mas não demorou muito para que ela montasse o quebra-cabeça. Ela estava tão ocupada com as mentiras de sua mãe que não havia percebido que também se estendia à outras pessoas: assim como America, Marlee também tinha sido uma Selecionada.

— Então vocês se conhecem...

Em resposta, Marlee abriu a pequena caixa e a estendeu para Audrey, que encarou as cartas e levantou o olhar para ela, em busca de mais explicações, e Marlee apenas a incentivou a lê-las e assim ela o fez, encontrando cartas antigas de sua mãe endereçadas à amiga, bilhetes e fotos dela e Amberly crianças.

Madame Marlee era a amiga misteriosa e contou à garota toda a história de America, desde como ela entrou na Seleção, seu relacionamento confuso com Maxon e Aspen, e o grande mal-entendido ao final da competição.

Ao fim da história, Audrey estava ainda mais surpresa.

— Agora você entende porque ela sofreu tanto, ela gostava do seu pai, foi feliz ao lado dele, mas nunca deixou de amar Maxon — Marlee esclareceu, pegando a caixa de volta. — A história deles deveria ter sido diferente e America adiou isso por tanto tempo! Você não pode impedi-la de tentar ser feliz agora. Ainda não é tarde demais.

Audrey assentiu, com lágrimas nos olhos.

Ela tinha sido tão equivocada, errou em todos os sentidos. Foi egoísta e pensou apenas em si mesma, em como isso a afetaria e no que as pessoas pensariam sobre seu relacionamento com Benjamin. Mas quem liga para o que eles pensam? O importante é a felicidade de sua mãe, que sempre fez de tudo pela filha.

— Madame Marlee — Audrey falou, levantando-se com um salto —, a sala de telefone está ocupada? Preciso ligar para minha mãe. Devo desculpas a ela.

 

 



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