História Uma Nova Chance - Cap.66

                             Paolla:

Por conta do acidente que teve no dia que Marco passou mal, os enfermeiros não estavam mais dando conta pela manhã do dia seguinte, novos casos chegavam sem parar e a emergência estava um caos. Fui chamada para dar suporte às pessoas que vinham chegando por agora com casos mais simples e junto com Gabi ficamos de prontidão para atende-los, ficamos quase a manhã toda e quando tivemos uma folga, aproveitamos para ajudar na emergência que estava lotada por conta de um engavetamento.


— E aí? Como vocês estão?— Gabi pergunta após se sentar ao meu lado. Pego um uma batatinha do pacote que ela estava comendo antes de responder.

— Ele tava de marra, dizendo que não precisa de cuidados e blá blá blá, mas no fundo ele gosta, a gente conversou. — Digo e ela sorri.

— Contou pra ele?

Solto um suspiro longo.

— Não...

— Paolla isso é um assunto sério, não dá pra ficar escondendo, isso e é injusto com os dois, poxa o sonho da vida de vocês... Vocês poderiam estar aproveitando o momento, mas estão aí brigados e fingindo que não se amam mais.

— Gabi, eu já nem sei mais como contar...

— Como não? Sentem e conversem como dois adultos, Paolla você tá sofrendo por coisas que você mesma criou na sua cabeça. — Minha amiga diz delicadamente.

— Eu estou com medo de ele não acreditar em mim.

— Se ele descobrir vai ser pior... Você tem passado muito mal ultimamente, já chegou aqui e foi direto para o banheiro.

— Eu consigo disfarçar na frente dele, não tem como ele descobrir.

Ela apenas dá um suspiro e me olha como se estivesse me julgando e eu sei que estava.


( . . . )

Já eram quase quatro da tarde quando finalmente fui liberada. Antes de ir embora, tive a infeliz ideia de comprar um pedaço de bolo de doce de leite que eu sempre amei, mas pelo visto meu bebê não gostou nada, eu estava no meio do caminho quando o enjôo começou e foi ficando cada vez mais forte, eu só mentalizava qualquer coisa pra conter essa vontade de colocar tudo pra fora.

Cruzei a porta e dei graças a Deus que Marco estava no quarto. Tamanha foi minha rapidez, acabei batendo a porta com muita força e nem sei como cheguei alí sem bolsa, mas naquele momento eu só me concentrava em tentar fazer com que meu corpo não expulse meu neném de dentro de mim também, mesmo que seja impossível.

— Paolla?— Escuto a voz de Marco do lado de fora e pelo seu tom, sei que ele percebeu que eu estava passando mal.

— Droga...— Digo sem emitir o som enquanto respirava fundo, tentando não vomitar outra vez.

Lavo meu rosto, escovo os dentes e seguida faço um coque no cabelo antes de sair.

— Tudo bem? — Ele pergunta tocando meu rosto com um olhar preocupado.

— Tá... Foi um dia agitado, eu acabei comendo muito rápido aí deu nisso. — Digo ainda sentindo o corpo mole. — Você tá melhor?

— Já to melhor, não tive febre e a dor no corpo diminuiu.

— Que bom. Comeu alguma coisa?

— O pão de grãos e uma sopa no almoço.

— Tomou o remédio? Você ainda tá meio abatido. — Digo tocando seu rosto. Ele coloca as mãos por cima das minhas e delicadamente as tira.

— Eu to bem. Você é a que parece cansada aqui. — Ele diz ainda segurando minhas mãos, mesmo depois de tira-las de seu rosto.

— Tive um dia cheio... — Digo e logo em seguida brinco.— Ou você me rogou praga pra eu te deixar em paz.

Ele ri e em seguida me puxa mais perto. Perto até demais.

— Pode até ser que eu goste um pouquinho de ter você por perto me cuidando... Mas só um pouquinho.— Ele diz com os lábios bem próximos aos meus. Pode ser os hormônios da gravidez, mas na hora senti meu corpo estremecer.

— É...? Bom saber.— Digo fazendo carinho em sua barba. — Muito bom saber...

— Não faz isso...— Ele sussurra praticamente com os lábios colados aos meus, eu podia sentir sua respiração quente se misturar com a minha e a vontade de beija-lo era surreal de tão grande.

— Isso o que? — Sussurro de volta, tão desconcertada quando ele.

— Vai me fazer beija você...

— Fique à vontade.

Ele sorri e eu sorrio de volta. Marco envolve os braços em minha cintura e roça o nariz no meu, sinto sua respiração quente em meu pescoço e em seguida um beijo demorado no canto da boca. Eu não resisto, viro o rosto e nossos lábios se encaixam perfeitamente num beijo urgente.